* Daniel *.Não foi difícil perceber que a Val não estava bem, seus olhinhos não tinham brilho e sim uma névoa estranha.Entendi o motivo quando falei com ela, e ficar longe de todos é difícil mesmo, ainda mais pra ela que é tão acostumada com a família, eu mesmo não sei como seria sem a minha perto de mim.Eu tinha pensado muitas coisas para fazer com ela hoje, e a deixar com a guarda baixa, mas não podia, ela estava triste e isso não era o certo.Mas cantar com ela eu podia, e no começo era só para a deixar mais feliz, espantar aquela cara de tristeza, e claro ela não conseguiu resistir e cantou comigo. Que falta fazia isso pra mim, a sua voz junto com a minha, uma combinação perfeita, assim como eu e ela.Cantamos umas cinco modas juntos, e depois cantei mais duas pra ela, sim, pra ela, e ela sabe disso, pois não tirou os olhos de mim e eu não tirei meus olhos do dela.No final eu já via um sorriso bonito em seus lábios, e fiquei mais seguro que estava indo pelo caminho certo.Eu
* Valentina *.Entro de roupa e tudo debaixo do chuveiro, o que eu tinha na cabeça de deixar ele fazer isso comigo?O pior é que ele pediu, ele pediu e eu deixei.Que ódio de mim mesma, que estou sentindo agora, na mesma noite que digo a ele que quero apenas uma relação de patroa e capataz com ele, eu faço isso.Fecho os olhos, tirando a roupa molhada ainda debaixo do chuveiro, e a jogando de lado.O problema é que foi tão bom, os beijos dele, o toque dele, a voz em meu ouvido. Tudo foi tão bom que me fez querer mais e mais.Como eu ia aguentar aquele homem atrás de mim, a sua respiração quente tocando a minha pele, o seu corpo roçando o meu com o trote do cavalo.Não tinha como resistir, e o pior é que quero mais e sei que não posso.Encosto a cabeça no piso frio, respirando fundo. Pensei que ia ser mais fácil ficar do lado dele na fazenda, mas agora eu vejo que não, não será fácil. E a solução é me manter longe e só falar o necessário quando tiver mais pessoas por perto.Deito em m
* Daniel *.Eu não sei o que tem na cabeça da Val, que eu vou aceitar ser só seu empregado.Só empregado!Sério isso? Não, não tem como não.Foi cinco anos eu com ela na cabeça e no coração, pra agora ela dizer isso, nem que eu mova céu e terra vou fazer ela entender que a vida dela é ao meu lado. Juntinhos, igual lata de sardinha, uma colada na outra, já percebi que chegar junto como ando fazendo, não tá tendo muito resultado, ou tá não sei, agora até eu fiquei confuso.De uma coisa eu tenho certeza, ela fica toda molinha em meus braços e isso é bom pra mim.Vou até o estábulo aonde o Marco veio avisar que o Douglas estava chamando.Não gosto do Douglas, ele é um tipo pior que Marco.Com o Marco você fala não, e ele até aceita, mas o Douglas não é desse tipo não, ele fica atrás rondando até conseguir um sim.Ele não obriga nenhuma mulher ficar com ele, bom isso que eu saiba, mas que enche o saco até conseguir ele enche, sei disso porque ficou no pé da minha irmã mais de um mês até
* Valentina *.O tal Douglas até que é bonitinho, mas não me chamou atenção, além disso, só aceitei talvez um dia jantar com ele, para que para-se de insistir, e para o Daniel que estava na janela parar de ficar ouvindo a conversa dos outros, onde já se viu ficar debaixo da janela escutando conversa, até parece que eu não ia perceber aquele chapéu branco ali.Tem hora que ele não pensa.Sei que tenho de tirar o Daniel da cabeça, mas não dessa forma, já chega o César que depois me batia o arrependimento quando acordava de ressaca, e algumas vezes me lembro de chamar ele pelo nome do Daniel, o lástima, nem bêbada transando com outro, aquela peste me deixava em paz, e eu ficava morrendo de vergonha, mas o César nem se importava, na verdade, nunca se importo, ele continuava o que tava fazendo concentrado e eu lembro, não sou aquela bêbada que, bebi e esqueci, que tem amnesia não, às vezes seria até melhor se eu fosse, mas não sou e me lembro de tudo que eu fiz logo que acordo, ou alguns
* Daniel *.Depois daquela conversa com meus pais, voltei pra fazenda e fui fazer o serviço que a Val mandou, meu irmão veio junto e ficamos falando de tudo um pouco, daqui a dois meses vai ter rodeio e falei pra ele se escrever, mas aquela criatura medonha da ex mulher dele a Anne, fez lavagem cerebral no meu irmão e agora ele tem receio de montar, pois, acha que vai passar vergonha._ Já disse pra você fazer a inscrição, Davi._ Só vou jogar dinheiro fora, não tem futuro no rodeio pra mim não._ Não desiste assim, eu sei que você é capaz, eu vejo você montar._ Talvez não sei, estou pensando... Oque, que é aquilo ali? — ele fala de sobrancelha franzida então me viro, tentando entender a cena que vejo._ Alguém tá dentro do cocho de água?_ Alguém não, a Valentina, oxi o que deu nela, tá com tanto calor assim é?Não respondo nada, toco o cavalo para ir mais na frente, e quase tenho um treco com a visão que tenho, acho que meu espírito saiu do corpo e volto, ao ver ela ali toda pelad
* Valentina *.Sinto algo pesado em cima de mim, penso estar sonhando, mas quando abro o olho vejo que não estou.Tem uma mão agarrada na minha cintura, e uma perna em cima de mim."Meu deus eu bebi tanto assim que nem sei com quem dormi".Só espero que pelo menos seja alguém bonito, porque quando eu me lembrar da desgrameira toda vou me sentir muito mal.Tomo coragem e fecho os olhos, me viro devagar fingindo dormir, sinto seu hálito quente em meu rosto em uma respiração calma e abro os olhos, não preparada para ver ele ali na minha frente me encarando com os olhos castanhos esverdeados mais, lindo do mundo. Pelo menos esse eu conhecia só era uma tragédia ter ido pra cama com ele e não me lembrar da sua linguiça._ Daniel. — falo ainda relutante com o jeito que ele me olha._ Bom dia Valentina. — ele diz seco e se levanta de uma vez, e assim eu vejo que esta, nu, lindo e nu com a linguiça meia viva, e mesmo assim bem apetitosa se você me entendi._ Fizemos alguma coisa, é que não me
Passei a manhã dentro de casa, me sentia mal com o que aconteceu.Não sei se foi pelo fato de, ter sido o Daniel ao meu lado ou de levar uma bronca dele, me senti novamente uma menina, uma menina mimada para ser mais exato.Ele estava certo, eu cresci, mas as minhas atitudes não são as melhores.Cadê a Valentina que eu era?Devo ter afogado ela na cachaça, só pode.Na parte da tarde liguei para o Ananias, pai do Daniel, pedi para ele trazer o carro da minha tia.Eu queria ir à cidade e tinha de comprar um carro para mim também, tinha feito um macarrão para o almoço, mas o gosto estava estranho, ou era a minha boca não sei, mas perdi a fome por completo.Fiquei sem graça de ver o Davi, me lembrava que ele tinha me visto e a forma que ele me olhava, mostrava que também estava com vergonha, tenho de parar de beber, assim evito fazer merda._ Tarde Valentina, meu pai pediu pra levar você. — ele abriu um sorriso amarelo e eu apenas acenei, entrei no carro e saímos. _ Tá querendo ir pra ond
* Daniel *.Nunca tive uma noite tão ruim, como tive ontem com a Valentina.Por muito tempo sonhei dormir agarrado nela, tendo seu corpo no meu, assim como ficamos.Mas aquilo foi um pesadelo, eu só ficava com aquele pensamento na cabeça "como é a linguiça do tal César pra ela não esquecer".Me odiei por isso, passar a noite olhando para ela, e imaginando que outro, cara a conhecia melhor que eu, que outro tinha o que era meu, e que ela mesmo comigo, lembrou dele.Ódio era pouco para o que eu senti, sei lá foi tão grande que nem consegui dormir.Passei o dia todo focado no trabalho para tentar esquecer, ou abaixar a minha raiva. Mas não estava dando certo, só de imaginar ela com outro me doía e me deixa com mais raiva de mim, eu sabia que ela ia viver a vida dela, foi cinco anos não cinco dias.Mas entre saber, e ouvir era demais pra mim.Já anoite tomei um banho demorado, decidido que ia esfriar a minha cabeça, eu já tive várias mulheres então não podia falar nada dela ter outro, ma