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Encantadora de corações.

Natália

É muito cedo para me deitar, percebo sem sono. Ligo a babá eletrônica e decido ir até um jardim exótico que vi no caminho, quando Rosa me mostrou o quarto. É um espaço fascinante, repleto de cercas vivas que formam um vasto e intricado labirinto.

Ao pisar no terraço, estremeço. Para meu azar, o Duque está ali, encostado em uma das colunas, fumando, com um semblante contemplativo.

Paro imediatamente ao vê-lo. Ele percebe minha presença e se vira. Um sorriso pequeno surge em seus lábios enquanto apaga o cigarro em um cinzeiro dourado, que mais parece um porta-joias, e o fecha com calma.

— Ela dormiu? — ele pergunta.

Assinto e mostro a babá eletrônica.

— Caso ela acorde.

Ele sorri, e me sinto como uma presa diante de um predador.

— E então? Está gostando de trabalhar aqui?

Respiro fundo.

— Sim, sua filha é encantadora.

Ele sorri mais abertamente.

— Isso ela é mesmo. Encantadora de corações. Sem dúvida, a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Embora não tenha vindo de uma relação normal, de cumplicidade.

A curiosidade me instiga.

— Verdade? Aposto que foi uma relação sem amor — digo, acusando, ignorando o alerta do meu cérebro para não me aprofundar demais nesse homem. Sinto que conhecê-lo melhor será como afundar em areia movediça.

Luke aperta os lábios.

— Uma caça-ouro que provocou a gravidez para me extorquir dinheiro.

— Entendo — respondo secamente.

Ele foi descuidado. Deveria ter se precavido.


Luke

Ela está usando um conjunto de moletom preto, e por baixo da blusa aberta, uma camiseta branca. Seus seios são empinados, arredondados. Quase rio ao notar como ela parece mais atraente assim do que quando chegou. Meus olhos sobem, encontrando seu rosto. Ela me olha com julgamento. Uma agitação desconhecida me assola, e, sem entender por quê, me vejo oferecendo uma explicação melhor:

— Ela usou meu sêmen que estava dentro da camisinha para engravidar — digo, firme, sustentando seu olhar.

Suas sobrancelhas perfeitas se erguem, surpresa. Um leve rubor colore suas faces. Continuo:

— Sei disso porque, depois que ela deixou a suíte do hotel onde eu estava hospedado, não encontrei a camisinha.

O choque a faz silenciar.

— Sinto muito — ela diz, finalmente.

Fungo.

— Não sinta. Há males que vêm para o bem, e Catarina é meu bem mais precioso.

Sua expressão suaviza. Parece tocada pelas minhas palavras.

— Verdade.

Analisando suas respostas sucintas e a tensão evidente em seus ombros, percebo claramente que ela não se sente à vontade comigo. Isso me incomoda. Ela me vê como todas as outras pessoas: um destruidor de corações. Mas não é bem assim. Quando percebo que não tenho afinidade com uma mulher, sou claro sobre minhas intenções. Não iludo ninguém. O problema é que sou exigente. Talvez até demais. Na verdade, nem eu sei o que procuro.

Dou um passo para mais perto. Ela se enrijece ainda mais, se isso é possível.

— E... ela? Não se importava com a filha?

— Ela morreu de overdose — enfatizo, minha voz quase um sussurro próximo ao seu rosto.

O cheiro dela é um afrodisíaco. A vontade de tê-la nos meus braços é avassaladora.

Ela não desvia os olhos dos meus. Avalia minhas palavras, minhas intenções. O pulso em seu pescoço acelera. Sua respiração se torna ofegante. Estou louco para provar seus lábios. Meu corpo responde, duro e latejante...

Então, o choro de Catarina ecoa pelo monitor.

Quase blasfemo.

— Catarina. Preciso ir...

Assinto, contrariado, e observo enquanto ela se afasta apressada, seu bumbum empinado dentro do moletom. Sorrio ao vê-lo se movimentando.


Natália

Na manhã seguinte, Rose me acorda às oito horas. Retiro minha camisola e vou até o luxuoso banheiro de mármore rosa. Depois da higiene pessoal, visto meu uniforme e saio do quarto com cuidado para não acordar Catarina, que dorme serenamente.

Carregando a babá eletrônica, caminho pelo corredor. Antes de entrar na sala, noto uma senhora esbelta, muito distinta. Seus cabelos grisalhos estão impecáveis. Paro, sem saber se avanço ou não.

Os humores estão exaltados. Luke tem o semblante carregado.

— Luke, você não pode ficar aqui enquanto o mundo desmorona! Deus! Não acredito que desistiu!

Ele veste roupas esportivas e está sentado displicentemente no sofá. Olha para ela com contrariedade.

— Quem disse que desisti? Tirei uns dias para mim. Minha filha precisa de mim.

— Então leve-a! Mas precisa estar nos debates. Precisamos refazer suas filmagens.

Ele suspira, impaciente.

— Já fizemos isso. Tudo foi planejado antes.

— Não serve. Você está muito...

— Atraente? — ele ri, debochado.

Ela hesita.

— Parece um Casanova.

Luke gargalha.

— Eu posso me vestir de preto, mas as pessoas continuarão me vendo assim.

— Eu já resolvi isso.

— Como assim resolveu?

Eu resolvo entrar e cortar a conversa dos dois antes de ouvir mais alguma coisa e parecer que estou espionando. Entro na sala, eles se calam. Luke passa os olhos pelo meu conjunto cinza chumbo e a blusinha branca. A saia é um pouco mais justa que a outra no dia que cheguei.

— Bom dia a todos — digo.

— Bom dia, senhorita Noam — Luke me diz, seus olhos fixos no meu rosto.

Ele se levanta do sofá, desvio meus olhos dele e encaro a senhora, que ainda sentada me estuda.

— Permita-me apresentá-la a minha Relações Públicas. Kate Windsor Monroe — ele olha para a Senhora. — Kate, essa é Natália Noam, a babá de Catarina.

Ela sorri, parece forçado.

— Bom dia — ela diz, então olha para Luke. — Luke, podemos conversar na biblioteca?

Luke se levanta do sofá e fala decidido:

— Não, Kate, não podemos. Agora vou acompanhar a senhorita Noam e tomaremos café. Está servida?

— Não, eu já tomei! — ela diz impaciente. — Você poderia tomar mais tarde. Precisamos resolver logo esse assunto.

— Isso espera. Quero conversar com ela sobre Catarina.

A senhora funga.

— Deus, Luke! O que precisa conversar com ela? Sua filha é um bebê!

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