— Quer saber sobre a minha vida? — Desviou da situação, se ajeitando melhor no sofá.Me virei para ele e acenei em concordância, querendo saber mais sobre o pouco que descobri durante os anos.Não stalkeava tanto Travis quanto gostaria, e o que eu sabia era o que Bruce me contava e pouquíssimas coisas que eu via vez ou outra em alguma rede social. Seria bom ouvi-lo dizer, seria mais real.— Me arrependi em um dia ou outro por ter largado o time de futebol, mas foi uma coisa passageira... Lutar contra a minha família pra dizer que eu não ia fazer advocacia foi um saco, mas ter sucesso com a oficina foi fácil, também fiz curso e me especializei. Tenho três hoje, e gosto de comandar ao mesmo tempo que coloco a mão na massa.Sorri, afinal, eu apoiei Travis em suas decisões, e desejei de todo o meu coração que ele conseguisse conquistar o que de melhor pudesse dentro da área que escolheu. Era inteligente e um ótimo mecânico. Vi seu esforço e torci para que um dia tivesse algo só dele, e
→11 anos antes.Meu corpo parecia protestar pelo cansaço das horas anteriores. Parecia que a noite de sono não havia sido suficiente para trazer as energias que eu precisava, mas o tal do bendito sono já não estava mais presente quando senti algo tirando minha paz. Em específico, algo tocando a região um pouco acima da minha bunda, míseros quatro dedos acima.Tentei empurrar Travis mas seu braço esquerdo me prendia a ele como uma corrente de aço. O garoto podia não estar tão em forma, mas tinha a droga de um ímã nele que grudava em mim e eu simplesmente não conseguia fazer ele se afastar. Tudo bem que a cama não colaborava de forma alguma, e aquilo já era sufocante demais pra mim.— Turner, por favor, desgruda! — Me remexi na cama, com cuidado para não cair para fora dela, mas um pouco mais bruta para ver se o idiota despertava de seu sono profundo.— Só mais um pouquinho — pediu, levando seu nariz até minha nuca onde um ninho de cabelos despenteados atrapalhavam o toque pele a pe
— Minha vontade é de te encher de cócegas agora mesmo — falou soando como uma ameaça e isso foi a deixa para eu começar a me debater até que ele começasse a rir do meu desespero e me soltar por pena ou sei lá o quê.— Nem pense nisso, Travis Turner — vociferei e me levantei o mais rápido possível, dando passos para longe dele, parando próxima a porta do quarto. Em qualquer ato suspeito, eu poderia correr para fora. Sabia muito bem que se ele decidisse tentar me matar do tal modo, seria muito capaz.— Você merece isso, senhorita Tucker. — Se levantou sorrindo maléfico mas se virou em direção ao guarda roupa e apenas me olhou de canto, sem vir em minha direção. — Só que, preciso tomar um banho antes que minha cabeça exploda dentro da cueca. — Levou a mão direita até o membro para ajeita-lo e minha atenção foi levada até lá também. O negócio ainda estava duro pra cacete e aquele pijama de malha fina fazia o belo serviço de deixar o volume bem a mostra. — Toma comigo? — perguntou pegando
“[...] Sempre nos escondendo de quem deveria nos apoiar.”→9 dias antes do grande dia.Kalel Tucker além de bom pai, ótimo patrão e muito bom homem, ainda era divino na cozinha. Louise e ele quando se juntavam faziam estrago no meu peso. Para o "momento especial", papai fez um macarrão a carbonara, nada tão complexo mas rápido para o horário que marcamos. Tivemos que chegar do trabalho, cada um tomar seu banho e começar a cozinhar, mesmo que o meu papel fosse só lavar o que se sujava, e organizar a mesa.Para mim, não podia ser um jantar crucial ou coisa assim. A noite anterior tinha sido um passo muito grande na minha relação com Travis, mesmo assim eu não podia me permitir criar nenhum tipo de ilusão sobre a situação, éramos duas bombas relógio, e poderíamos explodir a qualquer momento. Não dava para prever.Eu quis usar jeans, mas meu pai praticamente me proibiu por dizer que vestido rodado me caía muito bem, e como não estava tão frio, coloquei a peça de roupa para agradá-lo,
— Porque não era relevante te contar. O senhor agora quer saber sobre todos os garotos que eu beijei?— Se eles forem meus possíveis genros, sim, eu quero saber.Não. Como um homem podia ser tão intrometido?Ele sabia melhor do que ninguém como eu era um fracasso em relacionamentos, e ainda assim tinha alguma esperança?— Já faz muito tempo. Acho que agora, com milhas de distância nos separando, eu e a Terena seremos só amigos, como sempre fomos.A fala foi mais uma pergunta silenciosa do que uma afirmação. Como se ele quisesse saber se seria possível mantermos contato e uma amizade, pelo menos.— Isso se o Bruce não for um pé no saco de novo, não é? Porque ele está focado no casamento, mas depois que esse momento passar, ele pode muito bem voltar a ser o merdinha que é, e se ele não queria que fossem amigos no passado, pode não querer isso no presente também.Por qual motivo mesmo eu contei para o meu pai sobre essas coisas?Não que eu amasse todos os atos de Bruce, ou concordasse c
Tinha conversa demais.Muitas pessoas falando ao mesmo tempo, e eu perdida no meio de todos aqueles assuntos.Louise disse que seria pouca gente, que era só para conversarmos sobre os próximos dias onde iríamos para um resort acampar, com metade dos padrinhos e algumas amigas de Lou e Bruce. Essa era uma confraternização que acontecia quase todo ano, mas nesse, Bruce incluiu alguns familiares por causa do casamento. Eu gostava de ir, mais pelo fato de estar em contato com a natureza. Além de curtir essa paz que o ambiente causava, também faziam gincanas com o time das meninas contra os meninos, que esse ano seria o time da noiva, e o time do noivo, além de acender fogueira e cantarem ao redor dela. Bem típico dos acampamentos de verão que fazíamos nas férias quando éramos adolescentes. Tinha também uma bela pista de corrida, e já fazia algum tempo que Bruce queria usá-la. Para isso, ouvi os garotos dizendo que alugaram motos para apostarem, e não gostei nem um pouco disso. Foda
— Ele está querendo pagar de cupido, eu sei, mas é só ignorar. Eu vou dar um jeitinho nele pra você, prometo.Ótimo.— Eu não quero nada com o Travis — expliquei, mentindo talvez.— Eu sei, e é por isso que a Wendy está dando em cima dele… De nada — cantarolou.Olhei para Louise como se ela fosse uma maluca, e era mesmo. Como pôde mandar sua amiga dar em cima do cara que todos pensavam que era meu marido?Ah não. Só podia estar doida. — Lou, pelo amor de Deus, também não precisa desses extremos. Eu sei lidar com o Turner.A garota gargalhou, e eu continuei tentando achar graça em seu planinho bobo. Lógico que não encontrei.— Não, Te. Eu não fiz mesmo isso, só queria ver sua reação, para ter certeza que não sente nada por ele mesmo, e agora eu sei...Elevei o tronco e me sentei, balançando a cabeça em negação. Louise era bem doidinha.— Sabe de quê?A mulher se recompôs dos risos e também se sentou, me olhando séria.— Seja lá o que aconteceu antes, você ainda sente. Não sei se fo
→11 anos antes.Era sexta, plantão da minha mãe e dia de Bruce sair com a namoradinha da vez. Dia também em que Travis inventava que ia para a casa dos avós mas se mantinha trancado na minha casa, ou na dele.O programa da vez foi roubar um uísque do bar de seu pai, e eu fiquei encarregada de fazer pipoca para comer enquanto assistíamos pornô.A questão é que, obviamente, eu não deixei ele colocar esse tipo de conteúdo quando eu não estava lá no meu melhor estado de espírito e juízo.O jovem pegou a garrafa de uísque e levou até a boca, acabando com o restante do líquido de cor âmbar. E fim. Uma garrafa foi suficiente para nós dois ficarmos bem ultrapassados. Limites talvez já nem existiam mais. A partir dali eu poderia colocar a culpa de qualquer coisa no álcool.— Bom, você vai ficar me devendo então.— Como é? — questionei confusa.— O pornô, Terena. Você prometeu mas não cumpriu, então está me devendo — explicou, sorrindo provocativo.Eu ri com a mudança repentina de assunto