6

Ethan

Hoje é um grande dia. Digo para mim mesmo ajeitando a gravata impecável no meu pescoço. Além de fechar alguns contratos importantes para a D’angelo e de conseguir um bônus extra para a empresa, recebi a notícia de que o meu pai deseja fazer uma reunião rápida comigo através de uma chamada de vídeo. Provavelmente ele já sabe dos meus feitos nesses poucos dias e muito provavelmente anunciará a minha sucessão a cadeira da presidência. Eu nunca tive dúvidas do meu potencial e sabia que era só uma questão de tempo para chegar até aqui. Satisfeito, abro um sorriso largo e pressiono os braços da cadeira executiva entre os meus dedos. É isso. Ethan D’angelo presidente da D’angelo Corporation.

— Bom dia, Senhor futuro presidente! — David, meu futuro cunhado adentra a sala trazendo um champanhe e duas taças vazias em suas mãos.

— Eu ainda não sou.

— Mas falta pouco, certo? — Ele ralha, colocando a garrafa e as taças em cima da mesa, e se senta logo em seguida. — Precisamos comemorar.

— Ainda não. Comemoração com antecipação dá azar. Você sabe como eu sou.

— Pura superstição, meu caro amigo! — Ele resmunga e eu reviro os olhos.

— Pode ser, mas prefiro não arriscar.

Conheci David Thornton aqui mesmo na D’angelo. Na época eu estava terminando a faculdade de administração e ele era estagiário no setor de advocacia. Foi nesse mesmo tempo que ele e a Marie e eles se aproximaram, tornaram-se amigos e por fim namorados. Minha amizade com David criou algumas raízes quando ele finalmente foi contratado pela empresa e eu assumi a vice-presidência. Desde então criamos um certo vínculo. Não que eu não tenha amigos. Eu tenho. Sou um cara legal, gosto de me divertir e o contrário de muitos rapazes que nasceram em berço de ouro, eu não tenho um rei na barriga. Me dou muito bem com todo mundo. Do melhor amigo que fiz no jardim de infância até a faxineira do meu prédio. Papai chama isso de liberdade, mas eu chamo de companheirismo. Sim, ele ainda tem esse lado levemente arrogante. Contudo, eu sou mais do tipo relaxado. O som da chamada de vídeo me faz fitar os olhos do meu amigo do outro lado da mesa. Vai lá, senhor presidente, atende logo! Ele diz sem emitir som e ansioso, aperto o botão aceitando a chamada.

— Papai! — Meu coração quase pula para fora do meu peito quando fito o seu rosto. Contudo, ele está sério demais.

— O que você fez?! — O tom rude sobressai a sua voz e confuso franzo a testa.

— Como assim, o que eu fiz? — Abro um sorriso largo e presunçoso. — A Lena não passou para o Senhor os contratos e o bônus que consegui?

— Sim, ela passou.

— E? — Respiro fundo. — Por que está com essa cara?

— Recebi uma ligação da presidente da Morissette LTDA. Ela está insatisfeita com o seu descaso com a sua empresa.

Desca... Aquela garota é uma maluca! — rosno impacientemente.

— Que droga, Ethan! Você chegou atrasado na sua primeira reunião importante e ainda disse para a garota que um jantar de negócios era irrelevante? — Encho as bochechas de ar, soltando-o exacerbado em seguida.

— Um atraso mínimo de dez minutos não é...

— Não importa, ainda assim é um atraso! Você sabe o que eu penso sobre isso, filho. — Merda!

— Tudo bem, o que quer que eu faça?

— Marque um almoço com ela para amanhã e faça um pedido formal de desculpas. — Chego a inchar por dentro, mas engulo o meu orgulho e acato o seu pedido. — E, eu rescindi o contrato.

— Você o quê?!

— Aproveite esse almoço para esclarecer qualquer dúvida pendente em relação aos nossos serviços com essa indústria. Peça para fazerem outro contrato e lhe dê um prazo para assinar. — Pressiono os lábios para não explodir.

— E quanto ao bônus?

— Devolva!

— Porra, pai! — xingo fechando as mãos em punho.

— Quanto ao seu lugar na presidência, temo que ainda não esteja preparado.

— Você não pode fazer isso comigo. Pai, eu...

— Vamos dar mais um tempo, Ethan. Participe mais das próximas reuniões, aprenda a ter o controle dos seus horários e a respeitar o limite entre contratado e contratante. Me mostre que está pronto para assumir esse seu. No mais, estou voltando para Seattle essa noite.  — A chamada é encerra e eu fito a tela escura em silêncio por algum tempo, tentando manter o incêndio dentro de mim controlado.

— Que merda, hein? — A voz de David me faz fitá-lo e em seguida a garrafa, depois as taças.

— Eu disse que comemorações antecipadas davam azar! — ralho puto da vida.

— Mas nem chegamos a comemorar! — Ele se defende e agitado me ponho de pé. — O que vai fazer?

— Torcer um certo pescocinho! — rosno entre dentes e levo uma mão fechada em punho para a minha boca, permitindo uma pressão dos meus dentes na minha pele.

— O que isso quer dizer? — David parece confuso, porém, não lhe respondo e saio da minha sala tão rápido quando um guepardo.

Ok, um atraso é algo realmente irritante. Mas um atraso considerável de meia hora, ou de uma hora, não um de dez minutos. Esse não é considerado um atraso relevante. Garota arrogante, petulante e mimada. Me pergunto como ela chegou à presidência de uma empresa tão grande e tão imponente como aquela com atitudes tão infantis. O pai dela deve ser um louco varrido com ela. Só pode. Nada explica colocar o poder tão grande nas mãos de uma maluca como aquela. E aquela porra de jantar? Meu Deus, ela fodeu com os meus planos e eu prometo foder com os dela. Penso enquanto dirijo impacientemente pelo trânsito caótico de Seattle. A noite já se aproxima e agoniado eu olho para o relógio no meu pulso. Pedido formal de desculpas? Ela merece umas t***s na bunda isso sim! Algo que com certeza não lhe deram quando era criança.

— Hu! merda! — rosno irritado e buzino enraivecido. — Pedir um novo contrato? Talvez não seja tão ruim assim. Eu poderia aumentar propositalmente as taxas e limitar as suas condições. Ela nem perceberia o que a atingiu. Filha da mãe! Quase quarenta minutos depois estaciono o carro na garagem do Gold Star e vou direto para os elevadores.

— Senhor, onde pensa que vai? — Uma balconista questiona preocupada, mas é tarde demais. Entro no elevador e encaro a loira assustada do lado de fora, enquanto as portas se fecham. Segundos. É o que falta para eu pegar aquela megera mimada de vez. O Tim do elevador me avisa que cheguei ao meu destino e bufando como uma fera me aproximo da porta e começo a tocar a campainha com impaciência.

— Já vai! — Ela grita lá de dentro. Contudo, eu não paro de tocar. — Eu disse, já vai! É surdo por aca... — Samanta ralha abrindo a porta e para de falar quando me fita com um par de olhos grandes. Inevitavelmente meus olhos param em cima da taça de vinho pela metade em sua mão e desliza pelo seu braço desnudo, encontrando uma fina e rendada camisola negra revestindo o seu corpo, deixando boa parte de suas pernas de fora. Porra, ela está descaça! Respira fundo, Ethan. Não foi para isso que você veio aqui. — D’angelo Junior, o que faz aqui? — Essa pergunta foi o suficiente para me despertar e para despertar a fera furiosa dentro de mim. Portanto ergui os meus olhos e encontrei um par de olhos escuros e divertidos. Não segurei um rosnado alto e segurei firme na sua garganta, pressionando-a contra uma parede. A minha atitude repentina a fez largar a taça, que no mesmo instante se estilhaçou no chão e as suas mãos imediatamente seguraram a minha, tentando afrouxar o meu aperto.

— O que você fez? — rosno furioso, porém, baixo.

— Nada! — Ela diz lutando para respirar.

— Você fodeu com os meus planos, porra! — vocifero, mas em contrapartida o seu joelho acerta o meio das minhas pernas. — Ai, filha da puta! — Solto um grunhido, levando as minhas mãos ao local da pancada e me deixo cair no chão em busca de alívio. Por outro lado, ela se apoia no sofá e respira fundo algumas vezes me encarando firmemente.

 — Você ia me matar?

— Não. Ai, merda! — Solto outro gemido. — Eu só queria dar um susto. — Puxo a respiração e me sento. Apoiando os meus antebraços nos meus joelhos. — Por que fez aquilo? Por que está me perseguindo dessa maneira e me prejudicando? Meu Deus, você é uma psicopata? Uma assassina em série? — O som da sua risada preenche o lugar e uma sensação estranha me toma. Raiva? Não, eu não sei explicar.

— Desculpa, eu só quis te dar uma lição.

— Uma lição? VOCÊ ME FEZ PERDER A PRESIDÊNCIA D D’ANGELO E DIZ QUE QUERIA ME DAR UM LIÇÃO?! — berro completamente fora de mim.

— Perdeu o cargo? Desculpe, não era a minha intensão! — diz com uma calmaria irritante. Me forço a levantar do chão, soltando alguns gemidos e a encaro puto.

— Não era a sua intenção? — Ela faz não com a cabeça e eu forço uma risada debochada. — Você é louca! — Aponto o meu indicador em riste para ela. — Fique longe de mim! — Dou-lhe as costas para sair do seu apartamento.

— Ethan, espere!

— Não! — rosno alcançando o corredor.

— Me escute. Eu tenho uma proposta...

— Não!

— Que merda, o que custa me escutar?! — Ela ralha assim que as portas do elevador se abrem e furioso choco o seu corpo contra uma parede, pressionando-a com o meu corpo. Nossos rostos ficam próximos demais e as nossas respirações ofegantes se encontram, aquecendo a minha pele. Meus olhos penetram firmemente os seus, mas logo eles descem para a boca levemente aberta por onde passa a sua respiração.

— É isso que você quer, hã? — sibilo, ralando a minha boca na sua. Samanta ofega ainda mais e logo eu sinto o aperto dos seus dedos no meu antebraço. — Está sentindo falta do que fizemos naquela madrugada? Você quer que eu te foda para me deixar em paz? É isso?

— Você é um idiota, Ethan D’angelo! — Ela rosna entre dentes e eu rio contra a sua pele, me afastando só um pouco para fitar os seus olhos. Eles parecem determinados agora e cheios de raiva também. Ótimo, acho que ela entendeu o meu recado!

— Quando quiser foder, é só me avisar. Não precisa me Stalking e nem me sabotar, Senhorita Morissette.

— Se afaste de mim! — Ela ordena irritadiça e eu me afasto erguendo as minhas mãos.

— Com todo prazer, Senhorita Morissette! — retruco e entro no elevador, encarando aqueles olhos escuros e raivosos até as portas finalmente se fecharem.

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