Quando percebi os olhos dele nos meus, perguntei, um pouco encabulada, tentando me justificar:- Estava tentando identificar a cor dos seus olhos.- Oficialmente verdes. – Sorriu gentilmente. – Embora algumas pessoas achem que são azuis.- Eu achei que eram azuis. – Bati a mão na perna, sabendo que tinha errado.- Azuis são os seus. – Observou.- Iguais os da minha mãe... E da minha avó. – Fiz questão de falar, orgulhosa.- Senhor, já faz meia hora... – o homem que o acompanhava falou. – Não está cansado? Quer que eu relembre que o senhor está aqui?- Não precisa. – Ele levantou a mão, confirmando que estava bem.A cadeira de rodas dele era enorme e tinha vários botões. Certamente de última geração.- Não sei qual é o seu horário, mas pode passar na minha frente se quiser. Não tenho nada para fazer mesmo... Sou uma desempregada. – Sorri da minha condição.- Estou aguardando o resultado de alguns exames. Não tenho pressa também.- Eu... Bem... Nunca vi um homem ir ao Ginecologista. Eu
- Oi.- Oi. – Ela me falou, sem olhar na minha cara, continuando o que estava a fazer.- O que eu faço se encontrei algo no elevador?- Se não for dinheiro, leve para a seção de “achados e perdidos”, no segundo andar. – Ela seguiu no computador, sem demonstrar interesse no que eu dizia. - E se for dinheiro? – perguntei por curiosidade.Ela me encarou então, com cara de poucos amigos:- Daí deixe aqui comigo.Enruguei a testa. Que descarada! Certo que se era dinheiro, pegaria para ela.- Encontrou algo? – ela questionou, agora interessada.- Sim... – peguei uma moeda que não valia quase nada e entreguei para ela.Ela pegou a moeda, olhou, rolou-a sobre a mão e disse:- Pode ficar para você. – Sorriu debochadamente.Não é uma moeda, sua idiota. Achei uma carteira do senhor Allan C. Mas você não é confiável. Eu mesma vou devolver, de um jeito ou de outro. Ele era um senhor tão gentil. Certamente estava preocupado, afinal, todos os seus cartões estavam ali. Quem não ficaria? Ainda mais c
- Quando o lugar é fora de rota, não se chama carona e sim favor. – Ben me disse, olhando pelo retrovisor.- Me erra, Ben. Está com ciúmes?- Eu? Imagina!- O que houve entre vocês dois hoje? – Tony perguntou, rindo. – Ei, quem fez este estrago na frente do prédio? – olhou meu belo presente dado por Heitor Casanova pichado na fachada.- O que houve entre nós hoje? Tirando o fato de que minha amiga está fazendo merda, nada. Quando ao elogio na fachada do prédio, é para Babi. – Riu ironicamente. – Depois explico melhor.- Hum, você dizendo isso, Ben? – ele olhou para meu amigo.- Então, pra eu dizer isso, imagina o tamanho da merda que ela vai fazer, Tony.Começamos a rir.Assim que entramos no bairro mais rico de Noriah Norte e fui dando as coordenadas do endereço, Tony perguntou:- Ei, Babi, onde você vai, afinal?- Na casa de Allan Casanova.- O que você vai fazer na casa de Allan Casanova?- É uma longa história. Depois Ben explica para você. – falei, percebendo que estávamos chega
- Você a conhece? – a mulher olhou para Anon 1.Ele assentiu, com a cabeça.- O senhor Casanova mandou que a moça entre. – disse Anon 2.Ela saiu da minha frente, a contragosto. Dei um sorrisinho irônico e não pude deixar de alfinetar:- Sou íntima dos Anon’s. – Pisquei.Entrei, acompanhada dos dois seguranças gigantescos, um de cada lado, fazendo-me sentir ainda mais baixa do que já era. Eu nem alcançava nos ombros deles.- Ok, Anon 1 cuida do Casanova filho.- Anon 2 do Casanova pai. Estou certa? – sorri, puxando assunto.- Não... Eu não me chamo Anon. – disse Anon 2. – Sou Otávio.- Me desculpe, Otávio. Segurança do senhor Casanova, isso?Ele assentiu, com cara de poucos amigos.- Eu reconheci você. Pois bem, encontrei a carteira do senhor Allan Casanova no elevador e vim entregar-lhe pessoalmente. Sabe como é...- Me acompanhe, senhorita? – Anon 2 não lembrou meu nome.- Bongiove. – Anon 1 respondeu por mim.De que adiantava mesmo eu dizer que meu sobrenome era Novaes? O homem jur
- Querida, esta é Bárbara Novaes. – disse Allan Casanova, enquanto a mulher se posicionava ao lado dele. – Ela encontrou minha carteira e veio entregar.- Boa noite, Bárbara. Sou Celine Casanova. – Apresentou-se, me entregando a mão como se fosse para eu beijar.Segurei a ponta dos dedos dela e levei para cima e para baixo, incerta se era assim que se cumprimentava uma mulher rica.Ele ficou observando minha mão movendo a dela e quando soltei, olhou para os próprios dedos, parecendo ficar com nojo. Meu Deus, como ela era diferente do marido. Mas certamente agora eu sabia de onde Heitor Casanova tinha herdado o jeito esnobe de ser. Mamãe Casanova não fazia questão de ser simpática.- Ela disse isso? – Heitor riu, sarcasticamente. – E você acreditou nela, pai? – ele me olhou.- Não estou entendendo... – olhei diretamente nos olhos dele.- Pai, certamente esta mulher roubou a sua carteira.- Eu não acredito que está me acusando. Está querendo o que? Me botar na cadeia de novo?- Como ass
- Me desculpe... Se machuquei seu braço. – Ele me soltou. – Não foi minha intenção.- Me desculpe por ter quase encrencado você com sua namorada.Ele me olhou e por um momento eu fiquei sem saber exatamente como agir. Porque eu não queria ter me desculpado. Mas a forma como ele pediu desculpas foi tão diferente de como sempre me tratou que me pegou de surpresa.- Venha, Bárbara. – Allan disse, já distante de mim.- Vou ver o que seu pai quer... E prometo deixá-lo em paz. – Sorri.Virei e segui Allan. Realmente eu não queria mais confusão com Heitor e mais ninguém da sua família. Eu devia ter ouvido Ben e não ter ido pessoalmente até ali entregar a carteira.Enquanto andava atrás de Allan, pedi:- Posso levar sua cadeira?- Levar minha cadeira de rodas? – ele riu. – Me viro bem, obrigada.- Agora que me dei em conta que ela anda sozinha. Eu nem sabia que existia isso. Tampouco...Parei de falar quando percebi que tinha um elevador dentro da casa dos Casanova. Ele abriu a porta e entrei
- Allan, eu preciso ir. – levantei. – Já é tarde. Foi um prazer conhecê-lo... E confesso que gostei de você antes mesmo de saber quem realmente era. O tempo passou e nem percebi... Ouvindo suas histórias.- Também gostei de você, Bárbara. Fazia um bom tempo que eu não encontrava alguém real... E honesta.- Desculpe meus maus modos lá embaixo com seu filho. Mas às vezes não me controlo. Sofri tanto no passado que hoje não aceito ser tratada de forma ofensiva. Não pretendo voltar aqui, mas se um dia quiser bater um papo, pode me ligar... E quem sabe ir até a minha casa.Ele riu:- Vou indicar você para a vaga na North B.Fiquei olhando para ele, tentando manter minha cabeça em ordem e não falar besteira.- Eu... Agradeço. Mas não posso aceitar.- A vaga é para uma pessoa exatamente como você, Bárbara. Que saiba exatamente o que as pessoas pensam, que tenha um sexto sentido...- Eu não trabalharia com seu filho...- Posso deixá-la longe dele, se quiser.- Allan, seria como você me pagar
Peguei a garrafa da mão dele.- Agora tente de novo, com as duas mãos. Você consegue. É homem... Deve ter força pelo menos. É o mínimo...- Não sou um homem acostumado a fazer força, senhorita Novaes. Ao menos não para abrir elevadores. – Me olhou, sarcástico.- E como pretende abrir a porta do elevador, se não vai usar sua força? Acha que ele obedecerá a seus belos dedos? – ironizei.Ele olhou para os próprios dedos e depois para mim:- Fico impressionada com a forma como me observa e sabe tudo sobre mim, “Bárbara”.- Senhorita Novaes, por favor. – Pedi. – Sem intimidades.- B-á-r-b-a-r-a. – ele soletrou vagarosamente, para me irritar.- Pois bem, “H-e-i-t-o-r”, saia daí que eu vou abrir esta porcaria.Coloquei a garrafa no chão e tentei abrir a porta, usando toda a minha força. Mas não tinha nem como enfiar os dedos na fenda, de tão pequena.- Use seu celular, porra. – falei para ele.- Não está comigo. – Se escorou na parede de vidro, cruzando os braços.Abri minha bolsa e peguei o