A Chelsea dormiu na casa da família Petta. Pela manhã, se levantou e se arrumou para ir trabalhar. Depois de estar pronta, desceu as escadas e foi à cozinha. Onde encontrou o Ronald preparando a mesa do café da manhã.
— Bom dia. — disse bem-humorada.
— Bom dia. Você dormiu bem?
— Sim. E você, Ronald?
— Também. Só fiquei preocupado com você. — respondeu educadamente e se sentou para tomar café da manhã.
— Por quê? — questionou sem entender e se sentou à frente dele.
Então eles se serviram e começaram a comer. A mesa estava repleta de delícias; panquecas com caldas, ovos mexidos e salada de frutas. Ronald havia caprichado.
— Chelsea... Eu sei que você está passando por um momento difícil. Quero poder te ajudar! Não esconda nada de mim e desabafe seus problemas.
— Ronald, sou muito grata a vocês. Mas acho que não adianta ficar me lamentando. Pois não resolverá os meus problemas. Você sabe que sempre fui uma mulher forte e independente. — falou calmamente.
— Quando você vender o carro, posso te buscar no serviço e te deixar em casa. — insistiu.
— Já disse, não quero atrapalhar!
— Só me atrapalha quando não lava a louça após o jantar. — brincou. — Mas ficaria muito feliz se a minha querida amiga aceitasse uma carona. Hoje te levo para o trabalho, hm?
— Ah, engraçadinho. — soltou uma risadinha. — Já que deixei o meu carro em casa... Aceito. — Ela comeu um pedaço da sua panqueca e continuou a conversa:
— Você quer fazer alguma coisa amanhã?
— Minhas férias acabaram, linda. Retornarei ao hospital amanhã.
— Verdade. Tinha me esquecido.
— E você? O que vai fazer amanhã? — perguntou.
— Amanhã estarei na associação da comunidade surda. — respondeu sorrindo.
— Acho incrível como você se dedica a língua de sinais!
— Sou apaixonada! — continuou empolgada. — A Suzzette me levou num evento chamado “Poetizando na língua de sinais”. Me lembro de todos os detalhes... Durante o evento, foi entregue um folheto para todos, que tinha o alfabeto da língua de sinais. E cada um só podia se apresentar por meio de sinais. Eu não sabia nada, fiquei preocupada em dizer alguma coisa errada. Mas depois desse meu primeiro contato, me apaixonei e comecei a aprender! Afinal, é um idioma que permite me comunicar com as pessoas surdas.
— Chelsea, sou seu amigo há anos e sei como você se empenhou. Inclusive, você já me contou essa história várias vezes.
— Meu coração enche de alegria quando falo sobre esse assunto.
— Depois de conviver com você, entendi importância da língua de sinais. Quantas vezes fui chamado por médicos para intermediar a conversa com surdos.
— Quero me tornar médica, justamente por isso. Precisamos nos colocar no lugar do outro. Imagina você precisar de um médico e não conseguir falar os seus sintomas? — protestou.
— Eu sei! A sociedade é tão preconceituosa. É necessário evoluir muito ainda... — E como vai a Suzzette? Ela continua viajando?
— Sim. Estou morrendo de saudades dela. Achei estranho de não ter me mandado nenhuma mensagem ontem.
— Provavelmente, estava ocupada. Ela confia muito em você com os projetos da comunidade.
— Meu primeiro contato com a comunidade foi através dela. Após a morte dos meus pais, ela me deu tanto suporte. Na verdade, fui acolhida por tantas pessoas. — os olhos dela ficou embargado, ao lembrar-se de um momento doloroso. Contudo, Ronald percebeu e mudou rapidamente de assunto.
— Ansiosa para iniciar as aulas?
— Muito! Já estou estudando alguns temas do curso. Você já está na área da enfermagem, será fácil para você.
— Sabe quem estuda na mesma universidade?
— Quem?
— Enzo Hofstadter, o sobrinho de Thomas. Acho que ele esta no último semestre de administração. Mas você sabia que ele vive em sites de fofoca, pelos comentários extremamente preconceituosos?
— Você acredita em site de fofoca? As informações não têm embasamento.
— Ele criticou o projeto do tio dele. Parece ser bem irresponsável!
— Você fala de um jeito, como se conhecesse. — ironizou.
— As falas dele são bem problemáticas. — Afirmou.
— Não acredito que ele iria criticar o projeto de Thomas. Estamos falando do tio dele. Isso é fake news. Tenho certeza!
— Você é tão ingênua, Chelsea. Termine o seu café, para não chegar atrasada.
[…]
Após tomarem o café da manhã, Ronald levou Chelsea à empresa Conceptos.
— Obrigada, Ronald.
— Não precisa agradecer. Tenha um ótimo dia.
A Chelsea saiu do carro e acenou para Ronald, com lindo sorriso no rosto, sendo correspondida pelo amigo. Entrou na empresa, cumprimentou os companheiros de trabalho e bateu o seu cartão.
Contudo, surpreendeu-se quando foi chamada na sala do dono da empresa. Logo, entrou na sala do senhor Richard e ele começou a conversar com ela, cordialmente. Quando Chelsea recebeu a notícia, que seria a atual secretaria dele, ficou impactada e confusa.
— Vou ser a sua secretaria? — perguntou, ainda incrédula.
— Isso mesmo. Tem experiência em seu currículo, é bilíngue e tenho convicção, que você é a melhor pessoa para o cargo. Graças a você fechei um contrato importante. É necessário termos funcionários capacitados! Trará uma visibilidade positiva para empresa.
— Obrigada, senhor.
— Ah! E o seu salário irá aumentar. Passe no RH da empresa e faça os exames necessários. Depois do almoço, aguardo você aqui no seu novo cargo;
Chelsea ficou muito feliz oportunidade e agradeceu: “Obrigada, senhor.”. Saiu da sala do senhor Richard e logo pensou, sorridente: “Que notícia boa! Meu salário aumentou.”
[...]
Para desempenhar sua nova função, a Chelsea passou no RH e foi ao hospital; no qual a empresa tinha um convênio, e fez todos os exames essenciais. Assim que retornou a empresa, tornou-se a secretaria executiva; responsável por auxiliar a alta administração da empresa. O trabalho dela era fazer organizações de eventos, agendas, reuniões, lidar com imprevistos e fazer a comunicação entre departamentos executivos.
O senhor Richard, ficou admirado pela eficiência e dedicação de Chelsea. Estava fora de cogitação ela ser mandada embora, pois efetuava um trabalho com maestria.
Chelsea agradeceu aos céus por haver um aumento no salário dela e ela não teria necessidade em vender o carro. Então, ligou para Ronald e compartilhou a notícia, que ficou muito feliz por sua amiga.
Os alunos foram convidados para o auditório da universidade. No palco estava o mestre de cerimônia, Leonard Hatori, que dava início ao ato solene.“Boa noite a todos. Saúdo a todas as autoridades que compõe para este feito, e a todos os alunos aqui presentes. É motivo de muita alegria, receber os novos alunos. Agradecemos a todos os discentes, que ousou a romper os desafios pós-pandemia. Também peço a todos que saudamos o Thomas Hofstadter, com grandes aplausos; responsável por iniciar e executar esse projeto significativo.Diante de um cenário tão ofensivo, após anos de pandemia e sucessivos cortes de verbas, a universidade NYU vive um momento de reconstrução e possui muitos desafios. Afinal, a pandemia afligiu o corpo pedagógico, em quase dois anos de afastamento, total ou parcial do ambiente escolar. Nesse período, os alunos e professores tiveram de aclimar-se a atividades remotas. Porém, a universidade NYU não ficou para atrás. Graças ao projeto elaborado pelo filantropo, Thomas
“A assinatura de um momento marcante, o seu olhar. Como pode ter um olhar doce e forte ao mesmo tempo? Instigante, porém confuso. Sempre fui e sou uma pessoa racional, mas nesse momento perdi a razão. Inusitado. Me perdi no seu olhar, mas não sei o porquê. Você também sentiu o mesmo? Acho que foi um sentimento unilateral.” Pensou, Thomas. E discretamente, se perdeu na imensidão do olhar de Chelsea. — Ela se aproximou dele e recebeu o buquê de flores. Ambos se entre olharam; os olhos dele eram tão intensos, que as maçãs do rosto dela ficaram avermelhadas: — Seja bem-vinda. — educadamente, estendeu as mãos e a cumprimentou. — Obrigada, senhor. — correspondeu ao aperto de mão e respondeu gentilmente. Chelsea estava radiante e muito feliz. Enfim, estaria realizando o seu grande sonho, de cursar medicina em uma universidade extremamente disputada. Em seguida, alguns fotógrafos que estavam tirando as fotos da cerimônia, se atentaram para Chelsea e Thomas: — Licença. — disse um fot
Enzo estava no estacionamento da universidade, segurando o capacete ao lado de sua moto vermelha, quando a voz estridente de Norah chamou sua atenção. Antes que pudesse reagir, sentiu seu braço ser puxado com urgência. Irritado, ele se virou e encontrou Norah, ofegante, com os olhos arregalados. — Ei, estou te chamando! — Afirmou Norah irritada. — Fala logo, Norah. Eu não tenho tempo para drama. — Enzo a olhou com certo desdém. Norah estava com tom ríspido, queria entender o motivo do playboy se interessar por uma bolsista. Por isso, foi atrás dele, para tirar satisfação. — O que está acontecendo com você? Vi você indo atrás daquela tal de Chelsea. Desde quando uma mulher daquele tipo te atrai? — ela o questionou, enciumada com certa futilidade. Com o capacete nas mãos, Enzo a olhou de maneira fria, franziu o cenho e, claramente irritado, passou a mão no cabelo bruscamente, bufando. — Norah — Ele respirou fundo, soltando o ar de maneira rápida. — Eu não sei se você lembra, mas n
Ronald achou um absurdo o comportamento corporal de Enzo, porém, voltou para conversa com sua amiga e o restante da turma. Por estar de carro, ofereceu uma carona para Chelsea. Mas como ela foi para a universidade dirigindo, agradeceu ao amigo, que em seguida se retirou.Glaucia e a Makeda continuaram conversando com a Chelsea, sobre o comportamento desse homem.— Você o conhece? — questionou Makeda.— Não. — respondeu também sem entender nada.— Mas que cara sem noção! Ele é sobrinho do Thomas Hofstadter. Enzo Hofstadter, conheço das mídias. Sempre envolvido em polêmicas... E pelo visto, são verdades. — disse Glaucia.— Achei desrespeitoso. — concordou Makeda.— Deixa quieto, meninas. Amanhã ele nem se lembrará de mim…Assim elas mudaram de assunto, conversando sobre a universidade.Depois de alguns minutos, Chelsea decidiu ir embora também. Ao chegar sozinha vasto estacionamento da universidade, sentiu-se um pouco desorientada. Ainda insegura ao dirigir, ela caminhava entre os carros
Após resolver a situação do veículo, Thomas pegou um táxi para encontrar-se com seu amigo de longa data, Clayton. Ao chegar, encontrou Clayton já acomodado à mesa de sempre, exibindo um sorriso acolhedor enquanto degustava seu suco habitual, fiel à sua fé protestante. Thomas sentou-se e pediu um uísque enquanto ouvia Clayton falar.— Meu caro, como tem estado? — Indagou Clayton, erguendo-se da cadeira e estendendo a mão com um gesto formal, típico de antigos tempos de convivência.— Estou bem, obrigado. No entanto, confesso que esperava a companhia de Bruna nesta ocasião. — Respondeu Thomas, com um olhar ponderado, demonstrando seu interesse e apreço pela presença do casal.— A Bruna está no Brasil, visitando a mãe dela. Não pude acompanha-la, pois estou resolvendo alguns assuntos pendentes relacionados à ONG e aguardo uma ligação do Oliver — Explicou Clayton, ciente de que seria o advogado designado para o caso de injúria racial envolvendo Thainã.O olhar de Thomas foi incisivo, e seu
Chelsea chegou em casa com os olhos inchados e o rosto ainda marcado pelas lágrimas. O carro quebrado parecia a última gota em um copo já transbordando de preocupações. Seu salário ajudava, mas não era suficiente para cobrir todas as despesas que se acumulavam. O conserto do seu veículo e do de Thomas representava um custo alto demais; os livros da universidade pesavam no orçamento, e o financiamento da casa permanecia como uma sombra constante. Embora Thomas tivesse garantido que assumiria todos os custos, Chelsea não conseguia se livrar da sensação de incerteza, hesitando em acreditar completamente em suas palavras.— O que eu farei? — Ela falou, com a voz embargada, enquanto enxugava as lágrimas, tomada pela angústia. — Estou sozinha! Sinto tanta falta dos meus pais. Quero concluir meu curso, ingressar na área da medicina, pagar o financiamento da casa dos meus pais.Chelsea entrou no quarto e olhou para o mural da família, onde havia várias fotos, tanto de seus pais quanto de Ronal
Chelsea Jones, formada em contabilidade, trabalha em uma empresa internacional, chamada Conceptos. Após a morte de seus pais, passou a morar sozinha, assumindo todas as dívidas do seu pai; inclusive o financiamento da casa, que era a sua prioridade no momento. Ela passou pelo luto, às pressões psicológicas do serviço, lidou com dificuldade financeira. Consequentemente, se deparou com a solidão. Apesar disso, nunca usou da situação para se diminuir. Agradecia aos seus pais, que sempre proporcionaram o melhor para a sua vida. No entanto, cansada da situação, ela resolveu lutar pelo seu sonho de infância, tornar-se médica obstetra. Passou em primeiro lugar na universidade de Nova Iorque. Por meio de um projeto criado por Thomas Hofstadter, que liberou verbas para a universidade. O intuito dele era de propor aos bolsistas acesso à educação, perante a um cenário difícil pós-pandêmico. Ela é autoconfiante, esforçada e intelectual. Embora seja tímida, tentava se dar bem com outras pessoas.
Numa noite chuvosa, William Hofstadter e sua esposa faleceram em um acidente de carro. Assim, o irmão mais novo de William, o Thomas, e a sua falecida esposa Alice, assumiram a guarda de seus sobrinhos; Tyler e Enzo. O casal proporcionou uma educação de qualidade para ambos; contudo, Thomas notava alguns sinais de desvio de carácter vindo da parte de Enzo. Anos se passaram e eles cresceram, passando a morar sozinhos e assumindo suas funções na empresa da família.A família Hofstadter desempenha em diversos negócios; tem toda responsabilidade na parte financeira e política, e possui lucros até com vinheiras. Thomas Hofstadter é o líder majoritário da empresa Hathcock. Tyler Hofstadter é o diretor-executivo, e o seu primo, Oliver Hofstadter é o vice-presidente.A empresa Hathcock é dividida entre os três familiares. Ela desenvolve e fabrica armas de fogo e equipamentos de defesa, de alta tecnologia. As produções são fornecidas ao governo, realizando alianças com países da geopolítica.T