Estendi a mão e a apoiei no ombro de Bruno, incapaz de controlar o sorriso frio que se formava em meus lábios. — Presidente Bruno, você realmente é onipresente. Eu não te convidei, mas você veio de maneira espontânea. — Quando quero ir a algum lugar, ninguém pode me impedir. Bruno respondeu, seus olhos deslizavam sobre mim de cima para baixo, até que pararam em algum ponto, com um olhar carregado de significados. Seu olhar era tão descarado que não pude evitar levantar a mão, tentando bloquear sua visão. Sussurrei, tentando manter a calma:— Afaste-se! Está cheio de gente lá fora. Se alguém descobrir que o principal tomador de decisões do Grupo Henriques está trancando uma mulher no banheiro, o que acham disso?— Você é minha ex-esposa. O que você acha que os outros vão pensar? — Bruno segurou minha mão com força, pressionando-a contra sua palma, sem soltar. Pensou por um momento, depois olhou para mim com seriedade. — Se eu me importasse tanto com a opinião dos outros, já teria pe
Eu saí correndo e, no momento exato, esbarrei com o Rui, que estava procurando por mim em toda parte. Ele me segurou, sentindo minha respiração ofegante, e seus olhos passaram por cima da minha cabeça, olhando para trás. Sem que ele percebesse, também olhei discretamente para o que havia atrás de nós, mas não vi o Bruno, o que me fez respirar aliviada. O Rui apertou os punhos atrás de si e, com a voz grave, perguntou: — Viu ele? Eu sabia que não conseguiria esconder isso dele e não havia necessidade de fazê-lo. Assenti, de forma sincera. Rui abriu a boca para dizer algo, mas seus lábios se moveram várias vezes antes que ele finalmente conseguisse formar uma frase: — Vá até o terraço do segundo andar e espere por mim. Volto logo. Ele se virou para sair, mas eu o segurei, balançando a cabeça. — Rui, hoje tem muitos convidados. Rui ficou de cabeça baixa, parado, sem se mover e sem olhar para trás. Eu disse: — Agora o Zeca está organizando os convidados que querem pas
— Ana Oliveira! Você sabe o que está dizendo? Rui gritou, pela primeira vez usando meu nome completo. Eu vi a expressão em seu rosto se partir, e ele perdeu o controle, não conseguindo mais conter suas emoções. Com as mãos firmemente agarradas nos meus ombros, ele me sacudiu com força. — Foi o Bruno que te disse algo? Aquele desgraçado te ameaçou!? — Não, não foi... Balancei a cabeça, e sem querer, vi aquele homem tão orgulhoso diante de mim desmoronando de tal maneira. Quando meus olhos encontraram as lágrimas nos dele, a minha visão também se turvou. Mas eu realmente não sabia o que fazer. Quanto melhor Rui era comigo, mais eu me sentia culpada, culpada por não conseguir retribuir os mesmos sentimentos a ele. Isso não era justo para ele. Porque eu percebi que, sempre que via o Bruno, as ondas dentro de mim se agitavam muito mais fortes do que quando olhava para Rui. Eu ainda não havia superado o passado. Não importava se fosse amor ou ódio, claramente aqueles sent
A festa ainda não havia se dispersado, e Bruno não tinha partido. Ele se afastou um pouco, encontrou um canto isolado e ficou bebendo sozinho, sem saber exatamente o que estava guardando ou esperando. Aquela mulher claramente não precisava dele, e ainda assim, lhe dera um tapa. O copo de vinho, que estava repousado contra seus lábios, hesitou por um instante. Seu olhar, antes confuso, imediatamente se tornou mais afiado. Ele olhou para a pessoa que se aproximava, com os olhos profundos. Encontrar Bruno era uma tarefa fácil para Rui. Embora não quisesse admitir, havia algo nele que irradiava uma força inexplicável. No salão, onde o ambiente estava mais vazio e desolado, havia algo que atraía os olhares, algo que fazia as pessoas hesitarem e se aproximarem... Ali estava Bruno. — Você gosta de atrapalhá-la, não é? Rui não sabia de onde vinha a força, mas o homem, muito mais forte que ele, foi facilmente levantado pelo colarinho da camisa, e Bruno se viu puxado para cima da c
A raiva de Rui atingiu seu ponto máximo no momento em que Bruno levantou o punho para atingi-lo.Com força, ele empurrou o homem que estava sobre ele, utilizando uma força bruta e sem habilidade para se jogar contra Bruno, usando seu peso para derrubá-lo no chão.Num piscar de olhos, as posições se inverteram. Rui olhava com desdém para o homem que estava abaixo dele.— Bruno, por que você apareceu diante de Ana? Se realmente a ama, não deveria estar fazendo ela sofrer assim! Ela finalmente conseguiu se libertar do passado, estava vendo sua vida melhorar, e você a empurrou de volta para o abismo! Como alguém pode ser tão egoísta?Rui apertava a gola de Bruno com mais força, seu olhar carregado de ódio, como se quisesse cortá-lo com uma faca centenas de vezes. Mas ele sabia muito bem que, mesmo que Bruno morresse, Ana não sentiria a menor satisfação.Essa constatação quase o destruiu. O que sentia no peito era mais doloroso que qualquer soco que pudesse ter levado.Ele sentia dor por si
Quando a porta do elevador se abriu, a única coisa que vi foi uma silhueta solitária e escura, sentada bem no centro do espaço vazio.Bruno estava com os braços envolvendo os joelhos, a cabeça profundamente enterrada entre eles.Se fosse qualquer outra pessoa naquela posição, eu teria certeza de que o homem estava chorando. Mas Bruno? Como ele poderia derramar lágrimas por causa de uma briga?Do lado de fora, Rui já não estava em lugar algum. Eu não sabia se devia sair ou não. Hesitei por apenas um instante, mas o sensor do elevador logo percebeu que ninguém havia saído, e a porta começou a se fechar, comprimindo a cena diante dos meus olhos.Olhei através da fresta, atordoada, fixando meu olhar em Bruno até que as portas se fecharam completamente, isolando-o da minha visão.Soltei um suspiro pesado, um misto de dúvida e inquietação no peito.Afinal, este era o meu território. Eu deveria sair e dar uma olhada?Dois homens brigaram... Para onde teria ido o outro?Um calafrio percorreu m
No dia do jantar de aniversário da esposa de Theo, eu, afinal, não participei. O carro estacionou em uma vaga vazia, e, no momento em que saí do veículo, senti um aperto na cintura, sendo empurrada para dentro de um carro preto ao lado. A pessoa agiu com tanta destreza, como se fosse um criminoso de longa data, que, se não fosse o rosto sombrio de Bruno, eu teria gritado e pedido socorro! Naquele evento, Theo havia convidado muitas pessoas, e o estacionamento estava repleto de carros de luxo. No entanto, foi apenas ao lado do carro de Bruno que havia uma vaga livre. Ele certamente já estava ali há muito tempo, esperando que eu estacionasse perto de seu carro, como se fosse uma armadilha armada só para mim. A distância entre nós era tão curta que, mesmo um simples olhar direto, para qualquer pessoa de fora, parecia carregado de uma profunda intensidade, como se estivéssemos tentando nos gravar um no coração do outro. Era uma distância que fazia o coração apertar com cada breve troca
Nós dois estávamos tão sujos...Bruno disse isso, com aquelas palavras tão pesadas. Ele me chamava de suja. Mas, na verdade, o que ele pensava de mim? Como ele via alguém como eu em seus olhos? Se eu estava tão suja, então quem era o homem que me apertava nos braços naquele momento? Suspirei em silêncio, sentindo o peso das suas palavras. No reflexo da janela do carro, meus olhos estavam avermelhados, as lágrimas ameaçando cair.— Eu nunca achei que fosse suja! O que você pensa de mim é problema seu! — Eu disse, tentando me desvencilhar do aperto da raiva. O rosto de Bruno mudou ligeiramente.— É? E você e o Rui, o que são então? Antes de nos divorciarmos, vocês já estavam juntos. Não é suja? Agora você ainda está com ele... — A voz dele ficou embargada, como se as palavras se tornassem difíceis de sair.— Isso porque você me enganou, fazendo-me acreditar que já tínhamos nos divorciado! — Senti o corpo tremer de raiva e frustração. Eu não podia acreditar no que ele estava dizendo. C