Depois de um longo dia de trabalho exaustivo, fui para casa tarde da noite, eram 22 horas quando cheguei em casa. A noite parecia mais escura quando Sean estava em frente à minha casa, ele e os seus amigos costumavam ficar lá quando iam me cobrar. Dessa vez não foi diferente.
Procurei pelas minhas chaves na bolsa com as mãos trêmulas, assim que as peguei, elas caíram no chão. Abaixei para pegar, mas já era tarde, ele já estava a minha frente. Levantei, mas sem olhar para o rosto dele.─ Meio tarde, não acha? ─ a voz rouca dele me dava náuseas.─ Estava trabalhando.─ Ótima notícia, assim você me paga o que deve.Sean quebra a barreira entre nós, eu me afasto.─ Olivia, eu gosto de você, mas já tem dois meses que você não paga o que me deve. ─ ele umedece os lábios e tira o cabelo que tinha no meu rosto com a ponta dos dedos ─ não esqueça que temos negócios a tratar.Eu estremeci com o toque dele. Ele se aproxima mais vez, eu vou para trás, mas minhas costas já colidem com a porta de casa.─ Abigail está andando tarde da noite ultimamente... ─ ele fala com uma voz manhosa.─ Eu vou pagar a droga do seu dinheiro!Ele sorri.─ Você tem até o final desse mês.Sean some da minha varanda.Eu abro a porta rapidamente e tranco com as mãos gélidas. Meu peito descia e subia com força, aquela fora a primeira vez que ele invadiu meu espaço pessoal e me ameaçou desta forma.Engulo a seco.Ele podia mexer comigo, mas com a minha irmã? Sean não era confiável, ele era mais um dos demônios que meu pai deixou para trás após seu sumiço, mas ameaçar minha irmã era demais.─ Parece que Abigail já está dormindo. ─ digo a minha mesma sussurrando.Ainda bem que ela não viu essa cena, ela não merece issoVou até a cozinha beber água, pego um copo tiro água na pia e bebo.─ Chegou tarde. ─ Abby entra na cozinha me assustando.─ Que susto! ─ digo com uma das mãos no peito.Ela pula em minha direção com animação.─ E como foi o primeiro dia?─ Foi exaustivo, ficar de pé não é mais fácil. Meus pés estão me matando. ─ digo tirando meus sapatos.─ Você quer uma massagem ou jantar?─ Não, estou bem. Você já deveria estar dormindo, Abigail.─ Resolvi esperar por você. Estou contente!─ Eu sei, irmãzinha, agora vamos dormir. Estou morta, pessoas ricas são cansativas.Dou um beijo sua testa e subo para meu quarto. Tomo banho, visto minha camisola de velha e durmo.No dia seguinte o despertador toca às 5:00, não sou do tipo que fica enrolando na cama pra acordar. Me levanto de uma vez e vou direto para o banheiro, faço o básico e visto logo uma roupa social, arrumo os cabelos e faço a maquiagem, cuja Vanessa mencionou. Desço e vou para a cozinha, Abby estava sentada tomando café pronta para ir à escola.─ Bom dia, fiz panquecas e ovos fritos.Sento a mesa enquanto ela me serve um prato com ovos.─ Hum, está aprendendo a se virar. Estou orgulhosa.Ela sorrir.─ Você faz tanto, queria lhe ajudar em algo.Dou um beijo em sua cabeça.─ Você já me ajuda mais do que deveria.Saio de casa e vou para a estação, eu não sabia que demoraria tanto para o metrô finalmente passar. Observei o relógio e eu me atrasaria minutos, mas já seria algo ruim de se fazer no segundo dia de trabalho. Corri até a empresa, entrei pelos fundos e fui direto para os vestiários, vesti meu uniforme e por fim para a bancada, mas durante o percurso fui apanhada.─ Você, está atrasada! ─ Uma voz ressoa atrás de mim.Viro lentamente para trás, a mesma loira de ontem olhava para mim com as mãos na cintura.─ Me desculpe, o metrô atrasou...─ Isso não é problema meu. ─ ela olha para mim com os olhos cerrados ─ Você não é a nova recepcionista?─ Sim, sou eu mesma.─ Está demitida! ─ disse sem pestanejar.Meus olhos enchem de lágrimas, mais uma vez, não podia ser.─ Por favor, não faça isso, eu só me atrasei poucos minutinhos.Ela me observa com um sorriso maldoso no rosto, ao mesmo tempo, parecia me olhar de forma superior.Eu seguro minhas lágrimas.─ Esse empreguinho vale tanto assim para você?─ Por favor, não faça isso. Eu faço o que quiser!Der repente um brilho estranho surge em seus olhos azuis.─ Isso é muito interessante... ─ ela diz me olhando da cabeça aos pés. ─ Eu tenho um serviço especial para você, qual seu nome?─ Me chamo Olivia Clark, senhora.Meu broche contendo meu nome, segundo Vanessa, ainda estava sendo feito. Hoje eu o pegaria, se não fosse demitida.─ Dominic me pediu para limpar a sala dele. Esse serviço será especialmente seu, limpe corretamente e tudo antes de ele chegar. ─ Antes de sair ela diz ─ não mexa em nada, caso contrário, custará sua vida.─ Claro, senhora!Saí em disparada para buscar os produtos de limpeza. Coloquei tudo em um balde e fui para a escada de serviço. Eu já estava suada de subir tanto degraus. Adentro a sala, tudo era impecável. Na sua mesa, havia vários papéis, uma cadeira grande estava do outro lado e um monitor de última geração. Aquela sala valia mais que minha vida. Várias garrafas de vinho nas prateleiras, troféus e porta-retratos com fotos gigantescas. Ao lado de três senhores estava a foto de meu chefe, com uma expressão séria e fechada, olhando diretamente para mim, com um tom de superioridade.Abri meus lábios automaticamente quando olhei para as sobrancelhas bem preenchidas dele, os cabelos escuros davam um belo contraste com seus olhos verdes. Embaixo havia escrito seu nome em dourado: Dominic Caccini de Castro, em alto-relevo. Então esse era seu nome.Comecei a limpar, observo as prateleiras, as garrafas me chamam mais atenção, com toda certeza eu nunca tinha visto aquilo na minha frente, eram de 1890, com certeza valiam uma fortuna. Eram todas de formas diferentes, mas sempre tinham escrito: Caccini's, também em alto-relevo. Passo a ponta dos dedos em uma delas, parecia que eu podia senti-lo.Peguei o espanador e continuei tirando a poeira, não estava tão sujo quando eu imaginava. No fim, faltava apenas tirar uma mancha de vinho chão, peguei o pano úmido e me coloquei de joelhos no chão. A manchas era insistente, mesmo com eu usando toda minha força, ela continuava lá. A essa altura minha saía lápis estava a altura da coxa e a mangas da camisa social enroladas nos ante-braços─ Quem é você? ─ uma voz masculina diz atrás de mim.Eu me viro abruptamente e vejo meu chefe olhando para mim com o cenho franzido. Minhas mãos escorregam e eu caio sentada no chão. Ele vem me ajudar de imediato, se abaixando a minha altura.─ Perdoe-me se lhe assustei ─ Ele toca meu braço e eu sinto uma onda de eletricidade atravessar meu corpo ─ essa não foi minha intenção.─ Senhor... Desculpas, eu... limpar. ─ fiquei tão nervosa que minha voz saiu trêmula, e tudo embaraçado.Ele me olhou confuso.─ Me desculpe, não entendi.Fechei os olhos e balancei a cabeça com força.─ Desculpa, a senhorita Katherine me mandou limpar sua sala. ─ digo de cabeça baixa.─ Mas essa não é sua função, você está usando roupas da recepção. ─ Ele olha ligeiramente para minha coxa nua. Minhas bochechas ardem. ─ Não é você que costuma limpar minha sala.Solto um sorriso nasal, finalmente levando meu olhar em direção ao dele. Engoli a seco. Aqueles malditos olhos verdes me olhavam de uma forma tão penetrante que meu coração latejou, talvez ele tivesse ouvido aquele som.─ Não, eu errei e acho que ela me puniu desta forma.Dominic juntou as sobrancelhas ligeiramente, mas logo em seguida me segurou com as duas mãos e me puxou para cima, foi quando me dei conta de que eu ainda estava no chão aquele tempo todo. Ele larga meus braços e automaticamente sinto falta de seu toque.─ Você pode parar o que estava fazendo, vou resolver essa situação. ─ Vanessa estava certa, o sotaque quebrava qualquer um. Ele disca um número e coloca o celular próximo ao ouvido. Ficamos nos olhando enquanto a chamada apenas bipava. ─ Kate, venha imediatamente a minha sala.Uni as mãos em frente a barriga quando ele desligou a ligação e sentou em sua cadeira. Seus olhos verdes estavam em cima de mim. Ele olhava diretamente para mim, sem piedade. Com uma intensidade absurda. Passos apressados do lado de fora chamaram minha atenção e Kate entra na sala disparada.─ Dominic, me chamou? ─ Kate entra na sala e me metralha com os olhos.─ Sim, eu quero conversar com você sobre isso, mais tarde. ─ Ele falou tão sério que fiquei ainda mais desconcentrada.─ Sim, senhor. ─ Kate diz.─ Qual seu nome? ─ Ele volta-se para mim.─ O-olivia, senhor. ─ Digo.─ Pode nos deixar a sós? E seu salário será aumentado esse mês por conta disso. Sinto muito.─ Não precisa.─ Claro que precisa. Essa não é sua função, e a minha secretaria ─ ele olha para Kate ─ deveria saber disso.Pego meus utensílios de limpeza, mas antes que eu saísse da sala, vi o olhar de ódio vindo da Kate.Dominic apenas umedece os lábios e eu fecho a porta deixando os dois.O dia foi tenso. Kate me olhava como se quisesse me matar e depois jogar meus restos aos porcos. Eu não queria mexer com alguém como ela, que com certeza pisaria em mim como se eu fosse uma mísera barataFalei do ocorrido para Vanessa durante o horário de almoço e ela gargalhou.— Eu não posso acreditar, Olivia. — Ela indagou ainda rindo.— Foi muito constrangedor.— Mas como ele é de perto e a sala dele?— Ah, eu não reparei muito. — Finjo dar de ombros.Ela me lança um olhar cético.— Está bem, está bem. Ele foi educado e só. Somente isso, Vanessa. — Me rendo. — A sala dele é muito bonita.— Podre de rico, tinha que ser né.Para mim era estranho a visível divisão de classes. Enquanto Dominic tinha ouro e diamantes cravejados em uma simples garrafa de vinho italiano 1886, eu me humilhei mais cedo para continuar em um emprego de recepcionista.Já estava nos últimos minutos do meu expediente.— Finalmente, trabalho concluído. — Vanessa diz trocando de roupa.— O dia foi duro hoje.— Mu
Cheguei no trabalho mais cedo que todos. No vestiário troquei minhas roupa pela farda, Vanessa ainda não havia chegado, isso me deixava desconfortável, ela é a única pessoa que eu converso nesse lugar. Fui para trás da bancada e fiquei lá com as outras meninas, minutos depois chega Vanessa, estava com uma cara de ressaca.— Foi atropelada por uma manada de búfalos? Procure arrumar essa cara amassada. — Digo rindo da situação.— Ontem eu não tive noite.— Por quê?— Preciso dizer, Olivia? — Ela revirou os olhos, eu lembrei que ontem ela tinha me dito que teria um encontro.— Você é uma degenerada sexual!Kate entra na empresa pelas portas da frente, o que aquela mulher tinha de elegância tinha de arrogância. Assim que mira os olhos em mim, atrás da bancada, ela vem até mim.— Meninas, me deem licença, quero falar com a minha querida Olivia. Hoje eu tenho um trabalhinho especial para você queridinha. — Disse procurando algo em sua bolsa.— Mas hoje eu nem cheguei atrasada. — Eu não est
Horas depois eu já estava em casa e fiquei ao lado de minha mãe em seu quarto. Abby ainda não havia chegado e eu estava no tédio assistindo a um programa qualquer, por mais que assistisse sozinha eu me sentia bem ali, às vezes tinha a sensação de que nada mudou, que minha mãe estava ali consciente, assistindo ao bob espoja comigo. Eu ria de um momento engraçado do desenho quando ela começa a se debater na cama. Eu a seguro em seus braços assustada, ela parecia estar tendo um pesadelo, estava usando suas últimas forças para soltar suas mãos.— Mamãe, sou eu, sua filha. — Digo assustada. Isso não tinha acontecido antes.Ela abre os olhos, estava com a testa suada e as mãos trêmulas.— O-olivia?— Eu estou aqui mamãe. — Seguro seu rosto com as mãos.— Minha filha, você está aqui. Tive um pesadelo terrível. — Ela diz ofegante, seu peito descia e subia abruptamente — sonhei que havia perdido você e Abigail.— Você não me perdeu, estou aqui, mamãe. — Digo passando minhas mãos em seus cabelo
Todos ficaram olhando para nós quando entramos na empresa. Dominic fez questão de entrar pela porta da frente, eu estava vermelha de vergonha, talvez fosse pela falta de combinação entre mim e ele, enquanto eu estava de vestido florido, ele usava um terno de alta costura, completamente sério.Entrei direto para os vestiários e troquei minha roupa, Vanessa vem ao meu encontro imediatamente.— Tudo bem, você pode me explicar o que foi aquilo? — Ela me dá um leve empurrão.— Não é nada de mais.Ela me olha como se eu tivesse agredido um mendigo.— Você simplesmente acabou de sair do carro do seu chefe, um dos CEOs mais ricos de nova York e diz que não foi nada? — Balanço a cabeça. — Aquele surto de ontem com o joelho machucado eu entendi, mas isso...— Não leve isso tão a sério!Ela me olha com os olhos entre-abertos.— Vocês transaram? — Ela me sacode.— Não! Foi apenas uma carona. — Fecho meu armário totalmente envergonhada.— Você é muito cínica! Eu não acredito que está interessada n
Eu ficava feliz em finalmente estar trabalhando em um lugar cujo o salário seria maior, mas ficar na recepção o dia inteiro deixava meus pés doloridos. No fim do expediente só queria ir para casa dormir. Sean não estava na rua, abri a porta e entrei rapidamente, não queria ter o desprazer de encontrá-lo. Me joguei no sofá observando o quadro de Abby no jardim de infância acima da TV de tubo. Ela era uma criança tão doce, lembro-me do dia que ela chegou com um passarinho com a asa quebrada, cuidou dele até o dia que soltou ele no central park, ela nunca perdeu essa essência e no que dependesse de mim ela seria mantida. Acordei com Abby em cima de mim. — Quem é Dominic? — Perguntou ela com a sobrancelha arqueada. — É seu namorado, Olivia? — Não! Como você sabe dele? — Eu passei aqui no seu quarto e você estava falando esse nome. — O que você está fazendo aqui?! — Jogo meu travesseiro em sua cara. — Estava vendo você sonhando com o seu namorado misterioso! — Ela zomba. Começou um
Me sentei a mesa junto dele. Dominic parecia satisfeito por conseguir o que queria, enquanto Teresa nos espiava de trás do balcão.— Você morou aqui em Nova York? — Perguntou-me.— Sim, moro aqui durante toda a minha vida. — Respondo. — É estranho você te ver sempre pelos arredores do Queens tantas vezes.Ele solta um "humpt" como se fosse óbvio, isso fez uma interrogação gigantesca aparecer na minha cabeça.Dominic sorriu, seu sorriso me quebrava inteira.— Negócios. — Ele toma um gole do café a sua frente, a essa altura já deveria estar frio. — Me fale sobre você, Olivia. — Por acaso essa é a entrevista de emprego cujo eu não fiz? — Uma linha se forma entre as sobrancelhas dele. — Desculpe, meus chefes não costumam me fazer tantas perguntas. Eu observo a mandíbula dele tencionar e seus dedos segurarem com mais força a xícara.— Não precisa me chamar de chefe quando estamos fora da empresa. — Desta vez minha mandíbula trava. De repente os olhos dele focam em algo atrás de mim, eu t
Fui para a empresa, lá vi que em dias de final de semana não são as mesmas pessoas, são outras totalmente diferentes.— Boa noite. — Digo a uma mulher que parecia simpática.— No que posso ajudá-la? — Ela olhou para mim com confusa. Decerto eu não estava com roupas adequadas, mas um vestido florido e uma jaqueta jeans, mas não era motivo de tanto desdém.— Desejo falar com o Dominic Caccini. — Digo sorrindo.A mulher me olha como se eu fosse uma maluca. — Sinto muito mais ele não está no momento, a senhorita Katherine pediu para que nós não o incomodasse durante esse fim de semana.— Você sabe me dizer onde ele está?— Senhora, a menos que você me diga quem é não tenho a permissão para falar nada. — Ela sorrir de uma maneira passiva-agressiva.Já não tinha mais o que falar. Fiquei com vergonha de dizer o motivo.— Está bem — continuo —, obrigada de qualquer forma.Talvez essa seria uma ideia ruim, eu poderia fazer isso na segunda-feira. Mas eu queria ver ele mais uma vez, de qualquer
Eu estava sem saída, meu chefe estava me colocando contra a parede, literalmente. Senti um calor subindo pela minha espinha, eu já estava ficando ofegante com aqueles olhos verdes me encarando enquanto ele estava apenas de toalha.─ D-dominic, pare com isso... ─ digo tentando afastar ele de perto de mim.─ Posso me divertir um pouco com você, Olivia? ─ Ele diz.De repente eu tinha apenas 14 anos. As mãos ásperas dele passando pelas minhas pernas. A voz, "seja uma boa menina, Olivia", ele dizia. Eu estava em choque e não conseguia gritar muito menos pedir socorro. Não pisquei e as lágrimas correram quentes pelo meu rosto. Eu era apenas uma criança.Dominic se afastou de mim com a sobrancelha franzida.─ Eu fiz algo de errado? ─ Ele perguntou se afastando.Ele me trouxe de volta a realidade e eu enxuguei meu rosto com a costa da mão.─ Não... você não fez nada. ─ Indago com dificuldade. Ele continuava me olhando assustado.─ Me desculpe, Olivia. Foi uma brincadeira de mau gosto.Ele des