— Sou o advogado dela, Presidente Bruno. Se houver algo que queira discutir, posso conversar com você.Virei a cabeça para Juan. Desde quando eu o contratei como meu advogado?Ele pareceu perceber meu olhar e se virou para mim com um sorriso.— Já ouvi dizer que a consulta do Adv. Juan começa em um milhão de reais. Eu não sabia que minha esposa estava gastando meu dinheiro para contratar um advogado. Será que o Adv. Juan sabe o que significa bens comuns do casamento?A voz fria e impiedosa de Bruno chegou aos meus ouvidos. Seu olhar passou por cima dos ombros das duas pessoas à minha frente e pousou diretamente em mim.Parecendo impaciente, ele usou um tom firme para me ordenar:— Venha aqui!Juan se colocou lentamente à minha frente, bloqueando a visão dele.— Por coincidência, estou disponível. Posso oferecer três anos de assistência jurídica gratuita para Ana. Três anos é suficiente para muita coisa, como, por exemplo, um processo de divórcio.Bruno esboçou um sorriso e falou com sa
Ele elevou um pouco o tom de voz, e finalmente sua emoção começou a oscilar.— Não é de se admirar que você viva pedindo o divórcio. Primeiro foi o Rui, depois o Juan. Fico curioso para saber o que você andou dizendo para esses homens.Minhas habilidades nem se comparavam às de Gisele, e também gostaria de perguntar o que ele realmente gostaria dela. Algumas pessoas conseguiam viver felizes apenas com um pouco de charme, o que mostrava que o destino de cada um realmente era diferente.Ergui o queixo e mostrei um sorriso confiante.— Isso é só o começo. Tenho certa influência com o capitão da equipe de investigação criminal também. Espere até eu levar vocês para o tribunal.— Então a vida privada da minha esposa é tão emocionante assim.Seu olhar furioso parecia querer me devorar. Ele provavelmente suspeitava que eu o tinha traído.Mas isso era o suficiente para ele perder o controle?Ele ainda não sabia que eu nem mencionei o quanto ele e Gisele se divertiram a ponto de causar uma fis
A água da chuva, misturada com o gosto metálico de ferrugem, invadiu minha boca. Bruno parecia ter perdido o controle, puxando seu pulso da minha mordida com força e, sem qualquer aviso, me levantou no colo e começou a caminhar em direção ao carro.Não tínhamos dado nem dois passos quando um bastão de beisebol desceu sobre nós!Bruno, tentando desviar, perdeu o equilíbrio e pisou com força em uma poça, sujando instantaneamente sua calça de alfaiataria com a lama. Ele, que sempre prestava tanta atenção à sua aparência, agora estava visivelmente irritado.Ele me colocou no chão, e levantou o olhar, com um sorriso frio nos lábios.— Sr. Rui, o que está fazendo? A delegacia está bem ali na frente. Quer entrar para uma conversa?Rui não se intimidou, exibindo um sorriso desdenhoso.— Não entendi o que o Sr. Bruno está dizendo. Só não segurei bem o bastão. Em dias de chuva, a mão escorrega.A mão direita de Bruno tremia ligeiramente, talvez de raiva. Vi gotas de sangue caírem da ponta de se
Naquela época, ele ainda era apenas um jovem policial.Marquei um encontro com ele em uma cafeteria ao lado da universidade. Através das janelas limpas, vi ele se aproximando passo a passo. Em alguns anos, o jovem de olhar ardente e cheio de paixão ganhou uma expressão mais endurecida e resoluta.Quando a porta foi empurrada e o sino tocou alto, várias pessoas voltaram seus olhares para ele. Mas ele só tinha olhos para mim.Levantei-me e sorri para ele.— Vou precisar da sua ajuda mais uma vez.— Não é incômodo.Com a ajuda dele, consegui ver o mendigo sem maiores dificuldades.Ele se chamava Moisés Godoy e estava sentado, quieto, encarando as algemas em seus pulsos. Nem mesmo reagiu quando me apresentei.Disse a ele:— Ana. Sou a garota que você tentou incriminar.Ao ouvir minha voz, ele finalmente reagiu, levantando o olhar para mim. Aqueles olhos mostravam claramente que era a primeira vez que me via.— Pode ir embora. — Ele disse, abaixando a cabeça novamente.Eu tinha me esforça
Liguei para Juan, e o celular tocou algumas vezes antes que ele atendesse. Sua voz estava abafada e rouca, como se tivesse passado a noite em claro e acabado de adormecer.Percebi que talvez interrompesse seu descanso, então agradeci e tentei desligar, mas ele me orientou a reconsiderar minha direção.— Descobri que Moisés tinha uma esposa e uma filha, mas há três meses elas o deixaram por causa de sua pobreza. Mesmo vagando pelas ruas, ele sempre perambula pelos caminhos onde elas poderiam aparecer, o que prova que ele ainda se preocupa com elas. Talvez você possa explorar essa relação para encontrar um ponto de ruptura.Ele foi bastante sutil em suas palavras, mas pude sentir que ele estava sendo muito cuidadoso para preservar meu orgulho.Não havia almoço grátis. O cuidado de Juan comigo me deixava inquieta, mesmo com a presença de Rui.Depois do que aconteceu com Bruno, passei a ser cautelosa com as pessoas.— Adv. Juan, podia me dizer por que está me ajudando tanto assim?Bruno t
Não pude deixar de observar a mãe dela. Se fosse minha filha sendo maltratada, eu certamente teria corrido para defendê-la. Mas a mãe dela ficou parada na entrada da escola, enxugando silenciosamente as lágrimas, sem intervir. Eu só podia dizer que respeitaria a escolha dela...No entanto, ao ver o quão amarga era a vida que levavam, comecei a questionar se eu ainda deveria suspeitar delas. Seria que minha abordagem estava errada?Enquanto estava distraída, tentando organizar meus pensamentos, uma viatura policial parou de repente na minha frente. As portas se abriram, e vários policiais desceram rapidamente. Um deles algemou meu pulso e me puxou para dentro do carro.Fui levada direto para o centro de detenção onde estive ontem, e colocada na cela ao lado de Moisés.Assim que ele me viu, começou a gritar, animado:— Ela entrou! Ela entrou! Posso sair agora? Polícia, me deixem sair!Um dos policiais bateu com o cassetete na porta da cela dele e gritou:— Cale a boca! Se comporte!Fiq
Moisés desabou e me gritou furiosamente:— Eu devia ter te matado! Não, eu devia matar todos vocês! Vou matar todos vocês!Infelizmente, ele provavelmente não teria a chance de cumprir suas ameaças. Moisés confessou todos os seus crimes, o que significava que o julgamento seria mais rápido do que o normal. E com o apoio da família Henriques, a data do tribunal foi marcada para daqui a uma semana. Se não fosse por isso, eu não estaria tão apressada.— Se você não mudar seu depoimento agora, ninguém poderá te salvar! — Aumentei o tom de voz para abafar os insultos dele, gritando de volta.De repente, a porta se abriu de fora para dentro, deixando alguns feixes de luz escaparem até os meus pés. O pó no ar parecia encenar uma fuga desesperada, trazendo uma sensação de calma misturada com loucura.Ergui os olhos e vi Bruno, todo vestido de preto, parado na entrada, bloqueando a única fonte de luz. Por um momento, o silêncio tomou conta da cela, interrompido apenas pelos gritos de Moisés. Er
Balancei a cabeça, vendo nos olhos dele uma mulher de olhar vazio e mente perturbada. Esforcei-me para controlar a expressão, sabendo que, se não o fizesse, a próxima coisa que ele diria seria que eu estava horrível.— Esperei quatro anos para você começar a trabalhar no meu escritório, e você ainda falta ao serviço! O seu primeiro mês de salário já foi descontado, trabalhar foi uma perda de tempo!O olhar de desprezo dele me fazia querer fugir.Afastei-me, criando distância entre nós, e limpei a mão onde ele havia tocado, com um gesto de repulsa.— Rui, você é insuportável!— Sim. — Ele soltou uma leve risada, o tom frio. — Espere até sair daqui para continuar me odiando.Sentei-me, abraçando os joelhos, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Diante da situação em que me encontrava, a ideia de sair daqui parecia impossível.Bruno tinha em mãos as “provas” de que eu havia contratado alguém para matar Gisele. Não havia ninguém para me ajudar.Olhei para Rui com os olhos vermelhos.