* Valentina *.Eu quero paz, só isso é pedir muito?Não, o que eu tinha na cabeça de entrar em um lugar desse com aquela peste, eu sabia que ele tava aprontando, aquele sorrisinho deslavado me mostrou.E eu mesmo assim, confiei nele.E agora como estou?Sem ar, sem pernas, sem dignidade nenhuma, pois ainda não acredito que só dele falar no meu ouvido fez um estrago na minha calcinha.Nem o César com toda a sua habilidade, conseguiu me deixar desse jeito, já essa peste com algumas palavras acabou comigo.Não, não posso baixar minha guarda com o Daniel.Ainda com as pernas moles, saio andando na frente, pego meu celular e ilumino a saída, nem consegui ver o lugar direito e já fui agarrada.Que ódio!Monto na Rainha e saio trotando na frente, nem quero ver a cara dele, deve estar rindo de mim, e eu estou com muita raiva de mim mesma, meu corpo é meu maior inimigo.Como pode isso?Minha cabeça grita que não, mas meu corpo não obedece, tenho medo de acabar fazendo uma loucura que posso me
* Daniel *.Não consigo evitar o sorriso no rosto, foi por pouco, muito pouco mesmo, que não tenho ela de volta.A Val tem todo esse jeitinho bravo, mas é só encurralar, pressionar que é igual rosca, ela espana facilzinho, facilzinho.Se não fosse pelo meu irmão, hoje eu ia ter ela pedindo pra ser minha de novo, e eu faria com todo gosto porque eu tô louco pra isso.Visto a roupa mais que depressa, e quando saio Davi está no sofá olhando para o teto._ Tinha de chega justo agora? — digo me aproximando e ele se levanta._ Então. Fizeram as pazes?_ Não._ Oxi, então o que estavam fazendo?_ Eu estava tentando domar a minha jaguatirica, e estava quase conseguindo até você chegar._ Ata, e você acredita que algum dia vai conseguir domar a Val? Tá maluco é ali não tem jeito não, é sangue ruim mesmo._ Só não vou te matar, porque tô com pressa. Vamos logo que tenho de continuar rondando meu terreiro antes que outro pegue o que é meu.Digo isso pelo safado no Marco, ele tá de olho no meu e
* Valentina *.Estou feliz em ter minha família aqui comigo, mesmo que eles vão embora anoite, sim, eles vão e eu já estou triste com isso.Mas não posso pedir para eles ficar, eles têm seus compromissos assim como eu tenho os meus agora, e eu entendo isso e já fico muito feliz de todos tirarem um tempinho para passar o dia todo comigo.Não vejo a hora dos meus primos chegarem e eu não me sentir tão sozinha, não gosto de me sentir assim e acabo descontando a tristeza em ações erradas.César sempre cuidava de mim, para não fazer essas coisas. Davi chegou já de noite aqui na fazenda, no carro da tia Manuela que fica com eles, para fazer algumas coisas na cidade quando precisa, e pensar nisso também tenho de comprar um carro, eu sei dirigir mais não tenho um, está na hora de mudar isso.Teve de dar duas viagens para levar todo mundo, fora que as crianças foram no colo.Assim que cheguei na fazenda da tia Manuela, dona Dulce mãe do Daniel veio me abraçar, eu tinha chegado em Rio verde f
* Daniel *.Não foi difícil perceber que a Val não estava bem, seus olhinhos não tinham brilho e sim uma névoa estranha.Entendi o motivo quando falei com ela, e ficar longe de todos é difícil mesmo, ainda mais pra ela que é tão acostumada com a família, eu mesmo não sei como seria sem a minha perto de mim.Eu tinha pensado muitas coisas para fazer com ela hoje, e a deixar com a guarda baixa, mas não podia, ela estava triste e isso não era o certo.Mas cantar com ela eu podia, e no começo era só para a deixar mais feliz, espantar aquela cara de tristeza, e claro ela não conseguiu resistir e cantou comigo. Que falta fazia isso pra mim, a sua voz junto com a minha, uma combinação perfeita, assim como eu e ela.Cantamos umas cinco modas juntos, e depois cantei mais duas pra ela, sim, pra ela, e ela sabe disso, pois não tirou os olhos de mim e eu não tirei meus olhos do dela.No final eu já via um sorriso bonito em seus lábios, e fiquei mais seguro que estava indo pelo caminho certo.Eu
* Valentina *.Entro de roupa e tudo debaixo do chuveiro, o que eu tinha na cabeça de deixar ele fazer isso comigo?O pior é que ele pediu, ele pediu e eu deixei.Que ódio de mim mesma, que estou sentindo agora, na mesma noite que digo a ele que quero apenas uma relação de patroa e capataz com ele, eu faço isso.Fecho os olhos, tirando a roupa molhada ainda debaixo do chuveiro, e a jogando de lado.O problema é que foi tão bom, os beijos dele, o toque dele, a voz em meu ouvido. Tudo foi tão bom que me fez querer mais e mais.Como eu ia aguentar aquele homem atrás de mim, a sua respiração quente tocando a minha pele, o seu corpo roçando o meu com o trote do cavalo.Não tinha como resistir, e o pior é que quero mais e sei que não posso.Encosto a cabeça no piso frio, respirando fundo. Pensei que ia ser mais fácil ficar do lado dele na fazenda, mas agora eu vejo que não, não será fácil. E a solução é me manter longe e só falar o necessário quando tiver mais pessoas por perto.Deito em m
* Daniel *.Eu não sei o que tem na cabeça da Val, que eu vou aceitar ser só seu empregado.Só empregado!Sério isso? Não, não tem como não.Foi cinco anos eu com ela na cabeça e no coração, pra agora ela dizer isso, nem que eu mova céu e terra vou fazer ela entender que a vida dela é ao meu lado. Juntinhos, igual lata de sardinha, uma colada na outra, já percebi que chegar junto como ando fazendo, não tá tendo muito resultado, ou tá não sei, agora até eu fiquei confuso.De uma coisa eu tenho certeza, ela fica toda molinha em meus braços e isso é bom pra mim.Vou até o estábulo aonde o Marco veio avisar que o Douglas estava chamando.Não gosto do Douglas, ele é um tipo pior que Marco.Com o Marco você fala não, e ele até aceita, mas o Douglas não é desse tipo não, ele fica atrás rondando até conseguir um sim.Ele não obriga nenhuma mulher ficar com ele, bom isso que eu saiba, mas que enche o saco até conseguir ele enche, sei disso porque ficou no pé da minha irmã mais de um mês até
* Valentina *.O tal Douglas até que é bonitinho, mas não me chamou atenção, além disso, só aceitei talvez um dia jantar com ele, para que para-se de insistir, e para o Daniel que estava na janela parar de ficar ouvindo a conversa dos outros, onde já se viu ficar debaixo da janela escutando conversa, até parece que eu não ia perceber aquele chapéu branco ali.Tem hora que ele não pensa.Sei que tenho de tirar o Daniel da cabeça, mas não dessa forma, já chega o César que depois me batia o arrependimento quando acordava de ressaca, e algumas vezes me lembro de chamar ele pelo nome do Daniel, o lástima, nem bêbada transando com outro, aquela peste me deixava em paz, e eu ficava morrendo de vergonha, mas o César nem se importava, na verdade, nunca se importo, ele continuava o que tava fazendo concentrado e eu lembro, não sou aquela bêbada que, bebi e esqueci, que tem amnesia não, às vezes seria até melhor se eu fosse, mas não sou e me lembro de tudo que eu fiz logo que acordo, ou alguns
* Daniel *.Depois daquela conversa com meus pais, voltei pra fazenda e fui fazer o serviço que a Val mandou, meu irmão veio junto e ficamos falando de tudo um pouco, daqui a dois meses vai ter rodeio e falei pra ele se escrever, mas aquela criatura medonha da ex mulher dele a Anne, fez lavagem cerebral no meu irmão e agora ele tem receio de montar, pois, acha que vai passar vergonha._ Já disse pra você fazer a inscrição, Davi._ Só vou jogar dinheiro fora, não tem futuro no rodeio pra mim não._ Não desiste assim, eu sei que você é capaz, eu vejo você montar._ Talvez não sei, estou pensando... Oque, que é aquilo ali? — ele fala de sobrancelha franzida então me viro, tentando entender a cena que vejo._ Alguém tá dentro do cocho de água?_ Alguém não, a Valentina, oxi o que deu nela, tá com tanto calor assim é?Não respondo nada, toco o cavalo para ir mais na frente, e quase tenho um treco com a visão que tenho, acho que meu espírito saiu do corpo e volto, ao ver ela ali toda pelad