O dia foi tenso. Kate me olhava como se quisesse me matar e depois jogar meus restos aos porcos. Eu não queria mexer com alguém como ela, que com certeza pisaria em mim como se eu fosse uma mísera barata
Falei do ocorrido para Vanessa durante o horário de almoço e ela gargalhou.— Eu não posso acreditar, Olivia. — Ela indagou ainda rindo.— Foi muito constrangedor.— Mas como ele é de perto e a sala dele?— Ah, eu não reparei muito. — Finjo dar de ombros.Ela me lança um olhar cético.— Está bem, está bem. Ele foi educado e só. Somente isso, Vanessa. — Me rendo. — A sala dele é muito bonita.— Podre de rico, tinha que ser né.Para mim era estranho a visível divisão de classes. Enquanto Dominic tinha ouro e diamantes cravejados em uma simples garrafa de vinho italiano 1886, eu me humilhei mais cedo para continuar em um emprego de recepcionista.Já estava nos últimos minutos do meu expediente.— Finalmente, trabalho concluído. — Vanessa diz trocando de roupa.— O dia foi duro hoje.— Muito cansativo, e agora a minha noite vai ser fantástica.— E por quê? — Pergunto.— Tenho um encontro com um homem maravilhoso, ele é perfeito. — Ela diz fantasiosa.— Uau, um homem perfeito?— Quero dizer que aparentemente sabe fazer as coisas, entende? Não existe homem perfeito, dona Olivia.— Certamente.Depois de uma conversa divertida, Vanessa vai embora e eu caminho até a estação de metrô mais próxima que ficava a umas quadras da empresa. Ouvindo Don't stop me now do Queen, enquanto fazia o percusso.Já estava tarde eu estava sozinha, mesmo sendo uma rua muito movimentada durante o dia, a noite tudo fica parado.Sinto algo estranho e olho para trás, havia um carro preto atrás de mim, o motorista parecia me acompanhar, pois não acelerou muito. Me peguei pensando se não era um dos homens que meu pai devia, Sean ontem chegou a me ameaçar, mas nenhum daqueles traficantes de beira de esquina tinha culhão suficiente para um carro de luxo igual aquele. Eu não deveria ter ficado tanto tempo conversando com a Vanessa, agora tinha apenas meia duzia de pessoas na rua e estava escuro o suficiente para um sequestro relâmpago. O carro se aproxima de mim, eu me assusto e me afasto para mais longe da rua. O motorista finalmente abaixa o vidro e vejo quem era. Dominic.— Quer que eu a leve para casa? — Perguntou ele.— N-não, eu estou indo para a estação. — Minha voz falhou.— Tem certeza? Está bem tarde, não vai me custar nada te levar pelo menos na rua da sua casa. — Insistiu.— M-mesmo assim, não seria adequado. — Digo cruzando os braços, me protegendo do frio em minha barriga.Ele olha para frente e b**e repetitivamente seu dedo indicar no volante, parecia pensar.— Te levo pelo que aconteceu hoje, para ficarmos quites. Está bem?Continuo relutante. Olho para rua deserta e em seguida para os olhos verdes do meu lindo chefe, o que parecia mais convidativo?— Tudo bem. — Entro em seu carro. O cheiro que exalava era tão bom, perfume masculino e carro novo.Ele dá partida, vamos a caminho da minha casa. Eu estava nervosa, aquele homem me tirava da minha zona de conforto. Permaneço olhando para frente, quase não pisquei para ser mais exata, sentia o olhar dele queimar na minha pele pálida, de vez enquanto.— Você está desconfortável? — Diz ele ainda com a atenção voltada para a rua.— Não é todo dia que alguém meu chefe me oferece uma carona.Ele sorrir, mostrando os dentes mais perfeitos que já vi em toda minha vida.— Não leve isso a mal, eu só a vi sozinha e não quis ser rude. — Continuou — acredite ou não, tento ser um cavalheiro que não faz distinção.— Está tudo bem.Eu não olhava em seus olhos, sentia vergonha, por outo lado, ele era o oposto de mim, sempre me olhava nos olhos, sem vergonha e com intensidade, talvez porque seus olhos eram duas piscinas esmeralda.— Eu confesso que nunca a vi na empresa, é funcionária nova?— S-sim, eu fui contratada há dois dias por um homem de sanidade duvidosa.Ele rir do que fale.— Não seja tão cruel, o setor do Rh é onde eu mais pego no pé. Eles devem ser seletivos. — Paramos no sinal, não havia muitos carros má avenida. Senti seu olhar queimar sobre mim, de novo — assim como eu.Sua voz ficou rouca der repente, e a expressão de animação sumiu de sua face em um instante. Ele continuava me encarando, eu por um momento de loucura o encarei de volta.— Olivia? — Ouvi sua voz bem no fundo, era como se eu tivesse apagada ainda de olhos abertos — Pode me dizer sua localização?— Ò, sim. Me desculpa. — Fecho os olhos e balanço a cabeça. — Queens.O resto do percurso eu não abri a boca pra falar nem um "a", aparentemente ele percebeu que eu quase babei em seu carro após aquela troca de olhares de segundos.Finalmente parou o carro em frente à minha casa, que situação estranha.— Chegamos. — Ele desliga o carro.— Obrigada, senhor Dominic.— Foi um prazer, Olivia.A cada vez que ele falava meu nome eu sentia meu corpo dar pequenos espasmos, o sotaque dele falando meu nome me instigava.Saio de seu carro e entro logo em casa, ainda estava ofegante e com muita vergonha. Subi e fui direto para o banheiro, liguei o chuveiro e deixei a água escorrer pelo meu corpo. Me lembrava daquele homem e meu coração acelerava. Um sorriso bobo escapou de meus lábios.Minutos depois saí do banheiro e fui para meu quarto, me joguei na minha cama e fiquei fitando o teto branco.Era bobagem ficar pensando nele, um homem como Dominic Caccini não era qualquer um, ele tinha muitas outras melhores do que eu, e com certeza mulheres que não tinham tantas rugas de preocupação ou fios de cabelo branco aos vinte e três anos.Esqueça o Dominic Caccini.No dia seguinte, acordei mais cedo, não queria ser punida novamente. Levantei e fui direto para o banheiro, tomei banho e vesti minha roupa de sempre, mas antes de sair fui no quarto da minha mãe, dei um beijo em sua testa, porém quando ia sair ela segurou meu pulso.— Olivia? — Falou fraco.— Descanse, mamãe. — Passo minha mão em sua cabeça sem um fiapo de cabelo. A quimioterapia já tinha feito seus cabelos loiros caírem há dois anos atrás.— Estou sentindo muitas náuseas.Lagrimas quiseram vacilar dos meus olhos, nem eu, nem Abby fazíamos a menor ideia do que nossa pobre mamãe sentia. Ela mesmo com tudo isso se mantinha forte, mas como todos, às vezes ela falhava. Me forcei a abrir um sorriso, entreguei o remédio designado para náuseas.— Durma, vai ficar tudo bem.Saio do quarto e suspiro. Desde que meu pai descobriu que minha mãe estava com câncer, após uma longa briga onde ele a culpou pela doença e alguns dias depois fugiu de casa, não o vimos em lugar algum, nem nós, nem os criminosos que ele devia. As únicas lembranças que tenho de meu pai foram as dívidas e as diversas brigas que teve com minha mãe, às vezes essas brigas se tornavam físicas.Abby ainda era uma criança quando tudo começou a desmoronar. Levaram tudo, até a nossa casa de bonecas que ficava no quintal ao lado da piscina de plástico. O que vemos hoje é apenas resquícios de uma vida que um dia fora feliz, o quintal estava cheio de mato que mal podemos ver acerca do outro lado. Era triste olhar pela janela da cozinha e ver tudo isso, mas não ter forças para arrumar toda aquela bagunça, e a minha bagunça interna muito menos.Vou para a estação e espero o metrô, quando finalmente chega eu entro e me sento em um banco vazio ao lado de uma moça. Encosto minha cabeça no vidro da janela e penso em tudo que aconteceu ultimamente, Abby sempre dizia que eu era a pessoa mais forte e destemida que ela já conhecera, mas às vezes eu me sentia fraca e impotente, como agora.Cheguei no trabalho mais cedo que todos. No vestiário troquei minhas roupa pela farda, Vanessa ainda não havia chegado, isso me deixava desconfortável, ela é a única pessoa que eu converso nesse lugar. Fui para trás da bancada e fiquei lá com as outras meninas, minutos depois chega Vanessa, estava com uma cara de ressaca.— Foi atropelada por uma manada de búfalos? Procure arrumar essa cara amassada. — Digo rindo da situação.— Ontem eu não tive noite.— Por quê?— Preciso dizer, Olivia? — Ela revirou os olhos, eu lembrei que ontem ela tinha me dito que teria um encontro.— Você é uma degenerada sexual!Kate entra na empresa pelas portas da frente, o que aquela mulher tinha de elegância tinha de arrogância. Assim que mira os olhos em mim, atrás da bancada, ela vem até mim.— Meninas, me deem licença, quero falar com a minha querida Olivia. Hoje eu tenho um trabalhinho especial para você queridinha. — Disse procurando algo em sua bolsa.— Mas hoje eu nem cheguei atrasada. — Eu não est
Horas depois eu já estava em casa e fiquei ao lado de minha mãe em seu quarto. Abby ainda não havia chegado e eu estava no tédio assistindo a um programa qualquer, por mais que assistisse sozinha eu me sentia bem ali, às vezes tinha a sensação de que nada mudou, que minha mãe estava ali consciente, assistindo ao bob espoja comigo. Eu ria de um momento engraçado do desenho quando ela começa a se debater na cama. Eu a seguro em seus braços assustada, ela parecia estar tendo um pesadelo, estava usando suas últimas forças para soltar suas mãos.— Mamãe, sou eu, sua filha. — Digo assustada. Isso não tinha acontecido antes.Ela abre os olhos, estava com a testa suada e as mãos trêmulas.— O-olivia?— Eu estou aqui mamãe. — Seguro seu rosto com as mãos.— Minha filha, você está aqui. Tive um pesadelo terrível. — Ela diz ofegante, seu peito descia e subia abruptamente — sonhei que havia perdido você e Abigail.— Você não me perdeu, estou aqui, mamãe. — Digo passando minhas mãos em seus cabelo
Todos ficaram olhando para nós quando entramos na empresa. Dominic fez questão de entrar pela porta da frente, eu estava vermelha de vergonha, talvez fosse pela falta de combinação entre mim e ele, enquanto eu estava de vestido florido, ele usava um terno de alta costura, completamente sério.Entrei direto para os vestiários e troquei minha roupa, Vanessa vem ao meu encontro imediatamente.— Tudo bem, você pode me explicar o que foi aquilo? — Ela me dá um leve empurrão.— Não é nada de mais.Ela me olha como se eu tivesse agredido um mendigo.— Você simplesmente acabou de sair do carro do seu chefe, um dos CEOs mais ricos de nova York e diz que não foi nada? — Balanço a cabeça. — Aquele surto de ontem com o joelho machucado eu entendi, mas isso...— Não leve isso tão a sério!Ela me olha com os olhos entre-abertos.— Vocês transaram? — Ela me sacode.— Não! Foi apenas uma carona. — Fecho meu armário totalmente envergonhada.— Você é muito cínica! Eu não acredito que está interessada n
Eu ficava feliz em finalmente estar trabalhando em um lugar cujo o salário seria maior, mas ficar na recepção o dia inteiro deixava meus pés doloridos. No fim do expediente só queria ir para casa dormir. Sean não estava na rua, abri a porta e entrei rapidamente, não queria ter o desprazer de encontrá-lo. Me joguei no sofá observando o quadro de Abby no jardim de infância acima da TV de tubo. Ela era uma criança tão doce, lembro-me do dia que ela chegou com um passarinho com a asa quebrada, cuidou dele até o dia que soltou ele no central park, ela nunca perdeu essa essência e no que dependesse de mim ela seria mantida. Acordei com Abby em cima de mim. — Quem é Dominic? — Perguntou ela com a sobrancelha arqueada. — É seu namorado, Olivia? — Não! Como você sabe dele? — Eu passei aqui no seu quarto e você estava falando esse nome. — O que você está fazendo aqui?! — Jogo meu travesseiro em sua cara. — Estava vendo você sonhando com o seu namorado misterioso! — Ela zomba. Começou um
Me sentei a mesa junto dele. Dominic parecia satisfeito por conseguir o que queria, enquanto Teresa nos espiava de trás do balcão.— Você morou aqui em Nova York? — Perguntou-me.— Sim, moro aqui durante toda a minha vida. — Respondo. — É estranho você te ver sempre pelos arredores do Queens tantas vezes.Ele solta um "humpt" como se fosse óbvio, isso fez uma interrogação gigantesca aparecer na minha cabeça.Dominic sorriu, seu sorriso me quebrava inteira.— Negócios. — Ele toma um gole do café a sua frente, a essa altura já deveria estar frio. — Me fale sobre você, Olivia. — Por acaso essa é a entrevista de emprego cujo eu não fiz? — Uma linha se forma entre as sobrancelhas dele. — Desculpe, meus chefes não costumam me fazer tantas perguntas. Eu observo a mandíbula dele tencionar e seus dedos segurarem com mais força a xícara.— Não precisa me chamar de chefe quando estamos fora da empresa. — Desta vez minha mandíbula trava. De repente os olhos dele focam em algo atrás de mim, eu t
Fui para a empresa, lá vi que em dias de final de semana não são as mesmas pessoas, são outras totalmente diferentes.— Boa noite. — Digo a uma mulher que parecia simpática.— No que posso ajudá-la? — Ela olhou para mim com confusa. Decerto eu não estava com roupas adequadas, mas um vestido florido e uma jaqueta jeans, mas não era motivo de tanto desdém.— Desejo falar com o Dominic Caccini. — Digo sorrindo.A mulher me olha como se eu fosse uma maluca. — Sinto muito mais ele não está no momento, a senhorita Katherine pediu para que nós não o incomodasse durante esse fim de semana.— Você sabe me dizer onde ele está?— Senhora, a menos que você me diga quem é não tenho a permissão para falar nada. — Ela sorrir de uma maneira passiva-agressiva.Já não tinha mais o que falar. Fiquei com vergonha de dizer o motivo.— Está bem — continuo —, obrigada de qualquer forma.Talvez essa seria uma ideia ruim, eu poderia fazer isso na segunda-feira. Mas eu queria ver ele mais uma vez, de qualquer
Eu estava sem saída, meu chefe estava me colocando contra a parede, literalmente. Senti um calor subindo pela minha espinha, eu já estava ficando ofegante com aqueles olhos verdes me encarando enquanto ele estava apenas de toalha.─ D-dominic, pare com isso... ─ digo tentando afastar ele de perto de mim.─ Posso me divertir um pouco com você, Olivia? ─ Ele diz.De repente eu tinha apenas 14 anos. As mãos ásperas dele passando pelas minhas pernas. A voz, "seja uma boa menina, Olivia", ele dizia. Eu estava em choque e não conseguia gritar muito menos pedir socorro. Não pisquei e as lágrimas correram quentes pelo meu rosto. Eu era apenas uma criança.Dominic se afastou de mim com a sobrancelha franzida.─ Eu fiz algo de errado? ─ Ele perguntou se afastando.Ele me trouxe de volta a realidade e eu enxuguei meu rosto com a costa da mão.─ Não... você não fez nada. ─ Indago com dificuldade. Ele continuava me olhando assustado.─ Me desculpe, Olivia. Foi uma brincadeira de mau gosto.Ele des
Vanessa mandou mensagem lembrando termos um compromisso a noite.Eu não sabia se era certo sair para uma festa sabendo que a minha mãe estava acamada no quarto ao lado.Assim que tomei banho, sentei na borda da cama enquanto penteava meus cabelos, era estranho, eu me sentia estranha por dentro.Solto um longo suspiro.Fui até o armário procurar algo para vestir, tinha roupas velhas que eu usava no dia a dia. Peguei meu melhor vestido e vesti, estava como sempre. Olhei o reflexo do meu rosto no espelho, nem mesmo quilos de maquiagem cobririam essas olheiras.Vanessa chegou com uma mala nas mãos.— Veio de mudança? — Pergunto rindo.— Não, só estou preparada. Vamos começar a nos arrumar?Abro os braços, ela olha para mim incrédula.— Mas eu já estou pronta.— Amiga, eu até gosto do seu estilo menina virgem, mas hoje não vai rolar. Vamos à uma festa!— E no que você está pensando? — Pergunto receosa.— Se deixar, você verá.Vanessa começou a me arrumar, passou corretivo, base, pó compact