A porta do hospital se abriu e se fechou novamente, a assistente Isabela isolando tudo atrás. Até seus passos pareciam mais leves. Aquela dor persistente, que lhe dava a sensação de que sua perna nunca sararia, finalmente parecia desaparecer. Hoje, ela podia dizer a si mesma que estava curada. Ela se aproximou do carro de Bruno, mas ao tentar abrir a porta, percebeu que não conseguia. Caminhou até o lado do motorista, bateu na janela, mas o motorista permaneceu em silêncio, sem abrir a boca. Assistente Isabela de repente teve uma ideia. Caminhou até a beira da estrada e ficou ali, parada, sem intenção de entrar no carro. Dentro do carro, o ambiente estava pesado. Bruno estava com uma mão apoiada na cabeça, claramente em péssimo humor. A janela do carro desceu lentamente, e Bruno levantou os olhos, encarando a mulher que estava ali, parada. Sua voz, sombria como sempre, ecoou do interior do veículo. — Quantos anos você está trabalhando comigo? — Desde que o senhor entrou n
Nos últimos dias, vivi atormentada, sempre com a sensação de que uma pessoa como Bruno, depois de ter levado um tapa, não seria tão fácil de me deixar em paz. No entanto, Bruno parecia ter desaparecido da Cidade J, como se nunca tivesse existido. Já se passava uma semana inteira, e eu não tinha mais nenhuma notícia dele. Nem sequer alguém mencionava o tal "acordo" que ele havia feito.Fiquei aliviada, mais tranquila, e então convidei Luz e Zeca para conversar em casa. Bruno, junto aos antigos acionistas do Grupo Oliveira, havia assinado um total de vinte e quatro contratos. O mais estranho era que eu não conseguia identificar nenhum problema neles. Mesmo mais estranho, era o fato de que ele parecia ter esmagado a outra parte em várias cláusulas vantajosas, tudo tão bem redigido que não havia como encontrar uma única falha.Luz balançou a cabeça.— Dá pra perceber que esses contratos tomaram muito esforço, cada um foi feito considerando a situação particular da outra parte. Veja,
No jantar, aproveitei o pouco de álcool que havia ingerido para construir minha imagem de forma audaciosa e impositiva. Estava no centro do palco, falando com confiança sobre o presente e o futuro do Grupo Oliveira.Nos últimos anos, Zeca não ficou parado. Dos vinte e quatro acionistas iniciais, alguns ainda permaneciam no Grupo Oliveira, lutando para mantê-lo, enquanto outros abandonaram a empresa há tempos. Theo Lima foi um desses que se afastou.Enquanto falava, minha mirada se fixava diretamente em Theo. Ele havia sido meu vice-presidente no Grupo Oliveira, mas depois comprou a maior parte da minha equipe de liderança e seguiu seu próprio caminho, tornando-se o "Presidente Theo", como muitos o chamavam.Até Zeca, que costumava zombar dele, já havia recebido um convite de Theo, o que mostrava como ele era astuto e de mente estratégica.Se deixarmos de lado as habilidades de Zeca, o fato de ele controlar os segredos mais valiosos do Grupo Oliveira tornava qualquer negociação com ele
Estendi a mão e a apoiei no ombro de Bruno, incapaz de controlar o sorriso frio que se formava em meus lábios. — Presidente Bruno, você realmente é onipresente. Eu não te convidei, mas você veio de maneira espontânea. — Quando quero ir a algum lugar, ninguém pode me impedir. Bruno respondeu, seus olhos deslizavam sobre mim de cima para baixo, até que pararam em algum ponto, com um olhar carregado de significados. Seu olhar era tão descarado que não pude evitar levantar a mão, tentando bloquear sua visão. Sussurrei, tentando manter a calma:— Afaste-se! Está cheio de gente lá fora. Se alguém descobrir que o principal tomador de decisões do Grupo Henriques está trancando uma mulher no banheiro, o que acham disso?— Você é minha ex-esposa. O que você acha que os outros vão pensar? — Bruno segurou minha mão com força, pressionando-a contra sua palma, sem soltar. Pensou por um momento, depois olhou para mim com seriedade. — Se eu me importasse tanto com a opinião dos outros, já teria pe
Eu saí correndo e, no momento exato, esbarrei com o Rui, que estava procurando por mim em toda parte. Ele me segurou, sentindo minha respiração ofegante, e seus olhos passaram por cima da minha cabeça, olhando para trás. Sem que ele percebesse, também olhei discretamente para o que havia atrás de nós, mas não vi o Bruno, o que me fez respirar aliviada. O Rui apertou os punhos atrás de si e, com a voz grave, perguntou: — Viu ele? Eu sabia que não conseguiria esconder isso dele e não havia necessidade de fazê-lo. Assenti, de forma sincera. Rui abriu a boca para dizer algo, mas seus lábios se moveram várias vezes antes que ele finalmente conseguisse formar uma frase: — Vá até o terraço do segundo andar e espere por mim. Volto logo. Ele se virou para sair, mas eu o segurei, balançando a cabeça. — Rui, hoje tem muitos convidados. Rui ficou de cabeça baixa, parado, sem se mover e sem olhar para trás. Eu disse: — Agora o Zeca está organizando os convidados que querem pas
— Ana Oliveira! Você sabe o que está dizendo? Rui gritou, pela primeira vez usando meu nome completo. Eu vi a expressão em seu rosto se partir, e ele perdeu o controle, não conseguindo mais conter suas emoções. Com as mãos firmemente agarradas nos meus ombros, ele me sacudiu com força. — Foi o Bruno que te disse algo? Aquele desgraçado te ameaçou!? — Não, não foi... Balancei a cabeça, e sem querer, vi aquele homem tão orgulhoso diante de mim desmoronando de tal maneira. Quando meus olhos encontraram as lágrimas nos dele, a minha visão também se turvou. Mas eu realmente não sabia o que fazer. Quanto melhor Rui era comigo, mais eu me sentia culpada, culpada por não conseguir retribuir os mesmos sentimentos a ele. Isso não era justo para ele. Porque eu percebi que, sempre que via o Bruno, as ondas dentro de mim se agitavam muito mais fortes do que quando olhava para Rui. Eu ainda não havia superado o passado. Não importava se fosse amor ou ódio, claramente aqueles sent
No hospital, Bruno Henrique aprumou-se em toda a sua altura, destacando-se na multidão.— Não é da sua conta, pode ir embora.Mal tinha me aproximado quando ouvi ele dizer isso, e o saco que eu segurava foi tirado das minhas mãos. A meia-irmã de Bruno foi levada ao hospital no meio da noite, e minha única função, como cunhada, era apenas trazer algumas roupas, nada além do que uma empregada faria. Estávamos casados há quatro anos, e eu já estava acostumada à frieza dele, então fui falar com o médico para entender a situação. O médico disse que o ânus da paciente estava rompido, causado pelo ato de fazer amor com um parceiro.Naquele instante, senti como se tivesse caído em um poço de gelo, o frio invadindo-me dos pés à cabeça.Que eu soubesse, Gisele Silva não tinha namorado, e quem a levou ao hospital naquela ocasião foi meu marido.O médico ajustou os óculos no nariz e me olhou com certa pena.— Os jovens hoje em dia gostam de buscar novas emoções e procurar por estímulos.— O qu
Minha visão caiu sobre a calça de Bruno, que estava jogada ao lado da cama, com o cós frouxo e distorcido formando um rosto choroso, e um canto de seu celular preto deslizando para fora, parecendo mais triste com as lágrimas.Na vida matrimonial, acreditava que tanto o amor quanto a privacidade eram importantes. Sempre demos espaço um ao outro e nunca mexemos no celular do parceiro.Mas hoje, depois de vasculhar até o escritório, pensei que também deveria olhar o celular dele.Peguei o celular e com pressa, mergulhei debaixo das cobertas até cobrir minha cabeça.Eu estava muito nervosa.Diziam que ninguém conseguia manter um sorriso no rosto após verificar o celular do parceiro. Eu tinha medo de encontrar provas de sua traição com Gisele ou de não encontrar nada e parecer que não confiava nele.Ao pensar no bracelete que ele gostava de usar todos os dias, meus dentes começaram a tremer.“Bruno, o que você está escondendo de mim? O que realmente importa para você?”Errei a senha várias