Pela manhã, havia uma reunião entre os membros da família Hofstadter. Todos aguardavam o Enzo chegar na sala de reunião do conselho para iniciar a reunião. Mas como sempre, ele estava atrasado.
— Quando o Enzo vai criar responsabilidade? — falou Thomas irritado, batendo uma mão na mesa. — Tyler, você tem notícias do seu irmão?
— Tio, conversei com ele ontem. Provavelmente, ele está com Norah. — suspirou Tyler, decepcionado com seu irmão.
— Detesto atraso! Como confiarei o cargo de diretor-executivo para o Enzo? Nem chegar no horário, ele consegue.
— Nossa! Agora que você se tocou disso? — disse Oliver, impacientemente. — Não te entendo tio. Se eu fosse você, procuraria outra pessoa para o cargo!
— Oliver tem razão! O meu irmão, está sempre envolvido em polêmicas e não um pingo de responsabilidade.
Alguns minutos depois, Enzo chegou à sala de reuniões. Então, puxou uma das cadeiras e se sentou.
— Bom dia! — cumprimentou a todos, como se não estivesse acontecendo nada.
— Isso são horas para chegar, Enzo? Acha que não temos outros afazeres? — Thomas falava firmemente. — Estou cansado das suas irresponsabilidades! Mas isso irá mudar.
Geralmente, o Enzo era agressivo nas palavras. Todavia, quando se tratava de seu tio o reprendendo, continha-se. Era interesseiro e desejava o cargo para fins mal-intencionados. Sabia que se ousasse respondê-lo, haveria consequências.
— Onde você estava Enzo? — perguntou Thomas.
— Peguei muito trânsito... — respondeu evitando contato visual com seu tio.
Enzo detestava receber lições de moral. Além de achar extremamente entediante as reuniões formais.
— Começaremos a nossa reunião. — Thomas fez uma breve introdução, apresentando as pautas da reunião ordenadas conforme suas prioridades.
[...]
— Enzo, eu estava olhando algumas notícias, que você está em destaque, da pior maneira possível. Aqui diz que você criticou o projeto sobre desigualdade social, que me coloquei a favor. — falou Thomas, com uma veia saltada na testa e com entonação gutural.
— Eu particularmente não entendo você, tio! — Enzo respondeu com cinismo. — Liberar verba para bolsistas? Para minoria? Não é só o seu dinheiro que está envolvido! Temos um nome a zelar, e não aceito tirar dinheiro do meu bolso para pessoas que nem conheço. — disse prepotente.
— É? — respondeu Thomas, com leve sorriso no canto dos lábios, ironizando. — Não é necessária tamanha preocupação. As verbas liberadas para universidade, não prejudicará sua renda.
— Acho bom mesmo! — Enzo menosprezou os envolvidos.
De forma franca, Tyler contestou:
— Certo. Temos que zelar o nome da nossa família, e parece que você não está muito consciente disso. Afinal, sempre você está envolvido em polêmicas. Até onde você quer chegar com essas atitudes?!
Thomas cruzou os braços, inspirou e soltou o ar lentamente, mantendo-se criterioso, logo respondeu:
— A riqueza não se mede pelos bens que se possui, mas sim, pelo bem que se faz. A maior riqueza é aquela que não se consolida em bens materiais, mas em valores, que elevam nossa dignidade... Passaremos para próxima pauta. — seguiu com a reunião. — Mediante a tantos problemas, tomei algumas decisões. A partir da próxima semana, você vai começar a trabalhar acompanhando o Tyler. — disse seriamente sobre a sua decisão. — O Tyler vai elaborar um relatório me mantendo atualizado. Absolutamente de tudo, até da sua respiração. Falta um semestre para concluir o curso. Será bom para você ir adquirindo experiência.
— Não concordo! — debateu o playboy indignado. — Já desenvolvo e faço os desenhos de armas. Como vou ter tempo para estudar e trabalhar com a parte burocrática de Tyler?
Logo o Oliver toma partido em defesa de Thomas:
— Ah, para Enzo! Você é quem tem menos lugar de fala aqui! Você é um delinquente desmiolado sem perspectivas do futuro. Da minha parte, o meu “não” já é garantido! Pode até ser um excelente armeiro, mas não tem competência para assumir nenhum o cargo da empresa.
— Sério? Que novidade! — ironizou a situação.
Enzo não estava contente com a reunião. Então começou a envolver outros assuntos pessoais mal resolvidos entre eles.
— Oliver, meu querido primo! — Pronunciava, pausadamente com um sorriso sarcástico. — Logo você casado com alguém da minoria. Como que aceitaram esse tipo de gente na nossa família?
O clima começou a ficar tenso, Tyler se manteve silencioso, até que Thomas tomou o controle da situação:
— Chega! — Assuntos de cunho pessoal não cabem no momento. Enzo coloque-se no teu lugar. — ordenou.
— É sempre assim! Esse merda do Oliver pode falar o que qui... — Enzo, foi interrompido pelo seu tio.
— Na próxima vez que você cometer injuria racial contra a Tainã, ou causar algum constrangimento às pessoas de grupos minoritários, por causa do nome da nossa família... — Thomas falava pausadamente, trincando seu maxilar, de nervoso. — Farei questão de procurar um advogado. E mesmo sendo o seu tio, lutarei para te ver na cadeia! Estamos conversados Enzo? Vou precisar desenhar?! Não abuse da minha paciência! — enfatizou. — Sejamos civilizados, estou cansado de repetir essas questões.
— Tio, eu tenho meus direitos na empresa! — expressou o playboy indignado.
— Justamente! Por você ter seus direitos, começará a exercer seus deveres. Caso você não realize suas obrigações, o conselho irá reunir-se para propor a venda da sua parte na empresa, pois planejamos comprar as suas ações. Veja um valor adequado e, compraremos de você. Não vou mais tolerar suas atitudes problemáticas. – continuou sendo severo. — Ah! E você não é único que desenvolve modelos de armamento. Não seja tão prepotente. Está vendo os membros sentados nesta sala? — Thomas, perguntou, segurando uma caneta de ouro, apontando para cada integrante presente.
— Estou. — tentou manter-se equilibrado.
— Então, Enzo, gostaria dê lembrá-lo algo importante; para você assumir o cargo que tanto pretende, precisará obter votos dos membros aqui presentes. Visto que você não possui credibilidade com ninguém. Dito isso, afirmo que se você se envolver em quaisquer desavenças e se expor perante a mídia inadequadamente, pode esquecer a possibilidade de assumir o cargo de diretor-executivo. — comprometeu-se diante de todos.
— Mas… — Enzo foi novamente interrompido pelo seu tio.
— Devido ao seu “atraso”, Enzo, não trataremos de outras questões necessárias ao respeito dos fornecedores. Portanto, declaro essa reunião encerrada! — Thomas, levantou-se e retirou-se do local, sem paciência.
Thomas, completamente colérico, andava em passos largos e firmes no corredor da empresa em direção à sala dele. Adentrou em sua sala enorme e sentou-se na cadeira, que se parecia mais com uma poltrona, de tão grande. Aguardava o Oliver. Logo ele chegou, entrou na sala e fechou a porta.— Sente-se, por favor. — fixou os olhos no sobrinho.— O que você gostaria de falar?— Toda reunião do conselho, há um desentendimento entre você e o Enzo…Oliver interrompeu o Thomas:— Mas tio, você sabe dos desaforos que ele sempre causa! — ele estava exasperado.— Não conclui o que estava falando. Atente-se em cada palavra que falarei. — disse estoicamente.— Desculpa, tio. — diminuiu seu tom de voz, se atentando no que seu tio falaria.— Discutir com o Enzo nas reuniões do conselho não mudará nada! — falava afrouxando a gravata. — Todavia, é necessário você tomar uma atitude perante a lei! Oliver, não estou dialogando com um indivíduo, no qual desconhece os direitos e os deveres de um cidadão. As
A Chelsea dormiu na casa da família Petta. Pela manhã, se levantou e se arrumou para ir trabalhar. Depois de estar pronta, desceu as escadas e foi à cozinha. Onde encontrou o Ronald preparando a mesa do café da manhã.— Bom dia. — disse bem-humorada.— Bom dia. Você dormiu bem? — Sim. E você, Ronald?— Também. Só fiquei preocupado com você. — respondeu educadamente e se sentou para tomar café da manhã.— Por quê? — questionou sem entender e se sentou à frente dele.Então eles se serviram e começaram a comer. A mesa estava repleta de delícias; panquecas com caldas, ovos mexidos e salada de frutas. Ronald havia caprichado. — Chelsea... Eu sei que você está passando por um momento difícil. Quero poder te ajudar! Não esconda nada de mim e desabafe seus problemas.— Ronald, sou muito grata a vocês. Mas acho que não adianta ficar me lamentando. Pois não resolverá os meus problemas. Você sabe que sempre fui uma mulher forte e independente. — falou calmamente.— Quando você vender o carro,
Os alunos foram convidados para o auditório da universidade. No palco estava o mestre de cerimônia, Leonard Hatori, que dava início ao ato solene.“Boa noite a todos. Saúdo a todas as autoridades que compõe para este feito, e a todos os alunos aqui presentes. É motivo de muita alegria, receber os novos alunos. Agradecemos a todos os discentes, que ousou a romper os desafios pós-pandemia. Também peço a todos que saudamos o Thomas Hofstadter, com grandes aplausos; responsável por iniciar e executar esse projeto significativo.Diante de um cenário tão ofensivo, após anos de pandemia e sucessivos cortes de verbas, a universidade NYU vive um momento de reconstrução e possui muitos desafios. Afinal, a pandemia afligiu o corpo pedagógico, em quase dois anos de afastamento, total ou parcial do ambiente escolar. Nesse período, os alunos e professores tiveram de aclimar-se a atividades remotas. Porém, a universidade NYU não ficou para atrás. Graças ao projeto elaborado pelo filantropo, Thomas
“A assinatura de um momento marcante, o seu olhar. Como pode ter um olhar doce e forte ao mesmo tempo? Instigante, porém confuso. Sempre fui e sou uma pessoa racional, mas nesse momento perdi a razão. Inusitado. Me perdi no seu olhar, mas não sei o porquê. Você também sentiu o mesmo? Acho que foi um sentimento unilateral.” Pensou, Thomas. E discretamente, se perdeu na imensidão do olhar de Chelsea. — Ela se aproximou dele e recebeu o buquê de flores. Ambos se entre olharam; os olhos dele eram tão intensos, que as maçãs do rosto dela ficaram avermelhadas: — Seja bem-vinda. — educadamente, estendeu as mãos e a cumprimentou. — Obrigada, senhor. — correspondeu ao aperto de mão e respondeu gentilmente. Chelsea estava radiante e muito feliz. Enfim, estaria realizando o seu grande sonho, de cursar medicina em uma universidade extremamente disputada. Em seguida, alguns fotógrafos que estavam tirando as fotos da cerimônia, se atentaram para Chelsea e Thomas: — Licença. — disse um fot
Enzo estava no estacionamento da universidade, segurando o capacete ao lado de sua moto vermelha, quando a voz estridente de Norah chamou sua atenção. Antes que pudesse reagir, sentiu seu braço ser puxado com urgência. Irritado, ele se virou e encontrou Norah, ofegante, com os olhos arregalados. — Ei, estou te chamando! — Afirmou Norah irritada. — Fala logo, Norah. Eu não tenho tempo para drama. — Enzo a olhou com certo desdém. Norah estava com tom ríspido, queria entender o motivo do playboy se interessar por uma bolsista. Por isso, foi atrás dele, para tirar satisfação. — O que está acontecendo com você? Vi você indo atrás daquela tal de Chelsea. Desde quando uma mulher daquele tipo te atrai? — ela o questionou, enciumada com certa futilidade. Com o capacete nas mãos, Enzo a olhou de maneira fria, franziu o cenho e, claramente irritado, passou a mão no cabelo bruscamente, bufando. — Norah — Ele respirou fundo, soltando o ar de maneira rápida. — Eu não sei se você lembra, mas n
Ronald achou um absurdo o comportamento corporal de Enzo, porém, voltou para conversa com sua amiga e o restante da turma. Por estar de carro, ofereceu uma carona para Chelsea. Mas como ela foi para a universidade dirigindo, agradeceu ao amigo, que em seguida se retirou.Glaucia e a Makeda continuaram conversando com a Chelsea, sobre o comportamento desse homem.— Você o conhece? — questionou Makeda.— Não. — respondeu também sem entender nada.— Mas que cara sem noção! Ele é sobrinho do Thomas Hofstadter. Enzo Hofstadter, conheço das mídias. Sempre envolvido em polêmicas... E pelo visto, são verdades. — disse Glaucia.— Achei desrespeitoso. — concordou Makeda.— Deixa quieto, meninas. Amanhã ele nem se lembrará de mim…Assim elas mudaram de assunto, conversando sobre a universidade.Depois de alguns minutos, Chelsea decidiu ir embora também. Ao chegar sozinha vasto estacionamento da universidade, sentiu-se um pouco desorientada. Ainda insegura ao dirigir, ela caminhava entre os carros
Após resolver a situação do veículo, Thomas pegou um táxi para encontrar-se com seu amigo de longa data, Clayton. Ao chegar, encontrou Clayton já acomodado à mesa de sempre, exibindo um sorriso acolhedor enquanto degustava seu suco habitual, fiel à sua fé protestante. Thomas sentou-se e pediu um uísque enquanto ouvia Clayton falar.— Meu caro, como tem estado? — Indagou Clayton, erguendo-se da cadeira e estendendo a mão com um gesto formal, típico de antigos tempos de convivência.— Estou bem, obrigado. No entanto, confesso que esperava a companhia de Bruna nesta ocasião. — Respondeu Thomas, com um olhar ponderado, demonstrando seu interesse e apreço pela presença do casal.— A Bruna está no Brasil, visitando a mãe dela. Não pude acompanha-la, pois estou resolvendo alguns assuntos pendentes relacionados à ONG e aguardo uma ligação do Oliver — Explicou Clayton, ciente de que seria o advogado designado para o caso de injúria racial envolvendo Thainã.O olhar de Thomas foi incisivo, e seu
Chelsea chegou em casa com os olhos inchados e o rosto ainda marcado pelas lágrimas. O carro quebrado parecia a última gota em um copo já transbordando de preocupações. Seu salário ajudava, mas não era suficiente para cobrir todas as despesas que se acumulavam. O conserto do seu veículo e do de Thomas representava um custo alto demais; os livros da universidade pesavam no orçamento, e o financiamento da casa permanecia como uma sombra constante. Embora Thomas tivesse garantido que assumiria todos os custos, Chelsea não conseguia se livrar da sensação de incerteza, hesitando em acreditar completamente em suas palavras.— O que eu farei? — Ela falou, com a voz embargada, enquanto enxugava as lágrimas, tomada pela angústia. — Estou sozinha! Sinto tanta falta dos meus pais. Quero concluir meu curso, ingressar na área da medicina, pagar o financiamento da casa dos meus pais.Chelsea entrou no quarto e olhou para o mural da família, onde havia várias fotos, tanto de seus pais quanto de Ronal