Na periferia da cidade J, em um prédio branco, uma mulher sorridente foi ao encontro de Bruno, sua alegria contrastando completamente com o clima pesado e opressor que dominava os arredores.Gisele correu até ele, chamando por "irmão", e sem hesitar, se jogou em seus braços. Ela se lembrou dos tempos antigos, quando ele sempre segurava sua cintura, a levantava no ar e a girava, sorrindo para ela.Porém, ao perceber que o abraço dele estava frio como gelo, ela apertou ainda mais a cintura de Bruno, mas o tecido suave do terno fez com que seu abraço escorregasse sem efeito.Ela não estava obcecada pelo abraço, afinal, se o irmão tivesse gostado da sensação que compartilharam na noite anterior, talvez, depois que ele ficasse sóbrio, coisas ainda mais intensas pudessem acontecer.Ela ergueu a cabeça, olhando para o homem à sua frente com desejo nos olhos.— Irmão, você trouxe tanta gente, está querendo me levar de volta para casa? Lágrimas escorriam de seus olhos, e sob o olhar triste, u
Os olhos negros de Bruno estavam fixos no vazio à sua frente. Seu sorriso permanecia, mas a frieza em seu rosto se tornava cada vez mais evidente. Uma mão feminina percorreu sua face, deslizando até seu pescoço e desabotoando um de seus botões, com um toque suave que logo se aprofundou na parte interna de sua camisa. A voz de Gisele continuava a soar. — Assim, desabotoou sua roupa, uma a uma, para que você se sinta ainda mais confortável. — Uma a uma? — Bruno perguntou em tom gelado. — Sim, irmão, vou te mostrar. Gisele falou, indo de trás do banco até a frente de Bruno. Ela estava vestindo roupas que não se ajustavam bem ao seu corpo, e, ao se curvar, sua frente revelou uma grande área de sua pele. Bruno virou o rosto, embora não houvesse nada de realmente interessante para olhar, ele a agarrou pela mão, não querendo que ela o tocasse mais. — Já basta, e depois? Gisele ficou surpresa. Ele se lembrava! Era isso que ele queria dela, perguntar de propósito. — Ontem,
A porta do hospital se abriu e se fechou novamente, a assistente Isabela isolando tudo atrás. Até seus passos pareciam mais leves. Aquela dor persistente, que lhe dava a sensação de que sua perna nunca sararia, finalmente parecia desaparecer. Hoje, ela podia dizer a si mesma que estava curada. Ela se aproximou do carro de Bruno, mas ao tentar abrir a porta, percebeu que não conseguia. Caminhou até o lado do motorista, bateu na janela, mas o motorista permaneceu em silêncio, sem abrir a boca. Assistente Isabela de repente teve uma ideia. Caminhou até a beira da estrada e ficou ali, parada, sem intenção de entrar no carro. Dentro do carro, o ambiente estava pesado. Bruno estava com uma mão apoiada na cabeça, claramente em péssimo humor. A janela do carro desceu lentamente, e Bruno levantou os olhos, encarando a mulher que estava ali, parada. Sua voz, sombria como sempre, ecoou do interior do veículo. — Quantos anos você está trabalhando comigo? — Desde que o senhor entrou n
Nos últimos dias, vivi atormentada, sempre com a sensação de que uma pessoa como Bruno, depois de ter levado um tapa, não seria tão fácil de me deixar em paz. No entanto, Bruno parecia ter desaparecido da Cidade J, como se nunca tivesse existido. Já se passava uma semana inteira, e eu não tinha mais nenhuma notícia dele. Nem sequer alguém mencionava o tal "acordo" que ele havia feito.Fiquei aliviada, mais tranquila, e então convidei Luz e Zeca para conversar em casa. Bruno, junto aos antigos acionistas do Grupo Oliveira, havia assinado um total de vinte e quatro contratos. O mais estranho era que eu não conseguia identificar nenhum problema neles. Mesmo mais estranho, era o fato de que ele parecia ter esmagado a outra parte em várias cláusulas vantajosas, tudo tão bem redigido que não havia como encontrar uma única falha.Luz balançou a cabeça.— Dá pra perceber que esses contratos tomaram muito esforço, cada um foi feito considerando a situação particular da outra parte. Veja,
No jantar, aproveitei o pouco de álcool que havia ingerido para construir minha imagem de forma audaciosa e impositiva. Estava no centro do palco, falando com confiança sobre o presente e o futuro do Grupo Oliveira.Nos últimos anos, Zeca não ficou parado. Dos vinte e quatro acionistas iniciais, alguns ainda permaneciam no Grupo Oliveira, lutando para mantê-lo, enquanto outros abandonaram a empresa há tempos. Theo Lima foi um desses que se afastou.Enquanto falava, minha mirada se fixava diretamente em Theo. Ele havia sido meu vice-presidente no Grupo Oliveira, mas depois comprou a maior parte da minha equipe de liderança e seguiu seu próprio caminho, tornando-se o "Presidente Theo", como muitos o chamavam.Até Zeca, que costumava zombar dele, já havia recebido um convite de Theo, o que mostrava como ele era astuto e de mente estratégica.Se deixarmos de lado as habilidades de Zeca, o fato de ele controlar os segredos mais valiosos do Grupo Oliveira tornava qualquer negociação com ele
Estendi a mão e a apoiei no ombro de Bruno, incapaz de controlar o sorriso frio que se formava em meus lábios. — Presidente Bruno, você realmente é onipresente. Eu não te convidei, mas você veio de maneira espontânea. — Quando quero ir a algum lugar, ninguém pode me impedir. Bruno respondeu, seus olhos deslizavam sobre mim de cima para baixo, até que pararam em algum ponto, com um olhar carregado de significados. Seu olhar era tão descarado que não pude evitar levantar a mão, tentando bloquear sua visão. Sussurrei, tentando manter a calma:— Afaste-se! Está cheio de gente lá fora. Se alguém descobrir que o principal tomador de decisões do Grupo Henriques está trancando uma mulher no banheiro, o que acham disso?— Você é minha ex-esposa. O que você acha que os outros vão pensar? — Bruno segurou minha mão com força, pressionando-a contra sua palma, sem soltar. Pensou por um momento, depois olhou para mim com seriedade. — Se eu me importasse tanto com a opinião dos outros, já teria pe
Eu saí correndo e, no momento exato, esbarrei com o Rui, que estava procurando por mim em toda parte. Ele me segurou, sentindo minha respiração ofegante, e seus olhos passaram por cima da minha cabeça, olhando para trás. Sem que ele percebesse, também olhei discretamente para o que havia atrás de nós, mas não vi o Bruno, o que me fez respirar aliviada. O Rui apertou os punhos atrás de si e, com a voz grave, perguntou: — Viu ele? Eu sabia que não conseguiria esconder isso dele e não havia necessidade de fazê-lo. Assenti, de forma sincera. Rui abriu a boca para dizer algo, mas seus lábios se moveram várias vezes antes que ele finalmente conseguisse formar uma frase: — Vá até o terraço do segundo andar e espere por mim. Volto logo. Ele se virou para sair, mas eu o segurei, balançando a cabeça. — Rui, hoje tem muitos convidados. Rui ficou de cabeça baixa, parado, sem se mover e sem olhar para trás. Eu disse: — Agora o Zeca está organizando os convidados que querem pas
— Ana Oliveira! Você sabe o que está dizendo? Rui gritou, pela primeira vez usando meu nome completo. Eu vi a expressão em seu rosto se partir, e ele perdeu o controle, não conseguindo mais conter suas emoções. Com as mãos firmemente agarradas nos meus ombros, ele me sacudiu com força. — Foi o Bruno que te disse algo? Aquele desgraçado te ameaçou!? — Não, não foi... Balancei a cabeça, e sem querer, vi aquele homem tão orgulhoso diante de mim desmoronando de tal maneira. Quando meus olhos encontraram as lágrimas nos dele, a minha visão também se turvou. Mas eu realmente não sabia o que fazer. Quanto melhor Rui era comigo, mais eu me sentia culpada, culpada por não conseguir retribuir os mesmos sentimentos a ele. Isso não era justo para ele. Porque eu percebi que, sempre que via o Bruno, as ondas dentro de mim se agitavam muito mais fortes do que quando olhava para Rui. Eu ainda não havia superado o passado. Não importava se fosse amor ou ódio, claramente aqueles sent