— Theodor Borgat, você tem uma visita. — O carcereiro informa me deixando um tanto agitado. A cerca de um mês fiz um pedido para falar com minha ex-namorada Samanta Morissette e acabei descobrindo que ela está casada, com duas filhas e morando na França. Mas, recentemente recebi a notícia de que ela finalmente viria me encontrar e esse é o real motivo da minha agitação. Um ano e meio preso nesse lugar me fez pensar em tudo que fiz ao longo da minha vida e quase não acreditei, mas me arrependi de metade de tudo que fiz. Eu sei que isso não explica, mas a verdade é que eu amei Samanta Morissette com todo o meu coração e o meu maior erro foi desejá-la apenas para mim, e depois disso, deixá-la sozinha quando eu precisava espaço. Ela não faz ideia, mas me afastar dela foi o que garantiu a sua vida. Penso enquanto caminho pelo corredor ligeiramente obscuro, escutando os sons dos meus passos dentro dos meus ouvidos. Meu coração dispara ferozmente quando me aproximo da sala de visitas e ante
SamantaTrês anos depois...— Querida, não consigo encontrar o seu vinho preferido aqui na adega. — Ethan grita lá de dentro DE CASA, enquanto preparo uma bela cesta para um piquenique de comemoração em um belo final de tarde. Da varanda da casa de veraneio observo as minhas princesinhas correr pela areia úmida da praia, enquanto o vovô Heitor finge querer alcançá-las. Os seus gritos animados se misturam na brisa que vem do mar e ao barulho das ondas tranquilas. Em um canto mais afastado o meu pai brinca com o Antony dentro de uma piscina improvisada na areia e próximo a eles está a Itália conversando animadamente com a Isadora, enquanto a Lisa se diverte dentro da água salgada com uma amiga. Me sentindo meio travessa olho para trás, para ter a certeza de que o meu marido não está vindo e sorrio. Entretanto, pego uma caneta, uma página do pequeno post-it colorido e começo a escrever um bilhete breve e objetivo. — Samanta, pode vir aqui me ajudar, amor? — Ele volta a gritar, porém, eu
Janny Conhecendo o meu chefe.— E não se esqueça Jenny. Você é uma garota linda, muito gostosa e maravilhosa. E tem que arrumar um homem para você. O hospital Mont Sinai é o melhor lugar para fazer isso. — Amber resmunga um tanto animada, enquanto arruma o laço da minha blusa cor de rosa.— Amber, pelo amor de Deus, é meu primeiro dia no hospital e eu estou atrasada! E você está me dando conselhos amorosos? Isso não cai bem! — rosno exasperada, mas ela rir.— Não se preocupe, vai dar tudo certo, amiga. — Ela fala tranquila, porém, eu suspiro e me viro para sair do quarto. Na sequência bato bruscamente na quina da minha cama.— Ai, droga! — rosno com um gemido dolorido. — Eu não tenho tanta certeza disso — retruco malcriada. — Foi por causa desse meu jeito atravessado que fui expulsa do projeto do outro hospital, lembra? — reclamo alisando o local da pancada que deixou minha pele avermelhada, saindo do quarto em seguida.— Bom, eu vou ficar bem aqui torcendo por você. — Minha amiga di
Jenny — Você não vem? — Escuto a voz do meu instrutor e percebo que ainda estou parada bem perto da porta do elevador. Com um suspiro baixo, engulo em seco e percebo o olha especulativo do homem em cima de mim. Put's, tem como pagar mais micos em tão poucos minutos? Melhor nem perguntar, certo, a final o dia está só começando. Solto outro suspiro e me forço a sair do meu lugar. O doutor Ávila volta me dar as costas e eu volto a segui-lo, entrando em outro corredor, esse mais longo e todo branco, até entramos em uma sala onde tem uma Senhora descabelada, com a pele um tanto vermelha, deitada em uma cama estreita e em um estado de gravidez avançada. Ela respira fundo, prendendo a respiração e faz uma careta de dor. No ato, eu repito o seu gesto e não consigo respirar.— Bom dia Ada! — Doutor Ávila diz abrindo aquele sorriso provocante.— Bom dia, doutor Cris! — A paciente diz com um som estrangulado, entre uma respiração e outra.— Como estamos indo?— Nossa, está doendo muito! — Ela r
Jenny Doze horas. Doze malditas horas seguidas de trabalho árduo e confesso que estou um caco. Portanto, assim que tudo fica mais calmo respiro fundo e me sento em um dos sofás brancos do corredor.— Oi, eu sou o Adam! — Um rapaz usando um jaleco azul diz sentando-se do meu lado. Provavelmente é um residente como eu.— Ah oi, Adam! Eu sou a Jenny... quer dizer, eu sou a Jeniffer — falo um tanto desanimada.— Cansada? — indaga com curiosidade.— Morta, praticamente. Eu preciso ir para casa. Ah, que saudades da minha cama quentinha e macia! — resmungo fechando os meus olhos a medida que encosto a minha cabeça na parede atrás de mim e escuto o som do seu riso baixo em seguida.— Devia ir dormir um pouco, Jenny Jennifer. — Ele diz com humor.— Acredite, esse é o meu plano — ralho fazendo menção de me levantar. Contudo, ele segura no meu antebraço.— Não. Eu quero dizer antes de ir para sua casa.— Ah, sério? Eu não posso dormir aqui nesse sofá! — protesto, mas ele volta a ri do meu comen
Pedro Rios.Ando com passos largos pelo longo corredor da Fox Automotivos. Devo dizer que ao longo dos anos essa empresa cresceu muito sobre a direção do meu pai, Alex Fox, e agora, depois de vinte e nove anos ele se afastou, entregando tudo isso nas mãos dos seus filhos. Eu sou o único filho solteiro da família Rios Fox. A Cecília por exemplo, está casada a quase cinco anos. A Eloá se casou a pouco mais de um ano e o Matheus ainda não se casou, mas ele vive com Helena, uma garota que conheceu na faculdade, e ambos já têm uma filha de nove meses, a Angel. E claro, não devo me esquecer do meu irmão caçula, o Lucian. Esse se casou a dois meses. Meneio a cabeça abrindo um sorriso de desapontamento.Bando de trouxas! Fala sério! Os meus irmãos são bem jovens ainda, cara e deviam curtir a vida ao invés de perder tempo com essa coisa de amor e se amarrar tão cedo. Bom, eu quero aproveitar cada minuto que tenho da vida minha de solteiro e o fato de ter alguns rabos de saia se rastejando aos
Milla FerberRio grande do Sul. Eu sempre sonhei em morar nesse lugar. Quando adolescente costumava ver suas belas imagens através da tela do meu celular e sonhava que um dia teria a minha chance, e ela finalmente ela chegou. Sorrio satisfeita, largando a mala vazia no compartimento do meu guarda-roupas e olho os móveis arrumados em seus devidos lugares.— Até que enfim! — digo abrindo um sorriso de pura satisfação.Quando a Fox Automotivos me ligou confirmando que a vaga seria minha não pensei duas vezes em arrumar as minhas malas e partir imediatamente. Mas eu não vim sozinha. Trouxe a Valentina Ferber, minha irmã caçula comigo porque quero lhe dar uma oportunidade também. É claro que eu não vim aqui apenas para trabalhar. Tem todo um planejamento e nele está incluso o meu curso de administração de empresas. Eu sou uma pessoa bem ambiciosa e sonhadora, e quero muito conquistar o meu espaço nesse mundo. Meu nome Ludmila Ferber – Mila para os amigos mais próximos e os parentes, claro.
Samanta Para uma família com o alto escalão e dona de uma rede farmacêutica reconhecida no mundo inteiro o ideal seria nascer homem e assim assumir as empresas sem ser observado pelos olhos julgadores dos associados o tempo todo. Infelizmente Hugo Morissette – meu pai não teve essa sorte. O jovem CEO descobriu muito o cedo o sucesso de criar um dos melhores laboratórios e acabou se casando muito cedo também. Uma linda história de amor que eu conheço de cor. Contudo, uma história bem curta também, pois Leslie Morissette morreu na sala de parto. Ou seja, eu deveria ser duas vezes menos indesejada, mas o presidente da Morissette LTDA nunca me menosprezou por roubar a vida do seu grande amor e menos ainda por eu ter ousado nascer menina. Pelo contrário. Ele se doou para me educar e me amou incondicionalmente ao ponto de não se casar outra vez. Portanto, como gratidão me empenhei a vida inteira para lhe agradar. Fiz um curso de administração, outro de empreendedorismo e estudei três língua