Heitor— Como ela está? — Escuto a voz preocupada de Heitor um tanto distante. Forço-me a abrir os olhos, mas simplesmente não consigo.— Dormiu a manhã inteira e não comeu nada.— Será que ela está doente? — Logo sinto o seu toque na minha testa. — Pelo menos não está com febre! Isadora? — Ele me chama calmamente. — Isadora, meu amor, acorde! — Oh, Deus, como queria que esse sonho fosse real! Logo em seguida veio um beijo na boca e depois outro e mais outro… — Isadora? — Então finalmente eu abro os olhos e a imagem desfocada de Heitor surge bem na minha frente. Solto um gemido preguiçoso e baixo, e me estico inteira, sentando-me no colchão em seguida e esfrego os olhos para ter certeza de que não estou sonhado. — Você está bem? — Dá para sentir a sua preocupação real que sente comigo agora.— Sim. O que está fazendo aqui a essa hora? Não devia estar na empresa? — Ele sorri de boca fechada.— Devia, mas a Lupe me ligou e disse que você não estava bem. — Olho para a empregada em pé atr
Isadora Desligo o chuveiro e me enrolo em uma toalha grande e macia. De frente para o espelho na bancada do banheiro começo a escovar os meus cabelos. Enquanto faço isso, penso em Heitor e suspiro em um misto de ansiedade e desanimo. Eu sei que preciso contar sobre a gravidez, mas só farei isso assim que tiver certeza de que é o momento certo. Talvez fazer um jantar especial para essa ocasião torne a coisa mais fácil e um item de bebê pode me ajudar. O meu coração salta no peito só de pensar na sua reação. Acredito que primeiro ele ficaria extremamente surpreso, depois, viria aquele sorriso bobo de pai de primeira viagem e quem sabe algumas lágrimas emocionadas também? Terceiro, ele gritaria de emoção para os quatro ventos que seria pai e por fim, me abraçaria, me beijaria e… diria finalmente que me ama? Bufo audivelmente. E, se não for assim? E, se eu estiver apenas me iludindo com tudo isso? — Não interessa, Isadora, ele tem o direito de saber! — sussurro para a minha imagem no esp
Isadora Não sei exatamente quanto tempo fiquei trancada no banheiro, mas esperei as minhas emoções se acalmarem, joguei os testes de volta na sacola e pus na lixeira, porém, deixei um propositalmente dentro da primeira gaveta do móvel para o momento certo da revelação. Saio do banheiro e encontro o dia já claro lá fora. Cuidadosamente eu volto para a cama e vou para debaixo dos lençóis envolvendo a sua cintura com o meu braço. Aspiro o seu cheiro lentamente e fecho os olhos, sorrindo de boca fechada. Sinto-me aquecida, envolvida por essa nova fase de nossas vidas. Será tudo exatamente como imaginei. Comprarei um acessório de bebê, farei um jantar especial e contarei para ele. Deus, que tudo saia como pensei ou entraremos em guerra por esta criança! — Hum! — Solto um gemido angustiado, virando-me na cama, encontrando o outro lado vazio. Abro os olhos e percebo que o sol já está alto lá fora. — Hum! — gemo outra vez, quando percebo que a ânsia de vômito se aproxima e imediatamente cor
Isadora— Tem certeza, Heitor? — Escuto Max questioná-lo.— É c laro que tenho!— Porra, eu juro que cheguei a pensar que você e a Isadora…— Pensou errado, meu caro Max! O plano nunca mudou!— Estou surpreso também. — Tadeu intervêm. — Eu jurava que você tinha tomado jeito e que finalmente seria o homem casado que deveria ser!— Qual é a de vocês? Isso nunca se passou pela minha cabeça!— Tudo bem! E qual será o próximo passo?— A herança estará disponível no meu inventário em noventa dias e eu quero que nesse meio tempo faça uma transferência no valor de três milhões de dólares para a conta de Isadora. Após receber a herança combinarei com ela uma maneira de dar um final para esse casamento de uma vez por todas. E é isso! Eu não aguento mais ficar com essa corda no pescoço!— Caramba, nunca pensei que tudo o que assisti até agora fosse pura encenação! Você parecia tão… apaixonado! Até pensei que haveria um casamento de verdade no futuro e que finalmente eu seria o seu padrinho. — Ta
IsadoraApós a sua saída passei a chave na porta do quarto, espalhei as roupinhas de bebê e as cartelas de anticoncepcionais ao meu redor no colchão e olhei cada item por longos minutos. Aborto não era uma opção. Eu sentia um arrepio percorrer a minha coluna só de pensar nisso. Entregar o meu filho para o Heitor também estava fora de cogitação, embora eu saiba que o seu poder aquisitivo é bem mais favorável a ele do que a mim em relação ao nosso filho. Contudo, ou esse seria o nosso bebê, ou definitivamente seria somente meu. E, para finalizar, largar tudo o que conquistei na reta de chegada me deixará na miséria outra vez e droga, ainda tem a minha mãe que precisa muito de mim! Angustiada com esses pensamentos, salto para fora da cama, dou as costas para tudo aquilo e encosto-me no espaldar de uma janela. Encaro o dia ensolarado, observo o vento brincar com as copas das árvores e algumas borboletas que percorrem todo o jardim, e solto o ar com força pela boca. O que devo fazer a fina
Isadora— Bom dia, querida esposa! O que tem feito que não pode atender os meus telefonemas? — Sinto o sarcasmo na voz de Heitor assim que atendo o celular.— Hum, com o meu marido distante tem sobrado mais tempo para dormir! — resmungo mantendo a minha voz mais natural e divertida possível. Ele ri do outro lado da linha.— Não acredito que está dormindo o dia inteiro, Senhora D’angelo!— Ah, claro que não! Tenho passado algum tempo na biblioteca estudando também. Você sabe como eu sou.— É, eu sei. E admiro muito isso em você!— Hum! Obrigada, Senhor D’angelo, isso vindo de você em um elogio! — ralho.— Mas, é um elogio! — Ele protesta com humor. Humor. Sentirei falta disso.— Como está indo o seu trabalho por aí? — Decido mudar o foco do assunto.— Como imaginei que seria, chato! Eu devia ter trazido você comigo, pelo teria algumas horas de diversão sempre que voltasse para o aparte hotel — fala me fazendo rir outra vez. A pior parte é saber que o desejo muito mais que ele deseja a
IsadoraAcordo em um quarto pequeno, completamente diferente, com móveis simples e apenas uma janela retangular de madeira e vidros, que me permite ver a luz do dia. Devo ter adormecido em algum momento da viagem até aqui e provavelmente Peter me pôs na cama. Penso, me sentando no meio do colchão e me espreguiço em seguida. Assim que ponho os pés para fora da cama sou acometida pela ânsia de enjoos matinais e como sempre corro a procura de um banheiro. Um banho morno me faz relaxar um pouco e então procuro a minha mala. Uno as sobrancelhas em confusão quando não a encontro em lugar nenhum e vou direto para um guarda-roupas de três portas. Para a minha surpresa está tudo bem ali na minha frente e arrumado com muito esmero.Peter. Penso, abrindo um sorriso satisfeito. Ponho um vestido folgado e uma rasteirinha, e após prender os meus cabelos em um coque frouxo saio faminta do quarto. Um cheiro maravilhoso de comida me envolve assim que chego a pequena sala e o meu estômago reclama imedi
IsadoraA noite não foi das mais tranquilas. Por mais que eu quisesse abafar os meus pensamentos eles gritavam alto demais dentro da minha cabeça. Simplesmente não conseguia parar de pensar em como Heitor reagiria ao descobrir a minha fuga. Provavelmente reagirá com uma boa festa entre os amigos e garotas, a final estou lhe dando a sua tão sonhada liberdade, certo? E ainda corre o risco de se dar bem com a tão sonhada herança do seu pai, pois esse sempre foi o seu objeto. Pensar que ele chega essa noite me deixa apreensiva. Não posso me dar ao luxo de cair nas suas mãos outra vez. Se Heitor descobre sobre essa gravidez com certeza não terei a menor chance.— Ele jamais nos encontrará aqui — digo fazendo um carinho na minha barriga, mas no fundo, queria estar perto dele e me sentir aquecida e segura nos seus braços. — Droga, Isadora, o que você está dizendo? Quando realmente se sentiu segura com ele? — Outra respiração alta passa pela minha boca e me viro de lado na cama. Merda, eu esp