Eu estava um pouco cansada e fechei os olhos para descansar. Na minha mente, uma leve e quase imperceptível sensação de cheiro de sangue pairava, como se fosse o resquício da presença de alguém com sede de sangue. Apenas um leve toque daquele odor era suficiente para me fazer saber que eu devia me afastar.Meus dedos pressionavam minha testa dolorida enquanto a voz de Luz ecoava ao meu lado:— Como as pessoas de fora costumam falar dos advogados? Que somos astutos, que só sabemos manipular os outros, que somos egoístas até o último grau. Realmente, nunca vi uma mulher tão teimosa com um homem como você é! — Disse ela, indignada.— Deixando tudo de lado, quando você se apaixonar por um homem de verdade, vai me entender. — Fechei os lábios, soltando um leve suspiro. — Quem ama primeiro não é sempre quem sai perdendo?Luz aproveitou o momento para me mostrar um polegar em aprovação.— Deixando tudo de lado, ganhar dinheiro é o que me faz mais feliz. Nunca terei esse dia.Ela me levou par
Apenas vestir-se já me fazia suar levemente na testa. Ao passar em frente ao espelho, vi meu rosto pálido, retorcido pela dor, e quase me assustei com minha própria aparência!Rapidamente me acalmei. Eu não podia, de jeito nenhum, aparecer com essa cara diante daquelas pessoas que já não gostavam de mim. Seria como estender o rosto para elas me esbofetearem, né?Meus movimentos se tornaram mais lentos até que parei completamente.O mais urgente agora não era tirar satisfações com Bruno, mas resolver o problema online primeiro.Peguei o celular novamente e abri a área de comentários do meu Twitter. Como eu esperava, já estava um caos total. Pela uniformidade das fotos de perfil, pude perceber que a maioria dos comentários vinha de fãs de Kevin.Luz, inclusive, já havia entrado na briga pessoalmente, discutindo com as pessoas nos comentários:[Se você não pode provar que é ela, isso é difamação. Se pode, então é prova do seu crime!]Mas uma única voz logo foi abafada pela multidão, e L
Quando cheguei ao hospital, Gisele estava deitada na cama, entretida com o celular. Comparada ao estado pálido e miserável de seu irmão no dia anterior, ela parecia estar com o rosto corado e cheia de vitalidade.Endireitei a postura e a chamei com uma voz firme:— Gisele Silva!Ela estava tão concentrada no celular que, ao ouvir meu grito repentino, se assustou e quase pulou da cama. Seu rosto logo ficou vermelho de raiva.— Ana, o que você está fazendo aqui? Ouvi dizer que ninguém conseguia te encontrar. — Ela se recuperou rapidamente, e seus lábios finos se curvaram em um sorriso cheio de desprezo. — Não deveria estar em casa, escondida, com todas as janelas e cortinas fechadas, chorando sozinha no escuro?Ela me lançou um olhar de cima a baixo, avaliando cada detalhe.— Você não é grande coisa quando se trata de seduzir meu irmão. Agora que todo mundo viu seu corpo, você não tem mais nada para segurar ele ao seu lado!Abaixei os olhos e deixei escapar um leve sorriso. A razão pela
Tirei uma foto das costas de Gisele sendo escoltada pelos policiais e a enviei para Luz. Pedi para ela acompanhar o andamento do caso em tempo real em nome do Escritório de Advocacia X. Eu precisava dar uma satisfação a mim mesma e, ao mesmo tempo, aos internautas que estavam acompanhando a situação.Todos aqueles desgraçados que usavam fotos íntimas para ameaçar mulheres estavam de olho no desfecho desse caso. Se erros como esse não tivessem consequências, vítimas como eu só se multiplicariam.Fiquei parada no corredor do hospital por um momento e olhei em direção ao quarto no final do corredor. Bruno estava lá.Em primeiro lugar, eu estava disposta a assumir parte da responsabilidade no caso de Pietro. Em segundo, Bruno precisava me pedir desculpas.Antes de vir, escolhi um blazer preto com uma calça de perna larga da mesma cor. Calcei sapatos de salto fino, tudo para me sentir mais confiante.Mas, conforme meus pés tocavam o tapete macio da área VIP, parecia que minha confiança e
— Oh! Nossa! — Maia exclamou exageradamente, pressionando os documentos contra o peito, e logo, percebendo o quanto aquilo parecia inadequado, os escondeu atrás de si. — Sra. Henriques, não me entenda mal. Suas palavras soaram para mim como se estivesse me dizendo tudo de forma direta. Eu queria fingir que não me importava, erguer a cabeça e entrar com dignidade, mas meu coração parecia estar sendo apertado por uma mão invisível, e a dor me impedia de seguir em frente. Eu era uma pessoa que sempre planejava tudo. Diante de situações com fatores incertos, costumava me preparar com diversas alternativas. Eu já tinha até pensado em como compensar Pietro. Não importava se fosse com dinheiro ou contratando um cuidador, eu sabia que deveria assumir parte da responsabilidade. Mesmo que Karina me xingasse, ou até mesmo se me agredisse, eu estava pronta para suportar. Estava decidida a ter uma conversa séria com Bruno. E aquelas fotos... Ele havia prometido que não as havia guardado,
Maia saiu correndo, completamente atordoada, mas eu, por outro lado, senti meu corpo inteiro como se tivesse levado um choque. O movimento de Bruno ao me segurar era natural e harmonioso, algo que só podia acontecer porque havíamos repetido aquela cena tantas vezes antes. A posição em que ele me mantinha era íntima e sugestiva. Durante esse tempo, deixei-me levar pela sua ternura, aproveitando o conforto dos seus braços. Só de estar ali, sendo segurada por ele, as lembranças do que vivemos recentemente começaram a invadir minha mente, sem permissão. Com uma dor de cabeça crescente, pressionei a testa, e um gemido de angústia escapou da minha garganta. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo — talvez fosse uma forma de desabafo, ou talvez uma tentativa desesperada de bloquear aquelas memórias que agora, longe de doces, eram mais venenosas do que qualquer outra coisa. Tentei me desvencilhar, mas Bruno me puxou ainda mais forte, até que meu corpo estivesse completamente encai
— Que foto? — Bruno franziu a testa, com uma expressão de quem não entendia o que eu estava dizendo. Olhei para ele, tentando discernir se ele realmente não sabia do que eu estava falando ou se estava apenas fingindo. Se ele tivesse demonstrado um mínimo de cuidado comigo, já teria me oferecido um guarda-chuva antes mesmo que o céu escurecesse. Mas, em vez disso, me deixou enfrentar a tempestade sozinha. Independentemente de ele estar sendo sincero ou não, Bruno já não era o homem em quem eu podia confiar. — Aquele tapa, se você levasse na cara, não foi injusto. — Minha voz saiu exausta, desprovida de emoção. — Já disse tudo o que precisava. A única coisa que resta é o divórcio. Depois disso, não quero mais te ver. Ao ouvir a palavra "divórcio", os olhos de Bruno ficaram levemente avermelhados. Ele segurou meu queixo com força, abaixando o rosto até ficar próximo ao meu. — A partir de agora, você não vai se afastar de mim! Seu corpo estava quente, seus lábios queimavam, e
— O quê, já não aguenta mais? — Bruno riu com desdém. — Você sabe muito bem que eu estou de péssimo humor, e mesmo assim veio falar de divórcio. O que acha que eu iria te dizer de bom? Se fosse sua mãe que estivesse agora de olhos fechados sem acordar, você...— Cale a boca! — Gritei, furiosa. — Não ouse mencionar minha mãe! Se não fosse por você ameaçando com o Grupo Oliveira, minha mãe não teria se distraído e sofrido o acidente!Lutei com todas as minhas forças e finalmente consegui soltar minha mão, empurrando ele com força enquanto me levantava. Minhas mãos ainda tremiam ao tentar arrumar minhas roupas, e levei várias tentativas para conseguir abotoar a camisa.Bruno observava meus movimentos com um olhar frio, seus olhos negros vazios de qualquer emoção.— Então é isso, você sempre colocou a culpa da morte da Sofia sobre mim. — Ele assentiu, com um sorriso amargo. — Como seu marido, se isso te faz sentir melhor, posso deixar que me culpe.Ele fez uma pausa antes de continuar, a