“Manuela”Eu não poderia permitir que a família do Flávio ficasse em um hotel, por mais luxuoso que fosse, seria um hotel, era impessoal e sem sentido, já que o filho deles morava em um apartamento e poderia recebê-los. Além do mais, o Flávio foi tão gentil com a minha família, fez questão de recebê-los quando estiveram aqui, então, se podíamos receber a minha família, poderíamos receber a família dele também.E também eu tinha outro interesse, queria ver como eles se comportavam juntos e queria resolver de uma vez por todas as diferenças que haviam entre nós, queria ouvir o lado deles da história e queria que fosse possível que eles se reconciliassem e eu sabia que o Flávio me enrolaria se eles fossem para um hotel. Mas eu também precisava da Lisandra, pois eu já havia percebido que ela era a única que falava francamente com o pai sem que eles brigassem. Então eu reuniria essa família no nosso apartamento, claro, precisaria fazer alguns ajustes, mas isso era fácil.- Bom, eu me despe
“Flávio”Eu ainda não tinha entendido porque a Manuela resolveu levar a minha família toda para o nosso apartamento. Para piorar muito, ela cedeu o nosso quarto para os meus pais e eu ainda teria que dividir um quarto com o Raul e ficar sem ela essa noite. Eu já não estava de bom humor, mas tudo bem, eu poderia fazer isso pela baixinha, já que ela queria fazer isso.Mas a medida que o tempo foi passando e fui vendo os meus pais agindo como se nunca tivessem se imposto contra o meu relacionamento com a Manu, eu fui ficando mais incomodado. Se a Manu queria que eu ouvisse o que eles tinham a dizer, eu faria isso, mas era só isso, não significava que fosse mudar alguma coisa e que eu voltaria a falar com eles depois que saíssem da minha casa.- Flávio! – Manu me olhou como quem quisesse me alertar que não era a hora certa.- Baixinha, eles estão aqui, do jeito que você quis, eu vou ouvi-los, assim como você quer, mas eu não vou esperar até amanhã. – Eu não deixei margem para discussão.-
“Flávio”Meu pai pegou o aparelho e olhava as fotos das lesões da Manu com o horror estampado no rosto. Minha mãe estava ao lado dele vendo as fotos e começou a chorar, eu sabia que aquilo a havia abalado. Olhei para a Manu e ela estava de cabeça baixa, envergonhada, encolhida ao meu lado, então eu a abracei.- Você não tem que ter vergonha, você é uma sobrevivente. – Falei em seu ouvido.- Eu nunca imaginei isso. Eu nunca compactuaria com isso. Isso é monstruoso. – Meu pai parecia indignado. – Manuela, eu não sei como me desculpar com você. Eu estou realmente envergonhado e sinceramente arrependido.- Eu quero saber o que aconteceu depois que você se encontrou com a Rita no hotel. – Eu queria cada detalhe daquela história, não queria só o pedido de desculpas dele, queria saber até onde ele foi, o que ele sabia.- Depois do hotel, passou um tempo sem que eu tivesse notícias dela, até pensei que ela havia se esquecido ou desistido. Enquanto isso, a empresa da Manuela chamou a minha ate
“Flávio”Eu ia começar a falar, mas fui interrompido pela minha mãe.- Só um momento, Flávio. – Ela olhou para a Lisandra. – Lisandra, eu tenho muitos defeitos, mas eu não sou um monstro como aquela Rita! Eu estava disposta a insistir no seu casamento com o Guilherme, mas não a qualquer custo.- Será que não, mãe? Meu pai disse que você me trancaria no quarto. – Lisandra também estava magoada e eu ainda não havia me dado conta.- Eu pensei nisso sim, mas não fiz. E não vou fazer. Mas eu quero que você saiba de uma coisa, quando eu decidi vir te procurar hoje eu já havia tomado uma decisão. E depois de conversar com a Manu no hospital, antes mesmo de saber quem ela era, eu tive certeza do que eu tinha que fazer. Então, antes que o seu irmão conte o que ele descobriu, eu quero que você saiba que eu não vou mais insistir que você se case com o Guilherme. E também não vou me meter nas suas escolhas, se você quiser voltar pra casa, eu vou te receber de braços abertos, mas se você decidir q
“Flávio”Fiquei um tempo com a minha baixinha em meus braços, em completo silêncio, apenas a sentindo junto a mim. Mas ela precisava descansar e eu também.- Vamos pra cama, baixinha, amanhã é feriado, mas você tem um batalhão de hospedes para entreter. – Ela sorriu e me encarou.- Acho que precisamos de uma casa maior. – Ela sugeriu com um sorriso encantador.Eu a observei com cuidado, aquela sugestão significava que ela iria querer ter a família por perto. Mas significava que ela estava mesmo disposta a um futuro comigo.- Você quer uma casa maior? – Perguntei cauteloso e ela fez que sim.- Olha, temos os seus pais e os seus irmãos e o meu pai e o meu irmão, imagina quando reunirmos todos? Eu gostaria muito de ter almoços de domingo em família, como a Hebe, irmã do Heitor faz. Gostaria de reunir os amigos, como a Cat e o Alessandro. E gostaria de ter filhos um dia, como a Sam e o Heitor.- Filhos? Como a Sam e o Heitor e a Cat e o Alessandro? – Ela acendeu uma esperança em meu coraç
“Flávio”A Manu estava conquistando os Moreno um a um, com uma velocidade impressionante. Minha mãe estava totalmente encantada por ela e o meu pai a via de uma forma diferente agora, a forma como ele a olhava era diferente. Por mais que eu tivesse ficado chateado, eu não poderia negar que ter o apoio deles era muito melhor do que virar as costas. Eu já havia deixado claro que não aceitaria que continuassem tentando interferir, não permitiria que a ofendessem ou magoassem, e eles pareciam ter entendido a mensagem.- Bom, já que é assim, eu gostaria de dizer que eu pensei em tudo o que conversamos ontem. – Todos se viraram para mim. Ao meu lado, minha baixinha sorriu. – Eu estou sepultado o assunto, sepultando as nossas brigas e desavenças e derrubando o que você chamou de muro que eu construí entre nós, pai. Agora vocês já sabem que ela é a razão da minha vida e que eu não vou permitir que ninguém a magoe ou tente afastá-la de mim. Espero que vocês entendam que a Manu é a minha felici
“Manuela”A família do Flávio se despediu de nós no início da noite. O dia tinha transcorrido agradável e tranquilo. Depois do café da manhã, decidimos passar o dia no Clube Social e a Dona Inês fez questão de ligar para o Rick para que ele nos encontrasse lá. Mas havia algo estranho.O Flávio estava pelos cantos, falando baixo com os irmãos, a cunhada e o Rick. Estavam todos estranhos, como se fizessem segredo sobre alguma coisa. E foi assim durante todo o dia. Eu esperei que ele me contasse o que estava havendo, mas ele não falou nada. Então eu perguntei e ele me disse que estavam comentando sobre a mudança dos pais dele apenas e que o Raul estava contando sobre como eles estavam diferentes já há muitos dias.Eu não acreditei muito, mas o Flávio foi habilidoso em me fazer deixar o assunto de lado, veio cheio de carinho, deu um beijinho aqui, outro ali e me fez esquecer completamente o assunto me mantendo ocupada boa parte da noite. Felizmente o dia no escritório estava tranquilo, po
“Manuela”A casa era linda, dois andares, fachada com pilares de pedra e muito vidro, telhado colonial e uma pintura em um tom de bege mais escuro que era lindo. Ela estava toda iluminada.- Vamos? – Ele abriu a porta do carro pra mim. Eu estava tão encantada com a casa que nem o vi sair do carro.- Quem mora aqui? – A casa ficava na rua de trás da casa do Patrício, portanto, das outras vezes em que estive aqui eu não a tinha visto.- Não é quem mora, é quem vai morar, mas isso só depende de você. – Flávio sorriu pra mim, eu estava confusa e ele pareceu ter percebido. – Você disse que precisávamos de uma casa maior. – Ele deu de ombros.- Sim, uma casa maior, não uma casa gigante. – Eu não conseguia tirar os olhos da casa. Eu não conseguia esconder o meu encantamento.- Você não quer nem ver? – Ele pareceu meio decepcionado.- É claro que eu quero ver, só não esperava por isso. – Eu sorri. Aquela casa era linda demais e eu estava com medo de gostar demais dela.Passamos por cada cômod