Um diálogo necessário

Thomas, completamente colérico, andava em passos largos e firmes no corredor da empresa em direção à sala dele. Adentrou em sua sala enorme e sentou-se na cadeira, que se parecia mais com uma poltrona, de tão grande. 

Aguardava o Oliver. Logo ele chegou, entrou na sala e fechou a porta.

— Sente-se, por favor. — fixou os olhos no sobrinho.

— O que você gostaria de falar?

— Toda reunião do conselho, há um desentendimento entre você e o Enzo…

Oliver interrompeu o Thomas:

— Mas tio, você sabe dos desaforos que ele sempre causa! — ele estava exasperado.

— Não conclui o que estava falando. Atente-se em cada palavra que falarei. — disse estoicamente.

— Desculpa, tio. — diminuiu seu tom de voz, se atentando no que seu tio falaria.

— Discutir com o Enzo nas reuniões do conselho não mudará nada! — falava afrouxando a gravata. — Todavia, é necessário você tomar uma atitude perante a lei!  Oliver, não estou dialogando com um indivíduo, no qual desconhece os direitos e os deveres de um cidadão. As leis garantem a democracia e o respeito de todos. — Thomas abriu a gaveta da mesa e pegou um cartão. — Mediante os posicionamentos do Enzo, tomei duas decisões importantes. A primeira é a mais importante!

Colocou o cartão na mesa, que continha o contato de um advogado. E continuou:

— Conversei com o Clayton Smith. É um advogado de minha confiança. Converse com a Tainã, para ela abrir uma denúncia de injúria racial. No meu ponto de vista, vocês já deveriam ter resolvido isso!

— Pensei no bem da família. — Oliver tinha receio, pois o nome da família estaria, novamente, nos sites de fofocas.

— Pensou no bem da família? — indignado, Thomas se alterou. — Oliver, você vive em que realidade? A Tainã é a sua esposa! Você já parou para pensar como ela se sente?!

— Tio, por favor, tenha calma. — colocou as duas mãos a frente, tentando acalmá-lo.

— Calma, Oliver? Você está me pedindo para ter calma?! — franziu o cenho.

Não seria o momento ideal para contrariá-lo, até porque, ele tinha razão.

— Oliver, estamos falando da sua esposa. Essa atitude deveria partir de você! — irritado, bateu uma das mãos na mesa.

— Tio... Você considera o Enzo como filho. Tem certeza da sua decisão?

— O fato de considerá-lo como filho, não altera as falas ofensivas à dignidade da sua esposa. A Tainã é uma mulher com valores bem esclarecidos, caso você não tome uma atitude, eu mesmo conversarei com ela. Digo mais, se ele fosse o meu filho... Se ele fosse meu filho! — passou a mão no cabelo, colocando-o para atrás.

Thomas tentou manter a razão. Ele inspirou e soltou o ar lentamente.

 — Com certeza tomaria medidas, extremamente eficazes, nas quais ele nunca iria se esquecer. Se fosse necessário, o internaria num hospital psiquiátrico. — querendo finalizar com esse assunto, entregou o cartão sob a mesa. — Esse é o cartão do Clayton Smith, um dos melhores advogados do país. Ele não entrará nesta causa para perder!

— Mas se isso cair na mídia haverá uma repercussão negativa para os nossos negócios, principalmente, após o Enzo assumir o cargo de diretor-executivo.

Thomas levantou-se da cadeira e foi até a janela, onde podia ver a cidade inteira.

— Oliver, não confio no Enzo. Não darei nenhuma trégua a ele. Entre em contato com Clayton, já conversei com ele.  

— Tio, você tem certeza? — hesitou e perguntou mais uma vez.

— Tenho. Já conversei como Clayton. Agora se retire da minha sala, por favor.

Oliver estava pensativo. Ele se levantou da cadeira e andou em direção à porta, mas antes de abri-la, virou-se para o seu tio.

— Tio. Qual é outra decisão que o senhor tomou?

— Oliver! Apenas cuide do que te pedi. Retire-se, por favor, e quero que resolva essa questão o mais rápido possível.

— Entendido. Licença. — então, Oliver retirou-se. 

[…]

Tyler e Enzo permaneceram na sala de reunião, enquanto Thomas conversava com Oliver. Por Tyler ser o irmão mais velho de Enzo, estava preocupado e tentou aconselhá-lo:

— Enzo, o Thomas já está cansado das suas atitudes. Você precisa amadurecer. 

— Sério? Até você? — questionava de saco cheio.

— Enzo, estou falando sério! Sou seu irmão e me preocupo com você.

— Percebi. Inclusive na reunião de hoje. 

— Vou te dar outro toque. Se o nosso tio descobrir que você estava se envolvendo com a secretária dele, ainda no horário de trabalho. Nossa... Você ouvirá tanto! — bufou, negando com a cabeça.

— O Thomas nem suspeita da Evelyn; — falou convicto. — Ah, quanto os sermões dele, eu já sei como lidar.

— A Evelyn pode ser mandada embora.

— Isso já não é um problema meu. — levantou os ombros. — Ela não ficou comigo a força. — disse, se levantando da cadeira. — Inclusive, ela correspondeu muito bem as minhas expectativas. Se priorizasse tanto o emprego dela, não ficaria sem roupa na minha sala. 

— Quando você vai amadurecer? — Tyler o repreendeu. Mas para o seu irmão era indiferente.

— Fica tranquilo. Naquele dia, nosso tio estava no horário de almoço. — foi em direção à porta. — Sei me cuidar muito bem. Sugiro que cuide da sua vida! — saiu e deixou o Tyler sozinho na sala.

Tyler estava preocupado. Não sabia lidar com essas atitudes. Ainda mais, que o deixaria em Nova Iorque.

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