HeitorA noite passou rápido demais, porém, eu não consegui pregar os olhos. Eu simplesmente não podia fechá-los. Simplesmente tive medo de abri-los na manhã seguinte e não a encontrar em nossa cama, e constatar que tudo não passou de mais um sonho meu com tem acontecido nesses últimos dias enquanto estávamos distantes um do outro. Entretanto, ela não desaparecia nunca e a cada minuto que se passava eu tinha cada vez mais certeza da minha realidade. Isadora está aqui realmente e eu fiz amor com essa linda mulher! Amor. Ele é tão intenso quanto é sufocante. Contudo, é lindo e ao mesmo tempo é horrendo. Ele é forte e envolvente de um jeito que chega a me causar medo. No entanto, ainda assim eu o quero para mim. No fundo Roland tinha toda razão, esse sentimento pode me destruir. Entretanto, ele tem o poder de me reconstruir também. Eu sei que sim, pois foi exatamente isso que aconteceu na noite passada quando fui puxado com violência para a sua luz e força. E quando Roland quis gritar no
HeitorUma criança pode ser moldada da forma que o adulto quiser. Ela pode tornar-se um ladrão brutalmente agressivo ou um megaempresário. Ou podemos torná-lo um assassino frio e cruel, um agressor, um ser humano fraco e sem expectativas… enfim, adultos se aproveitam da sua inocência para moldá-la como querem. Penso enquanto observo meus filhos juntos em um único berço. Ethan segura com firmeza o meu indicador, enquanto faço pequenas carícias nos cabelos finos de Marrie. Eles são o meu tudo! Penso transbordando de amor por eles. E frustrado, penso no que aconteceu comigo. Eu sei por que as sessões de terapia hipnótica têm aberto portas inimagináveis para mim, algumas difíceis de suportar e outras que mostraram o quanto eu estava errado em relação a Lisa D’angelo. Em toda a imensidão de uma luxuosa mansão ela era a minha única companhia, a pessoa que conversava comigo, que me mostrava o caminho certo, que me fazia carinho e que me dava atenção. Seu amor e seus carinhos eram imensurávei
HeitorA carta de Lisa.Oi, filho! Se você está lendo essa carta agora é porque finalmente aceitou o meu pedido e veio para o lugar que sempre te pertenceu. Garanto que estou nervosa em escrever essas palavras, e acredite, foi melhor assim! Falar sobre o meu passado nunca foi fácil, ainda mais tendo que olhar nos seus olhos e dizer que falhei como mãe. E mesmo que agora esteja convicto do meu amor por você e que diga em voz alta que eu não falhei. Sim, eu falhei! Eu deveria ter dado a minha vida em troca da sua, mas não fiz porque queria ter tudo, inclusive você. Enfim, vamos ao que interessa.Antes de contar tudo o que aconteceu realmente no dia que saí de casa, eu quero que conheça um pouco da minha história. O meu nome é Lisa Mason. Eu cresci em um orfanato na grande Seattle e só saí de lá quando completei a maior idade. As freiras me encaminharam para um abrigo já que eu não tinha alguém por mim e nem uma casa para morar. Eu já tinha até o meu primeiro emprego como copeira na D’an
Isadora— Pode me ajudar a fechar o meu vestido? — peço dando as costas para a minha mãe, que está fazendo algumas gracinhas para a Marie em minha cama e fico de frente para o espelho de corpo inteiro.— Claro, querida! — Solto o ar com força pela boca e me sinto transpirar de ansiedade. — Você precisa relaxar, Isadora. Isso não é o fim do mundo! — Ela resmunga, parando atrás de mim— Eu sei, eu sei! Mas só de pensar que Heitor…— Vai ser lindo, filha, você vai ver! — Ela me sorrir confiante. E eu sei que ela está certa. Será lindo e será… bem exposto também. — Pronto, agora deixe-me vê-la! — Ela pede e eu abro um pouco os meus braços, virando-me de frente para ela. Os olhos de Sara chegam a brilhar de felicidade. — Estou tão feliz que finalmente você e Heitor se resolveram! Não podiam desperdiçar um amor tão lindo como o de vocês.— Obrigada por não me deixar estragar tudo, mãe! Como sempre você olha além do que conseguimos enxergar. — A abraço carinhosamente e beijo o seu rosto. Alg
Isadora— O que está fazendo aqui? — pergunto, adentrando o cômodo e seguro um rosnado alto para não assustar os bebês. Dou mais dois passos na direção da loira, que continua embalando o meu filho nos seus braços. No entanto, ela dá dois passos para trás e sorri para mim de uma forma que eu não consigo explicar, mas eu sei, que não é nada bom.— Ele não é lindo? — Ellen indaga ignorando a minha interrogação. Ela solta um suspiro emocionado e imediatamente me sinto intrigada. O que está acontecendo aqui? Por que ela veio até a mansão? E meu Deus, por que está aqui no quarto dos meus filhos?! — Ele se parece com pai, não acha? O nosso lindo bebê! — Meu coração para uma batida para essa última frase e eu ofego no mesmo instante.— O que... o que disse? — pergunto com um fio de voz. Contudo, Ellen ri baixinho, porém, sonoro o suficiente para demostrar a sua felicidade. — Devolve o meu filho, Ellen! — exijo, estendendo os meus braços em sua direção. No entanto, ela aperta a criança, proteg
HeitorMomentos antes…— Max? — falo assim que ele me atende.— Qual é Heitor, já deu tempo de sentir a minha falta, caralho?! — Reviro os olhos para o seu resmungo malcriado.— Deixa de ser idiota, Max! — rebato com humor. — Só gostaria de pedir que verifique o seu e-mail. Eu preciso que prepare alguns contratos para amanhã nas primeiras horas do dia de amanhã. Enviei uma lista com algumas discriminações dos tipos de contratos para cada um dos novos clientes da D’angelo.— Quando exatamente fez isso? Heitor, são onze da noite, caramba! Por que não vai dar uns amassos na sua mulher? — Penso em rebater quando escuto uma voz feminina do outro lado da linha.— Max, você não vem? — Me pego sorrindo.— Cara, eu estou um tanto ocupado agora! — Ele sussurra um tanto exasperado e logo me dou conta de que ele deve estar acompanhado essa noite. Não é novidade que o meu advogado é um descarado, louco por calcinhas, mas o fato é que ele é tão viciado no seu trabalho quanto eu era no meu. Não impo
IsadoraEnquanto isso…As horas parecem não passar e Heitor não vem para o nosso quarto nunca. Ainda nervosa, olho para os meus filhos dormindo tranquilos e seguros em nossa cama. O que me conforta é saber que eles estão aqui comigo, mas o meu coração está inquieto com essa demora de Heitor em retornar com notícias. Solto um suspiro audível pela boca, anda de um lado para o outro e depois vou para uma das janelas, mas nada tira essa minha inquietação. Impulsiva, eu caminho apressada para a porta e quando giro a chave no trinco, Lupe me aborda preocupada.— Onde a Senhora pensa que vai? — Faço não para ela.— Eu não posso, eu não aguanto mais essa espera, Lupe! Eu preciso saber o que está acontecendo naquele quarto.— Mas Senhora, o senhor G’ang…— Fique aqui com os meus filhos, Lupe e mantenha a porta fechada com chave. Eu voltarei logo! — Lupe parece protelar o meu pedido. Bufo audivelmente contrariada — Lupe, por favor!— É que... eu estou com medo e se ela…— Eu volto logo! — digo
IsadoraNão sei mais o que pensar. A minha visita até o escritório da casa não deu em nada, Heitor não teve o bom senso de me ligar e de dizer qualquer coisa e estou com o meu coração ardendo de preocupação. O dia já claro e eu sequer conseguir dormir. Passei a noite em claro, andando de um lado para o outro da sala de visitas e confesso que estou prestes a chamar a polícia. Contudo, quando a porta da frente finalmente se abre e ele passa por ela, sinto o meu pobre e sofrido coração acelerar demasiadamente e eu não sei dizer se é de alívio ao vê-lo vivo e bem, ou se de raiva por sumir por tanto tempo, sem dar uma notícia sequer. Heitor se livra de um casaco que eu não reconheço e me lança um olhar cansado. Seus olhos não escondem a sua surpresa, provavelmente por ser apenas cinco da manhã e o fato de eu estar acordada a essa hora. Em silêncio, ele dobra o casaco e o apoia no seu antebraço e após se livrar dos sapatos, caminha para dentro da sala.— Por que está acordada a essa hora? —