RAOULDepois do que aconteceu no baile de formatura e na casa da vó de Carmine, seus pais estão insuportáveis, me tratando como alguém que precisa ficar em um pedestal. Estão tão agradecidos que às vezes fujo dos seus mimos.Nem quando eu disse que me casaria com a filha deles em pouco tempo eles se aborreceram.Eles acabaram de sair do castelo depois de um jantar em família.De uns tempos para cá essa família anda crescendo muito e bem rápido.— Não vai parir nunca, cunhada? — provoco a minha segunda melhor amiga imensa.— Falta pouco. — Ela responde sentando perto do marido que não perde tempo em colocar a mão na barriga dela.— Sabe o que eu ouvi do Adam mais cedo? — Henry me olha como se estivesse prestes a aprontar. — O verdadeiro significado do apelido Lobo Vermelho, que foi ele que colocou. E todos achando que é por você ser um sociopata.— Meu noivo não é sociopata. — Carmine me defende.Sorrio negando com a cabeça e entrelaço meus dedos aos de Carmine. Sei o que ele vai dizer
Dias depois do Natal, outra festa ocorre nesse castelo. O primeiro casamento desde que Felipe e Aurora tiveram seu evento. O meu casamento. Ainda me lembro de Henry falando para que nosso pai esperasse alguns meses que logo eu subiria no altar com Carmine, o babaca estava tão certo.Carmine e eu mudamos de ideia sobre viajar e decidimos começar nossos estudos em New York, porém casados. E vamos aproveitar o período antes das aulas em lua de mel na ilha do Henry. Sim. Vamos nos casar no último dia do ano. Porque eu quero todo mundo de branco, menos a minha Chapeuzinho.Nunca vi nada mais belo que a noiva de vermelho andando em minha direção. Não sei o que é mais perfeito Seria suas curvas perigosas por onde deslizo? Sua pele perfeita que adoro beijar? Ou seus cachos moldando o sorriso mais lindo?— Raoul? — A voz do pai da Chapeuzinho me tira do transe quando a entrega para mim. — Está em condições de casar?Percebo seu riso discreto.— Não perderia isso por nada.Seguro a mão da mulhe
“Você pode acabar com o mundo todoVocê é tudo que eu souSomente olhe para o meu rostoTudo se resume a amar você”All About Lovin' You -Bon JoviAlguns anos depoisCARMINE— Me dei conta que nunca brincamos de médico. — Raoul fala do banheiro da nossa casa em New York.— Brincamos sim. Eu era dentista e você terapeuta — respondo alto para que me escute de lá.Me lembro que a gente sempre brincava dessas coisas no início da nossa amizade. Ele dizia que era terapeuta por causa do Florian. Acho que foi nessa época que começou a pensar em ser médico.— Ou seja, não brincamos do jeito certo... por isso...Raoul surge com um jaleco de médico, um estetoscópio no pescoço, óculos e uma prancheta. Sem calça, as pernas musculosas a mostra.— Hoje serei seu ginecologista.Nego com a cabeça, sorrindo.— Você está muito sexy, mas também é engraçado.— Não vejo graça. Saúde é uma coisa séria. — Usa um tom bastante profissional enquanto se aproxima da cama.Meu doutor Seven seria a tentação das cli
O pensamento de um Raoul pai me faz sorrir ainda mais.— Tira essa roupa — digo, e ele me olha de um jeito safado. — E nem pense nisso. Vamos tomar banho e descer. Está na hora. — Aponto o relógio.— Sim, minha dona.— Me chamar assim não vai me fazer mudar de ideia.— Minha dona é chata — resmunga.— Não quer ver seus sobrinhos ou seu irmãozinho?— Quero. Depois você me compensa.Revirando os olhos para o meu marido tarado, vou para o banheiro tomar banho sozinha. E enquanto ele toma o dele, me arrumo para a ceia.Tudo rápido.Quando descemos as escadas, encontramos o caos que virou o castelo dos Seven, onde reina agora o barulho de crianças. Nem sei como eles ainda tem tempo para continuar suas atividades ilegais.Mal chegamos ao fim da escada e Raoul já corre para as crianças. Entre elas vejo Noah, meu irmãozinho que meus pais adotaram no orfanato Rodrigues.Eu vou ficar entre os adultos um pouco. Logo terei que dedicar meu tempo integral a uma criança. Não foi planejado, mas um des
O amor é uma flor vermelha Se abrindo para aquele que sempre lhe deu tudo de si.HENRYAcabo de sair do café da manhã com Cinderela. Ela está reclamando dos pés inchados, quando não chegou nem na quinta semana de gestação.Meu pai está fora com Felipe, faz cinco dias desde que recebemos a visita de Drizella e ela nos deu uma possível localização para encontrar Florian. Eles foram conferir e buscar nosso irmão e a suposta mulher grávida dele.— O que está fazendo? — Cinderela pergunta quando a pego no colo.— Levando minha mulher para o quarto.— Eu tenho que ir para o hospital ver as crianças. Não pode me impedir.— Vou pensar no seu caso, de qualquer forma é só a tarde.— E você, não trabalha não?— Pra que? Já sou rico.Ela revira os olhos.Estou quase na escada quando vejo Felipe e meu pai entrando.— E Florian? — pergunto.— A garota informou que eles saíram da casa ontem à noite. E...Ele é interrompido pelos sons menos esperados de se ouvir dentro do castelo dos Seven.— Me sol
RAOULEstou sentado em um parquinho, desses públicos onde tem aparelhos para adultos se balançarem como idiotas e chamarem de exercícios físicos. Um segurança me segue de perto. O vejo no carro do outro lado da rua, ele e o motorista estão prontos para qualquer coisa, é a rotina deles.Saí da escola sem permissão, e não é a primeira vez. Odeio estudar aos sábados.Os seguranças não interferem nessas coisas, apenas relata para o meu pai, que vai falar sozinho por alguns minutos sobre futuro e a necessidade de estudar.Talvez eu fique de castigo, o que não é uma má ideia. Gosto de ficar sozinho no meu quarto, sem fazer nada, apenas deitado encarando as pequenas imperfeições do teto.É mais divertido que ser obrigado a aturar as crianças da minha idade. Elas parecem que não foram fabricadas com o mesmo material que eu, são todas tolas e pegajosas. Não as suporto.Desde o primeiro incidente que sou vigiado com muito rigor. Parece que não posso matar alguém por me contrariar. E matar o pro
Reviro os olhos diante da brincadeira sem sentido.— Já que não quer... — ela se abaixa para levantar a bicicleta que ficou no chão e coloca o doce na cestinha da mesma. Durante o ato, ela pragueja várias vezes, muitos palavrões que meu pai proíbe em casa. Não se parece com as meninas ou meninos do meu colégio, sempre certinhos.— Você tem sorte, menina — digo, decidido a tê-la como minha primeira e única amiga.— A porra do meu joelho dói, não acho que seja sorte.Parece que ela não sabe falar sem incluir um palavrão.— Tem sorte porque chamou a minha atenção. Seremos amigos a partir de agora.Ela me olha por alguns segundos e simplesmente diz:— Eu não quero. Obrigada.O que? Até parece que essa menina vai me dizer não assim. Atrevida.— Por que não quer ser a primeira ami...— Primeira? — me interrompe, levantando a cabeça para olhar novamente meu rosto com interesse.Dou de ombros.— Possivelmente única. Não gosto de pessoas.— Mas eu sou uma pessoa. — Ela volta a colocar o capuz
Sete anos depois.RAOUL— Você vai mesmo me levar? — Carmine vira parte do corpo para me olhar na carteira atrás da que ocupa.Ela me encara piscando seus longos cílios que parecem maiores cada ano que passa. Seus olhos brilham como o mel nas minhas panquecas de manhã.Os olhos de Carmine nunca deixam de me hipnotizar desde que nos conhecemos e eu fiz da vida do meu pai um inferno até ele convencer os pais dela a aceitar que ela fosse bolsista no meu colégio. Como o colégio é muito longe da sua casa, meu motorista nos leva juntos há sete anos. Ela é como uma parte essencial do meu corpo. Depois daquele dia na praça, ficar longe dela me parece absurdo.Desvio o olhar para minhas anotações.— Eu nunca furei com você. Nem nas piores furadas que me obriga — respondo sem olhar para ela enquanto anoto algumas observações da aula de cálculo avançado.Ela nunca presta atenção na aula porque praticamente tem o idiota aqui como professor particular.— Vou comprar os ingresso da pré-venda, Teen