Isadora— Pensei que estivéssemos indo para um restaurante — comento quando percebo que estamos indo para o outro lado da cidade.— Não estamos.— Para onde então?— Logo verá. Enquanto não chegamos que tal abrir o meu presente? — sugere me fazendo sorrir amplamente outra vez e com certeza os meus olhos faiscaram de felicidade.— Presente? — indago olhando ao seu redor.— Abre o porta-luvas. — Puxo uma respiração profunda e a solto audivelmente, abrindo a pequena porta com as mãos cheias de dedos se é que vocês me entendem e paro com a minha euforia encarando a caixinha preta e quadrada, atada com um delicado laço de fita dourado. Seguro o objeto como quem segura um fino cristal e olho para o meu marido admirada. Ele me olha rapidamente e depois fita o trânsito movimentado. — Não vai abrir? — indaga. Confesso que estou trêmula e nervosa com tudo isso. Será que Heitor finalmente está baixando a guarda para um sentimento chamado amor? Nossa, é melhor não viajar tanto! Mas pode ser, não
Isadora— Uau, a senhora está linda! — Lupe sibila me olhando da cabeça aos pés assim que entra no meu quarto. Sorrio para ela através do reflexo do espelho, passando o pompom com o pó no rosto sem lhe dizer nada. — Vai sair?— Sim. Eu vou à casa da minha mãe. Já tem alguns dias que não a visito. E depois irei ao shopping, eu preciso comprar algumas roupas para mim. — A garota suspira esperançosa.— E, não vai me levar junto? — Ount! Gemo mentalmente e agraciada. Lupe tem me acompanhado sempre que saio de casa e ela tem sido uma ótima companhia desde então. No entanto, dessa vez não pretendo levá-la comigo, pois tenho alguns motivos nessa saída de última hora. Sorrio para a garota outra vez.— Dessa vez não, Lupe, mas… — Ponho empolgação em minha voz. — Prometo que outro dia nos divertiremos juntas. — A minha acompanhante abre um sorriso largo. — O Senhor D’angelo já saiu? — Procuro saber.— Faz alguns minutos. Por que não foi tomar café da manhã com ele? — Dou de ombros.— Digamos qu
IsadoraMinutos depois o táxi para em frente ao suntuoso prédio da D’angelo e assim que passo pelo elegante hall escuto uma voz conhecida me chamar com uma empolgação que me faz sorrir. Olho para trás e encontro o loiro alto e elegante vindo ao meu encontro.— Peter? — Meu sorriso se amplia e o dele também. Ele se aproxima um tanto constrangido e para a uma distância considerável.— Faz tempo que não te vejo por aqui. Desde o dia que subiu para falar com o chefão — comenta com um certo humor me fazendo rir.— Pois é!— O que está fazendo aqui? — Dou de ombros.— Ah, eu vim visitar o meu marido.— Ah, é! Eu soube do casamento. Meus parabéns atrasados!— Obrigada, Peter! — Nos olhamos em silêncio por um tempo sem saber o que dizer. — Então, eu… preciso… — Aponto para os elevadores.— Ah, claro! Também estou subindo. Posso te acompanhar, se quiser.— Tudo bem! — Viro-me para ir para o elevador e Peter me acompanha ao meu lado. Na apertada caixa de aço ninguém diz nada, o que é bem chato
IsadoraLigo o som ambiente e a voz de The Weekend se espalha pelo quarto, cantando Earned It, e começo a espalhar o batom cremoso pelos meus lábios, enquanto bato o pé no tapete felpudo seguindo o ritmo da música. O tom vermelho na minha boca faz um contrate lindo com a luz amarelada do abajur que luta contra a escuridão do cômodo. Ergo o meu corpo diante do espelho e fito a figura sexy, vestida em um conjunto de lingerie vermelho, com rendas delicadas pretas e lacinhos minúsculos perolados que adoravam o meu busto e quadris. Passo as mãos pelos fios longos e negros dos meus cabelos que escolhi manter soltos, e logo uma mão desliza pela lateral do meu pescoço, passando lentamente pelo medalhão do colar. Passo as pontas dos dedos com suavidade pelo sutiã meia taça, depois pelo corpete negro e só paro na liga toda de renda vermelha, com fitas negras que trançam o delicado objeto. Meus olhos descem para os meus pés através do reflexo do espelho, e contemplo a bota de cano longo e negra,
IsadoraVocês devem estar se perguntando, e aí, Isadora o seu plano está dando certo? De verdade, eu não sei! Desde a noite que investi naquele fetiche estupidamente sensual, Heitor se mostrou um amante ainda mais envolvente se é que isso é possível, e não posso deixar de mencionar que está ainda mais faminto. Uma verdadeira loucura! É como um vício, ele me vê e me toma, não importa onde e nem quando. É engraçado pensar em um dia que ele me fez sentar em cima da mesa do seu escritório particular, bem em cima dos contratos que analisava e em pleno sábado de manhã. Uma mão sua apalpou o meu seio por debaixo da minha blusa, enquanto a sua boca devorava a minha arduamente, e a outra mão se entranhava no meio das minhas pernas me atiçando, me enlouquecendo. Eu estava apreciando o som do seu grunhido, quando a porta se abriu repentinamente e o seu advogado desavisado entrou. Heitor rosnou um porra rouco e incumbido, e abaixei a minha cabeça para rir, me sentindo desconsertada. O rapaz não p
IsadoraAlguns dias...Seu perfume sedutor me envolveu no exato momento que os nossos corpos se aproximaram e começamos a dançar no meio do salão vazio. Imediatamente encostei a minha cabeça no seu peito e fechei os meus olhos, aconchegando-me ali, abrindo um sorriso satisfeito em seguida. O som das batidas do seu coração se misturava a voz de Celine Dion, cantando When I Need You e me peguei viajando na letra dessa canção. Seus dedos fazem algumas carícias nos meus cabelos e meu coração bate o tempo todo desenfreado com as sensações que esse gesto consegue causar em mim. Droga, é tão bom estar apaixonada e é tão injusto que ele não demostre sentir o mesmo por mim! No meio da dança o seu indicador alcança o meu queixo e me faz erguer a cabeça. Seus olhos avaliam a minha face e param por questão de segundos nos meus olhos, descendo em seguida para a minha boca. Um beijo cálido domina os meus lábios e pouco a pouco se torna faminto e voraz. Suas mãos me apertam com uma possessão e Heit
Heitor— Como ela está? — Escuto a voz preocupada de Heitor um tanto distante. Forço-me a abrir os olhos, mas simplesmente não consigo.— Dormiu a manhã inteira e não comeu nada.— Será que ela está doente? — Logo sinto o seu toque na minha testa. — Pelo menos não está com febre! Isadora? — Ele me chama calmamente. — Isadora, meu amor, acorde! — Oh, Deus, como queria que esse sonho fosse real! Logo em seguida veio um beijo na boca e depois outro e mais outro… — Isadora? — Então finalmente eu abro os olhos e a imagem desfocada de Heitor surge bem na minha frente. Solto um gemido preguiçoso e baixo, e me estico inteira, sentando-me no colchão em seguida e esfrego os olhos para ter certeza de que não estou sonhado. — Você está bem? — Dá para sentir a sua preocupação real que sente comigo agora.— Sim. O que está fazendo aqui a essa hora? Não devia estar na empresa? — Ele sorri de boca fechada.— Devia, mas a Lupe me ligou e disse que você não estava bem. — Olho para a empregada em pé atr
Isadora Desligo o chuveiro e me enrolo em uma toalha grande e macia. De frente para o espelho na bancada do banheiro começo a escovar os meus cabelos. Enquanto faço isso, penso em Heitor e suspiro em um misto de ansiedade e desanimo. Eu sei que preciso contar sobre a gravidez, mas só farei isso assim que tiver certeza de que é o momento certo. Talvez fazer um jantar especial para essa ocasião torne a coisa mais fácil e um item de bebê pode me ajudar. O meu coração salta no peito só de pensar na sua reação. Acredito que primeiro ele ficaria extremamente surpreso, depois, viria aquele sorriso bobo de pai de primeira viagem e quem sabe algumas lágrimas emocionadas também? Terceiro, ele gritaria de emoção para os quatro ventos que seria pai e por fim, me abraçaria, me beijaria e… diria finalmente que me ama? Bufo audivelmente. E, se não for assim? E, se eu estiver apenas me iludindo com tudo isso? — Não interessa, Isadora, ele tem o direito de saber! — sussurro para a minha imagem no esp