Gisele hesitou por um momento, sua voz imediatamente tingida de choro: — Irmão, você não sabe? — Explique-se! O que eu deveria saber? A força de Bruno aumentava, a ponto de ele nem perceber que estava me machucando. Senti um tremor de culpa, então apenas suportei. Naquele momento, minha raiva me cegou; a mistura de realidade e sonho trouxe um impulso que não considerei o corpo frágil de Pietro e como ele poderia reagir a isso... Embora quisesse me vingar de Gisele, nunca pensei em machucar a família de Bruno. Pela primeira vez, vi os olhos dele, tremendo de uma fúria desenfreada, enquanto Gisele gritava, em prantos: — Ana, foi a Ana quem enviou as provas contra mim no grupo! Irmão, tudo o que ela disse eu nunca fiz! O áudio é falso, você precisa acreditar em mim... Bruno não ouviu mais nada e desligou rapidamente o celular. Seus dedos longos e elegantes tremiam ao abrir o aplicativo verde; ele me perguntou em voz baixa: — Que grupo? Permaneci em silêncio. Bruno
De repente, perdi toda a vontade de me justificar. Explicar seria, de certa forma, admitir meus erros. Bruno quebrou o silêncio, a voz carregada de mágoa: — Ana, sabe qual é a coisa mais cruel que você fez? Lancei-lhe um olhar, meu semblante tão calmo que não havia o menor traço de emoção. Se eu realmente fosse capaz de ser fria com ele, não estaria nesse tipo de situação, enfrentando-o em um espaço apertado e sufocante. De repente, Bruno soltou uma risada. — O mais cruel é que você voltou para o meu lado e fez com que eu me ame por você. Amor? Por um momento, duvidei do que tinha ouvido. Levantei a cabeça, surpresa, e o encarei. Naquele instante, quase me esqueci do conflito entre nós, tudo por causa daquela palavra leve e despretensiosa: amor. Ele tentou levantar a mão para me tocar, mas o movimento agravou o ferimento em sua cintura, e seu braço caiu pesadamente. No segundo seguinte, ele declarou com frieza: — Mas é uma pena, eu nunca poderei te amar. Ah.
Essas ameaças, depois de tanto ouvi-las, já não me afetavam mais. Cerrei os punhos, forçando-me a manter a calma. — Embora eu não seja sua filha biológica, ainda te chamei de mãe por quatro anos... Antes que eu pudesse terminar, ela me interrompeu com uma voz afiada: — Fui boa com você porque esperava que cuidasse bem da Gisele. Já que não consegue fazer isso, então nem pense em continuar como esposa do Bruno! Soltei uma risada suave. — E quem você quer que ocupe meu lugar? A Maia? — Ela? Qual é o valor dela? Não passa de uma cadela que a nossa família Henriques criou. — Os olhos de Karina transbordavam desprezo. — Apenas uma ferramenta de barriga de aluguel! Ontem ela era a filha de uma amiga, e hoje se tornara apenas uma cadela. Quase me permiti rir dela, mas então pensei: com que direito eu ria de alguém? Um dia, eu também fui nora querida por Karina, mas agora, seu filho não me amava e ela já não me queria. Eu não passava de uma erva daninha que ninguém queria p
Eu estava um pouco cansada e fechei os olhos para descansar. Na minha mente, uma leve e quase imperceptível sensação de cheiro de sangue pairava, como se fosse o resquício da presença de alguém com sede de sangue. Apenas um leve toque daquele odor era suficiente para me fazer saber que eu devia me afastar.Meus dedos pressionavam minha testa dolorida enquanto a voz de Luz ecoava ao meu lado:— Como as pessoas de fora costumam falar dos advogados? Que somos astutos, que só sabemos manipular os outros, que somos egoístas até o último grau. Realmente, nunca vi uma mulher tão teimosa com um homem como você é! — Disse ela, indignada.— Deixando tudo de lado, quando você se apaixonar por um homem de verdade, vai me entender. — Fechei os lábios, soltando um leve suspiro. — Quem ama primeiro não é sempre quem sai perdendo?Luz aproveitou o momento para me mostrar um polegar em aprovação.— Deixando tudo de lado, ganhar dinheiro é o que me faz mais feliz. Nunca terei esse dia.Ela me levou par
Apenas vestir-se já me fazia suar levemente na testa. Ao passar em frente ao espelho, vi meu rosto pálido, retorcido pela dor, e quase me assustei com minha própria aparência!Rapidamente me acalmei. Eu não podia, de jeito nenhum, aparecer com essa cara diante daquelas pessoas que já não gostavam de mim. Seria como estender o rosto para elas me esbofetearem, né?Meus movimentos se tornaram mais lentos até que parei completamente.O mais urgente agora não era tirar satisfações com Bruno, mas resolver o problema online primeiro.Peguei o celular novamente e abri a área de comentários do meu Twitter. Como eu esperava, já estava um caos total. Pela uniformidade das fotos de perfil, pude perceber que a maioria dos comentários vinha de fãs de Kevin.Luz, inclusive, já havia entrado na briga pessoalmente, discutindo com as pessoas nos comentários:[Se você não pode provar que é ela, isso é difamação. Se pode, então é prova do seu crime!]Mas uma única voz logo foi abafada pela multidão, e L
Quando cheguei ao hospital, Gisele estava deitada na cama, entretida com o celular. Comparada ao estado pálido e miserável de seu irmão no dia anterior, ela parecia estar com o rosto corado e cheia de vitalidade.Endireitei a postura e a chamei com uma voz firme:— Gisele Silva!Ela estava tão concentrada no celular que, ao ouvir meu grito repentino, se assustou e quase pulou da cama. Seu rosto logo ficou vermelho de raiva.— Ana, o que você está fazendo aqui? Ouvi dizer que ninguém conseguia te encontrar. — Ela se recuperou rapidamente, e seus lábios finos se curvaram em um sorriso cheio de desprezo. — Não deveria estar em casa, escondida, com todas as janelas e cortinas fechadas, chorando sozinha no escuro?Ela me lançou um olhar de cima a baixo, avaliando cada detalhe.— Você não é grande coisa quando se trata de seduzir meu irmão. Agora que todo mundo viu seu corpo, você não tem mais nada para segurar ele ao seu lado!Abaixei os olhos e deixei escapar um leve sorriso. A razão pela
Tirei uma foto das costas de Gisele sendo escoltada pelos policiais e a enviei para Luz. Pedi para ela acompanhar o andamento do caso em tempo real em nome do Escritório de Advocacia X. Eu precisava dar uma satisfação a mim mesma e, ao mesmo tempo, aos internautas que estavam acompanhando a situação.Todos aqueles desgraçados que usavam fotos íntimas para ameaçar mulheres estavam de olho no desfecho desse caso. Se erros como esse não tivessem consequências, vítimas como eu só se multiplicariam.Fiquei parada no corredor do hospital por um momento e olhei em direção ao quarto no final do corredor. Bruno estava lá.Em primeiro lugar, eu estava disposta a assumir parte da responsabilidade no caso de Pietro. Em segundo, Bruno precisava me pedir desculpas.Antes de vir, escolhi um blazer preto com uma calça de perna larga da mesma cor. Calcei sapatos de salto fino, tudo para me sentir mais confiante.Mas, conforme meus pés tocavam o tapete macio da área VIP, parecia que minha confiança e
— Oh! Nossa! — Maia exclamou exageradamente, pressionando os documentos contra o peito, e logo, percebendo o quanto aquilo parecia inadequado, os escondeu atrás de si. — Sra. Henriques, não me entenda mal. Suas palavras soaram para mim como se estivesse me dizendo tudo de forma direta. Eu queria fingir que não me importava, erguer a cabeça e entrar com dignidade, mas meu coração parecia estar sendo apertado por uma mão invisível, e a dor me impedia de seguir em frente. Eu era uma pessoa que sempre planejava tudo. Diante de situações com fatores incertos, costumava me preparar com diversas alternativas. Eu já tinha até pensado em como compensar Pietro. Não importava se fosse com dinheiro ou contratando um cuidador, eu sabia que deveria assumir parte da responsabilidade. Mesmo que Karina me xingasse, ou até mesmo se me agredisse, eu estava pronta para suportar. Estava decidida a ter uma conversa séria com Bruno. E aquelas fotos... Ele havia prometido que não as havia guardado,