IsadoraAlguns dias...— Mãe?! — sussurro emocionada assim que ela entra na sala da mansão D’angelo e antes que ela esboce qualquer emoção, largo a mão de Heitor e vou imediatamente para os seus braços.— Oh, querida, quantas saudades! — Sara me aperta nos seus braços e afaga as minhas costas com carinho. Em meio a esse gesto não consigo segurar um choro silencioso que toma conta de mim e quando me afasto, forço um sorriso para ela. — Você está tão linda grávida, filha! — sibila, fazendo o meu sorriso se ampliar.— Sara Dixon, a quanto tempo? — Heitor diz aproximando-se e vejo o sorriso de minha mãe crescer de uma forma contagiante.— Heitor, meu menino! — A forma carinhosa como ela o abraça me deixa sem ação. Os meses que passei distante com certeza o fez se aproximar ainda mais dela e eu não percebi isso.— Venha, vamos nos acomodar na sala, o almoço deve ser servido em alguns instantes! — Ele a convida cordialmente. Sara me estende a sua mão e eu a seguro sem titubear, e a levo a m
IsadoraOs dias têm passado como um vento aqui na mansão. Eu continuo trancada no meu quarto fazendo o trabalho que amo, ou passando algumas horas no jardim. Heitor se afastou um pouco e isso é perfeito para a minha tranquilidade, pois Peter tem me ligado algumas vezes e assim posso atendê-lo, e conversar com ele sem tem que confrontá-lo. Não vou dizer para vocês que não o amo mais, pois o amor não é algo descartável que você aceita na sua vida e o descarta quando te faz mal. Ele ainda está em mim, eu sinto isso cada vez que entra nesse quarto ou quando vez ou outra conversa docemente comigo. Contudo, juro que na maioria das vezes tenho vontade de esganá-lo! Penso, enquanto faço um laço com a fita de ceda do vestido fino e longo na altura da minha barriga, e no mesmo instante me olho no espelho para conferir o resultado. Como previsto perto do horário de sempre o meu telefone começa a tocar e imediatamente olho para a porta do quarto. Em poucos minutos Heitor e eu sairemos para uma co
IsadoraAlguns meses depois… — Isadora, alguma resposta sobre a filial? Estou empolgada para fazer isso!— Bom dia pra você também, Bia! — resmungo bem-humorada e ela rir do outro lado da linha.— Eu te falei que estou empolgada, não falei?— Sim e sim!— Ai, mulher de Deus! Sim e sim o quê?— Sim, você falou da sua empolgação e sim, eu vi a questão sobre a filial.— E então?Bom, como podem ver continuei com o meu trabalho de contadora. Antes no quarto de hóspedes e com um tempo Heitor me permitiu usar o seu escritório. Agora eu tenho uma parte da estante para os meus arquivos e uma mesa em um canto de parede só para mim também. Os três clientes que eu tinha se transformaram em sete ao longo desses meses e em algumas semanas terei que me afastar um pouco, pois os gêmeos estão a caminho. Se me sentia pesada aos cinco meses não tenho como comparar agora perto dos nove. É fato que me sinto bem cansada e que estou mais a comilona também. Quanto ao Heitor, estamos na mesma. Às vezes el
IsadoraNão imaginei que esse dia assim. Eu tinha sonhos para minha primeira gravidez e não pensei que teria os meus filhos no meio de um confronto tão intenso. Penso, deitada na cama estreita de um hospital enquanto aguardo a entrada do médico. Heitor está o tempo colado ao lado da cama. Ele está silencioso e quieto. Parece um tanto pensativo também. Inquieta com mais uma contração solto um gemido baixo e me mexo na cama. A porta do quarto finalmente se abre e um médico passa por ela.— Bom dia, Senhor D’angelo!— Bom dia! — Imediatamente Heitor se levanta para cumprimentá-lo.— Como está se sentindo, Senhora D’angelo?— É… Dixon. Senhorita Dixon! — O corrijo pela primeira vez. O homem olha desconsertado para Heitor e parece surpreso com as minhas palavras.— Claro! Como você está, Senhorita Dixon? — Ele volta a perguntar.— Sentindo muita dor — digo desconfortável.— Nos próximos minutos faremos alguns exames e eu preciso saber o quanto de dilatação você já tem. O seu médico já está
HeitorMeu sorriso tão feliz se desfez quando os seus olhos perderam o foco bem diante dos meus e em seguida as máquinas começaram a fazer um barulho diferente. Isadora fechou os seus olhos e na sequência a sua cabeça pendeu para o lado me deixando completamente apavorado.— O que houve? — pergunto com desespero. Sem uma resposta, um enfermeiro se aproxima para tentar me afastar. Contudo, faço força para ficar lá perto dela. Desesperado, seguro em cada lado do seu rosto, sentindo a minha visão embaçar no mesmo instante. — Isadora, abre os olhos! Olha para mim, meu amor! — Minha voz trêmula sai um tanto arrastada, minhas mãos e o meu corpo estão trêmulos também. Sinto que estou sendo arrastado junto com ela para o seio da morte. Eu só… não posso deixá-la partir. — ISADORAAA!!! — grito na esperança de que ela me escute e finalmente volte para mim. LUNA, NÃO FAZ ISSO COMIGO! NÃO FAZ ASSIM, MEU AMOR!— Eu já disse para tirá-lo daqui droga! — Doutor Benjamin berra e mais uma vez eles faze
HeitorEntrar no quarto e vê-la adormecida na cama acalmou e muito o meu coração. Isadora sempre teve esse poder de me devolver a paz, de me fazer sorrir espontaneamente, de me fazer falar coisas que eu sempre guardei para mim, mesmo eu impondo limites em minhas palavras e atitudes. Ao mesmo tempo que ela me jogava no inferno quando me fazia sentir coisas que eu não queria sentir. Na verdade, eu não podia sentir. Era algo proibido para mim. Havia uma linha tênue que eu nunca deveria ultrapassar, mas ultrapassei e agora não tem mais volta. Me aproximo calmamente da cama com as palavras não ditas gritando dentro de mim. Elas lutam para sair da minha boca, mas nesse momento ela não poderá me ouvir, não ainda. Então pacientemente apenas me sento na poltrona ao lado da sua cama, seguro a sua mão e começo a beijá-la com suavidade. Eu tenho tantas coisas para te dizer e uma delas com certeza será o meu sincero pedido de perdão. Sim, nem que para isso eu tenha que me ajoelhar aos seus pés, ma
— Obrigada por manda nos buscar, Senhor D’angelo! — Marlene fala quando aperta a minha mão e sorrio satisfeito para a jovem senhora.— Não foi nada! Eu sempre soube sobre essa nova amizade que construíram com minha esposa e pensei que ela gostaria de vê-las aqui. — Percebo os olhares das mulheres em cumplicidade com Isadora e penso que provavelmente estavam falando de mim agora.— Você disse que tem boas notícias? — Paty questiona. Os meus olhos encontram os da minha esposa e eu solto um suspiro sutil.— O doutor Benjamin virá em alguns minutos. Ele disse que em algumas horas estará alta — falo, esperando alguma reação animada da sua parte, mas ela apenas desvia os seus olhos dos meus. — Eu vou deixá-las a sós para conversarem e volto em alguns minutos — digo um tanto sem jeito.— Faça isso, Senhor D’angelo! Queremos curtir esses anjinhos e matar um pouco dessa saudade da nossa amiga. — Bia fala com humor. Apenas assinto e antes de realmente sair do quarto olho para ela outra vez envo
HeitorO momento mais esperado por mim chegou, mas ele não está acontecendo como pensei que seria. O silêncio dentro do carro é quase sepulcral. Isadora está concentrada na nossa filha em seus braços, enquanto seguro o nosso garotinho ansioso para iniciar algum tipo de interação entre nós. Encho os pulmões algumas vezes, em busca de algum assunto em comum e decido quebrar o nosso silêncio.— Ainda não demos um nome para eles. — E finalmente ela me olha, só que rapidamente e volta a mexer na criança. — Se me permitir, eu quero dar um nome para ele. — Ela ergue outro olhar para mim e morde o lábio inferior.— Qual nome?— Ethan. — Em resposta Isadora apenas meneia a cabeça de forma positiva.— É um nome bonito! Eu pensei em chamá-la de Marrie. — Meu coração se aquece quando ela continua e me pego sorrindo.— Marrie? Por quê? — Dá de ombros.— Eu gosto desse nome e... eu sempre sonhei que teria uma filha e que a chamaria assim. — Meu sorriso cresce um pouco mais e incrivelmente ela retri