IsadoraEnquanto isso…As horas parecem não passar e Heitor não vem para o nosso quarto nunca. Ainda nervosa, olho para os meus filhos dormindo tranquilos e seguros em nossa cama. O que me conforta é saber que eles estão aqui comigo, mas o meu coração está inquieto com essa demora de Heitor em retornar com notícias. Solto um suspiro audível pela boca, anda de um lado para o outro e depois vou para uma das janelas, mas nada tira essa minha inquietação. Impulsiva, eu caminho apressada para a porta e quando giro a chave no trinco, Lupe me aborda preocupada.— Onde a Senhora pensa que vai? — Faço não para ela.— Eu não posso, eu não aguanto mais essa espera, Lupe! Eu preciso saber o que está acontecendo naquele quarto.— Mas Senhora, o senhor G’ang…— Fique aqui com os meus filhos, Lupe e mantenha a porta fechada com chave. Eu voltarei logo! — Lupe parece protelar o meu pedido. Bufo audivelmente contrariada — Lupe, por favor!— É que... eu estou com medo e se ela…— Eu volto logo! — digo
IsadoraNão sei mais o que pensar. A minha visita até o escritório da casa não deu em nada, Heitor não teve o bom senso de me ligar e de dizer qualquer coisa e estou com o meu coração ardendo de preocupação. O dia já claro e eu sequer conseguir dormir. Passei a noite em claro, andando de um lado para o outro da sala de visitas e confesso que estou prestes a chamar a polícia. Contudo, quando a porta da frente finalmente se abre e ele passa por ela, sinto o meu pobre e sofrido coração acelerar demasiadamente e eu não sei dizer se é de alívio ao vê-lo vivo e bem, ou se de raiva por sumir por tanto tempo, sem dar uma notícia sequer. Heitor se livra de um casaco que eu não reconheço e me lança um olhar cansado. Seus olhos não escondem a sua surpresa, provavelmente por ser apenas cinco da manhã e o fato de eu estar acordada a essa hora. Em silêncio, ele dobra o casaco e o apoia no seu antebraço e após se livrar dos sapatos, caminha para dentro da sala.— Por que está acordada a essa hora? —
HeitorUma semana depois... — Senhor D’angelo, a Senhora Beatrice já está aqui como pediu! — Minha secretária avisa pelo telefone. Largo uma caneta em cima do contrato e afasto o papel para o centro da mesa.— Pode mandá-la entrar, Lena! — peço e olho diretamente para a porta que se abre no segundo seguinte e a mulata exuberante passa por ela com o seu jeito espalhafatoso.— Querido D’angelo! — Ela cantarola, me estendendo a sua mão para beijar-lhe.— Beatrice, como sempre está linda!— Hum, senti sua falta do meu garoto de ouro!— Venha, vamos sentar-nos. Temos algumas coisas para resolver.— Estou curiosa com essa conversa, D’angelo. Você não me adiantou muita coisa e sabe como detesto surpresas! — Rio dos seus resmungos e após oferecer-lhe uma cadeira, contorno a minha mesa e me sento de frente para ela.— Com certeza você vai gostar dessa! — ralho com humor. Ela arqueia as sobrancelhas perfeitas e cruza as pernas deixando parte de suas coxas expostas, devido uma fenda na sua sai
Bônus de Tadeu Lincon - parte 1Um homem deve saber o momento certo para deixar o amor entrar no seu coração. A minha vida toda eu sempre soube que não estaria livre disso. O problema é que esse tal de amor sempre chega tardiamente e quando ele chega, é difícil de decifrá-lo. Como descobrir se o seu coração foi contaminado por esse bichinho travesso? Eu não faço a menor ideia. Só sei que se não abrimos os olhos para perceber tal sentimento, podemos sofrer horrores ou perder a sua cara-metade de vez. Enfim, eu estou vigiando esse sentimento que parece ser tão minúsculo que nem dá para perceber a sua chegada. Isso é uma metáfora, claro. Contudo, não estou tão distante assim desse pensamento. Por exemplo, o meu melhor amigo e meu chefe fez uma dessas burradas e porra eu poderia bater naquela cabeça de ferro e abri-la em duas bandas, só para ter a certeza de que finalmente ele veria que a Isadora era o grande amor da sua vida. Posso da glória por ele não ter estragado tudo de uma vez por
Bônus de Tadeu Lincon - parte 2— Um... baile? Bene-ficente? — Faço sim com a cabeça. Ela respira fundo e me olha nos olhos outra vez. — De...depende!— De que? — A morena mexe os ombros.— De quando isso vai acontecer. — Me pego sorrindo e presunçosamente chego mais perto da garota. Encosto-me na parede bem próximo do seu corpo e apoio um cotovelo no espelho. Estou tão perto que consigo sentir o seu perfume de rosas e obviamente escuto o som a sua respiração também. Contudo, ela desviar o seu olhar e o fixa na porta agora.— Amanhã — respondo baixo e arrastado, e imediatamente o seu olhar volta para mim. E, porra, me sinto preso neles! É a primeira vez que nos olhamos tão de perto assim sem todo o seu profissionalismo. Ela não faz ideia, mas tem uma intensidade arrasadora. Nesse caso me pergunto, sou eu a seduzi-la, ou não ela a mim? Engulo em seco quando obtenho a resposta.— Sim, eu aceitaria! — Com licença do palavrão, mas… Caralho! O meu subconsciente gritou quando senti o meu co
Bônus de Tadeu Lincon - parte 3 — O que? O que foi que eu fiz? — resmungo quando ela me empurra e se afasta para ir para a porta. Imediatamente a seguro pela cintura e a faço sentar-se em cima minha mesa, e volto a tomar a sua boca com um beijo impetuoso, e quando me afasto olho dentro dos seus olhos. — Quer saber de uma coisa? — pergunto baixinho. — Aquele esbarrão com aquele café quente mudou a minha vida literalmente. — Ela puxa a respiração.— A minha também. — Sorrio e ela sorri. Minutos depois, estou indo apressadamente para a sala do meu chefe, enquanto ajeito a minha gravata e encontro a sua secretária no seu devido lugar. Meu amigo lá embaixo fica em alerta no mesmo instante e o repreendo mentalmente por isso. Inevitavelmente paro em frente a sua mesa, mas ela continua com a cara enfiada no computado, nitidamente ignorando a minha presença.— Bom dia, senhorita Allen, será que pode me anunciar para o seu chefe? — Ok, essa porra parece um fetiche e juro que usarei isso em alg
IsadoraDiferente da maioria dos dias Seattle amanheceu ensolarado, assim como o meu estado de espírito. Essa casa nunca esteve tão movimentada como hoje e o jardim nunca teve tanta vida como agora. Sorridente, me afasto da janela e olho para o vestido branco estendido em cima da cama e chego a suspirar de ansiedade só de olhá-lo. Especialmente hoje, Marie e Ethan estão com as babás, pois eu mal terei tempo de tocá-los tamanho o caos que preciso enfrentar até que tudo esteja realmente pronto. Eu sei que devem estar curiosos com os meus comentários evasivos, mas acredito que consigam imaginar os meus motivos.— Você ainda está assim? — Marisa indaga, entrando no meu quarto, fitando o conjunto de lingerie branca abraçado ao meu corpo e me pego sorrindo para a sua pergunta um tanto exasperada.— Me dê um desconto, estou nervosa pra caramba!— Você já se casou uma vez, Senhora D’angelo. Não entendo o motivo desse nervosismo todo.— Hum, futura Senhora Scott, logo você sentirá essa mesma s
Isadora — Nossa, você está linda, filha! — Sara não segura a sua comoção, a final ela não teve a chance de me ver entrar na igreja da primeira vez. Então imagino que para ela hoje será como o meu verdadeiro dia de noiva. — Já está tudo pronto, meninas. Vocês precisam descer e ocupar os seus lugares. — Ela avisa e a mulherada se agita.— Nesse caso até daqui a pouco, amiga! — Marisa diz, soltando um beijo no ar e eu faço o mesmo para ela. Stayce se despede com um abraço rápido em seguida e de repente estamos apenas os três aqui no cômodo.— Filha, eu quero que use isso. Foi um presente que seu pai me deu no dia do nosso casamento.— Ah, mãe eles são lindos! — sibilo, deixando o bebê em cima da cama. — É só uma maneira de simbolizar a sua presença nesse momento tão especial de sua vida — diz tirando um par de brincos e uma pulseira de ametista de um tom lilás delicado de dentro de uma caia quadrada e camurçada. Depois, me ajuda a me livrar das pérolas e a colocar os novos acessórios. V