Após testemunhar o desastre na casa de Alex, que agora estava destruída, o grupo decidiu que o melhor a fazer naquele momento era se dirigir ao hospital de Westfield para tentar encontrar medicamentos, itens de sobrevivência e, se derem sorte, alimentos em supermercados e lojas de conveniência pelo caminho. Estavam todos em silêncio, cansados e desolados. Pela janela do carro, viam que nada mais restou da grande metrópole. As ruas estavam tomadas de lixo e algumas casas tinham paredes salpicadas de sangue. Tudo estava certo, exceto por algum morto-vivo que perambulava aqui e ali. Alex se mantinha atento ao medidor de combustível. Aquele detalhe era crucial, pois àquela altura, as pessoas que sobreviveram já deviam ter corrido alucinadas para abastecerem seus veículos. E pelo que Alex observava, todos os postos de combustível estavam em ruínas e suas bombas foram destruídas. O grupo calculou, pelos suprimentos e munição que coletaram na casa de Alex, que era possível tentar descansar p
Um ano antes...Beatrice Murray decidiu, em uma das raras ocasiões, fazer uma pausa em seu trabalho no orfanato de Westfield para comer um lanche no Larry's, uma lanchonete muito frequentada pelos jovens que estudavam em uma escola próxima dali. Não estava sendo um mês fácil para Beatrice. As dívidas do orfanato vinham aumentando e como se tratava de um estabelecimento que não recebia verba do governo, ela tinha que arrecadar doações para manter a casa que agora abrigava quase trinta crianças. Entretanto, Westfield estava enfrentando uma grave crise financeira. A inflação mundial havia subido exponencialmente e os preços dos alimentos e insumos em geral tiveram um grande aumento de preço nos últimos dias. Como consequência, as famílias não se sentiam seguras em fazer doações com a mesma frequência de antes. Além de trabalhar no orfanato, Beatrice também era artista plástica. Ela desenvolvia logomarcas e artes para campanhas publicitárias de grandes empresas. Ela não recebia exatament
A cada instante, a horda gigante parecia aumentar e se aproximava, trazendo o terror e o perigo. O grupo estava totalmente cercado e sem rota de fuga. Annchi Zhang não sabia se mantinha a mira da Magnum nos Carnívoros mais próximos ou no motoqueiro desconhecido, que ainda estava deitado ao chão, rendido por Alex. O ladrão aproveitou que Alex voltou sua atenção à horda por um milissegundo e aplicou uma joelhada na virilha do policial, que instintivamente se afastou, deixando o motoqueiro livre. Ele se levantou rapidamente e em um movimento de pura técnica, levou a mão às suas costas e sacou a sua espada, posicionando-a em mãos como um verdadeiro samurai. Imediatamente, Annchi apontou a Ruger para ele. — Não se mexa! Você ainda está rendido!— Acho que todos nós estamos, moça! - disse o ladrão, apontando com a cabeça para a horda - Vamos acabar logo com isso! Quero sua comida, seu dinheiro, caso o tenha e também suas armas! Com o carro vocês podem ficar, eu prefiro as duas rodas!— Por
O Dr. Delta caminhava pelo seu pequeno laboratório improvisado no subterrâneo de Westfield. A cada dia, o odor de esgoto e os bichos peçonhentos o incomodavam menos. Também não o incomodava o calor extremo que fazia embaixo da terra. A base subterrânea e improvisada da Organização Ômega era agora o seu lar. Ele se sentia satisfeito, pois todos os resultados dos seus estudos e projetos haviam alcançado os resultados desejados. O vírus Orpheu era um sucesso absoluto e o fator de contágio rápido era o principal atrativo de venda para os mais poderosos líderes militares do planeta. O Dr. Delta havia conseguido já muitos contatos em diversos países e o Orpheu já vinha sendo constantemente requisitado. A Coréia do Norte alegava estar disposta a pagar qualquer preço por algumas maletas com amostragens do vírus. Tão logo os líderes militares assistiram aos vídeos que mostravam o poder de combate dos infectados, o e-mail da Organização Ômega foi bombardeado por pedidos de envio de amostragens
A noite chegava mais uma vez. Em poucos minutos, as trevas prevalecerão sobre Westfield, dificultando a visão dos vivos e facilitando a caça para os mortos. Os Carnívoros não se importavam com a falta de luz ou de visão. A fome passou a guiá-los. Cada forma de vida representava momentos de prazer temporário. Eles não possuíam mais paladar. Mesmo aqueles que em vida tinham um refinado gosto alimentar abandonaram tal luxo e passaram a procurar por carne incansavelmente. Não sentiam mais dor, não sentiam mais frio e tampouco tristeza ou solidão. Eles sentiam fome, somente fome. Mesmo que devorassem a população de uma grande metrópole, ainda assim não iriam estar satisfeitos. Estavam condenados a não mais sentir o alívio da morte. Condenados a não ter mais sentimentos, a não ser mais capazes de tomar qualquer decisão. Estavam vivos, porém inconscientes e famintos. E assim estariam por toda a eternidade. Ela sabia muito bem disso. Testemunhou os efeitos do vírus Orpheu em toda a sua magni
Após a súbita explosão, o Dodge Ram acabou ficando de cabeça para baixo, porém os seus três ocupantes sobreviveram milagrosamente, apenas com ferimentos leves. Alex conseguiu mexer o seu pescoço e virou-se para as suas companheiras.— Vocês estão bem?Annchi e Beatrice assentiram com a cabeça, mas ainda gemiam de dor. Estavam totalmente desconfortáveis, pois o veículo capotou por duas vezes repentinamente, fazendo com que todos machucassem coluna, ombro e pescoço. Alex se esforçou para redobrar a perna de modo que conseguisse chutar a porta do motorista para que essa pudesse abrir, nem que fosse com um espaço mínimo para eles saíssem do carro e seguissem a pé para o hospital. Após quatro pancadas, a porta finalmente se abriu. Ele se esgueirou entre o painel, o câmbio e o volante para conseguir colocar seu corpo para fora e desse modo ajudar suas companheiras a também sair. Porém, antes que Alex pudesse ficar de pé do lado de fora e respirar sem que seus pulmões fossem comprimidos, el
Sahyd Youssef ouviu todo o ocorrido envolvendo a criação do vírus Orpheu e também de todo o plano ardiloso do doutor Delta. Annchi Zhang não lhe poupou detalhes, pois queria se livrar de toda a acusação imposta pelo cientista na imprensa. Sahyd manteve o silêncio por alguns instantes e finalmente comentou:— O que você me contou faz todo o sentido! Entretanto, você deve ter ciência de que o mundo todo está no seu encalço! Como pretende fugir ou se esconder?— Não pretendo fugir! - respondeu Annchi, sem hesitar - Também tenho responsabilidade em toda essa tragédia, mesmo que indiretamente! Eu desconfiei daquele desgraçado e de todo aquele segredo no laboratório. Mesmo assim, não tomei nenhuma atitude e aconteceu o que aconteceu. Mas por enquanto eu preciso encontrar uma forma de conter essa ameaça e provar ao mundo que a Organização Ômega é a principal responsável por tudo isso! Depois que tudo estiver esclarecido, posso até pegar pena de morte, isso não me importa! Sempre vivi sozinha
Os veículos militares estacionaram na frente do grupo e notaram que, assim como os próprios soldados, todos portavam alguma arma. A julgar pela quantidade de cadáveres ao chão, ficou claro que uma batalha havia acontecido há pouco. Entretanto, o fato não desviou o foco do sargento Bruce Anderson, que foi o primeiro a descer de seu veículo, empunhando sua pistola na direção de Annchi Zhang, que estava mais à frente. — Doutora Annchi Zhang, eu suponho! A senhora vem com a gente, e eu não vou ordenar mais uma vez! Annchi manteve uma expressão de indiferença mediante à hostilidade do soldado. A Ruger continuava abaixada, ao lado da sua cintura. — Se está aqui por causa do pronunciamento do doutor Brandon Davis, saiba que está cometendo um terrível engano! Não sou a causadora de tudo o que está acontecendo! — A mim, isso pouco importa! - retrucou o sargento Bruce - Alguém precisa ser responsabilizado por toda essa tragédia! A senhora trabalha para a Organização Ômega e sabia do desenvo