→12 anos antes.As ruas calmas da cidade pacata não era de se estranhar, todos os finais de tarde eram assim. As pessoas saiam de seus trabalhos, passavam na única padaria de Vancocker, e depois iam para suas casas, se reunirem com seus familiares e finalizar o dia, felizes e alegres, apesar de não ser assim que as coisas aconteciam na minha vida em particular.O silêncio pairava entre nós e eu já pensava em desistir de toda aquela merda. Arian havia dado mil conselhos sobre como eu deveria agir ao lado de Travis.Um deles era não demonstrar nenhum interesse naquele belíssimo corpo.O outro era, não puxar assunto com o garoto, deixar que ele fizesse isso.Então, quieta fiquei.Não ia dizer como estava angustiada em não ouvir ele falando uma palavra sequer durante todo o nosso percurso.— Isso é estranho.Até que enfim!Olhei para o jovem, um tanto confusa.— O que é estranho?Travis coçou uma sobrancelha e fez careta como se buscasse palavras certas para explicar.— Eu sinto que tô
"[...] O que me matou de pouco em pouco, foi a persistência em manter o que não me fazia bem, porque o preço a pagar ao abrir mão, seria maior que a minha dor."→12 dias antes do grande dia.Muffins e Fifth Harmony, essas eram as maiores paixões de Louise, tirando Bruce.A jovem tinha um dom incrível para a culinária, e por causa desse dom, engordei três quilos em uma semana, e levei quatro para perder, não que eu achasse super ruim ela me mandar doces sempre que eu estava no meus períodos chatos. Lógico que não. Eu amava cada pedacinho de bolo que ela fazia.O grupo musical ia como trilha sonora para suas aventuras na cozinha, e lá estava eu, ouvindo No Way enquanto ela finalizava a sobremesa da noite.— Então vocês se entenderam? Isso é bem interessante. Achei que iam ficar em pé de guerra até a festa. Eu e Bruce estávamos quase para fazer uma aposta.— Olha que lindo! Você sabia que o Bruce estava planejando juntar eu e o Travis para sermos padrinhos e não me disse nada?!Lou limp
— Então, faz muito tempo que se conhecem? — Roger perguntou, assim que o último assunto morreu.Não era uma boa ideia conversar sobre isso. Uma garrafa de vinho tinto em minhas veias, e umas oito cervejas nas de Travis, não fariam bem para ninguém e para nenhum assunto.— Desde criança — falou, meio descontente, parecendo não querer entrar mais a fundo nessas informações, que convenhamos, não devia ser da conta de ninguém.— Preciso confessar que, quando eu soube que tinham se casado eu fiquei em choque. Não conheço a Terena tão bem assim, mas sei que ela não é impulsiva, e aparecer casada com o melhor amigo do Bruce, que mora em outro país, foi bem chocante, e interessante — completou, Beverly.Bruce também não pareceu muito confortável. Além de estarmos mentindo para todos ali, tinha um dos caras com quem eu rompi o noivado assim que me propôs marcar a data do casamento, e tinha toda uma história por trás da mentira, e das verdades.— Isso fica bem fofo quando se pensa que vocês s
→12 anos antes.O silêncio estava ensurdecedor, entediante, esquisito e preocupante. Levei meus olhos para o chão do quarto e fiquei observando o garoto sentado no canto da parede, com sua calça jeans de lavagem escura e a blusa cinza de moletom flanelado, lendo e fazendo anotações em seu caderno. Olhei para o meu e não havia nada. Uma folha em branco. Estava vazia demais para conseguir anotar e rabiscar qualquer coisa que fosse.Voltei meu olhar para ele e tentei entender o que se passava em sua cabeça. Dava pra ver que mesmo parecendo concentrado nas folhas de papel, ele se encontrava em um mundo paralelo ao nosso.— Não faz isso! — pediu em um tom agudo e sério. Estava bravo e raramente o via assim.— Não fazer o quê? — Levei o lápis até a boca e voltei a mordê-lo.— Não fica me olhando desse jeito, tira toda minha concentração e nós sabemos que eu preciso me sair bem nessa matéria ou vou ser suspenso dos próximos jogos — proferiu irritado, ainda sem me olhar.— Só estou observ
Travis ficou mais atordoado do que eu. Acho que cogitou todas as possíveis e sabia que debater, ou tentar formular alguma frase, seria complicado no momento. Não haviámos nos preparado para algo assim. Achamos que nunca fosse acontecer. Que Bruce nunca fosse nos ver juntos.Fomos tolos.— Bruce, deixa a gente explicar... — Tentou interceder ao perceber que nosso amigo não estava nada confortável com aquela cena, mas parou quando lhe lancei um olhar que ele interpretou como "cala essa sua boca".Nada dito ali seria suficiente para amenizar a situação.Bruce não ia querer ouvir ele. — Eu só vim ajudar o Turner com uma matéria porque a professora me mandou fazer isso — menti, e só piorei as coisas porque nunca adiantou ser falsa com meu melhor amigo.Ele me conhecia bem demais.— Lógico. Vocês precisam de uma aula prática com almofadas para conseguirem estudar — falou, apontando para Travis que ainda segurava a arma do crime. — Esse é o seu programa de quarta com a Arian?Merda.Com
“[...] Lábios com toques singelos e corpos em combustão. A perdição personificada em uma pessoa só.”→10 dias antes do grande dia.O sol estava terrivelmente mais quente que nos últimos dias, tão quente que tive vontade de sair andando apenas de calcinha e sutiã pela casa, pela rua, pelo bairro e pela cidade. Contudo, ir para a loja necessitava de uma vestimenta civilizada, então separei um jeans claro, uma camiseta branca básica em decote V, e o tênis de quatro anos que já não era tão branco. Depois do banho passei uma base e finalizei a pele do rosto com pó, coloquei a roupa escolhida, amarrei o cabelo em um rabo alto e borrifei pouco perfume no pescoço, pulso e tornozelo, o último ponto por superstição. Precisava de sorte.Consultei a hora na tela do celular e me certifiquei de que ainda restavam vinte minutos para às sete, tempo suficiente para passar um rápido café e beliscar duas torradas na companhia do homem da minha vida. Quando o celular despertou às seis e cinquenta e o
Olhei por cima do ombro pedindo para alguma divindade que eu só estivesse delirando e que aquela voz não fosse realmente a dele.Contudo, Travis estava bem ali, parado no meio da loja, e diferente do que pensei, não estava com aquela cara linda e provocativa, de quem está prestes a fazer merda de propósito.Só parecia precisar de ajuda. Julguei saber o que levaria ele ali. Fingir que não sabia andar pela cidade sozinho seria sua primeira jogada. Eu ainda o conhecia.Fiz o mesmo que Tom, empinei o nariz e girei os calcanhares para ficar de frente a ele.Os dois já se conheciam. Tom e Travis. Já haviam se visto antes e por mais que não trocaram muitas palavras, um sabia do outro. Tomaz tinha total ciência do quanto aquele homem parado ali foi importante para mim, e Travis tinha a lembrança da primeira vez em que botou os olhos em Tom, disso eu tinha certeza. Aquela noite não poderia ser esquecida com facilidade.— Estou trabalhando, Capitão. Achei que tínhamos um acordo sobre isso.
Lindo.Não havia descrição melhor para o que eu via em minha frente.Travis sempre foi um jovem muito bonito, era charmoso e tinha uma lábia do caramba. Não era à toa que as garotas do colégio viviam doidas por ele. O capitão do time de futebol vinha de uma boa família, e era super gentil. Sobre isso não tinha do que reclamar, além da história do seu irmão mais velho, mas isso era de menos. O garoto gostava de ter seus rolos não fixos, contudo, ele não saía fodendo com tudo, sendo um babaca como as pessoas pensavam que ele era. Vi Travis se envolvendo com algumas líderes de torcida, e até com a jornalista da escola, e eu me lembro de que o garoto sempre foi sincero, ele dizia que não ia ter um relacionamento duradouro, e as meninas se envolviam se quisessem e soubessem que a qualquer momento ele poderia desistir daquilo, da pegação limitada. Ainda assim eu sabia que ele poderia ter um ou outro ato duvidoso, mas isso não anulava sua beleza.Cansada de ficar quieta e negar palavra