O Dr. Delta caminhava pelo seu pequeno laboratório improvisado no subterrâneo de Westfield. A cada dia, o odor de esgoto e os bichos peçonhentos o incomodavam menos. Também não o incomodava o calor extremo que fazia embaixo da terra. A base subterrânea e improvisada da Organização Ômega era agora o seu lar. Ele se sentia satisfeito, pois todos os resultados dos seus estudos e projetos haviam alcançado os resultados desejados. O vírus Orpheu era um sucesso absoluto e o fator de contágio rápido era o principal atrativo de venda para os mais poderosos líderes militares do planeta. O Dr. Delta havia conseguido já muitos contatos em diversos países e o Orpheu já vinha sendo constantemente requisitado. A Coréia do Norte alegava estar disposta a pagar qualquer preço por algumas maletas com amostragens do vírus. Tão logo os líderes militares assistiram aos vídeos que mostravam o poder de combate dos infectados, o e-mail da Organização Ômega foi bombardeado por pedidos de envio de amostragens
A noite chegava mais uma vez. Em poucos minutos, as trevas prevalecerão sobre Westfield, dificultando a visão dos vivos e facilitando a caça para os mortos. Os Carnívoros não se importavam com a falta de luz ou de visão. A fome passou a guiá-los. Cada forma de vida representava momentos de prazer temporário. Eles não possuíam mais paladar. Mesmo aqueles que em vida tinham um refinado gosto alimentar abandonaram tal luxo e passaram a procurar por carne incansavelmente. Não sentiam mais dor, não sentiam mais frio e tampouco tristeza ou solidão. Eles sentiam fome, somente fome. Mesmo que devorassem a população de uma grande metrópole, ainda assim não iriam estar satisfeitos. Estavam condenados a não mais sentir o alívio da morte. Condenados a não ter mais sentimentos, a não ser mais capazes de tomar qualquer decisão. Estavam vivos, porém inconscientes e famintos. E assim estariam por toda a eternidade. Ela sabia muito bem disso. Testemunhou os efeitos do vírus Orpheu em toda a sua magni
Após a súbita explosão, o Dodge Ram acabou ficando de cabeça para baixo, porém os seus três ocupantes sobreviveram milagrosamente, apenas com ferimentos leves. Alex conseguiu mexer o seu pescoço e virou-se para as suas companheiras.— Vocês estão bem?Annchi e Beatrice assentiram com a cabeça, mas ainda gemiam de dor. Estavam totalmente desconfortáveis, pois o veículo capotou por duas vezes repentinamente, fazendo com que todos machucassem coluna, ombro e pescoço. Alex se esforçou para redobrar a perna de modo que conseguisse chutar a porta do motorista para que essa pudesse abrir, nem que fosse com um espaço mínimo para eles saíssem do carro e seguissem a pé para o hospital. Após quatro pancadas, a porta finalmente se abriu. Ele se esgueirou entre o painel, o câmbio e o volante para conseguir colocar seu corpo para fora e desse modo ajudar suas companheiras a também sair. Porém, antes que Alex pudesse ficar de pé do lado de fora e respirar sem que seus pulmões fossem comprimidos, el
Sahyd Youssef ouviu todo o ocorrido envolvendo a criação do vírus Orpheu e também de todo o plano ardiloso do doutor Delta. Annchi Zhang não lhe poupou detalhes, pois queria se livrar de toda a acusação imposta pelo cientista na imprensa. Sahyd manteve o silêncio por alguns instantes e finalmente comentou:— O que você me contou faz todo o sentido! Entretanto, você deve ter ciência de que o mundo todo está no seu encalço! Como pretende fugir ou se esconder?— Não pretendo fugir! - respondeu Annchi, sem hesitar - Também tenho responsabilidade em toda essa tragédia, mesmo que indiretamente! Eu desconfiei daquele desgraçado e de todo aquele segredo no laboratório. Mesmo assim, não tomei nenhuma atitude e aconteceu o que aconteceu. Mas por enquanto eu preciso encontrar uma forma de conter essa ameaça e provar ao mundo que a Organização Ômega é a principal responsável por tudo isso! Depois que tudo estiver esclarecido, posso até pegar pena de morte, isso não me importa! Sempre vivi sozinha
Os veículos militares estacionaram na frente do grupo e notaram que, assim como os próprios soldados, todos portavam alguma arma. A julgar pela quantidade de cadáveres ao chão, ficou claro que uma batalha havia acontecido há pouco. Entretanto, o fato não desviou o foco do sargento Bruce Anderson, que foi o primeiro a descer de seu veículo, empunhando sua pistola na direção de Annchi Zhang, que estava mais à frente. — Doutora Annchi Zhang, eu suponho! A senhora vem com a gente, e eu não vou ordenar mais uma vez! Annchi manteve uma expressão de indiferença mediante à hostilidade do soldado. A Ruger continuava abaixada, ao lado da sua cintura. — Se está aqui por causa do pronunciamento do doutor Brandon Davis, saiba que está cometendo um terrível engano! Não sou a causadora de tudo o que está acontecendo! — A mim, isso pouco importa! - retrucou o sargento Bruce - Alguém precisa ser responsabilizado por toda essa tragédia! A senhora trabalha para a Organização Ômega e sabia do desenvo
O disparo vindo repentinamente do desconhecido colocou todos em estado de alerta, tanto os soldados do sargento Bruce Anderson quanto o grupo de sobreviventes. O ferimento na mão de Frank Macallister ardia mais a cada segundo e a única reação na qual ele foi capaz de pensar naquele momento foi se agachar próximo à pick-up para se proteger dos próximos disparos do atirador desconhecido. Por outro lado, Alex estava prestes a sinalizar para que seus companheiros também corressem para se proteger, porém Sahyd fez um sinal com a mão, como se dissesse para que eles não se preocupassem. Bruce, que estava agachado, levantou -se cautelosamente, mas se escondeu de imediato quando um outro tiro atingiu o chassi do veículo que naquele momento servia de trincheira. Os outros soldados, que não haviam corrido à tempo, foram abatidos por disparos certeiros em suas cabeças. — Malditos! - murmurou Bruce - Acabei subestimando essas pessoas. Do outro lado do veículo, Frank estremecia de dor. O sangue h
Annchi estava prestes a concluir a sua explicação a respeito das possíveis mutações do vírus Orpheu quando sentiu repentinamente uma dor terrivelmente intensa em sua perna ferida na ocasião da queda do helicóptero. A dor veio com uma intensidade que ela não sentira até então. Annchi deu um grito estridente de agonia, o que espantou todo o grupo. Alex correu ao seu encontro e a amparou, pousando a mão esquerda em suas costas. — Annchi, o que aconteceu? A sua perna está...Rapidamente, porém com cuidado, Alex levantou um pouco a perna da calça de Annchi e o que ele viu causou-lhe grande pavor. O ferimento estava gravemente infeccionado e voltou a sangrar. Como não havia sido tratado anteriormente, uma bactéria se alojou no ferimento, causando um espalhamento da infecção em toda a perna da virologista, espalhando-se até chegar próximo à sua virilha. Solomon Locke também se aproximou da jovem e analisou o ferimento. Seu olhar era técnico e a sua expressão não era de modo algum animadora.
O doutor Brendon Davis estivera poucas vezes tão satisfeito quanto aquele exato momento. Após dias se escondendo no subterrâneo de Westfield, enfim pôde enxergar a primeira oportunidade de elaborar um plano de ataque. Ele sabia que não iria se arrepender por confiar uma missão tão importante à ex-agente da inteligência chinesa Mia Zhang. Embora fosse mãe de sua atual maior inimiga Annchi Zhang, Mia estava sendo indiscutivelmente mais eficiente do que os seus colegas cientistas e o doutor Delta decidiu que não iria abrir mão do auxílio da agente. Havia de fato a remota possibilidade de ele se arrepender da parceria, mas por ora ele estava orgulhoso. Estava realmente satisfeito por ter acabado de receber de Mia a informação do paradeiro de Annchi Zhang, além de também saber que ela está acompanhada por um pequeno grupo de sobrevivência, se refugiando no hospital de Westfield. Brandon também soube que o sargento Bruce Anderson falhara na captura da virologista. Era de se esperar, pois a