A horda de mortos-vivos, cães e abutres infectados se dissolvia rapidamente com o ataque do Kraken-Dylan que, furiosamente, esmagava e pisoteava as criaturas, limpando a estrada até a biblioteca Vale do Eclipse. Beatrice parecia passar os comandos de ataque ao monstro que, para surpresa de todos, obedecia a jovem e por incrível que pudesse parecer, poupava os sobreviventes de seu ataque. Kai correu até perto do Kraken e gritou para o alto. — Pirralha! Desce já desse bicho!— Está tudo bem! — respondeu Beatrice — Eu acabei descobrindo que consigo me comunicar com o sistema nervoso de Dylan. É mais uma característica do Orpheu! — E como foi que você descobriu isso?— Eu não sei! — ela respondeu, se segurando firme para não cair das costas de Dylan — Eu só pensei em tentar e deu certo! Dylan avançou uma vez mais, abatendo outro grupo de Carnívoros. Outra pequena horda surgiu correndo na direção do embate, ao que Alex iniciou um contra-ataque, disparando com a Magnum diretamente nos cr
O Marco Zero de Westfield era um amplo espaço, onde uma infinidade de eventos e reuniões culturais eram realizadas, acolhendo autoridades de outras cidades e também de nações que buscavam referências culturais e econômicas. Não havia um dia em que o paço do Marco Zero não estivesse repleto de pessoas. Quando não havia eventos, os jovens gostavam de ocupar o espaço para jogar conversa fora, tocar violão e contar mentiras que jovens contam. Após o surgimento do vírus Orpheu, porém, o Marco Zero se transformou em uma espécie de mausoléu melancólico. Não havia mais ninguém no espaço cultural e, como se não bastasse, a atmosfera do lugar era extremamente pesada, tornando o paço praticamente impossível de se permanecer. Alex pôde sentir a tristeza no ambiente onde enfim ele e seu grupo se encontravam. Após uma batalha terrível contra os Carnívoros, ele via que a meta estava ali, à sua frente. A chave para o antivírus estava dentro do prédio da biblioteca, ou pelo menos, Alex esperava que
A fumaça tóxica aos poucos ia se dissipando, movida também pela força da hélice do helicóptero que se distanciava. Aos poucos, o mundo ficava visível novamente, enquanto os sobreviventes tentavam controlar a respiração e, na medida do possível, voltar a enxergar o que ocorria ao seu redor. Tracey Murray recobrava a consciência lentamente e tentava lutar contra a própria fadiga. Quando enfim conseguiu se levantar, percorria os espaços que eram visíveis em meio à fumaça. Ela esfregava os olhos, que ainda ardiam. Sua garganta parecia pegar fogo e seus pulmões doíam tanto que pareciam prestes a explodir. Mesmo com todo o sofrimento, ela gritava pela irmã.— BEATRICE! BEA! ONDE VOCÊ TÁ? BEA!O silêncio que se seguiu foi perturbador. Tracey percorria desesperada com o olhar todo o ambiente ao redor. Nem sinal da irmã e nem de Kai. Lágrimas se acumularam em seus olhos ressecados. Ela já não conseguia controlar o soluço. Por fim, ajoelhou-se no chão e deixou de resistir ao pranto. Annchi corr
Na imersão da pouca luz que iluminava o laboratório da Ômega, o doutor Lee Lim permanecia sentado diante de sua escrivaninha improvisada observando toda a rotina dos arredores através de drones equipados com câmeras de última geração. Seus olhos estavam atentos através da máscara da tragédia que ele usava desde que chegou a Westfield. O cômodo estava em um silêncio agradável, interrompido apenas pelo leve silvo causado pela eletricidade que corria pelas lâmpadas. Passos decididos em direção ao seu escritório interromperam o silêncio. O zunido do cartão de acesso à porta automática foi seguido pela abertura. O doutor Lim não ergueu o rosto mascarado. Apenas os seus olhos se moveram na direção da figura da agente Mia Zhang, que se aproximava de sua mesa. O homem se manteve em silêncio e esperou que ela falasse. — Creio que já deva saber... eles já chegaram à porta da biblioteca!— Previsível... Com toda a certeza, possuem muita determinação e não descansarão até conseguirem o que desej
Diante da incerteza sobre o progresso da missão, o grupo se entreolhava diante das portas da biblioteca Vale do Eclipse. Pela primeira vez desde o início da Transformação, todos ali se encontravam inseguros, com exceção de uma pessoa. Tracey Murray se adiantou, passou por seus companheiros e se dirigiu à porta do prédio. Sahyd indagou. — Tracey... o que vai fazer?A garota olhou para trás, encarando cada um dos seus companheiros, com olhar de certa indignação. — Enquanto vocês discutem sobre quem está mentindo ou não, aqueles monstros estão fazendo sabe-se-lá-o-quê com minha irmã e com Kai. Como se tudo isso que estamos vivendo já não fosse uma armadilha na qual já estamos presos há muito tempo. Ninguém do grupo protestou. Todos permaneceram em silêncio e não tinham coragem de olhar nos olhos de Tracey.— Me desculpem, pessoal... mas se ainda vão continuar pensando sobre entrar nesse prédio ou não, mesmo depois de tudo o que passamos, eu vou sozinha! Vou tentar não morrer e se caso
O corpo do horrendo cão de duas cabeças jazia morto, sob o imenso lustre que estava agora em pedaços. Tracey caiu de joelhos, a fadiga estava quase a dominando completamente. Alex, Annchi e os outros correram ao seu encontro e o grupo estava reunido novamente. Os mortos-vivos que os perseguiam foram derrotados, mas isso não significava que a batalha fora vencida. O barulho do lustre caindo com certeza atrairia mais monstros em breve e, a julgar pela variante do Ômega que estava presente nos cientistas contaminados, uma outra horda já estaria perseguindo os sobreviventes em poucos instantes. O grupo se apressou em continuar percorrendo o corredor. Nada de Carnívoros até aquele momento e finalmente o elevador de carga já estava à vista. O elevador era nada mais do que uma plataforma de alumínio suspensa, sustentada por grossos cabos de aço e a operação de subir e descer era feita em um painel digital, inserido em uma espécie de pedestal improvisado. O grupo subiu na plataforma e se cer
Se a cena no salão de conservação de arquivos fosse ser descrita em uma palavra, grotesco com certeza seria o termo correto. O soldado Bruce Anderson, morto cruelmente pela aranha gigante, jazia em sua pata como se fosse um verme grudado em sua pele. Lady Octopussy sacudiu a pata de maneira assustadora uma única vez e o corpo de Bruce foi lançado com toda a força contra a parede do lado oposto. Aquilo que era um soldado deslizou em uma poça de sangue lentamente entre a parede e o solo, finalmente se deitando para sempre. Enfurecidos, Alex, Sahyd, Annchi e Solomon disparavam contra o monstro, que sentia o corpo arder com o calor das balas. É inútil, pensou Tracey, vendo claramente que a aranha jamais seria vencida por armas comuns. Ela percorreu o olhar pelo salão à procura de uma estratégia. E não demorou muito para que ela encontrasse uma garrafa de solvente embaixo de uma das escrivaninhas. Tracey olhou para Lady Octopussy e, vendo que ela estava distraída, correu agachada até a me
O túnel que ligava a biblioteca de Westfield e o centro de operações da Ômega era incrivelmente extenso e não iluminado. Somente algumas lâmpadas improvisadas, penduradas de qualquer maneira no teto da caverna, iluminavam o trecho, além do nível de oxigênio ser assustadoramente baixo. O grupo corria pelo túnel evitando falar e todos controlavam a respiração para que o desgaste não os surpreendesse. Alguns mortos-vivos enlouquecidos surgiam pelo caminho, como se quisessem aproveitar o pouco espaço para encurralar suas presas. Alex e os outros utilizavam armas brancas para conter a ameaça. Na medida do possível, se esquivavam dos ataques dos Carnívoros e metiam as facas de combate abaixo das jugulares das criaturas, fazendo com que seus crânios fossem perfurados por dentro. As armas de fogo eram usadas somente quando três ou mais monstros efetuavam um ataque combinado, não deixando muitas opções de defesa. O grupo avançava à medida que nocauteva os monstros, e isso contribuiu para que