“Flávio”Meu pai pegou o aparelho e olhava as fotos das lesões da Manu com o horror estampado no rosto. Minha mãe estava ao lado dele vendo as fotos e começou a chorar, eu sabia que aquilo a havia abalado. Olhei para a Manu e ela estava de cabeça baixa, envergonhada, encolhida ao meu lado, então eu a abracei.- Você não tem que ter vergonha, você é uma sobrevivente. – Falei em seu ouvido.- Eu nunca imaginei isso. Eu nunca compactuaria com isso. Isso é monstruoso. – Meu pai parecia indignado. – Manuela, eu não sei como me desculpar com você. Eu estou realmente envergonhado e sinceramente arrependido.- Eu quero saber o que aconteceu depois que você se encontrou com a Rita no hotel. – Eu queria cada detalhe daquela história, não queria só o pedido de desculpas dele, queria saber até onde ele foi, o que ele sabia.- Depois do hotel, passou um tempo sem que eu tivesse notícias dela, até pensei que ela havia se esquecido ou desistido. Enquanto isso, a empresa da Manuela chamou a minha ate
“Flávio”Eu ia começar a falar, mas fui interrompido pela minha mãe.- Só um momento, Flávio. – Ela olhou para a Lisandra. – Lisandra, eu tenho muitos defeitos, mas eu não sou um monstro como aquela Rita! Eu estava disposta a insistir no seu casamento com o Guilherme, mas não a qualquer custo.- Será que não, mãe? Meu pai disse que você me trancaria no quarto. – Lisandra também estava magoada e eu ainda não havia me dado conta.- Eu pensei nisso sim, mas não fiz. E não vou fazer. Mas eu quero que você saiba de uma coisa, quando eu decidi vir te procurar hoje eu já havia tomado uma decisão. E depois de conversar com a Manu no hospital, antes mesmo de saber quem ela era, eu tive certeza do que eu tinha que fazer. Então, antes que o seu irmão conte o que ele descobriu, eu quero que você saiba que eu não vou mais insistir que você se case com o Guilherme. E também não vou me meter nas suas escolhas, se você quiser voltar pra casa, eu vou te receber de braços abertos, mas se você decidir q
“Flávio”Fiquei um tempo com a minha baixinha em meus braços, em completo silêncio, apenas a sentindo junto a mim. Mas ela precisava descansar e eu também.- Vamos pra cama, baixinha, amanhã é feriado, mas você tem um batalhão de hospedes para entreter. – Ela sorriu e me encarou.- Acho que precisamos de uma casa maior. – Ela sugeriu com um sorriso encantador.Eu a observei com cuidado, aquela sugestão significava que ela iria querer ter a família por perto. Mas significava que ela estava mesmo disposta a um futuro comigo.- Você quer uma casa maior? – Perguntei cauteloso e ela fez que sim.- Olha, temos os seus pais e os seus irmãos e o meu pai e o meu irmão, imagina quando reunirmos todos? Eu gostaria muito de ter almoços de domingo em família, como a Hebe, irmã do Heitor faz. Gostaria de reunir os amigos, como a Cat e o Alessandro. E gostaria de ter filhos um dia, como a Sam e o Heitor.- Filhos? Como a Sam e o Heitor e a Cat e o Alessandro? – Ela acendeu uma esperança em meu coraç
“Flávio”A Manu estava conquistando os Moreno um a um, com uma velocidade impressionante. Minha mãe estava totalmente encantada por ela e o meu pai a via de uma forma diferente agora, a forma como ele a olhava era diferente. Por mais que eu tivesse ficado chateado, eu não poderia negar que ter o apoio deles era muito melhor do que virar as costas. Eu já havia deixado claro que não aceitaria que continuassem tentando interferir, não permitiria que a ofendessem ou magoassem, e eles pareciam ter entendido a mensagem.- Bom, já que é assim, eu gostaria de dizer que eu pensei em tudo o que conversamos ontem. – Todos se viraram para mim. Ao meu lado, minha baixinha sorriu. – Eu estou sepultado o assunto, sepultando as nossas brigas e desavenças e derrubando o que você chamou de muro que eu construí entre nós, pai. Agora vocês já sabem que ela é a razão da minha vida e que eu não vou permitir que ninguém a magoe ou tente afastá-la de mim. Espero que vocês entendam que a Manu é a minha felici
“Manuela”A família do Flávio se despediu de nós no início da noite. O dia tinha transcorrido agradável e tranquilo. Depois do café da manhã, decidimos passar o dia no Clube Social e a Dona Inês fez questão de ligar para o Rick para que ele nos encontrasse lá. Mas havia algo estranho.O Flávio estava pelos cantos, falando baixo com os irmãos, a cunhada e o Rick. Estavam todos estranhos, como se fizessem segredo sobre alguma coisa. E foi assim durante todo o dia. Eu esperei que ele me contasse o que estava havendo, mas ele não falou nada. Então eu perguntei e ele me disse que estavam comentando sobre a mudança dos pais dele apenas e que o Raul estava contando sobre como eles estavam diferentes já há muitos dias.Eu não acreditei muito, mas o Flávio foi habilidoso em me fazer deixar o assunto de lado, veio cheio de carinho, deu um beijinho aqui, outro ali e me fez esquecer completamente o assunto me mantendo ocupada boa parte da noite. Felizmente o dia no escritório estava tranquilo, po
“Manuela”A casa era linda, dois andares, fachada com pilares de pedra e muito vidro, telhado colonial e uma pintura em um tom de bege mais escuro que era lindo. Ela estava toda iluminada.- Vamos? – Ele abriu a porta do carro pra mim. Eu estava tão encantada com a casa que nem o vi sair do carro.- Quem mora aqui? – A casa ficava na rua de trás da casa do Patrício, portanto, das outras vezes em que estive aqui eu não a tinha visto.- Não é quem mora, é quem vai morar, mas isso só depende de você. – Flávio sorriu pra mim, eu estava confusa e ele pareceu ter percebido. – Você disse que precisávamos de uma casa maior. – Ele deu de ombros.- Sim, uma casa maior, não uma casa gigante. – Eu não conseguia tirar os olhos da casa. Eu não conseguia esconder o meu encantamento.- Você não quer nem ver? – Ele pareceu meio decepcionado.- É claro que eu quero ver, só não esperava por isso. – Eu sorri. Aquela casa era linda demais e eu estava com medo de gostar demais dela.Passamos por cada cômod
“Rita”Olha onde eu vim parar! A vida inteira eu fiz de tudo para me dar bem e agora olha só pra mim, trancada numa celinha imunda, usando uma roupinha laranja horrorosa e chinelos de borracha, que horror! Eu odeio chinelos de borracha! A raiz do meu cabelo já está aparecendo uns três dedos, e eu que gosto tanto do meu cabelo vermelho. E a minha unha que era tão linda, tão bem cuidada, já quebrou todinha. Ai, que triste!- Presa, vira de costas e coloca as mãos para trás aqui na grade. – Uma mulherzinha grosseira, vestida com aquele uniforme horroroso de guarda, apareceu na porta da cela. Eu não sei quem inventou que roupa preta emagrece, aquela mulher parecia um colchão enrolado vestida de preto.- Por quê? Tem alguém pra me ver? – Perguntei sem abaixar a minha cabeça, eu não abaixava a cabeça pra ninguém.Na verdade eu estava esperando o Juliano aparecer, já tinha semanas que aquele filho ingrato pegou as procurações comigo e sumiu, não veio me falar se tinha vendido a casa ou não.
“Manuela”Eu andava muito insegura desde que o Flávio saiu correndo para ir até a cidade dele tirar satisfações com a Sabrina. Eu não conseguia entender, se eles já estavam divorciados, que diferença faziam as mentiras que ela contou? Além do mais, ele andava muito esquisito, cheio de segredinhos com a Lisandra e chegando tarde em casa. Não era possível que fosse começar tudo de novo. Tudo bem que ele continuava carinhoso comigo e sempre dizendo que me amava, mas eu pressentia que algo estava acontecendo.Sobre a casa que fomos visitar, desde aquele dia ele não tocou mais no assunto, nem sobre aquela casa e nem sobre encontrarmos um lugar maior para nos mudar. Eu não sabia o que era, mas quanto mais eu pensava, mais eu ia ficando com a certeza de que ele estava começando a se cansar de mim.- Para de roer as unhas, Manu! – Lisa deu um tapinha na mão que eu tinha na boca.Nós estávamos sozinhas em casa, assistindo a tal série da swat que ela era viciada, pois o Flávio ainda não tinha c