“ Eu entendo tudo o que você passou, seus problemas.
Mas só em saber que você era um homem da noite, eu não consigo imaginar uma vida ao seu lado. Sinto muito. Mas saiba que eu te amo.
Geovana.”
Por um lado, eu estava magoado, mas por outro eu sabia que era melhor assim, eu não queria ver o olhar dela sabendo que eu só tinha mais quatro meses de vida.
Bem, eu matei um cara uma vez. Ele era um tremendo cuzão, um tolo e infeliz. Foi um homicídio perfeito, as pessoas pensaram que foi um acidente. Mas ninguém ingere dois frascos inteiros de clonazepam por acidente. Se eu me arrependo? Claro que não. Não, eu não sou um assassino, sou um amante do equilíbrio. O velho tem que morrer para o novo nascer, é a harmonia que envolve todas as coisas. Sou Ulisses Santorine e vou contar os fatos que aconteceram comigo a partir daquele dia. Sabe a frase que diz, espera eu vou me lembrar… Você goza quando goza do sexo? E se eu disser que aqui eu só gozo quando fumo após gozar? Confuso? Acompanhe então… Eu quase morri uma vez, pra alguns eu já estou morto. Na verdade, eu estou apenas existindo dentro dessa carcaça móvel, que eu chamo de corpo. Preciso constantemente de remédios para controlar minha ansiedade e a minha maldita depressão, sem contar com o alcoólatra que vive dentro de mim. Sou Théo Rodrigues e vou contar um pouco da minha história. Naquela segunda acordei cedo, parecia que eu havia apagado novamente em cima do sofá. Estava fedendo a bebida, vestido com roupas caras, vi que tinha marcas de batom no meu pescoço, um perfume forte e feminino na minha camisa. Percebi que a noite passada tinha rendido pra caramba. Acordei aquela noite. Acordei irritado. Havia passado mais de vinte minutos e eu ainda não estava pronto pra cair na maravilhosa noite de segunda, além disso minhas mãos estavam meladas de esperma. Tive imediatamente que tirar aquela camisa ridícula com cheiro de perfume barato e cigarro vagabundo, aquele jeans desbotado e aquele calçado de mendigo, além de claro, colocar aquele óculos brega num lugar muito distante de mim. Tomei rapidamente um banho, não deu tempo eu tirar os pelos ao redor do meu saco. Mas pr Eu sou Théo
Vida noturna
Acordei aquela terça. Acordei sem motivação. Estava novamente com roupas que não me recordava ter vestido. As tirei e coloquei em cima da máquina de lavar, eu não sabia muito bem onde ele guardava suas roupas, então as deixava lá e quando a moça ia fazer a faxina ela as lavava, as passava e as deixava na lavanderia da casa. Eu dizia que era do cara que dividia o apê comigo e que ele não gostava muito de mexessem nas coisas dele, então ela só fazia o necessário. Tomei banho, vesti roupas diferenciadas, aquele dia coloquei um pulôver azul-escuro por cima de uma camisa social branca e listrada, era pra ficar mais apresentável na reunião vocacionaria. Bem, eu era um professo
Até que enfim o verme entendeu que eu tenho que trabalhar. Pensei! Olhei para a escrivaninha e vi minha caríssima garrafa do antigo bourbon quase seca. — Viado! — Eu disse. Porra, eu não mexia nas porcarias dele, por que ele não poderia se dar ao respeito de não mexer nas minhas? Que se foda! Terminei o uísque que ainda sobrou. Ao lado estava cheio de papéis. Percebi que o merda havia voltado a escrever. Aquele palhaço, pensei. Precisava imediatamente de um banho pra
Acordei aquela manhã. Acordei pro trabalho. Olhei ao redor e estava uma bagunça da porra, mulheres nuas e seminuas umas jogadas em cima das outras. Ele trepou com uma delas em cima da minha cama. Uma garota se levantou e do nada me beijou, estava com mau hálito do caralho, quase vomitei. Disse pra ela acordar as demais e darem o fora da minha casa. Elas estranharam meu comportamento. Eu estava furioso, acabaram com meus cereais e meu estoque de cervejas. Além de ter deixado meu apartamento numa imundice só. O maldito do Ulisses tinha que pagar por aquilo, de uma forma ou de outra.
Naquela noite vi que o filho da puta não havia respeitado o nosso horário, estava sentindo gosto de guaraná na boca, ou era açaí? Não me recordava. Percebi logo que ele havia tomado um energético. Maldito sacana, pensei. No entanto, o apartamento estava limpo e cheiroso. O puto do Théo fez o serviço, com toda certeza ele ficou chateadinho, mas aquele merda nem se deu o trabalho de tirar a porra da roupa ridícula e suada, que fedia a vergonha e fracasso. Fui ao banheiro, tomei um bom banho, lavei meu belo falo e me vesti adequadamente, como um homem d
Acordei quase nove da manhã, deveria estar no trabalho as sete, olhei o celular e havia dezenas de ligações do colégio. Estava fudido, Ulisses havia ferrado comigo. Vi no tapete, cinzas de papel e minha calça ao lado. Olhei os bolsos e o poema havia sumido. Xinguei aquele bastardo de todos os nomes possíveis, passei quase uma tarde inteira tentando escrever aquilo e aquele boçal queimou. Caminhei até o guarda-volume e lá estava a mensagem dele. Ignorei e me concentrei na desculpa que eu daria pra o diretor e a tenente, não vinha nada na cabeça.