Capítulo Dois

Dylan Neith

Pela janela do avião, observo a cidade e a vida que estou deixando para trás. Eu não consigo acreditar que estou deixando tudo para trás, somente por causa de uma traição m*****a. Eu sei que parece covarde de minha parte fugir das coisas assim, mas eu me conheço muito bem, para saber que se eu ficar em Moscovo perto de Ivana e Ary, é bem provável que isso termine num banho de sangue. Eu não sou violento, mas a imagem de sua namorada quicando no pau de seu melhor amigo, pode transformar qualquer um em assassino.

Eu estou viajando para Moçambique,   um país da África austral, com clima quente, praias muito bonitas, limpas  e principalmente comida orgânica, sem nenhum tipo de adubo. O país é tão fértil que, em seus próprios quintais eles cultivam. Diferente da Rússia que para encontrar comida orgânica, você precisa pagar muito carro em fazendas próprias, em Moçambique é só sair um pouco da casa, que você encontrava em qualquer esquina. O meu tio Max, irmão mais velho do meu pai, é casado com uma mulher moçambicana  e por conta disso, a nossa família alemã deu as costas para ele assim que ele assumiu o relacionamento com sua esposa. Eu não entendo muito bem o porquê da nossa família ser tão racista, mas o racismo deles, fez com que o meu primo Khensane crescesse sem nenhum contacto com a nossa família, só o nosso avô foi quem tentou chegar até ele, mas infelizmente ele morreu um ano depois disso. O meu pai também, cortou laços com a Nossa família, ele preferiu ficar ao lado do irmão e isso é uma de muitas coisas que me admira nele.

— Caros passageiros, dentro de instantes pousaremos no aeroporto internacional de Joanesburgo — o copiloto informou.

Você deve estar se perguntando, como assim Joanesburgo? Sendo que você vai para Moçambique. Bem, em Moçambique infelizmente não existem vôos directos para Moscovo, assim sendo, há necessidade de fazer vôos interligados, de Maputo para Joanesburgo e de Joanesburgo á Moscovo. Assim que desço no aeroporto de Joanesburgo, tenho que tomar um outro avião, até o aeroporto internacional de Maputo, que é o local onde  o meu tio mora e onde ficarei. Eu não sei se todos têm esse defeito, mas eu não consigo fazer uma viagem de avião sem dormir, eu simplesmente durmo do início da viagem até o fim, e praticamente não acompanho nada da viagem, mas nessa viagem, eu quero fazer algo diferente, ao invés de ficar viajando na maionese e não saber o momento em que chegarei, eu vou conversar com quem estiver do meu lado.

— Bom dia — cumprimento a senhora que está sentada do meu lado.

Você estar pensando, bom! Está ao lado de uma velha, ela deve ser simpática. Errouuuu, a velha não respondeu ao meu cumprimento, muito pelo contrário, só me devolveu um olhar estranho e voltou a fazer as coisas dela que, é basicamente nada, sentar e fingir que não estou do lado dela. Ao menos tentei né?

— Primooo! Bem vindo a Moçambique, o local onde você vai esquecer todos seus chifres — meu primo Khensane grita assim que me vê saindo da zona de desembarque. Ele está parado com uma mão no bolso de suas calças folgadas e um sorriso debochado, ilumina seu rosto.

— Não precisa gritar para todos que sou corno, idiota — retruquei baixinho para que somente ele ouvisse.

Estendo a mão para que possamos nos cumprimentar como dois camaradas, mas meu primo tem outros planos. Assim que minha mão chega até ele, ele me puxa para um abraço forte, como se fosse o abraço da minha avó Annia.

— Aaaah! Pará de papo, essa mão levantada é para eu te cumprimentar? Não sou vovó eu — tagarelou enquanto me sufocava.

Diferente de mim que sou muito sério, meu primo Khensane é bem humorado, são raras as vezes em que você o encontra chateado, ele sempre está com o sorriso debochado no rosto, como se a vida fosse só uma piada para ele.

— Vamos emborrra idiota, preciso ver minha tia e comer a Xiguinha de cacana dela — comento o puxando pelo braço para que ele preste atenção nas minhas malas e não nas mulheres que estavam no aeroporto.

O que o meu primo tem de altura, ele tem de safadeza, toda a criatura com duas pernas e uma vagina, para ele, está óptimo, tão bom que até esquece a família. O dia está quente, outra coisa que adoro em Moçambique é isso, o clima, clima tropical, melhora o humor de qualquer um, bom de qualquer um não, porque a velha do avião precisa de uma dose extra de clima tropical. O idiota do meu primo levanta de onde estava sentado, carrega minhas malas até seu carro que está estacionado do lado de fora.

— UAU! Carro novo? O que você fez para merecer isso? — comentei assim que vi o Lexus prateado a minha frente.

Diferente do meu pai que é mão de vaca, o meu tio Max, adora gastar com filho, desde carros luxuosos á viagem sem importância, meu primo Khensane, mais parece um play Boy mimado, mas graças a educação da mãe ( tia), ele saiu uma mistura dos dois, um play Boy mimado, mas educado.

— Bom! Seu amado tio Max, achou que seria óptimo comemorar minha última Victoria no campeonato de xadrez — comenta fazendo pouco caso, enquanto arruma minhas malas, no porta malas de seu carro.

Assim que termina, lança as chaves em minhas mãos para que eu dirija seu carro.

— Tem certeza? — questiono arqueando uma sombra — Eu não serei gentil com ela — completei passando a mão no carro.

— Fisseke! Até parece que estás a falar de uma mulher, isso é um carro — retrucou rindo da minha cara, ele não entendia a minha paixão descomunal por os carros —  E não é ela, é ele — completou e entrou no carro.

Também entro no carro e dou partida, o carro realmente é bom, o motor é bom e dá a sensação de estar no velozes e furiosos, mas eu não estou no mesmo então é melhor controlar os meus impulsos.

— Vai ficar por quanto tempo em Moçambique? — sondou como se não quisesse nada.

Quando saí de Moscovo, eu prometi para a minha mãe que voltaria, que aquela viagem era só para esquecer a imagem horripilante de Ivana e Ary na minha cama. Então! Eu não tinha previsões de volta, a viagem pode durar um ou dois meses, ou até mesmo um ano, vai depender de como eu vou me adaptar e esquecer os meus chifres.

— Não sei, vai depender da velocidade com qual eu vou esquecer os meus chifres — retruco sem dar muita importância ao assunto, para falar a verdade, eu prefiro não me recordar de nada que ligue a Ivana.

— Você está no lugar certo amigo, aqui você vai esquecer em pouco tempo esses chifres — comenta bem humorado.

Você deve estar se perguntando, como eu posso estar dirigindo o carro, eu por acaso conheço a casa dele? Sim, eu conheço, todos os finais de ano eu e a minha família viajamos para Maputo para visitar os meus tios, às vezes eles vão para Rússia. Então! Sim, eu sei como chegar em malhapsene, não mudou muita coisa de dezembro até hoje, a portagem de Maputo continua a mesma e a estrada número quatro continua sendo a melhor de Maputo. A viagem do aeroporto dura em média uma hora, afinal, o aeroporto está num outro distrito e a casa num outro.

— Chegamos sua alteza, bem vindo a minha humilde casa — Khensane comenta assim que os portões se abrem para nós.

Entramos dentro do condomínio horizonte e dirijo até sua casa. Enquanto dirijo, aprecio as casas do lado, até que os meus olhos chegam na casa que está ao lado da do meu primo. Meus olhos são atraídos até ela, como se ela tivesse dois ímans, eu não consigo parar de olhar para ela.

— Quem é ela? — sussurro ainda em letargia. Aponto com a cabeça para que ele a veja.

— Iiiih! Pode esquecer, ela tem namorado — comenta com humor agitando as mãos como se ela fosse algo proibido.

Mas é o que dizem, o proibido, é mais gostoso.

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