Tristão não conseguiria me levar embora.Como Bruno disse, todos eles juntos não eram suficientes contra ele.Para garantir que o casamento de Rui ocorresse sem problemas hoje, ele trouxe muitos seguranças, mas a função deles mudou completamente.Eu observava, aturdida, enquanto Tristão lutava com os seguranças que Bruno havia trazido, notando Luz, tensa, apertando as mãos.Independentemente do motivo que a levava a estar com Tristão, pelo menos os dois estavam ganhando algo nessa relação; isso já era um sinal de que estavam sendo sinceros.Aqueles que eu inicialmente não confiava pareciam estar se saindo bem juntos, pelo menos melhor do que eu.Bruno apareceu ao meu lado, seu rosto sério iluminado por um brilho sedutor.— Se continuarem assim, ele não vai aguentar.Sua voz, quente e próxima ao meu ouvido, me fez sentir um frio súbito percorrer meu corpo.Tremendo, recuei, afastando-me da mão que Bruno estendia em minha direção.Sua mão lentamente se fechou em um punho, batendo no ar,
— Você realmente não fez nada? — Sorri levemente. — Então, queime uma grande queima de fogos em homenagem ao nosso bebê.Bruno, com os olhos avermelhados, assentiu e imediatamente pegou o celular para fazer a ligação.A grandiosa queima de fogos superou em calor a do casamento de Rui, mas eu não a vi.De volta ao hotel, comecei a sentir febre. Era uma infecção causada por arranhões no corpo.Receber atendimento médico no exterior não era fácil; para uma enfermidade como essa, não havia um tratamento que se adequasse à cultura, apenas algumas pílulas e a expectativa de que a temperatura do meu corpo diminuísse por conta própria.Na escuridão do quarto, Bruno se sentou na beira da cama, vigiando-me.Eu me sentia atordoada, apenas ouvindo o barulho constante dos fogos de artifício do lado de fora. Ouvi Bruno dizer:— Na verdade, a queima de fogos do seu aniversário também era para você, mas na época você queria se separar de mim. Mas não faz mal, hoje está ainda mais linda.Ele me chamou
Bruno me encarava, os olhos fixos, sem o menor movimento, parecendo vazio e desolado. Sua voz também estava embotada.— Hoje é Ano Novo.Meu coração ainda batia com força devido ao pesadelo, mas eu acenei com a cabeça levemente, correspondendo ao olhar dele.Pensei que ele quisesse voltar para casa o quanto antes, então segui o raciocínio dele e continuei:— Você conseguiu resolver as coisas por aí? Sinto-me bem melhor, já podemos voltar a qualquer momento.Bruno estava agachado na minha frente. Após ouvir minhas palavras, seu corpo pareceu desinflar, como se fosse um balão murchando. Ele se deixou cair no chão, com os braços abraçando as pernas e o rosto enterrado nos joelhos.— Meu pai morreu.As palavras dele foram como uma mão forte apertando meu coração, fazendo com que o batimento acelerado parasse de repente. Fiquei sem respirar por um momento.— Mas antes do Ano Novo, ele ainda estava bem... — Falei, incrédula.Bruno se permitiu ser vulnerável por apenas um segundo, antes de se
Desde o começo do ano, Bruno e eu tínhamos continuado a viver na Antiga Mansão da família Henriques. O escritório de Pietro parecia ainda mais sério que o de Bruno. O estilo de decoração em madeira escura, quase preta, fazia com que a figura do homem sentado na posição de honra parecesse ainda mais imponente e opressiva. Ele havia emagrecido bastante. Quando franzia a testa, suas bochechas se afundavam. O cigarro, que já fazia um bom tempo que ele não fumava, foi novamente colocado entre seus lábios, sem qualquer elegância, mas sem estar aceso. Ele me olhou, e, de repente, deu um sorriso muito sutil.— Você forneceu todos os fundos disponíveis do Grupo Oliveira para Rui, através de uma parceria. Sabe o que aconteceria se essa informação vazasse? Nem precisaria de mim para agir, o primeiro a se prejudicar seria você. Na verdade, ele nunca soubera como construir uma família que fosse sua, de verdade. No passado, acreditava que, com Gisele, já era o suficiente. Ele a tratava com extr
Bruno desmaiou.O corpo grande dele desabou repentinamente diante de mim. Os empregados que passavam, ao verem pela porta entreaberta o que acontecia lá dentro, gritaram e correram para dentro, mas logo saíram apavorados. Em seguida, mais pessoas começaram a se aglomerar no ambiente. O contrato de divórcio que eu segurava caiu no chão, sendo pisoteado pelos passos apressados das pessoas. Elas gritavam, suas bocas se moviam freneticamente diante de mim, mas, para mim, tudo parecia uma cena de mímica. Nunca imaginei que, diante de Bruno, eu seria tão indiferente. Eu já o amei, já o odiei, já me senti completamente decepcionada com ele, mas também já me enchi de esperanças. Agora, ele parecia morto, sendo levado apressadamente pelos outros, o que não correspondia à minha lembrança do homem que, por ser mais alto que eu, me fazia precisar olhar para cima para vê-lo. Mas ele fez tantas coisas erradas, não mereceria ao menos uma punição? Eu não sentia pena dele. Alguém, ao
Ficar na família Henriques me deixava sufocada. Saí de casa para visitar os meus pais. Já fazia um tempo que não conversava com eles como gostaria. No cemitério, o sol estava escondido atrás das nuvens, o céu escuro e sombrio, sem nenhuma sensação de que a primavera estivesse prestes a chegar. Mesmo vestindo um casaco grosso, o frio cortante não me deixava. — O pai de Bruno faleceu, e ele também se tornou uma criança sem ninguém. Normalmente, os casais deveriam se apoiar mutuamente, especialmente porque nossas vidas são tão parecidas. Mas não tenho ninguém atrás de mim para me apoiar, não posso mais confiar nele, ele não é mais a pessoa em quem eu posso confiar. Pai, mãe, qual foi a maior mentira que vocês contaram um ao outro? Eu tinha tantas mágoas sem lugar para desabafar, e deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto enquanto o vento gelado me fazia arder a pele. O homem que cuidava do cemitério me conhecia e, vendo minha tristeza, tentou me consolar: — Meus sentimentos
A condição física de Bruno não era nada boa.Quando ele me olhou, seus olhos negros se fixaram em mim com uma calma aterradora, como se estivesse olhando para uma coisa sem vida, sem conseguir despertar qualquer tipo de emoção. Ele estava quieto, encostado na cabeceira da cama, como se tudo ao seu redor não tivesse a menor importância, imerso em uma paz tranquila.— Bruno. — Chamei-o, colocando a garrafinha térmica sobre a mesa enquanto falava. — A mamãe fez uma sopa para você.A morte de Pietro quase destruiu seu corpo. O relatório médico, empilhado em uma pilha alta, estava sobre a mesa ao lado da cama, repleto de palavras em letra miúda e densa. Dei uma olhada rápida e logo coloquei a garrafinha sobre ele, sem me importar.— Você… não vai olhar? — Ele falou, a voz rouca e fraca, seu respirar trêmulo.— Olhar o quê? — As folhas sob a garrafinha já estavam amassadas, e eu apenas lancei um olhar indiferente. — Sua saúde está nas mãos dos médicos.Fiz uma pausa, sorrindo suavemente enq
— Irmão! — Gisele estava visivelmente irritada. — O que é isso, falando essas coisas de mau agouro?Ela sacudiu o corpo de Bruno, mas ele não respondeu.No começo, quando me casei com o Bruno, eu ainda era aquela garota que sonhava com o amor e imaginava passar a vida ao lado dele. Quando nos deitávamos juntos, de vez em quando eu me escondia em seus braços, e quando meu movimento era muito óbvio e não conseguia fingir que estava dormindo, eu acabava fazendo um charme. Então perguntava para ele:— Amor, você acha que quem vai morrer primeiro, nós dois?Ele virava de lado e, sem muita paciência, me dizia:— Que pergunta sem graça.Eu me aproximava dele, me aninhava em suas costas, e, em tom de reclamação, dizia:— Pelo que parece, com a nossa idade, é mais provável que seja você. Se você morrer antes, eu também não vou durar muito. Vou morrer com você. Senão, ficar aqui sozinha neste mundo sem você, vai ser muito difícil para mim.O olhar de Bruno sempre estava sobre mim, e eu achava q