Olhei por cima do ombro pedindo para alguma divindade que eu só estivesse delirando e que aquela voz não fosse realmente a dele.Contudo, Travis estava bem ali, parado no meio da loja, e diferente do que pensei, não estava com aquela cara linda e provocativa, de quem está prestes a fazer merda de propósito.Só parecia precisar de ajuda. Julguei saber o que levaria ele ali. Fingir que não sabia andar pela cidade sozinho seria sua primeira jogada. Eu ainda o conhecia.Fiz o mesmo que Tom, empinei o nariz e girei os calcanhares para ficar de frente a ele.Os dois já se conheciam. Tom e Travis. Já haviam se visto antes e por mais que não trocaram muitas palavras, um sabia do outro. Tomaz tinha total ciência do quanto aquele homem parado ali foi importante para mim, e Travis tinha a lembrança da primeira vez em que botou os olhos em Tom, disso eu tinha certeza. Aquela noite não poderia ser esquecida com facilidade.— Estou trabalhando, Capitão. Achei que tínhamos um acordo sobre isso.
Lindo.Não havia descrição melhor para o que eu via em minha frente.Travis sempre foi um jovem muito bonito, era charmoso e tinha uma lábia do caramba. Não era à toa que as garotas do colégio viviam doidas por ele. O capitão do time de futebol vinha de uma boa família, e era super gentil. Sobre isso não tinha do que reclamar, além da história do seu irmão mais velho, mas isso era de menos. O garoto gostava de ter seus rolos não fixos, contudo, ele não saía fodendo com tudo, sendo um babaca como as pessoas pensavam que ele era. Vi Travis se envolvendo com algumas líderes de torcida, e até com a jornalista da escola, e eu me lembro de que o garoto sempre foi sincero, ele dizia que não ia ter um relacionamento duradouro, e as meninas se envolviam se quisessem e soubessem que a qualquer momento ele poderia desistir daquilo, da pegação limitada. Ainda assim eu sabia que ele poderia ter um ou outro ato duvidoso, mas isso não anulava sua beleza.Cansada de ficar quieta e negar palavra
→11 anos antes.Bom, mais um jogo ganho, minha mãe viajando com o fodido do namorado dela, Bruce se distraindo com uma líder de torcida, e minha humilde casa apenas para nós dois. Era tudo, e só, o que precisávamos.— Que tal... Survivor? — questionou arqueando uma sobrancelha.— Burning Heart! — concordei com um meio sorriso. Não podia demonstrar que amava a escolha, já que isso faria seu ego inflar por saber que eu era apaixonada por seu gosto musical.Travis conectou seu celular ao aparelho de som e logo a batida gostosa da música foi ouvida, preenchendo todos os pequenos cantos do lugar. Foi impossível não mexer meu corpo levemente enquanto tirava o casaco quente.Amava dançar a música quando estava sozinha ou com Bruce, nunca tinha me soltado a tal ponto com Travis mas pretendia, e o sorriso que cresceu no seu rosto me fez ver que ele não queria ficar parado. Ele veio até mim dançando de um jeito bem estranho mas aceitável, mexendo a cabeça enquanto suas pernas se moviam de fo
Meu corpo pesado e a cabeça zonza por conta do sono me fizeram não raciocinar muito bem.Eu estava sonhando? Ouvindo coisas como antigamente? Que porra era aquela?Mais algumas batidas e um resmungo estranho me fizeram entender que de fato não era um delírio nem nada do tipo. Eu havia tomado remédios a mais do que minha médica passou? Sim, havia, mas não foram suficientes para me fazerem delirar tanto assim, o sono pesado poderia ter sido culpa deles, entretanto, os socos na porta eram reais e eu precisava tomar coragem para verificar a merda que estava acontecendo ali.Meu vizinho não poderia ser tão insuportável assim para reclamar das duas músicas que tocaram mais cedo nem tão altas assim e em menos de cinco minutos. Ah, não. Ele não podia ser tão mesquinho e irritante. Apertei o botão do celular para me informar sobre o horário, porém o aparelho tinha desligado, então imaginando já ser quase manhã, me levantei devagar e arrastei os pés até a porta para verificar se realmente
Conseguimos chegar ao banheiro intactos, sem tombos e tropeços, apenas com nossos corpos se tocando mais do que deveriam, principalmente quando minha calcinha era fina demais, e transparente também. Mas ele estava bêbado o suficiente para não ficar reparando.— O que você vai fazer? — questionou ao me ver mudando a temperatura da água.— Te despertar! É assim que fazem nos filmes. — E rapidamente abri o registro e empurrei o jovem.Nos primeiros segundos seu rosto se molhou com o jato de água gelada e ele pareceu nem tão incomodado, em seguida, quando as gotas ultrapassaram a jaqueta, aí sim Travis estremeceu e arregalou os olhos, abraçou os próprios braços e me olhou espantado. Finalmente acordou.— Você não fez isso! — Tentou sair de debaixo do chuveiro mas o impedi, sentindo as gotas frias respingarem em meus braços, pernas e barriga.Um arrepio percorreu o meu corpo por conta do frio, e para piorar toda a situação, Travis sorriu travesso e simplesmente agarrou minha cintura com
— Uau! Então foi isso o que você imaginou? Que eu fui transar com alguém e por isso te deixei sozinha? — Se levantou da cama e começou se aproximar enquanto eu recuei alguns passos até bater as costas na parede atrás de mim.— É o que os garotos fazem... Eles saem à noite para foder.— Acontece que você é mais importante que uma foda qualquer... Eu tive que ir por outros motivos, não por outra garota.Ah não! Usar a palavra "você" e "importante" na mesma frase, sem ter um "não é" entre elas, foi um jogo muito baixo de Travis. Porque dizer que eu era importante, mais que uma transa, com certeza não podia soar como qualquer besteira dita. E vamos lá, eu conhecia ele o suficiente. Às vezes Travis provocava, me desafiava, mas eu sabia bem quais as vezes em que ele era sincero e soltava palavras que provinham dos seus reais sentimentos. E isso era uma verdadeira merda. Conhecer alguém a esse ponto, com tamanha intensidade, em tão pouco tempo, era uma droga.— Eu não tenho nenhuma out
“[...] Você foi minha maior confidente, além dos cadernos e da lua.”→10 dias antes do grande dia.Foi um feito interessante.Consegui passar boa parte do dia com Travis Turner e nós não nos matamos. Na verdade, não sei se foi o uísque que eu bebi no almoço, ou a alegria de ter meu pai comigo depois de alguns dias longe, mas marcamos de nos encontrar depois das oito da noite, no apartamento em que ele estava hospedado.Que caralho passou pela minha cabeça ao aceitar, nem eu sabia.Então beirando às nove, depois de jantar com Kalel Tucker e conversar bem sério sobre os assuntos a serem tratados no jantar seguinte, tomei um belo banho e não fiz cerimônias em relação ao que vestir. Não que eu quisesse fazer Travis lembrar de algo, mas coloquei um conjunto de moletom para me aquecer da brisa gélida, e deixei os cabelos soltos e naturais, com cada onda bem definida pelo creme e a geleia que usei na finalização.Eu nem sabia o que estava fazendo no apartamento, nem sobre o que íamos conve
— Quer saber sobre a minha vida? — Desviou da situação, se ajeitando melhor no sofá.Me virei para ele e acenei em concordância, querendo saber mais sobre o pouco que descobri durante os anos.Não stalkeava tanto Travis quanto gostaria, e o que eu sabia era o que Bruce me contava e pouquíssimas coisas que eu via vez ou outra em alguma rede social. Seria bom ouvi-lo dizer, seria mais real.— Me arrependi em um dia ou outro por ter largado o time de futebol, mas foi uma coisa passageira... Lutar contra a minha família pra dizer que eu não ia fazer advocacia foi um saco, mas ter sucesso com a oficina foi fácil, também fiz curso e me especializei. Tenho três hoje, e gosto de comandar ao mesmo tempo que coloco a mão na massa.Sorri, afinal, eu apoiei Travis em suas decisões, e desejei de todo o meu coração que ele conseguisse conquistar o que de melhor pudesse dentro da área que escolheu. Era inteligente e um ótimo mecânico. Vi seu esforço e torci para que um dia tivesse algo só dele, e