NatáliaOuço a vozinha de Catarina chamando.—Pode deixar que eu vou lá. —Rose diz.—Imagina Rose, eu já tomei café.—Deixe Rose ir, eu preciso conversar com você. —Luke diz entrando na cozinha.O cenho de Rose franze, acho que ela está tentando entender o que Luke quer falar comigo. Conhecendo o patrão, ela não gosta nada disso. Contrariada, deixa a cozinha, Tereza sai também, nos dando privacidade.Luke puxa a cadeira e se senta de frente para mim.—Não vou poder ficar em Cornualha, terei que voltar para Londres.—Está certo. —Digo com um sorriso, me sentindo até aliviada por isso. Ficarei sossegada cuidando da filha dele.—Você e Catarina irão.Eu quase engasgo.—O quê?Ele respira fundo.—Eu preciso ganhar essa campanha e ao mesmo tempo, estou me sentindo muito distante da minha filha.Ele ajeita o relógio de ouro em seu pulso. Noto então seu anel de sinete com o emblema da família igualmente de ouro.Desvio meus olhos dele, e fico sem falas no primeiro momento, fito a xícara fugi
Luke— Como eu disse, encontrei a pessoa certa para você. — Você disse isso com Isabela e deu no que deu. — Ela é uma pessoa de confiança.Eu fungo, cético, e olhei para Kate.— Quem é ela, meu guru? — Minha sobrinha.Luke gargalha, quase não acreditando.— Deus! Você está jogando para ganhar mesmo. — Ela tem um nível bom. Uma garota de classe média alta. Eu conversei com ela e ela topou. — Você explicou tudo mesmo? Disse que ela ficará comigo sem envolvimento? — Sim. E o bom é que ela está sozinha, e não gosta de ninguém.— Ótimo, meu queixo ainda dói do soco que levei, e tudo por sua culpa.Kate ri, mas logo se faz séria.— Ela será sua companhia até você conseguir se candidatar. — Então, com um tom firme, ela continua. — Agora, preste atenção, ela é a minha sobrinha e você a tratará com respeito. Já conversei com o pai dela, que é meu irmão, e prometi que você a respeitaria.Eu a olho, sem entender completamente.— Só não entendo uma coisa. Como seu irmão, sabendo a imagem qu
NatáliaLuke solta um suspiro pesado, claramente esperando mais resistência da minha parte. Quase sorrio ao notar a confusão em seus olhos, como se não soubesse lidar com uma resposta que não fosse um desafio direto.— Sim, eu sei que não foi o combinado. Sei que o castelo fica mais perto da sua cidade e que talvez você queira usar suas folgas para resolver suas coisas… — Ele faz uma pausa, os olhos escuros avaliando minha expressão. — Mas eu dobro seu salário.Dobrar meu salário?A ideia me atinge como um soco no estômago. Ah, como eu preciso do dinheiro! O peso das dívidas que carrego nunca me permite esquecer disso. Minha mente gira em um turbilhão, mas minha resposta vem quase automática.— Tudo bem, eu vou.Os lábios de Luke se curvam em um sorriso lento, satisfeito. Seus olhos se estreitam levemente, e antes que eu possa reagir, ele captura minha mão e a leva aos lábios. O toque quente e inesperado de sua boca na minha pele faz um arrepio subir pela minha espinha.— Ótimo. — Sua
O cabelo dela cai sobre os ombros, cobrindo a rigidez de seu pescoço ereto. Ondas pesadas, macias.E a cor...Um tom acobreado fascinante que combina com sua pele, com seus olhos claros, com tudo nela.Eu deveria parar de olhar.Mas não consigo.— Amanhã está marcado um baile de máscaras, e depois de amanhã, um torneio de polo — diz Kate ao meu lado.Forço-me a desviar os olhos de Natália e encarar minha assessora.— Certo. Pode confirmar.Kate sorri, satisfeita.— Assim é que se fala.Aceno distraído, mas minha atenção já não está nela. Volto a observar Natália e Catarina. Ela aponta os pavões para minha filha, que olha encantada para as aves exóticas. A luz do sol faz os cabelos de Natália brilharem como fogo sob a brisa da manhã.Lindo.Sinto os olhos de Kate sobre mim. Disfarço.— Vamos entrar? — sugiro.Assim que atravesso a entrada principal, sou recebido com aplausos. Minha equipe de campanha me aguarda, rostos animados, cumprimentos calorosos. Dou um sorriso jocoso e faço um "
LukeO rubor em seu rosto a contradiz.Assim como suas pupilas dilatadas.Assim como o modo como sua respiração acelerada trai a raiva que tenta demonstrar.Seus olhos emitem um aviso, mas a veia pulsante em seu pescoço diz outra coisa.E isso me deixa mais duro do que nunca.— Diga-me que não gostou. — Minha voz sai baixa, provocante, carregada de desafio.Dou um passo à frente, e ela recua instintivamente, mas não o suficiente para escapar de mim. Catarina nos observa sem entender, alheia à tensão no ar.Natália estreita os olhos, tentando recuperar o controle da situação.— Não gostei da sua atitude.Um sorriso nasce em meus lábios. Ela é boa com palavras, mas seu corpo? Seu corpo me conta outra história.— Seu lado certinho não gostou, minha cara. — Minha voz desliza como uma carícia. — Mas seu corpo... Ah, esse não apenas gostou, como aprovou e quer mais.Seus olhos brilham com um misto de raiva e incerteza.Ela abre a boca para responder, mas hesita. Nenhuma palavra sai.Um silê
Minutos depois...Desde o momento em que entramos no shopping, percebo o impacto que Luke causa.Ele tem um magnetismo absurdo.Todas as mulheres—de todas as idades—o observam.As mais jovens sorriem abertamente, lançando olhares sedutores, tentando atrair sua atenção. As adolescentes são piores, rindo alto, vibrando como se ele fosse um astro do cinema.As mais velhas não disfarçam a admiração, deixando os olhos grudados nele.Até mulheres acompanhadas não resistem a um olhar discreto.O mais impressionante é que ele parece alheio a tudo isso. Ou apenas acostumado.Luke tem a presença de um predador nato.Homens como ele caçam. Seduzem.Fidelidade e amor verdadeiro não fazem parte do seu vocabulário.Presa nos meus pensamentos, não percebo quando ele para em frente a uma loja de departamento.Somente quando ele tira um maço de dinheiro da carteira e estende para mim, meu corpo reage.Por um segundo, hesito antes de pegar o dinheiro.O gesto me atinge de forma estranha.Parecemos... m
LukeEu forço sorrisos para as três mulheres que vieram falar comigo, embora esteja louco para ir para casa. Na minha experiência, elas querem conversar sobre a minha vida, mas eu, ao contrário, evito falar sobre qualquer coisa que não seja política. Só que esse é um assunto que elas passam longe.Minha paciência quase se esgota quando começam a brincar com Catarina como se ela fosse uma debiloide. Respiro fundo e me pergunto: desde quando me tornei tão ranzinza? Talvez sempre tenha sido, mas hoje, em especial, estou sem tolerância para esse tipo de coisa. E acho que sei o porquê. Esse assédio todo pode melar as investidas que estou dando na babá.Essa garota certinha tem sido meu alvo, e eu quero vê-la descabelada, chamando meu nome.Ainda me pergunto o que vi nela a ponto de me preocupar em ser visto cercado por essas mulheres bonitas. Sim, porque elas são bonitas: a loira exuberante de olhos verdes, a morena de pele cor de chocolate e olhos cor de mel, e a outra loira, mais quieta,
Levanto a sobrancelha, já entediado.— Você também virá com sermão? Não precisa, Natália já puxou minha orelha. Bem, vou tomar um banho, responder alguns e-mails e descansar até a hora de ir. — Digo, mal-humorado. E não é só pelo sermão. Estou irritado porque vou ter que sair com uma mulher que nem conheço e que, além de manchar minha imagem, ainda pode atrapalhar minhas investidas com a babá.Kate sorri de canto, como se se divertisse com a minha frustração.— Ótimo. Lembre-se, Camila será sua nova mulher daqui para frente.Respiro fundo, cansado dessa história.— Já sei. Até mais.No meu quarto, fecho a porta e começo a andar de um lado para o outro, inquieto. Dentro de mim, a vontade de falar com Natália, de explicar essa situação, cresce. Mas eu? Me rebaixar a ponto de dar explicações? Puxo uma generosa quantidade de ar, tentando controlar minhas emoções. Foda-se. Se ela vir a garota, eu explico. Mas sair daqui atrás da babá está fora de cogitação.NatáliaMeia hora depois, Lúcia