Annchi estava prestes a concluir a sua explicação a respeito das possíveis mutações do vírus Orpheu quando sentiu repentinamente uma dor terrivelmente intensa em sua perna ferida na ocasião da queda do helicóptero. A dor veio com uma intensidade que ela não sentira até então. Annchi deu um grito estridente de agonia, o que espantou todo o grupo. Alex correu ao seu encontro e a amparou, pousando a mão esquerda em suas costas. — Annchi, o que aconteceu? A sua perna está...Rapidamente, porém com cuidado, Alex levantou um pouco a perna da calça de Annchi e o que ele viu causou-lhe grande pavor. O ferimento estava gravemente infeccionado e voltou a sangrar. Como não havia sido tratado anteriormente, uma bactéria se alojou no ferimento, causando um espalhamento da infecção em toda a perna da virologista, espalhando-se até chegar próximo à sua virilha. Solomon Locke também se aproximou da jovem e analisou o ferimento. Seu olhar era técnico e a sua expressão não era de modo algum animadora.
O doutor Brendon Davis estivera poucas vezes tão satisfeito quanto aquele exato momento. Após dias se escondendo no subterrâneo de Westfield, enfim pôde enxergar a primeira oportunidade de elaborar um plano de ataque. Ele sabia que não iria se arrepender por confiar uma missão tão importante à ex-agente da inteligência chinesa Mia Zhang. Embora fosse mãe de sua atual maior inimiga Annchi Zhang, Mia estava sendo indiscutivelmente mais eficiente do que os seus colegas cientistas e o doutor Delta decidiu que não iria abrir mão do auxílio da agente. Havia de fato a remota possibilidade de ele se arrepender da parceria, mas por ora ele estava orgulhoso. Estava realmente satisfeito por ter acabado de receber de Mia a informação do paradeiro de Annchi Zhang, além de também saber que ela está acompanhada por um pequeno grupo de sobrevivência, se refugiando no hospital de Westfield. Brandon também soube que o sargento Bruce Anderson falhara na captura da virologista. Era de se esperar, pois a
O Jeep Renegade avançava agora a sessenta por hora e o cão infectado, que estava agarrado a um pequeno buraco no vidro quebrado do para-brisa causado pelos constantes golpes de sua pata, permanecia firme em seu propósito de devorar as presas dentro do veículo. Entretanto, Alex Stevens já havia sacado a sua Magnum recém-carregada e olhou pelo retrovisor lateral e pelos arredores da estrada procurando por alguma outra criatura que pudesse surpreendê-lo assim como acontecera com Sahyd. Além de todo o lixo na estrada, não havia mais nada no caminho, portanto Alex se posicionou com firmeza para fora da janela do passageiro e mirou a cabeça do cão. Diferente dos mortos-vivos humanos, o animal se movia muito rápido, o que acabou causando um pouco de dificuldade para Alex conseguir atingir o seu alvo. Em seu treinamento militar de muitos anos, Alex aprendeu que quanto mais o alvo estivesse agitado, mais ele deveria permanecer calmo e controlar a sua respiração. Normalmente, assaltantes de ba
Após conseguirem o antibiótico para tratar o ferimento da doutora Annchi Zhang, o grupo deixou a câmara fria e voltou para o Jeep Renegade. Sahyd olhou uma última vez para os arredores e girou a chave no contato. Entretanto, ele imaginou ter ouvido um som curioso, vindo de muito longe. Era algo como uma música, mas por estar distante ele concluiu não ser nada além de sua imaginação. Até ouvir a pergunta de Beatrice.— Vocês estão ouvindo isso?— Eu estou - respondeu Lance - Parece uma música e está vindo de longe.— Maldição! - praguejou Alex - Isso vai atrair os monstros. Mas quem será o imbecil?— Temos que ir até lá e fazer com que parem com esse barulho - concluiu Sahyd - Se isso continuar, em poucos minutos uma horda de mortos-vivos vai migrar para perto do hospital.Sahyd pegou uma saída à direita e dirigiu estrada à frente, tentando identificar de onde vinha o som. Meio quilômetro depois, a música podia ser ouvida claramente. We Will Rock You, da banda Queen estava sendo tocada
Dylan...O que fizeram com você?Dilaceraram a sua alma.Roubaram a sua infância.Transformaram você em um agente do medo. Você, que não causava medo algum a ninguém.Ainda é você, Dylan?Você ainda tem medo?Beatrice Murray não conseguia reagir a estímulo algum, depois de ouvir as palavras cruéis da doutora Kassandra Winslet. Ela mencionou o nome de Dylan de uma maneira tão trivial, tão fria e tão maldosa. Em momento algum ela teve empatia pelo menino que ele era, e tampouco pelo que ele poderia estar sentindo, se é que ainda sentisse algo. Ela não conseguia ouvir Alex e Sahyd gritando para que ela saísse do caminho do monstro, pois ele estava prestes a esmagá-la com dois dos quatro braços. Ela tentava olhar nos olhos da criatura e enxergar Dylan, mas nada parecia ter sobrado dele, a não ser resquícios distantes de lembranças de sua vida tão curta. A criatura sacudiu a cabeça com força, aparentemente se livrando do seu lado humano e sem hesitar, instou os seus braços para baixo, com
Um ano antes...O orfanato de Westfield era considerado por muitos a última esperança para crianças e jovens que perderam os pais ou então foram abandonados pelos mais diversos motivos. Fosse por falta de condições financeiras de uma mãe solteira, fosse por arrependimento tardio de uma gravidez que sempre foi indesejada e que acabara tomando todo o tempo de uma mulher que desejava aproveitar o máximo da juventude ou até mesmo por uma criança que fugiu de casa sem planos traçados e que não desejava voltar por medo da violência e dos maus tratos dos pais. A despeito do que se esperava, era um orfanato improvisado. Tratava-se de uma casa simples, de quatro cômodos e apenas um banheiro. A cozinha precisava de uma reforma e o teto necessitava de uma pintura, pois a umidade havia tomado conta por completo. No entanto, a falta de condições e as necessidades financeiras não eram capazes de desanimar a jovem Beatrice Murray, que amava crianças, especialmente órfãos e se dedicava de corpo e al
A doutora Annchi Zhang finalmente adormeceu após tomar um antiinflamatório administrado por Solomon Locke. O ferimento em sua perna estava cada vez mais grave e Alex e os outros ainda não haviam retornado com o antibiótico. Ele levou Annchi para a antiga sala de observação e ali deitou a cientista para que ela ao menos se recuperasse da dor. Solomon estranhou muito a demora do grupo e decidiu preparar seu rifle de precisão para sair e averiguar o que pode ter ocorrido. Ele equipou novamente o silenciador e carregou o com mais quatro balas, o que o deixou com munição completa. Solomon fechou o quarto de observação e se dirigia ao saguão principal quando ouviu uma música extremamente alta do lado de fora. O som aumentava a cada segundo e o barulho do motor de um carro em alta velocidade também pôde ser ouvido.— Mas que diabos...?Solomon destravou o rifle e saiu cuidadosamente pela porta, passando pelo estacionamento e chegando ao portão principal. Ao passar para o lado de fora, ele av
Era claramente visível o conflito existente entre as duas mulheres, que apontavam seus revólveres na direção uma da outra. Apesar de toda a situação vivida pelas duas nos últimos dias, parecia que aquela não era a primeira ocasião em que Annchi Zhang e Kassandra Winslet se degladiavam. Elas se entreolhavam friamente, como se uma conhecesse a alma da outra, como se cada uma delas soubesse o ponto fraco da inimiga. Então, identificando todos esses fatos em poucos segundos, Solomon Locke abaixou o seu rifle e deixou que as duas mulheres resolvesse o que quer que fosse. — Pelo que estou vendo, você não se encontra em condições de me desafiar, doutora Zhang! - exclamou Kassandra, claramente se referindo à perna de Annchi. — Sabe muito bem que mesmo um ferimento como esse não vai poder me impedir de incriminar vocês por tudo o que estão fazendo. A Organização Ômega já realizou incontáveis atrocidades, mas isso já foi longe demais, Kassandra! Mesmo se tratando de você, é um crime brutal de