Ethan
Hoje é um grande dia. Digo para mim mesmo ajeitando a gravata impecável no meu pescoço. Além de fechar alguns contratos importantes para a D’angelo e de conseguir um bônus extra para a empresa, recebi a notícia de que o meu pai deseja fazer uma reunião rápida comigo através de uma chamada de vídeo. Provavelmente ele já sabe dos meus feitos nesses poucos dias e muito provavelmente anunciará a minha sucessão a cadeira da presidência. Eu nunca tive dúvidas do meu potencial e sabia que era só uma questão de tempo para chegar até aqui. Satisfeito, abro um sorriso largo e pressiono os braços da cadeira executiva entre os meus dedos. É isso. Ethan D’angelo presidente da D’angelo Corporation.
— Bom dia, Senhor futuro presidente! — David, meu futuro cunhado adentra a sala trazendo um champanhe e duas taças vazias em suas mãos.
— Eu ainda não sou.
— Mas falta pouco, certo? — Ele ralha, colocando a garrafa e as taças em cima da mesa, e se senta logo em seguida. — Precisamos comemorar.
— Ainda não. Comemoração com antecipação dá azar. Você sabe como eu sou.
— Pura superstição, meu caro amigo! — Ele resmunga e eu reviro os olhos.
— Pode ser, mas prefiro não arriscar.
Conheci David Thornton aqui mesmo na D’angelo. Na época eu estava terminando a faculdade de administração e ele era estagiário no setor de advocacia. Foi nesse mesmo tempo que ele e a Marie e eles se aproximaram, tornaram-se amigos e por fim namorados. Minha amizade com David criou algumas raízes quando ele finalmente foi contratado pela empresa e eu assumi a vice-presidência. Desde então criamos um certo vínculo. Não que eu não tenha amigos. Eu tenho. Sou um cara legal, gosto de me divertir e o contrário de muitos rapazes que nasceram em berço de ouro, eu não tenho um rei na barriga. Me dou muito bem com todo mundo. Do melhor amigo que fiz no jardim de infância até a faxineira do meu prédio. Papai chama isso de liberdade, mas eu chamo de companheirismo. Sim, ele ainda tem esse lado levemente arrogante. Contudo, eu sou mais do tipo relaxado. O som da chamada de vídeo me faz fitar os olhos do meu amigo do outro lado da mesa. Vai lá, senhor presidente, atende logo! Ele diz sem emitir som e ansioso, aperto o botão aceitando a chamada.
— Papai! — Meu coração quase pula para fora do meu peito quando fito o seu rosto. Contudo, ele está sério demais.
— O que você fez?! — O tom rude sobressai a sua voz e confuso franzo a testa.
— Como assim, o que eu fiz? — Abro um sorriso largo e presunçoso. — A Lena não passou para o Senhor os contratos e o bônus que consegui?
— Sim, ela passou.
— E? — Respiro fundo. — Por que está com essa cara?
— Recebi uma ligação da presidente da Morissette LTDA. Ela está insatisfeita com o seu descaso com a sua empresa.
— Desca... Aquela garota é uma maluca! — rosno impacientemente.
— Que droga, Ethan! Você chegou atrasado na sua primeira reunião importante e ainda disse para a garota que um jantar de negócios era irrelevante? — Encho as bochechas de ar, soltando-o exacerbado em seguida.
— Um atraso mínimo de dez minutos não é...
— Não importa, ainda assim é um atraso! Você sabe o que eu penso sobre isso, filho. — Merda!
— Tudo bem, o que quer que eu faça?
— Marque um almoço com ela para amanhã e faça um pedido formal de desculpas. — Chego a inchar por dentro, mas engulo o meu orgulho e acato o seu pedido. — E, eu rescindi o contrato.
— Você o quê?!
— Aproveite esse almoço para esclarecer qualquer dúvida pendente em relação aos nossos serviços com essa indústria. Peça para fazerem outro contrato e lhe dê um prazo para assinar. — Pressiono os lábios para não explodir.
— E quanto ao bônus?
— Devolva!
— Porra, pai! — xingo fechando as mãos em punho.
— Quanto ao seu lugar na presidência, temo que ainda não esteja preparado.
— Você não pode fazer isso comigo. Pai, eu...
— Vamos dar mais um tempo, Ethan. Participe mais das próximas reuniões, aprenda a ter o controle dos seus horários e a respeitar o limite entre contratado e contratante. Me mostre que está pronto para assumir esse seu. No mais, estou voltando para Seattle essa noite. — A chamada é encerra e eu fito a tela escura em silêncio por algum tempo, tentando manter o incêndio dentro de mim controlado.
— Que merda, hein? — A voz de David me faz fitá-lo e em seguida a garrafa, depois as taças.
— Eu disse que comemorações antecipadas davam azar! — ralho puto da vida.
— Mas nem chegamos a comemorar! — Ele se defende e agitado me ponho de pé. — O que vai fazer?
— Torcer um certo pescocinho! — rosno entre dentes e levo uma mão fechada em punho para a minha boca, permitindo uma pressão dos meus dentes na minha pele.
— O que isso quer dizer? — David parece confuso, porém, não lhe respondo e saio da minha sala tão rápido quando um guepardo.
Ok, um atraso é algo realmente irritante. Mas um atraso considerável de meia hora, ou de uma hora, não um de dez minutos. Esse não é considerado um atraso relevante. Garota arrogante, petulante e mimada. Me pergunto como ela chegou à presidência de uma empresa tão grande e tão imponente como aquela com atitudes tão infantis. O pai dela deve ser um louco varrido com ela. Só pode. Nada explica colocar o poder tão grande nas mãos de uma maluca como aquela. E aquela porra de jantar? Meu Deus, ela fodeu com os meus planos e eu prometo foder com os dela. Penso enquanto dirijo impacientemente pelo trânsito caótico de Seattle. A noite já se aproxima e agoniado eu olho para o relógio no meu pulso. Pedido formal de desculpas? Ela merece umas t***s na bunda isso sim! Algo que com certeza não lhe deram quando era criança.
— Hu! merda! — rosno irritado e buzino enraivecido. — Pedir um novo contrato? Talvez não seja tão ruim assim. Eu poderia aumentar propositalmente as taxas e limitar as suas condições. Ela nem perceberia o que a atingiu. Filha da mãe! Quase quarenta minutos depois estaciono o carro na garagem do Gold Star e vou direto para os elevadores.
— Senhor, onde pensa que vai? — Uma balconista questiona preocupada, mas é tarde demais. Entro no elevador e encaro a loira assustada do lado de fora, enquanto as portas se fecham. Segundos. É o que falta para eu pegar aquela megera mimada de vez. O Tim do elevador me avisa que cheguei ao meu destino e bufando como uma fera me aproximo da porta e começo a tocar a campainha com impaciência.
— Já vai! — Ela grita lá de dentro. Contudo, eu não paro de tocar. — Eu disse, já vai! É surdo por aca... — Samanta ralha abrindo a porta e para de falar quando me fita com um par de olhos grandes. Inevitavelmente meus olhos param em cima da taça de vinho pela metade em sua mão e desliza pelo seu braço desnudo, encontrando uma fina e rendada camisola negra revestindo o seu corpo, deixando boa parte de suas pernas de fora. Porra, ela está descaça! Respira fundo, Ethan. Não foi para isso que você veio aqui. — D’angelo Junior, o que faz aqui? — Essa pergunta foi o suficiente para me despertar e para despertar a fera furiosa dentro de mim. Portanto ergui os meus olhos e encontrei um par de olhos escuros e divertidos. Não segurei um rosnado alto e segurei firme na sua garganta, pressionando-a contra uma parede. A minha atitude repentina a fez largar a taça, que no mesmo instante se estilhaçou no chão e as suas mãos imediatamente seguraram a minha, tentando afrouxar o meu aperto.
— O que você fez? — rosno furioso, porém, baixo.
— Nada! — Ela diz lutando para respirar.
— Você fodeu com os meus planos, porra! — vocifero, mas em contrapartida o seu joelho acerta o meio das minhas pernas. — Ai, filha da puta! — Solto um grunhido, levando as minhas mãos ao local da pancada e me deixo cair no chão em busca de alívio. Por outro lado, ela se apoia no sofá e respira fundo algumas vezes me encarando firmemente.
— Você ia me matar?
— Não. Ai, merda! — Solto outro gemido. — Eu só queria dar um susto. — Puxo a respiração e me sento. Apoiando os meus antebraços nos meus joelhos. — Por que fez aquilo? Por que está me perseguindo dessa maneira e me prejudicando? Meu Deus, você é uma psicopata? Uma assassina em série? — O som da sua risada preenche o lugar e uma sensação estranha me toma. Raiva? Não, eu não sei explicar.
— Desculpa, eu só quis te dar uma lição.
— Uma lição? VOCÊ ME FEZ PERDER A PRESIDÊNCIA D D’ANGELO E DIZ QUE QUERIA ME DAR UM LIÇÃO?! — berro completamente fora de mim.
— Perdeu o cargo? Desculpe, não era a minha intensão! — diz com uma calmaria irritante. Me forço a levantar do chão, soltando alguns gemidos e a encaro puto.
— Não era a sua intenção? — Ela faz não com a cabeça e eu forço uma risada debochada. — Você é louca! — Aponto o meu indicador em riste para ela. — Fique longe de mim! — Dou-lhe as costas para sair do seu apartamento.
— Ethan, espere!
— Não! — rosno alcançando o corredor.
— Me escute. Eu tenho uma proposta...
— Não!
— Que merda, o que custa me escutar?! — Ela ralha assim que as portas do elevador se abrem e furioso choco o seu corpo contra uma parede, pressionando-a com o meu corpo. Nossos rostos ficam próximos demais e as nossas respirações ofegantes se encontram, aquecendo a minha pele. Meus olhos penetram firmemente os seus, mas logo eles descem para a boca levemente aberta por onde passa a sua respiração.
— É isso que você quer, hã? — sibilo, ralando a minha boca na sua. Samanta ofega ainda mais e logo eu sinto o aperto dos seus dedos no meu antebraço. — Está sentindo falta do que fizemos naquela madrugada? Você quer que eu te foda para me deixar em paz? É isso?
— Você é um idiota, Ethan D’angelo! — Ela rosna entre dentes e eu rio contra a sua pele, me afastando só um pouco para fitar os seus olhos. Eles parecem determinados agora e cheios de raiva também. Ótimo, acho que ela entendeu o meu recado!
— Quando quiser foder, é só me avisar. Não precisa me Stalking e nem me sabotar, Senhorita Morissette.
— Se afaste de mim! — Ela ordena irritadiça e eu me afasto erguendo as minhas mãos.
— Com todo prazer, Senhorita Morissette! — retruco e entro no elevador, encarando aqueles olhos escuros e raivosos até as portas finalmente se fecharem.
Ethan Essa garota é mesmo inacreditável! Bufo irado enquanto saio do elevador, direto para o meu quarto. É incrível como ela consegue me levar ao limite, ao extremo mesmo. E eu pensando que ela seria uma exceção. Bonita, sexy, sensata e inteligente. Meu Deus, como as aparências enganam! Foda é sair do seu prédio carregando comigo o seu perfume que acabou ficando entranhado na minha camisa. Solto uma lufada de ar pesada pela boca, levo a chave na ignição e ligo o motor, rasgando pneus para sair dali. No meio do trânsito um tanto calmo agora, o desenho da sua boca carnuda preenche a minha visão e puto da vida, freio o carro bruscamente recebendo alguns xingamentos dos motoristas atrás de mim. Que grande merda! Penso fechando os meus olhos e inclino a cabeça sobre o volante, buscando o meu autocontrole. Ele deve estar aqui em algum lugar. Como uma garota mimada conseguiu me desestabilizar dessa maneira? Como ela consegue infernizar a minha vida com tão pouco? O pior é permitir a sua asso
Ethan À noite, estamos reunidos a mesa na mansão D’angelo em um jantar inesperado e bem requintado, com alguns convidados surpresa. Os pais e as irmãs de David também estão a mesa e isso me diz que Marie D’angelo e David Thornton logo estarão as portas de um altar. Bom para eles! Devo confessar que sinto uma certa inveja da minha irmã agora. Quer dizer, ela encontrou o amor tão rápido que foi algo quase imperceptível. Em um momento os olhos desses dois se encontram e no outro eles estavam praticamente entregues aos beijos e as promessas. E agora isso. Rápido demais? Talvez. Mas para que esperar quando se ama de verdade? E por que ir contra esse sentimento quando é tudo o que eles mais querem agora é ficar juntos? Meu pai nos ensinou a não desperdiçar o tempo quando o coração estiver cheio e é exatamente isso que eles estão fazendo agora. Penso enquanto observo todos conversarem durante o jantar e no meio da minha especulação percebo Valery Thornton me lançar um olhar brilhante com um
SamantaCrosta Sottile não é um restaurante muito fácil de se conseguir uma reserva, ainda mais quando o turismo aflora nessa cidade. Mas devo dizer que tenho sorte de o meu papai ser o padrinho do atual dono dessa casa italiana. Admito que não sou muito fã das massas, mas já que o D'angelo Júnior gosta é o jeito agradar o seu paladar e assim alcançar alguns meios para chegar aonde eu realmente preciso. E como eu sei que ele gosta de massas? É bem simples. Após o meu surto de dizer para o meu arrogante primo que estamos namorando, me dediquei a fazer a minha tarefa de casa pesquisando sobre o meu alvo perfeito no Google e percebi que a maior parte de suas fotos nos tabloides são em restaurantes italianos. Mama mia, essa vitória está no papo! Eu só preciso convencer o Senhor perfeitinho a mentir para mim por um tempo e depois... Bom, depois eu vejo o resto.Ok, última tentativa. Penso enquanto faço a minha enésima ligação para esse CEO arrogante-petulante. Ah sim, eu sou bem determinad
Samanta— Ah... é... — Eu gaguejo e ele arqueia as sobrancelhas para mim. De alguma forma sinto que Ethan D'angelo está se divertindo com o constrangimento, que com certeza eu não deveria deixar transparecer. Não para ele. — Preciso que finja ser o meu namorado. — Pronto, falei! Se estou aliviada? Isso soou ridículo, portanto, alívio é o que menos sinto agora. O pior é fitar seu semblante sério e o olhar igualmente sério, sem dizer uma palavra. A coisa piorou quando um risinho escroto surgiu na sua face e logo ele se tornou levemente sonoro, até ganhar uma proporção ainda mais constrangedora. Bufo audivelmente.— Desculpa, mas acho que não entendi direito. Você quer que eu finja ser o seu namorado? — Sua pergunta vem acompanhada de um sorrisinho debochado, tão irritante quanto o seu olhar divertido.— Isso.— Meu Deus, isso é tão... — Ele volta a gargalhar e incomodada, volto a me mexer em cima da cadeira, olhando sutilmente para alguns clientes em suas mesas, e para alguns funcionári
EthanMaluca, é isso que ela é! Maluca com M maiúsculo! Onde já se viu um contrato de casamento? Pior ainda, com filhos? Onde estava com a cabeça para entrar de cabeça nas loucuras dessa menina? Céus, se o meu pai sonhar eu estou fodido! A campainha do meu apartamento começa a tocar e eu esvazio o meu drink para ir abrir a porta.— O que tem de tão urgente que não podia esperar até amanhã? — Meu advogado ralha meio mal-humorado, adentrando o hall.— Eu preciso que redija um contrato para mim — falo de uma vez, fechando a porta atrás de mim. David me lança um olhar furioso, parando bem no meio da minha sala de estar.— Trabalho, a uma hora dessas? Sério, Ethan? Que droga, eu estava nos braços da minha noiva, trocando deliciosas carícias e já estávamos quase indo para o nosso quarto quando me estr
Ethan— A sala de reuniões está pronta, Senhor D'angelo. — Minha secretária avisa entrando na minha sala. Não é uma reunião de praxe, nem mesmo um horário convencional. Na verdade, nada nessa reunião é normal. Já passa de oito horas da noite e quase todos os funcionários já se foram. Contudo, mantive a minha secretária ocupada por mais algumas horas após o seu horário, para que ela desse o seu toque feminino para um jantar de negócios. Posso assim dizer. — Precisa de mais alguma coisa?— Não, Ângela. Já pode ir e obrigado por tudo!— Não foi nada, Senhor D'angelo! — Ela diz e sai fechando a porta. Com um suspiro eu esvazio o meu copo de uísque, me afasto da parede de vidros, de onde tenho a esplendida imagem noturna de Seattle e vou até a minha mesa. Fito os dois envelopes com
EthanNo dia seguinte...— Bom dia, Senhor D'angelo, o seu pai pediu para avisar que o aguarda na sala de reuniões número seis. — Ângela avisa assim que saio do elevador. Aturdido olho para trás, para o elevador que acaba de fechar as suas portas e depois para a moça em pé na minha frente com um belo sorriso profissional.— Ele disse do que se trata? — pergunto meio confuso. Ela faz não com a cabeça e eu respiro fundo. — Tudo bem! Prepare a minha agenda do dia, eu volto logo — aviso, dando-lhe as costas e aperto o botão do elevador outra vez. Em segundos às portas voltam a se abrir para mim e após adentrar o cômodo apertado, aperto o botão do sexto andar. Uma reunião surpresa? O que será que aconteceu dessa vez? Não é que eu esteja nervoso ou algo assim. Eu sei o que tenho feito nesses últimos di
Samanta— Como estão as coisas, Itália? — pergunto um tanto ansiosa, adentrando a sala de jantar que tem uma mesa posta para dez pessoas. A Senhora de porte elegante se afasta de um dos empregados, que está colocando um elegante arranjo floral no centro da mesa retangular e sorri para mim, transmitindo segurança de que preciso.— Como vê, está tudo saindo perfeitamente, querida. — Perceberam o termo querida que ela usou para falar comigo? Não é qualquer empregado que tem essa liberdade, nem comigo e nem com o meu pai. Itália Davis chegou a essa casa com cerca de vinte e seis anos e embora fosse casada e com um casal de filhos, foi ela quem se dedicou a m criar desde que cheguei da maternidade. Mas isso só acontecia quando papai não podia estar comigo. No mais, ele sempre esteve presente na minha vida. Agora ela está viúva e seus filhos já se casaram,