HeitorNo dia seguinte…— Bom dia, Senhor D’angelo! Eu trouxe o me pediu. — Ulisses informa assim que entra no meu escritório. Ansioso, me ajeito na cadeira e estendo as mãos para pegar algumas caixas e uma sacola pequena com a logo de uma loja de aparelhos eletrônicos.— Obrigado, Ulisses! — digo o dispensando em seguida. Largo a sacola em cima da mesa e abro uma das caixas onde contém algumas pastas de papelão. Abro uma por uma observando com orgulho o trabalho de Isadora para algumas pequenas empresas daquela cidadela e me pego sorrindo. Sim, é exatamente isso que estão pensando. Pedi para Ulisses ir até à casa onde ela estava morando há poucos dias para ir pegar o seu material de trabalho e ainda ir a procura de seus clientes para lhes avisar que ela continuaria com o seu trabalho, só que daqui de Seattle. Está quase na hora do seu lanche das nove e quero surpreendê-la com essa atitude, e quem sabe assim teremos uma trégua? Guardo os documentos de volta em suas devidas pastas e pe
Heitor — Tem um policial lá embaixo e ele deseja falar-lhe.— Um policial? Ele disse do que se trata? — O homem faz não com a cabeça e eu assinto.— Diga que já estou descendo.— Sim, Senhor! — O mordomo sai fechando a porta e eu saio logo em seguida. Um policial, que merda é essa agora?— Ulisses, destranque a porta do quarto de hóspedes e está dispensado — ordeno quando entro no corredor e paro em frente ao quarto de Isadora.— Tem certeza, Senhor? — Meu segurança me olha confuso.— Tenho! — Após ele se afastar da porta, sigo direto para a escadaria e fito o homem fardado no meio da minha sala. Começo a descer os degraus sem pressa e ele para de observar a decoração quando nota a minha presença.— Bom dia, Senhor D’angelo! Eu me chamo David Cavil. Sou policial da 11ª delegacia aqui do bairro e recebi uma denúncia de que mantém uma mulher em cárcere privado. — Franzo o cenho para a figura com fingida confusão.— Uma denúncia? — Rio. — Isso é ridículo!— A Senhorita Isadora Dixon se
IsadoraVocês devem estar se perguntando, por que ela fez isso? Isadora, você estava a um passo da sua liberdade, prestes a ferrar com a vida de Heitor D’angelo e mesmo assim arregou? É bem simples, eu não posso fazer isso. Não com o pai dos meus filhos e principalmente, não podia fazer com um D’angelo. Se tem uma coisa que eu aprendi ao longo desses meses ao seu lado, é que Heitor jamais pagaria pelos seus atos atrás das grades. No mínimo a sua comitiva de advogados o tiraria de lá em menos de vinte e quatro horas e depois? Depois, ele ferraria com a vida do Peter e com certeza se alimentaria dessa sua raiva para tirar de mim o meu bem mais precioso. Os meus filhos. E ainda tem fato de assisti-lo completamente desarmado diante da minha gravidez. Vê-lo emocionado com o simples fato de tocar na minha barriga e de sentir os bebês se mexendo me comoveu, e me fez ver que existe um ser humano ali dentro daquele coração endurecido. Eu sonhei tantas vezes com um momento como aquele que nem c
IsadoraAlguns dias...— Mãe?! — sussurro emocionada assim que ela entra na sala da mansão D’angelo e antes que ela esboce qualquer emoção, largo a mão de Heitor e vou imediatamente para os seus braços.— Oh, querida, quantas saudades! — Sara me aperta nos seus braços e afaga as minhas costas com carinho. Em meio a esse gesto não consigo segurar um choro silencioso que toma conta de mim e quando me afasto, forço um sorriso para ela. — Você está tão linda grávida, filha! — sibila, fazendo o meu sorriso se ampliar.— Sara Dixon, a quanto tempo? — Heitor diz aproximando-se e vejo o sorriso de minha mãe crescer de uma forma contagiante.— Heitor, meu menino! — A forma carinhosa como ela o abraça me deixa sem ação. Os meses que passei distante com certeza o fez se aproximar ainda mais dela e eu não percebi isso.— Venha, vamos nos acomodar na sala, o almoço deve ser servido em alguns instantes! — Ele a convida cordialmente. Sara me estende a sua mão e eu a seguro sem titubear, e a levo a m
IsadoraOs dias têm passado como um vento aqui na mansão. Eu continuo trancada no meu quarto fazendo o trabalho que amo, ou passando algumas horas no jardim. Heitor se afastou um pouco e isso é perfeito para a minha tranquilidade, pois Peter tem me ligado algumas vezes e assim posso atendê-lo, e conversar com ele sem tem que confrontá-lo. Não vou dizer para vocês que não o amo mais, pois o amor não é algo descartável que você aceita na sua vida e o descarta quando te faz mal. Ele ainda está em mim, eu sinto isso cada vez que entra nesse quarto ou quando vez ou outra conversa docemente comigo. Contudo, juro que na maioria das vezes tenho vontade de esganá-lo! Penso, enquanto faço um laço com a fita de ceda do vestido fino e longo na altura da minha barriga, e no mesmo instante me olho no espelho para conferir o resultado. Como previsto perto do horário de sempre o meu telefone começa a tocar e imediatamente olho para a porta do quarto. Em poucos minutos Heitor e eu sairemos para uma co
IsadoraAlguns meses depois… — Isadora, alguma resposta sobre a filial? Estou empolgada para fazer isso!— Bom dia pra você também, Bia! — resmungo bem-humorada e ela rir do outro lado da linha.— Eu te falei que estou empolgada, não falei?— Sim e sim!— Ai, mulher de Deus! Sim e sim o quê?— Sim, você falou da sua empolgação e sim, eu vi a questão sobre a filial.— E então?Bom, como podem ver continuei com o meu trabalho de contadora. Antes no quarto de hóspedes e com um tempo Heitor me permitiu usar o seu escritório. Agora eu tenho uma parte da estante para os meus arquivos e uma mesa em um canto de parede só para mim também. Os três clientes que eu tinha se transformaram em sete ao longo desses meses e em algumas semanas terei que me afastar um pouco, pois os gêmeos estão a caminho. Se me sentia pesada aos cinco meses não tenho como comparar agora perto dos nove. É fato que me sinto bem cansada e que estou mais a comilona também. Quanto ao Heitor, estamos na mesma. Às vezes el
IsadoraNão imaginei que esse dia assim. Eu tinha sonhos para minha primeira gravidez e não pensei que teria os meus filhos no meio de um confronto tão intenso. Penso, deitada na cama estreita de um hospital enquanto aguardo a entrada do médico. Heitor está o tempo colado ao lado da cama. Ele está silencioso e quieto. Parece um tanto pensativo também. Inquieta com mais uma contração solto um gemido baixo e me mexo na cama. A porta do quarto finalmente se abre e um médico passa por ela.— Bom dia, Senhor D’angelo!— Bom dia! — Imediatamente Heitor se levanta para cumprimentá-lo.— Como está se sentindo, Senhora D’angelo?— É… Dixon. Senhorita Dixon! — O corrijo pela primeira vez. O homem olha desconsertado para Heitor e parece surpreso com as minhas palavras.— Claro! Como você está, Senhorita Dixon? — Ele volta a perguntar.— Sentindo muita dor — digo desconfortável.— Nos próximos minutos faremos alguns exames e eu preciso saber o quanto de dilatação você já tem. O seu médico já está
HeitorMeu sorriso tão feliz se desfez quando os seus olhos perderam o foco bem diante dos meus e em seguida as máquinas começaram a fazer um barulho diferente. Isadora fechou os seus olhos e na sequência a sua cabeça pendeu para o lado me deixando completamente apavorado.— O que houve? — pergunto com desespero. Sem uma resposta, um enfermeiro se aproxima para tentar me afastar. Contudo, faço força para ficar lá perto dela. Desesperado, seguro em cada lado do seu rosto, sentindo a minha visão embaçar no mesmo instante. — Isadora, abre os olhos! Olha para mim, meu amor! — Minha voz trêmula sai um tanto arrastada, minhas mãos e o meu corpo estão trêmulos também. Sinto que estou sendo arrastado junto com ela para o seio da morte. Eu só… não posso deixá-la partir. — ISADORAAA!!! — grito na esperança de que ela me escute e finalmente volte para mim. LUNA, NÃO FAZ ISSO COMIGO! NÃO FAZ ASSIM, MEU AMOR!— Eu já disse para tirá-lo daqui droga! — Doutor Benjamin berra e mais uma vez eles faze