LukeO rubor em seu rosto a contradiz.Assim como suas pupilas dilatadas.Assim como o modo como sua respiração acelerada trai a raiva que tenta demonstrar.Seus olhos emitem um aviso, mas a veia pulsante em seu pescoço diz outra coisa.E isso me deixa mais duro do que nunca.— Diga-me que não gostou. — Minha voz sai baixa, provocante, carregada de desafio.Dou um passo à frente, e ela recua instintivamente, mas não o suficiente para escapar de mim. Catarina nos observa sem entender, alheia à tensão no ar.Natália estreita os olhos, tentando recuperar o controle da situação.— Não gostei da sua atitude.Um sorriso nasce em meus lábios. Ela é boa com palavras, mas seu corpo? Seu corpo me conta outra história.— Seu lado certinho não gostou, minha cara. — Minha voz desliza como uma carícia. — Mas seu corpo... Ah, esse não apenas gostou, como aprovou e quer mais.Seus olhos brilham com um misto de raiva e incerteza.Ela abre a boca para responder, mas hesita. Nenhuma palavra sai.Um silê
Minutos depois...Desde o momento em que entramos no shopping, percebo o impacto que Luke causa.Ele tem um magnetismo absurdo.Todas as mulheres—de todas as idades—o observam.As mais jovens sorriem abertamente, lançando olhares sedutores, tentando atrair sua atenção. As adolescentes são piores, rindo alto, vibrando como se ele fosse um astro do cinema.As mais velhas não disfarçam a admiração, deixando os olhos grudados nele.Até mulheres acompanhadas não resistem a um olhar discreto.O mais impressionante é que ele parece alheio a tudo isso. Ou apenas acostumado.Luke tem a presença de um predador nato.Homens como ele caçam. Seduzem.Fidelidade e amor verdadeiro não fazem parte do seu vocabulário.Presa nos meus pensamentos, não percebo quando ele para em frente a uma loja de departamento.Somente quando ele tira um maço de dinheiro da carteira e estende para mim, meu corpo reage.Por um segundo, hesito antes de pegar o dinheiro.O gesto me atinge de forma estranha.Parecemos... m
LukeEu forço sorrisos para as três mulheres que vieram falar comigo, embora esteja louco para ir para casa. Na minha experiência, elas querem conversar sobre a minha vida, mas eu, ao contrário, evito falar sobre qualquer coisa que não seja política. Só que esse é um assunto que elas passam longe.Minha paciência quase se esgota quando começam a brincar com Catarina como se ela fosse uma debiloide. Respiro fundo e me pergunto: desde quando me tornei tão ranzinza? Talvez sempre tenha sido, mas hoje, em especial, estou sem tolerância para esse tipo de coisa. E acho que sei o porquê. Esse assédio todo pode melar as investidas que estou dando na babá.Essa garota certinha tem sido meu alvo, e eu quero vê-la descabelada, chamando meu nome.Ainda me pergunto o que vi nela a ponto de me preocupar em ser visto cercado por essas mulheres bonitas. Sim, porque elas são bonitas: a loira exuberante de olhos verdes, a morena de pele cor de chocolate e olhos cor de mel, e a outra loira, mais quieta,
Levanto a sobrancelha, já entediado.— Você também virá com sermão? Não precisa, Natália já puxou minha orelha. Bem, vou tomar um banho, responder alguns e-mails e descansar até a hora de ir. — Digo, mal-humorado. E não é só pelo sermão. Estou irritado porque vou ter que sair com uma mulher que nem conheço e que, além de manchar minha imagem, ainda pode atrapalhar minhas investidas com a babá.Kate sorri de canto, como se se divertisse com a minha frustração.— Ótimo. Lembre-se, Camila será sua nova mulher daqui para frente.Respiro fundo, cansado dessa história.— Já sei. Até mais.No meu quarto, fecho a porta e começo a andar de um lado para o outro, inquieto. Dentro de mim, a vontade de falar com Natália, de explicar essa situação, cresce. Mas eu? Me rebaixar a ponto de dar explicações? Puxo uma generosa quantidade de ar, tentando controlar minhas emoções. Foda-se. Se ela vir a garota, eu explico. Mas sair daqui atrás da babá está fora de cogitação.NatáliaMeia hora depois, Lúcia
Eu a encaro por um momento, mas logo desvio os olhos. Ainda bem que a sala é enorme. Eles estão a alguns metros de distância, e isso me dá tempo de me recompor. Pego Catarina no colo e aperto o passo em direção à cozinha, ignorando a cena que acabei de presenciar.Mas não chego longe.Sinto uma presença ao meu lado assim que entro no corredor. É Luke.— Seus olhos pareciam uma bazuca lá na sala, atirando em minha direção.Reviro os olhos.— Ah, que exagerado! — Respondo, sem paciência.— Guarde seu julgamento para você. Não é nada disso que está pensando.Paro abruptamente e encaro Luke com um olhar descrente.— Não? Difícil acreditar. Mas tudo bem, eu não tenho nada a ver com sua vida.Embora fervendo de raiva com o mau-caratismo dele, dou de ombros e continuo andando. Catarina se aconchega em meu colo, e eu foco no que realmente importa: alimentar a pequena e esquecer esse homem problemático.Mas Luke não desiste fácil. Ele surge ao meu lado de novo, acompanhando meus passos.— Essa
Ela pisca para mim, incrédula com o que acabei de dizer. Seu rosto cora instantaneamente.Acho que ela quer me bater.Mas antes que qualquer reação venha, os fotógrafos se aproximam e nos posicionam diante de um jardim de inverno deslumbrante. Faço minha pose clássica, formando um "L" de Luke com os dedos, enquanto Brianna, já recomposta, sorri por trás da máscara.Solto o ar em alívio assim que esse momento termina e a conduzo para dentro do salão com um leve toque em suas costas nuas.A insatisfação me invade.Estou com a pessoa errada.Eu adoraria estar ao lado de Natália. Não é sobre as roupas ou o status dela. Sei que há uma mulher incrivelmente sensual por trás daquele jeito discreto. Mas não é só isso...Ela é.Simplesmente ela.O pensamento me inquieta. Sempre desejei sentir algo real por alguém. Acredito que o amor preenche o vazio da alma, traz completude. É mais do que desejo ou conveniência; é um motivo para construir um relacionamento, uma vida. Quem sabe dar uma mãe para
NatáliaEstou na cama, me revirando nos lençóis, incapaz de encontrar descanso. Meu corpo está exausto, mas minha mente não me dá trégua.Deus, como tudo saiu do controle tão rápido? Como fui me perder assim, me afundar nesse turbilhão de sentimentos por um homem que só quer me levar para a cama e depois me descartar como se eu fosse nada?Com raiva, soco o travesseiro, sentindo a frustração pulsar em minhas veias. Tento acalmar minha respiração, mas então me viro e vejo Catarina, dormindo como um anjinho. Meu peito aperta. O pior de tudo? Estou me apegando a essa menina. Demais.Em tão pouco tempo, ela conseguiu me cativar de um jeito que me assusta. Mas... só ela? Meu coração me acusa, e eu sei a resposta antes mesmo de pensar nela. Meu Deus, por que eu me apego tanto às pessoas?Quando minha mãe morreu, meu mundo desabou. Fiquei sem chão, perdida, sozinha. Tive que parar os estudos, me virar para sobreviver. Me joguei no primeiro emprego que encontrei: garçonete em um bar noturno.
Coloco a mamadeira vazia na mesa e me levanto com ela no colo.—Você gosta de ver os pavões, não é? —Digo, sorrindo, fazendo cócegas na sua barriga.Catarina gargalha.—Cuidado, ela acabou de mamar. —Natália me avisa.Sim, ela tem razão. Não quero ser banhado com leite azedo.Sorrindo dou um beijo nas bochechas rosadas da minha filha e procuro Natália com os olhos.—Pensei em comprar um cachorro, o que acha?—Comprar? Tem tantos cães nesses abrigos. Deve ter algum animal dócil para agregar à família.Sinto meu coração se agitar com suas palavras. Eu nunca poderia imaginar que conheceria alguém como ela... as falas dela simplesmente me fazem estremecer de prazer, gosto disso nela, sua sensibilidade.Família...outra palavra que ela disse que mexeu comigo. Quando penso nela a imagem de nós quatro juntos me vêm. Eu, Natália, Catarina andando num local aberto, todo gramado e o animal correndo ao nosso redor. Sorrio com esses pensamentos e digo:—Você iria comigo escolher um?Ela acena com