NatáliaLuke solta um suspiro pesado, claramente esperando mais resistência da minha parte. Quase sorrio ao notar a confusão em seus olhos, como se não soubesse lidar com uma resposta que não fosse um desafio direto.— Sim, eu sei que não foi o combinado. Sei que o castelo fica mais perto da sua cidade e que talvez você queira usar suas folgas para resolver suas coisas… — Ele faz uma pausa, os olhos escuros avaliando minha expressão. — Mas eu dobro seu salário.Dobrar meu salário?A ideia me atinge como um soco no estômago. Ah, como eu preciso do dinheiro! O peso das dívidas que carrego nunca me permite esquecer disso. Minha mente gira em um turbilhão, mas minha resposta vem quase automática.— Tudo bem, eu vou.Os lábios de Luke se curvam em um sorriso lento, satisfeito. Seus olhos se estreitam levemente, e antes que eu possa reagir, ele captura minha mão e a leva aos lábios. O toque quente e inesperado de sua boca na minha pele faz um arrepio subir pela minha espinha.— Ótimo. — Sua
O cabelo dela cai sobre os ombros, cobrindo a rigidez de seu pescoço ereto. Ondas pesadas, macias.E a cor...Um tom acobreado fascinante que combina com sua pele, com seus olhos claros, com tudo nela.Eu deveria parar de olhar.Mas não consigo.— Amanhã está marcado um baile de máscaras, e depois de amanhã, um torneio de polo — diz Kate ao meu lado.Forço-me a desviar os olhos de Natália e encarar minha assessora.— Certo. Pode confirmar.Kate sorri, satisfeita.— Assim é que se fala.Aceno distraído, mas minha atenção já não está nela. Volto a observar Natália e Catarina. Ela aponta os pavões para minha filha, que olha encantada para as aves exóticas. A luz do sol faz os cabelos de Natália brilharem como fogo sob a brisa da manhã.Lindo.Sinto os olhos de Kate sobre mim. Disfarço.— Vamos entrar? — sugiro.Assim que atravesso a entrada principal, sou recebido com aplausos. Minha equipe de campanha me aguarda, rostos animados, cumprimentos calorosos. Dou um sorriso jocoso e faço um "
LukeO rubor em seu rosto a contradiz.Assim como suas pupilas dilatadas.Assim como o modo como sua respiração acelerada trai a raiva que tenta demonstrar.Seus olhos emitem um aviso, mas a veia pulsante em seu pescoço diz outra coisa.E isso me deixa mais duro do que nunca.— Diga-me que não gostou. — Minha voz sai baixa, provocante, carregada de desafio.Dou um passo à frente, e ela recua instintivamente, mas não o suficiente para escapar de mim. Catarina nos observa sem entender, alheia à tensão no ar.Natália estreita os olhos, tentando recuperar o controle da situação.— Não gostei da sua atitude.Um sorriso nasce em meus lábios. Ela é boa com palavras, mas seu corpo? Seu corpo me conta outra história.— Seu lado certinho não gostou, minha cara. — Minha voz desliza como uma carícia. — Mas seu corpo... Ah, esse não apenas gostou, como aprovou e quer mais.Seus olhos brilham com um misto de raiva e incerteza.Ela abre a boca para responder, mas hesita. Nenhuma palavra sai.Um silê
Minutos depois...Desde o momento em que entramos no shopping, percebo o impacto que Luke causa.Ele tem um magnetismo absurdo.Todas as mulheres—de todas as idades—o observam.As mais jovens sorriem abertamente, lançando olhares sedutores, tentando atrair sua atenção. As adolescentes são piores, rindo alto, vibrando como se ele fosse um astro do cinema.As mais velhas não disfarçam a admiração, deixando os olhos grudados nele.Até mulheres acompanhadas não resistem a um olhar discreto.O mais impressionante é que ele parece alheio a tudo isso. Ou apenas acostumado.Luke tem a presença de um predador nato.Homens como ele caçam. Seduzem.Fidelidade e amor verdadeiro não fazem parte do seu vocabulário.Presa nos meus pensamentos, não percebo quando ele para em frente a uma loja de departamento.Somente quando ele tira um maço de dinheiro da carteira e estende para mim, meu corpo reage.Por um segundo, hesito antes de pegar o dinheiro.O gesto me atinge de forma estranha.Parecemos... m
LukeEu forço sorrisos para as três mulheres que vieram falar comigo, embora esteja louco para ir para casa. Na minha experiência, elas querem conversar sobre a minha vida, mas eu, ao contrário, evito falar sobre qualquer coisa que não seja política. Só que esse é um assunto que elas passam longe.Minha paciência quase se esgota quando começam a brincar com Catarina como se ela fosse uma debiloide. Respiro fundo e me pergunto: desde quando me tornei tão ranzinza? Talvez sempre tenha sido, mas hoje, em especial, estou sem tolerância para esse tipo de coisa. E acho que sei o porquê. Esse assédio todo pode melar as investidas que estou dando na babá.Essa garota certinha tem sido meu alvo, e eu quero vê-la descabelada, chamando meu nome.Ainda me pergunto o que vi nela a ponto de me preocupar em ser visto cercado por essas mulheres bonitas. Sim, porque elas são bonitas: a loira exuberante de olhos verdes, a morena de pele cor de chocolate e olhos cor de mel, e a outra loira, mais quieta,
Levanto a sobrancelha, já entediado.— Você também virá com sermão? Não precisa, Natália já puxou minha orelha. Bem, vou tomar um banho, responder alguns e-mails e descansar até a hora de ir. — Digo, mal-humorado. E não é só pelo sermão. Estou irritado porque vou ter que sair com uma mulher que nem conheço e que, além de manchar minha imagem, ainda pode atrapalhar minhas investidas com a babá.Kate sorri de canto, como se se divertisse com a minha frustração.— Ótimo. Lembre-se, Camila será sua nova mulher daqui para frente.Respiro fundo, cansado dessa história.— Já sei. Até mais.No meu quarto, fecho a porta e começo a andar de um lado para o outro, inquieto. Dentro de mim, a vontade de falar com Natália, de explicar essa situação, cresce. Mas eu? Me rebaixar a ponto de dar explicações? Puxo uma generosa quantidade de ar, tentando controlar minhas emoções. Foda-se. Se ela vir a garota, eu explico. Mas sair daqui atrás da babá está fora de cogitação.NatáliaMeia hora depois, Lúcia
Eu a encaro por um momento, mas logo desvio os olhos. Ainda bem que a sala é enorme. Eles estão a alguns metros de distância, e isso me dá tempo de me recompor. Pego Catarina no colo e aperto o passo em direção à cozinha, ignorando a cena que acabei de presenciar.Mas não chego longe.Sinto uma presença ao meu lado assim que entro no corredor. É Luke.— Seus olhos pareciam uma bazuca lá na sala, atirando em minha direção.Reviro os olhos.— Ah, que exagerado! — Respondo, sem paciência.— Guarde seu julgamento para você. Não é nada disso que está pensando.Paro abruptamente e encaro Luke com um olhar descrente.— Não? Difícil acreditar. Mas tudo bem, eu não tenho nada a ver com sua vida.Embora fervendo de raiva com o mau-caratismo dele, dou de ombros e continuo andando. Catarina se aconchega em meu colo, e eu foco no que realmente importa: alimentar a pequena e esquecer esse homem problemático.Mas Luke não desiste fácil. Ele surge ao meu lado de novo, acompanhando meus passos.— Essa
Ela pisca para mim, incrédula com o que acabei de dizer. Seu rosto cora instantaneamente.Acho que ela quer me bater.Mas antes que qualquer reação venha, os fotógrafos se aproximam e nos posicionam diante de um jardim de inverno deslumbrante. Faço minha pose clássica, formando um "L" de Luke com os dedos, enquanto Brianna, já recomposta, sorri por trás da máscara.Solto o ar em alívio assim que esse momento termina e a conduzo para dentro do salão com um leve toque em suas costas nuas.A insatisfação me invade.Estou com a pessoa errada.Eu adoraria estar ao lado de Natália. Não é sobre as roupas ou o status dela. Sei que há uma mulher incrivelmente sensual por trás daquele jeito discreto. Mas não é só isso...Ela é.Simplesmente ela.O pensamento me inquieta. Sempre desejei sentir algo real por alguém. Acredito que o amor preenche o vazio da alma, traz completude. É mais do que desejo ou conveniência; é um motivo para construir um relacionamento, uma vida. Quem sabe dar uma mãe para