HeitorUm dia cheio na D’angelo Corporation era tudo que eu precisava para manter minha cabeça no lugar. Lidar com as equipes de advogados e de contadores em seguida foi exaustivo e exigiu muito de mim, ainda mais quando se descobre um certo gatuno no meio deles. Isso estragará os meus planos para essa noite. Penso enquanto organizo algumas pastas para análise em minha maleta executiva e antes de sair do escritório vou até o bar de canto e me sirvo uma pequena dose de uísque. Diante da parede de vidro transparente encaro a noite de Seattle com suas luzes e movimentos, e beberico a bebida. A porta da minha sala se abre e Tadeu passa por ela trazendo um envelope pardo na mão. O homem me olha com aquele maldito olhar avaliador e um sorriso minúsculo brinca no canto de sua boca.— Trouxe os dados que me pediu. — Ele fala se aproximando da minha mesa. Vou ao seu encontro e ele me estende o envelope.— Ótimo! Só estava esperando por isso para ir para casa.— Sério? Estava pensando em te cha
Heitor— Boa noite, Senhor D’angelo!— Boa noite, Charles! E a senhora D’angelo? — inquiro para o meu mordomo.— Está no banho, Senhor.— Ótimo! Estarei no meu escritório e não quero ser incomodado por ninguém. Pode levar algo para eu comer lá?— Desculpe, mas não acompanhar a sua esposa a mesa essa noite?— Eu não posso, Charles. Trouxe trabalho para casa e provavelmente terei que trabalhar até mais tarde essa noite.— Sim, Senhor! Avisarei a Senhora D’angelo. — Ele diz me dando as costas e eu vou direto para o escritório da casa.Solto um suspiro frustrado quando lembro que poderia estar com a Isadora em um jantar descontraído e depois… Solto uma lufada de ar e meneio a cabeça negativamente rindo dos meus pensamentos mais obscenos. Largo a Pasta em cima da mesa e tiro alguns papéis de dentro dela. Ligo o computador e abro na página de contabilidade da D’angelo para acessar alguns arquivos de pelo menos dois anos atrás para cá. Enfim, me acomodo em minha cadeira e começo a rigorosa t
HeitorAbro uma brecha de olho e pela primeira vez não encontro os pequenos raios de sol que costumam invadir as brechas das persianas do meu quarto. Suspiro baixo apreciando o delicado rosto adormecido de Isadora do meu lado. Os cabelos negros estão lindamente espalhados pelo meu travesseiro e tem algumas mechas no seu rosto também, mas eles não me impedem de observar os cílios negros e alongados, o nariz afilado e a boca carnuda de um tom rosado entreaberta. Ela faz um gesto engraçado com a boca que me faz sorrir e me pego suspirando outra vez. Meu olhar desce um pouco mais para baixo, para o colo onde os seus seios desnudos sobem e descem lentamente acompanhando uma respiração lenta e silenciosa. Sim, pela primeira vez ela adormeceu nos meus braços e não sei como me sinto em relação a isso. Tenho vontade de tocá-la, de senti-la e de beijá-la. Deus, de acordá-la com beijos matinais e com carícias. Envolvê-la e sentir o seu calor, e automaticamente o meu corpo desperta ansioso. Não f
IsadoraAmarro o laço lateral da calcinha do meu biquíni e imediatamente os meus olhos correm para o espelho de corpo inteiro do meu quarto. Sorrio quando percebo que estou maravilhosa e solto um suspiro logo em seguida. Como virou uma rotina gostosa passarmos o final de semana curtindo na piscina resolvi fazer algo diferente para Heitor essa manhã. Ele não gosta de boates e tão pouco de dançar, mas eu adoro fazer essas coisas, então resolvi fazer o meu gosto o atraindo um pouco para o meu mundo divertido aqui mesmo na mansão. Prendo os meus cabelos em um rabo de cavalo com a ajuda de uma liga preta e satisfeita com o resultado me afasto do espelho para pegar uma caixa de som que tem um formato retangular, e saio do quarto em seguida. Na área de lazer encontro o meu marido deitado em uma espreguiçadeira usando óculos escuros e uma sunga preta. A pele morena de um tom claro chega a se destacar no meio da pouca cor escura. Ao seu lado tem um copo com um resquício de uísque e prendo a re
Isadora— Filhos — falo de repente após algum tempo me recuperando do segundo orgasmo roubou todas as minhas forças.— O quê? — indaga completamente perdido. Viro-me para ficar de frente para ele na espreguiçadeira e começo a desenhar pequenos círculos no seu peitoral.— Você não pretende ter filhos algum dia? — Completo a minha interrogação.— Que pergunta é essa, Isadora? — Dá pra entender a sua confusão. Em um minuto estávamos no olho de um furacão e acabamos de ter mais um orgasmo dentro da piscina que confesso, não dá para comparar a sua intensidade. Aí, eu saio com uma pergunta repentina nada a ver. Quer dizer, não faz sentido para ele, mas eu estou curiosa com isso. — Sim, eu pretendo ter um filho algum dia.— Como? — Ele arqueia as sobrancelhas sugestivamente e dá para perceber a diversão nos seus olhos. Rolo os olhos para ele. — Você não pretende se casar, então quer ser um pai solteiro?— E por que não?— E a mãe? Ela pode não aceitar essa sua condição. — O calor do seu susp
Isadora— Pensei que estivéssemos indo para um restaurante — comento quando percebo que estamos indo para o outro lado da cidade.— Não estamos.— Para onde então?— Logo verá. Enquanto não chegamos que tal abrir o meu presente? — sugere me fazendo sorrir amplamente outra vez e com certeza os meus olhos faiscaram de felicidade.— Presente? — indago olhando ao seu redor.— Abre o porta-luvas. — Puxo uma respiração profunda e a solto audivelmente, abrindo a pequena porta com as mãos cheias de dedos se é que vocês me entendem e paro com a minha euforia encarando a caixinha preta e quadrada, atada com um delicado laço de fita dourado. Seguro o objeto como quem segura um fino cristal e olho para o meu marido admirada. Ele me olha rapidamente e depois fita o trânsito movimentado. — Não vai abrir? — indaga. Confesso que estou trêmula e nervosa com tudo isso. Será que Heitor finalmente está baixando a guarda para um sentimento chamado amor? Nossa, é melhor não viajar tanto! Mas pode ser, não
Isadora— Uau, a senhora está linda! — Lupe sibila me olhando da cabeça aos pés assim que entra no meu quarto. Sorrio para ela através do reflexo do espelho, passando o pompom com o pó no rosto sem lhe dizer nada. — Vai sair?— Sim. Eu vou à casa da minha mãe. Já tem alguns dias que não a visito. E depois irei ao shopping, eu preciso comprar algumas roupas para mim. — A garota suspira esperançosa.— E, não vai me levar junto? — Ount! Gemo mentalmente e agraciada. Lupe tem me acompanhado sempre que saio de casa e ela tem sido uma ótima companhia desde então. No entanto, dessa vez não pretendo levá-la comigo, pois tenho alguns motivos nessa saída de última hora. Sorrio para a garota outra vez.— Dessa vez não, Lupe, mas… — Ponho empolgação em minha voz. — Prometo que outro dia nos divertiremos juntas. — A minha acompanhante abre um sorriso largo. — O Senhor D’angelo já saiu? — Procuro saber.— Faz alguns minutos. Por que não foi tomar café da manhã com ele? — Dou de ombros.— Digamos qu
IsadoraMinutos depois o táxi para em frente ao suntuoso prédio da D’angelo e assim que passo pelo elegante hall escuto uma voz conhecida me chamar com uma empolgação que me faz sorrir. Olho para trás e encontro o loiro alto e elegante vindo ao meu encontro.— Peter? — Meu sorriso se amplia e o dele também. Ele se aproxima um tanto constrangido e para a uma distância considerável.— Faz tempo que não te vejo por aqui. Desde o dia que subiu para falar com o chefão — comenta com um certo humor me fazendo rir.— Pois é!— O que está fazendo aqui? — Dou de ombros.— Ah, eu vim visitar o meu marido.— Ah, é! Eu soube do casamento. Meus parabéns atrasados!— Obrigada, Peter! — Nos olhamos em silêncio por um tempo sem saber o que dizer. — Então, eu… preciso… — Aponto para os elevadores.— Ah, claro! Também estou subindo. Posso te acompanhar, se quiser.— Tudo bem! — Viro-me para ir para o elevador e Peter me acompanha ao meu lado. Na apertada caixa de aço ninguém diz nada, o que é bem chato