Dylan Neith
Pela janela do avião, observo a cidade e a vida que estou deixando para trás. Eu não consigo acreditar que estou deixando tudo para trás, somente por causa de uma traição m*****a. Eu sei que parece covarde de minha parte fugir das coisas assim, mas eu me conheço muito bem, para saber que se eu ficar em Moscovo perto de Ivana e Ary, é bem provável que isso termine num banho de sangue. Eu não sou violento, mas a imagem de sua namorada quicando no pau de seu melhor amigo, pode transformar qualquer um em assassino. Eu estou viajando para Moçambique, um país da África austral, com clima quente, praias muito bonitas, limpas e principalmente comida orgânica, sem nenhum tipo de adubo. O país é tão fértil que, em seus próprios quintais eles cultivam. Diferente da Rússia que para encontrar comida orgânica, você precisa pagar muito carro em fazendas próprias, em Moçambique é só sair um pouco da casa, que você encontrava em qualquer esquina. O meu tio Max, irmão mais velho do meu pai, é casado com uma mulher moçambicana e por conta disso, a nossa família alemã deu as costas para ele assim que ele assumiu o relacionamento com sua esposa. Eu não entendo muito bem o porquê da nossa família ser tão racista, mas o racismo deles, fez com que o meu primo Khensane crescesse sem nenhum contacto com a nossa família, só o nosso avô foi quem tentou chegar até ele, mas infelizmente ele morreu um ano depois disso. O meu pai também, cortou laços com a Nossa família, ele preferiu ficar ao lado do irmão e isso é uma de muitas coisas que me admira nele. — Caros passageiros, dentro de instantes pousaremos no aeroporto internacional de Joanesburgo — o copiloto informou. Você deve estar se perguntando, como assim Joanesburgo? Sendo que você vai para Moçambique. Bem, em Moçambique infelizmente não existem vôos directos para Moscovo, assim sendo, há necessidade de fazer vôos interligados, de Maputo para Joanesburgo e de Joanesburgo á Moscovo. Assim que desço no aeroporto de Joanesburgo, tenho que tomar um outro avião, até o aeroporto internacional de Maputo, que é o local onde o meu tio mora e onde ficarei. Eu não sei se todos têm esse defeito, mas eu não consigo fazer uma viagem de avião sem dormir, eu simplesmente durmo do início da viagem até o fim, e praticamente não acompanho nada da viagem, mas nessa viagem, eu quero fazer algo diferente, ao invés de ficar viajando na maionese e não saber o momento em que chegarei, eu vou conversar com quem estiver do meu lado. — Bom dia — cumprimento a senhora que está sentada do meu lado. Você estar pensando, bom! Está ao lado de uma velha, ela deve ser simpática. Errouuuu, a velha não respondeu ao meu cumprimento, muito pelo contrário, só me devolveu um olhar estranho e voltou a fazer as coisas dela que, é basicamente nada, sentar e fingir que não estou do lado dela. Ao menos tentei né? — Primooo! Bem vindo a Moçambique, o local onde você vai esquecer todos seus chifres — meu primo Khensane grita assim que me vê saindo da zona de desembarque. Ele está parado com uma mão no bolso de suas calças folgadas e um sorriso debochado, ilumina seu rosto. — Não precisa gritar para todos que sou corno, idiota — retruquei baixinho para que somente ele ouvisse. Estendo a mão para que possamos nos cumprimentar como dois camaradas, mas meu primo tem outros planos. Assim que minha mão chega até ele, ele me puxa para um abraço forte, como se fosse o abraço da minha avó Annia. — Aaaah! Pará de papo, essa mão levantada é para eu te cumprimentar? Não sou vovó eu — tagarelou enquanto me sufocava. Diferente de mim que sou muito sério, meu primo Khensane é bem humorado, são raras as vezes em que você o encontra chateado, ele sempre está com o sorriso debochado no rosto, como se a vida fosse só uma piada para ele. — Vamos emborrra idiota, preciso ver minha tia e comer a Xiguinha de cacana dela — comento o puxando pelo braço para que ele preste atenção nas minhas malas e não nas mulheres que estavam no aeroporto. O que o meu primo tem de altura, ele tem de safadeza, toda a criatura com duas pernas e uma vagina, para ele, está óptimo, tão bom que até esquece a família. O dia está quente, outra coisa que adoro em Moçambique é isso, o clima, clima tropical, melhora o humor de qualquer um, bom de qualquer um não, porque a velha do avião precisa de uma dose extra de clima tropical. O idiota do meu primo levanta de onde estava sentado, carrega minhas malas até seu carro que está estacionado do lado de fora. — UAU! Carro novo? O que você fez para merecer isso? — comentei assim que vi o Lexus prateado a minha frente. Diferente do meu pai que é mão de vaca, o meu tio Max, adora gastar com filho, desde carros luxuosos á viagem sem importância, meu primo Khensane, mais parece um play Boy mimado, mas graças a educação da mãe ( tia), ele saiu uma mistura dos dois, um play Boy mimado, mas educado. — Bom! Seu amado tio Max, achou que seria óptimo comemorar minha última Victoria no campeonato de xadrez — comenta fazendo pouco caso, enquanto arruma minhas malas, no porta malas de seu carro. Assim que termina, lança as chaves em minhas mãos para que eu dirija seu carro. — Tem certeza? — questiono arqueando uma sombra — Eu não serei gentil com ela — completei passando a mão no carro. — Fisseke! Até parece que estás a falar de uma mulher, isso é um carro — retrucou rindo da minha cara, ele não entendia a minha paixão descomunal por os carros — E não é ela, é ele — completou e entrou no carro. Também entro no carro e dou partida, o carro realmente é bom, o motor é bom e dá a sensação de estar no velozes e furiosos, mas eu não estou no mesmo então é melhor controlar os meus impulsos. — Vai ficar por quanto tempo em Moçambique? — sondou como se não quisesse nada. Quando saí de Moscovo, eu prometi para a minha mãe que voltaria, que aquela viagem era só para esquecer a imagem horripilante de Ivana e Ary na minha cama. Então! Eu não tinha previsões de volta, a viagem pode durar um ou dois meses, ou até mesmo um ano, vai depender de como eu vou me adaptar e esquecer os meus chifres. — Não sei, vai depender da velocidade com qual eu vou esquecer os meus chifres — retruco sem dar muita importância ao assunto, para falar a verdade, eu prefiro não me recordar de nada que ligue a Ivana. — Você está no lugar certo amigo, aqui você vai esquecer em pouco tempo esses chifres — comenta bem humorado. Você deve estar se perguntando, como eu posso estar dirigindo o carro, eu por acaso conheço a casa dele? Sim, eu conheço, todos os finais de ano eu e a minha família viajamos para Maputo para visitar os meus tios, às vezes eles vão para Rússia. Então! Sim, eu sei como chegar em malhapsene, não mudou muita coisa de dezembro até hoje, a portagem de Maputo continua a mesma e a estrada número quatro continua sendo a melhor de Maputo. A viagem do aeroporto dura em média uma hora, afinal, o aeroporto está num outro distrito e a casa num outro. — Chegamos sua alteza, bem vindo a minha humilde casa — Khensane comenta assim que os portões se abrem para nós. Entramos dentro do condomínio horizonte e dirijo até sua casa. Enquanto dirijo, aprecio as casas do lado, até que os meus olhos chegam na casa que está ao lado da do meu primo. Meus olhos são atraídos até ela, como se ela tivesse dois ímans, eu não consigo parar de olhar para ela. — Quem é ela? — sussurro ainda em letargia. Aponto com a cabeça para que ele a veja. — Iiiih! Pode esquecer, ela tem namorado — comenta com humor agitando as mãos como se ela fosse algo proibido. Mas é o que dizem, o proibido, é mais gostoso.Felícia SantosO clima no carro de repente, ficou estranho, o assunto do meu namoro com Vasco, era sempre delicado, as pessoas não me entendem e não entendem o nosso namoro, as pessoas pensam que sou boba e que estou sendo manipulada por Vasco, mas eu não sou boba e muito menos estou sendo manipulada. — Chegamos, acho que Debby e Vanessa já chegaram — informo assim que chegamos ao estacionamento do Baía Mall. Sandy concorda abanando a cabeça de cima a baixo, mesmo que ela não gostasse do meu namoro, ela respeitava o mesmo. — Vadjayas! Demoraram, o que aconteceu? Foram sequestradas? — Debby grita assim que nos vê chegando no local onde combinamos de nos encontrar. Ela estende os braços, ao falar como se quisesse nos abrasar, mas não faz isso. Diferente de mim e Sandy que parecíamos duas patricinhas saídas de um filme americano, Debby e Vanessa estão, vestidas de umas calças jeans azuis, moletons e sapatinhos. — Vadjayas, nós chegamos na hora marcada — Sandra retruca imitando os ge
Dylan Neith Meus olhos acompanham cada movimento da garota, de corpo de sereia e olhar inocente. Cada movimento dela parece me chamar, eu estou hipnotizado, não consigo parar de olhar para ela, seus movimentos são como ímans que me atraem até ela. — Shiii! Irmão, pode esquecer, aquela Barbie tem um Ken, ela é muita areia para o seu camião — meu primo Khensane me repreende virando minha cabeça em direção contrária ao que está o mais novo amor da minha vida. — Ela é casada? — questiono debochado, eu sei que ela não é casada, mas o facto de tirar o meu primo do sério já me deixa satisfeito. — Não, mas tem um namorado muito ciumento e se quiser ter todos os dentes completos na boca, sugiro que desista dela — Khensane retruca nem um pouco preocupado. Meu primo é apocalíptico demais, ele adora confusões e no que depender dele, ele fará de tudo para me ajudar a ficar com a garota dos olhos de mel. — Com o namorado dela, eu me entendo depois, por enquanto, eu tenho que conseguir chamar
Felícia Santos— Fefé! Amiga, eu não falo isso porque quero o fim do teu relacionamento — Sandy começa, entrelaça nossos dedos enquanto fala — Muito pelo contrário, eu quero sua felicidade, não importa com quem esteja, mas esse namoro não te faz bem, você está infeliz, isso não é saudável — Sandy volta a falar o que eu não quero ouvir, como se eu não soubesse nada sobre o meu namoro. Todos pensam que sou ingénua e fraca, todos pensam que sou uma boneca manipulável, que não sabe o que acontece na própria vida, mas o que muitos não sabem é que, eu sei o que acontece na minha vida, eu sei qual é o comportamento de Vasco e sei quando ele não está sendo bom. A ideia da dieta foi minha, apesar de ter partido de um comentário dele, mas eu decidi e escolhi fazer essa dieta. — Amiga, eu escolhi fazer essa dieta, não foi Vasco quem me falou para fazer isso, eu só quero ser mais saudável — comento desconectando nossos dedos, dando a entender na hora que não vou mudar de ideia. — Aaaah! Vocês,
Dylan Neith— Felícia Arthur Santos, filha de Artur Santos e Ana Joaquina Campos, dezanove anos de idade, tem um irmão, filha de pais divorciados — leio atentamente as informações que recebi do meu detetive particular. Eu sei o que está parecendo, que eu sou um stalker de merda que está perseguindo essa pobre menina, mas eu garanto que não sou nenhum stalker, só estou tentando conhecer melhor o amor da minha vida. Não é todo o dia que você encontra o amor da sua vida. — Seu pai é um engenheiro muito experiente, atualmente trabalha nas minas de carvão mineral em moatize na província de Tete, esteve preso por cinco anos, por alegada violência doméstica a sua ex-esposa, a mãe de seus dois filhos, atualmente ele perdeu a guarda de seus filhos e só é permitido vê-los uma vez por ano, tem um histórico com álcool, mas atualmente ele tem feito parte dos alcoólicos anónimos e está há cinco anos sem meter uma gota de álcool na boca — continuo lendo as informações que recebi do meu detetive, q
Dentro do meu carro voltando para casa, penso no meu ombro que dói e penso nas palavras de Vasco, será mesmo que as minhas roupas estavam tão vulgares assim aponto de chamar atenção de todos no estabelecimento? Ou era só loucura da cabeça dele. Eu não quero dar razão as minhas amigas, mas também não quero continuar num relacionamento assim, eu não sei como sair desse buraco no qual estou me afundando. — Mãe, já dormiu? — sondo a minha casa, procuro por minha mãe e irmão, mas eles não estão em casa. Pelas horas e por ser um final de semana, eu acho que também foram dar uma volta na casa de uma tia, eu acho óptimo, assim vou poder fazer uma massagem no meu braço e tentar esconder as marcas que estão no mesmo. Saio da sala e vou procurar uma bacia, vou fazer uma massagem com água e sal, isso vai aliviar a dor que estou sentindo, só não sei se a for está no meu braço ou na minha alma. — Ai, merda — gemo angustiada assim que o pano quente entra em contacto com a minha machucada. Contin
Dylan NeithO encontro com os amigos do meu primo, será no bowling marés, um lugar que sempre costumamos passar para comer uma boa pizza, além de é claro termos a disponibilidade de jogar boliche. Em Moçambique, o boliche não é uma actividade praticada com frequência, as pessoas não gostam e nem têm lugares que possibilitam praticar o mesmo. — Khen! Vamos logo eu não gosto de me atrasar nem de deixar ninguém esperando, mesmo que esse alguém seja o ex da minha namorada — falo com meu primo tentando apressa-lo, mas mesmo que a minha cara seja de bravo meu primo não se abala, ele não está preocupado com a minha pressão. — Relaxa, eu marquei o encontro para hoje por volta das quinze horas, o que para um moçambicano, significa dezasseis horas — meu primo retruca relaxado, como se estivesse acostumado em marcar um encontro numa certa hora e a pessoa chegar numa outra hora, ou ele mesmo chegar numa outra hora. — Vocês moçambicanos são estranhos — comento me dando por vencido e descendo a
Eu me enganei mais uma vez, o pedido de desculpas de Vasco não mudou nada no nosso relacionamento, o nosso encontro de minutos atrás terminou mal, mais uma vez, por causa dos ciúmes dele. — Você está louco, se pensa que vou me livrar do meu vestido da Shein — berro assim que ele estaciona o carro em frente da casa dele. A ideia seria de passar a noite na casa dele, mas eu estou me arrependendo amargamente de ter concordo com isso. — Você vai queimar sim, esse vestido, está parecendo uma vagabunda, nem acredito que deixei que os meus amigos te vissem nisso — Vasco berra descendo do carro e tentando se aproximar de mim, enquanto eu fujo dele andando para trás. Ele está surtando, por causa do meu pobre vestido que, comprei com tanto sacrifício e que pensei que ele fosse gostar. O vestido é de uma modelo básico e tipico da Shein, um vestido curto com estampa de cerejas, na cor vermelha e com alcinhas, o vestido destaca as minhas curvas e me dá um ar sexy e delicado, não entendo o po
Dylan NeithHoje o meu primo Khensane, voltará as aulas dele no colégio Building genius, o meu primo já terminou o ensino médio mas por teimosia continua indo as aulas com a desculpa de descobrir a sua verdadeira vocação. Nas escolas moçambicanas, você não tem a opção de escolher a disciplinas que vai estudar, você só pode escolher a secção que em várias escolas está dividida em três áreas. Letras, ciências com biologia e ciências com desenho. No primeiro ano, ele faz ciências com desenho concluiu e este ano ele está concluído a segunda secção escolhida por ele, ciências com biologias. Com a ajuda do meu primo, eu consegui me matricular na escola dele, com alguns conhecimentos básicos de informática que tenho, consegui burlar a rede da direção do colégio Building genius, e consegui me colocar na mesma turma que minha garota que coincidentemente é a turma do meu primo e da garota dele. Meu primo Khensane é um verdadeiro masoquista, ele adora se fazer sofrer, desde os dez anos que ele e