O amanhecer apontava sobre as terras que sustentavam os destroços de Westfield. Os primeiros raios de sol atravessavam a densa névoa gerada pela poluição, fazendo com que o calor aumentasse, se tornando próximo ao insuportável. Além do ar extremamente pesado, o cheiro de morte estava presente em praticamente todos os lugares. Nenhum raio de sol havia chegado ao paço próximo à biblioteca "Vale do Eclipse". Na porta de entrada da biblioteca, a doutora Kassandra Winslet, de braços cruzados, observava enquanto Mia Zhang caminhava lentamente em direção ao prédio. Claramente, Kassandra tinha a intenção de bloquear a entrada da agente secreta, que continuava se aproximando, até que subiu tranquilamente os três degraus que davam acesso às portas duplas da biblioteca. Ela parou em frente à Kassandra, que sorriu de maneira sarcástico e exclamou:— Apesar do desprazer de sua presença, estou muito feliz em vê-la. Isso só prova que eu estava certa o tempo inteiro... você nos traiu está trabalhando
A horda de mortos-vivos, cães e abutres infectados se dissolvia rapidamente com o ataque do Kraken-Dylan que, furiosamente, esmagava e pisoteava as criaturas, limpando a estrada até a biblioteca Vale do Eclipse. Beatrice parecia passar os comandos de ataque ao monstro que, para surpresa de todos, obedecia a jovem e por incrível que pudesse parecer, poupava os sobreviventes de seu ataque. Kai correu até perto do Kraken e gritou para o alto. — Pirralha! Desce já desse bicho!— Está tudo bem! — respondeu Beatrice — Eu acabei descobrindo que consigo me comunicar com o sistema nervoso de Dylan. É mais uma característica do Orpheu! — E como foi que você descobriu isso?— Eu não sei! — ela respondeu, se segurando firme para não cair das costas de Dylan — Eu só pensei em tentar e deu certo! Dylan avançou uma vez mais, abatendo outro grupo de Carnívoros. Outra pequena horda surgiu correndo na direção do embate, ao que Alex iniciou um contra-ataque, disparando com a Magnum diretamente nos cr
O Marco Zero de Westfield era um amplo espaço, onde uma infinidade de eventos e reuniões culturais eram realizadas, acolhendo autoridades de outras cidades e também de nações que buscavam referências culturais e econômicas. Não havia um dia em que o paço do Marco Zero não estivesse repleto de pessoas. Quando não havia eventos, os jovens gostavam de ocupar o espaço para jogar conversa fora, tocar violão e contar mentiras que jovens contam. Após o surgimento do vírus Orpheu, porém, o Marco Zero se transformou em uma espécie de mausoléu melancólico. Não havia mais ninguém no espaço cultural e, como se não bastasse, a atmosfera do lugar era extremamente pesada, tornando o paço praticamente impossível de se permanecer. Alex pôde sentir a tristeza no ambiente onde enfim ele e seu grupo se encontravam. Após uma batalha terrível contra os Carnívoros, ele via que a meta estava ali, à sua frente. A chave para o antivírus estava dentro do prédio da biblioteca, ou pelo menos, Alex esperava que
A fumaça tóxica aos poucos ia se dissipando, movida também pela força da hélice do helicóptero que se distanciava. Aos poucos, o mundo ficava visível novamente, enquanto os sobreviventes tentavam controlar a respiração e, na medida do possível, voltar a enxergar o que ocorria ao seu redor. Tracey Murray recobrava a consciência lentamente e tentava lutar contra a própria fadiga. Quando enfim conseguiu se levantar, percorria os espaços que eram visíveis em meio à fumaça. Ela esfregava os olhos, que ainda ardiam. Sua garganta parecia pegar fogo e seus pulmões doíam tanto que pareciam prestes a explodir. Mesmo com todo o sofrimento, ela gritava pela irmã.— BEATRICE! BEA! ONDE VOCÊ TÁ? BEA!O silêncio que se seguiu foi perturbador. Tracey percorria desesperada com o olhar todo o ambiente ao redor. Nem sinal da irmã e nem de Kai. Lágrimas se acumularam em seus olhos ressecados. Ela já não conseguia controlar o soluço. Por fim, ajoelhou-se no chão e deixou de resistir ao pranto. Annchi corr
Na imersão da pouca luz que iluminava o laboratório da Ômega, o doutor Lee Lim permanecia sentado diante de sua escrivaninha improvisada observando toda a rotina dos arredores através de drones equipados com câmeras de última geração. Seus olhos estavam atentos através da máscara da tragédia que ele usava desde que chegou a Westfield. O cômodo estava em um silêncio agradável, interrompido apenas pelo leve silvo causado pela eletricidade que corria pelas lâmpadas. Passos decididos em direção ao seu escritório interromperam o silêncio. O zunido do cartão de acesso à porta automática foi seguido pela abertura. O doutor Lim não ergueu o rosto mascarado. Apenas os seus olhos se moveram na direção da figura da agente Mia Zhang, que se aproximava de sua mesa. O homem se manteve em silêncio e esperou que ela falasse. — Creio que já deva saber... eles já chegaram à porta da biblioteca!— Previsível... Com toda a certeza, possuem muita determinação e não descansarão até conseguirem o que desej
Diante da incerteza sobre o progresso da missão, o grupo se entreolhava diante das portas da biblioteca Vale do Eclipse. Pela primeira vez desde o início da Transformação, todos ali se encontravam inseguros, com exceção de uma pessoa. Tracey Murray se adiantou, passou por seus companheiros e se dirigiu à porta do prédio. Sahyd indagou. — Tracey... o que vai fazer?A garota olhou para trás, encarando cada um dos seus companheiros, com olhar de certa indignação. — Enquanto vocês discutem sobre quem está mentindo ou não, aqueles monstros estão fazendo sabe-se-lá-o-quê com minha irmã e com Kai. Como se tudo isso que estamos vivendo já não fosse uma armadilha na qual já estamos presos há muito tempo. Ninguém do grupo protestou. Todos permaneceram em silêncio e não tinham coragem de olhar nos olhos de Tracey.— Me desculpem, pessoal... mas se ainda vão continuar pensando sobre entrar nesse prédio ou não, mesmo depois de tudo o que passamos, eu vou sozinha! Vou tentar não morrer e se caso
O corpo do horrendo cão de duas cabeças jazia morto, sob o imenso lustre que estava agora em pedaços. Tracey caiu de joelhos, a fadiga estava quase a dominando completamente. Alex, Annchi e os outros correram ao seu encontro e o grupo estava reunido novamente. Os mortos-vivos que os perseguiam foram derrotados, mas isso não significava que a batalha fora vencida. O barulho do lustre caindo com certeza atrairia mais monstros em breve e, a julgar pela variante do Ômega que estava presente nos cientistas contaminados, uma outra horda já estaria perseguindo os sobreviventes em poucos instantes. O grupo se apressou em continuar percorrendo o corredor. Nada de Carnívoros até aquele momento e finalmente o elevador de carga já estava à vista. O elevador era nada mais do que uma plataforma de alumínio suspensa, sustentada por grossos cabos de aço e a operação de subir e descer era feita em um painel digital, inserido em uma espécie de pedestal improvisado. O grupo subiu na plataforma e se cer
Se a cena no salão de conservação de arquivos fosse ser descrita em uma palavra, grotesco com certeza seria o termo correto. O soldado Bruce Anderson, morto cruelmente pela aranha gigante, jazia em sua pata como se fosse um verme grudado em sua pele. Lady Octopussy sacudiu a pata de maneira assustadora uma única vez e o corpo de Bruce foi lançado com toda a força contra a parede do lado oposto. Aquilo que era um soldado deslizou em uma poça de sangue lentamente entre a parede e o solo, finalmente se deitando para sempre. Enfurecidos, Alex, Sahyd, Annchi e Solomon disparavam contra o monstro, que sentia o corpo arder com o calor das balas. É inútil, pensou Tracey, vendo claramente que a aranha jamais seria vencida por armas comuns. Ela percorreu o olhar pelo salão à procura de uma estratégia. E não demorou muito para que ela encontrasse uma garrafa de solvente embaixo de uma das escrivaninhas. Tracey olhou para Lady Octopussy e, vendo que ela estava distraída, correu agachada até a me