“Lisandra”Depois da visita inesperada do Guilherme eu fiquei muito nervosa, mas o Flávio ficou ainda mais. Ele resolveu que precisávamos conversar com nossos pais para que eles interviessem e tentassem resolver com os pais do Guilherme, então, depois do trabalho, nós nos reunimos na casa do Flávio e da Manu e depois do jantar o Flávio expôs a situação.Eu estava mais do que desconfortável com aquilo, mas percebi o constrangimento da minha mãe. Ela havia começado tudo aquilo. Ela já havia me dito que queria que eu me casasse para não pensar mais no Patrício, que, na época, estava ainda com a outra.- Meu deus! Eu não pensei que isso se tornaria um problema. – Minha mãe lamentou de cabeça baixa.- Mas se tornou, mãe. E poderia ter diso muito pior se o Flávio e eu não tivéssemos intervido e se o Flávio não tivesse tirado a Lisandra de casa. – O Raul estava tão nervoso quanto o Flávio.- Você sempre soube, mãe, o tipo ordinário que o Guilherme é. Como você pensou que ele pudesse servir p
“Virgínia”Acordei com uma grande dor de cabeça, mas ela iria piorar, pois a Taís estava sentada em minha frente com cara de poucos amigos.- A bela adormecida acordou! – Ela falou em um tom beligerante.- Bom dia pra você também. – Respondi e me sentei na cama.- Posso saber por onde você andou ontem? Eu saí de manhã para ir falar com o advogado e quando eu voltei você não estava. – Ela perguntou em tom de reclamação.- Eu saí e quando eu voltei você não estava! Aí eu saí de novo. – Respondi no mesmo tom.- Eu fui te procurar. – Ela reclamou. – Onde você foi? O que aconteceu? Porque alguma coisa aconteceu, você chegou e se enfiou na cama e não deu uma palavra.- E você vai me controlar agora? – Eu estava cansada da Taís estar sempre querendo saber tudo o que eu fazia.- Eu me preocupo com você, Vivi! – Ela abrandou o tom de voz.- Eu fui ao clube. Encontrei o Patrício lá. Mas ele me desprezou de novo. – Falei com tristeza.- Vivi, nós fizemos um acordo, eu sei, mas as coisas por aqui
“Taís”Não era assim que eu esperava que a Virgínia caísse em si. Eu a amava, me doía falar dessa forma rude com ela, mas ela precisava perceber que só eu a amava e que só eu poderia fazê-la feliz.- Eu... eu vou embora! Eu vou pedir ajuda, vou ligar para o meu pai e pedir perdão. Ele deve me aceitar de volta e me ajudar, eu vou pra longe de você. – A Virgínia estava fora de si, com as mãos na cabeça e chorando. Mas eu entendia que ela se chocou com a realidade do que se tornou.- Você não vai a lugar nenhum, Vivi. Seu lugar é comigo. Eu vou terminar o assunto do meu divórcio e nós vamos sair dessa cidade, vamos para algum lugar e vamos ser felizes só nós duas. – Eu falei com calma.- Você está louca! – Ela tinha razão, eu estava louca por ela.- Olha, eu vou sair e você vai ficar quietinha aqui pensando e se acalmando. Quando eu voltar você já vai ter colocado a cabeça no lugar. E eu vou levar a chave e tirar o telefone, assim você não faz nenhuma bobagem. – Falei com calma e tirei o
“Lisandra”Depois da nossa conversa no carro o Patrício ficou introspectivo e agora eu sabia o motivo, o que me deixava introspectiva também, porque uma partezinha egoísta e ciumenta dentro de mim queria que ele não se importasse com a mudança negativa da sua ex, mesmo ele me dizendo que era uma questão de humanidade se preocupar com o próximo. Mas eu sabia como ele era, eu o conhecia, e ele sempre se preocupou com as pessoas, isso era da natureza altruísta dele.Quando chegamos ao escritório ele se fechou em sua sala e não me chamou nem uma única vez. De minha parte eu fiquei bem quieta em minha mesa tentando focar no meu trabalho. Mas eu me sentia um pouco indisposta. Talvez eu estivesse ficando resfriada. Fato é que eu não me sentia bem e queria ir pra casa, então fui até a sala do Rick.- Rick. – Chamei baixinho e ele ergueu a cabeça do que quer que estivesse lendo para me olhar.- Oi, Gata! Entra. – Eu entrei e ele me observou. – Está tudo bem? Você está meio abatida.- Eu acho q
“Patrício”Eu passei a manhã inteira pensando no que eu deveria fazer e eu sabia que o melhor seria deixar a Virgínia se virar com os problemas dela. Mas eu não conseguia deixar de pensar que havia algo errado e decidi descobrir o que tinha acontecido. Liguei para um investigador, o mesmo que o Alessandro havia contratado anos antes para procurar a garota do baile, que no final das contas era a Catarina, e pedi que ele descobrisse o que a Virgínia andou fazendo desde que foi embora.Depois eu fiquei pensando que a Lisandra talvez não estivesse lidando tão bem assim com tudo isso, ela não entrou em minha sala a manhã inteira e eu estava desconfiado que ela ficou chateada comigo por eu ter me preocupado com a Virgínia. Eu fui sincero com ela, eu me preocupei com a Virgínia como teria me preocupado com qualquer um que eu conhecesse, não havia porque ela se chatear.Já tinha passado muito da hora do almoço quando eu saí dos meus pensamentos e isso estava estranho, a Lisandra sequer me cha
“Patrício”Eu estava encarando o meu pai. Ele estava muito zangado comigo. Mas eu agora também estava muito zangado comigo. Eu me deixei levar por questões que não me dizem respeito há muito tempo. A Virgínia não é mais um problema meu. E eu não me coloquei no lugar da Lisandra, simplesmente parti do pressuposto que se havia falado com ela estava tudo bem, mas eu sequer perguntei como ela se sentia em ralação a isso.- Pai, eu não sei como eu vou corrigir isso, mas eu vou. Só que eu preciso saber onde ela está. – Eu estava me dando conta do quanto eu fui insensível e que eu poderia ter perdido a Lisandra por causa de uma coisa que não significava nada pra mim.- O que o Flávio te disse? – Meu pai se sentou e perguntou.- Nada, apenas que passa na minha casa hoje à noite.- Então você vai esperá-lo na sua casa esta noite. – Meu pai respondeu e eu soube que ele não ia me dizer nada. – Mas vou te dizer uma coisa, tudo o que ele te disser vai ser pouco perto do que a sua mãe vai dizer.Ai
“Lisandra”Eu já estava me sentindo melhor, mas ainda aguardava os resultados dos exames no hospital. O Flávio estava sentado ao meu lado, ele quis saber o que tinha acontecido e porque o Patrício não estava comigo. Eu estava tão sobrecarregada que acabei me abrindo com o meu irmão e contei tudo pra ele, mas eu não devia ter feito isso, porque ele ficou furioso. Eu percebia toda a sua tensão e já estava ficando ainda mais nervosa também. E eu já estava impaciente ali naquela maca quando o Vinícius entrou na sala de atendimento.- Boas notícias, Lisa, os resultados dos seus exames saíram. – O Vinícius entrou com aquele jeito amigável e alegre.- Que bom, porque eu já quero ir embora. – Eu respondi.- Não sei porque ninguém gosta de hospital? – O Vini brincou e eu ri. – Vamos lá, moça, deixa eu ver se te libero ou se te interno.- Internar? É grave, Vini? – O Flávio deu um pulo da cadeira.- Não, não é não. – O Vinícius sorriu para o meu irmão. – Foi só uma brincadeira, Flávio. Mas, Lis
“Patrício”Eu estava diante do pai e dos irmãos da Lisandra sem saber como me desculpar, porque eu percebi que havia errado muito com ela e não sabia nem como começar a me redimir. De qualquer forma, o melhor seria começar sendo sincero e contado o que tinha acontecido.- Patrício, entra. Todos nós estamos agitados. Vamos conversar. – Estranhamente o Sr. Moreno parecia ser o único que estava disposto a me ouvir.- Pai... – O Flávio queria reclamar, ele estava muito irritado comigo e ele tinha razão.- Atire a primeira pedra se você nunca errou, Flávio. – O Sr. Moreno encarou os dois filhos e eles bufaram. Claro que os dois já haviam errado muito, quem nunca?- Entra, palerma! Mas eu ainda quero arrebentar a sua cara. – O Flávio parecia uma criança zangada.Entramos e, ali na sala, estavam a mãe da Lisandra, os meus pais e a Paula, esposa do Raul. E a minha mãe não perdeu tempo, veio ao meu encontro e me pegou pela orelha, me arrastando até um sofá e me jogando nele enquanto falava.-