Capítulo Cinco

Felícia Santos

— Fefé! Amiga, eu não falo isso porque quero o fim do teu relacionamento — Sandy começa, entrelaça nossos dedos enquanto fala — Muito pelo contrário, eu quero sua felicidade, não importa com quem esteja, mas esse namoro não te faz bem, você está infeliz, isso não é saudável — Sandy volta a falar o que eu não quero ouvir, como se eu não soubesse nada sobre o meu namoro.

Todos pensam que sou ingénua e fraca, todos pensam que sou uma boneca manipulável, que não sabe o que acontece na própria vida, mas o que muitos não sabem é que, eu sei o que acontece na minha vida, eu sei qual é o comportamento de Vasco e sei quando ele não está sendo bom. A ideia da dieta foi minha, apesar de ter partido de um comentário dele, mas eu decidi e escolhi fazer essa dieta.

— Amiga, eu escolhi fazer essa dieta, não foi Vasco quem me falou para fazer isso, eu só quero ser mais saudável — comento desconectando nossos dedos, dando a entender na hora que não vou mudar de ideia.

— Aaaah! Vocês, parem com isso, hoje viemos nos divertir, parem de se olhar como se fossem duas inimigas, vocês são melhores amigas, depois vocês resolvem isso — Debby comenta tentando acabar com o clima estranho na mesa.

O comentário dela muda tudo na mesa, Sandy concorda e voltar a prestar atenção em outro assunto que não seja o meu namoro com Vasco. Assim que nossos pedidos chegam, cada uma se concentrar em seu hambúrguer e eu na minha sala de frutas, confesso que sinto um pouco de inveja, afinal, hambúrguer e batatas fritas, são as coisas que mais gosto no mundo.

— Toma, sair um pouco da dieta não vai matar ninguém — Sandy murmuro empurrando metade do pedido dela em minha direção.

Ela me conhece tão bem que não foi preciso que eu falasse para que, ela notasse que eu estou a fim de um bom hambúrguer gorduroso e uma boas batatas fritas.

— Você adora me levar para a má vida — comento com um sorriso nos lábios, levando de bom grado o metade do hambúrguer dela.

Confesso que não estava com menor vontade de comer aquela salada de frutas.

— Uhm! Uhm! Novidades na área — Debby arranha a garganta não vendo a hora de contar a suposta novidade dela das férias, todas nós paramos o que estamos fazendo e prestamos atenção nela.

— Pode começar a contar, o meu lado fofoqueira não vai aguentar por muito tempo, não saber o que aconteceu de tão especial nessas férias — Vanessa comenta eufórica, não vendo a hora de descobrir o que aconteceu nessas férias.

Confesso que estou bastante curiosa em saber o que está acontecendo, Debby é bem apocalíptica e se tem novidades, é porque algo extremamente interessante aconteceu com ela.

— Uhm! Vocês não sabem o que me aconteceu nas férias — começa seu relato, mas ainda no princípio a gaja começa a rir — Encontrei um Boy, bem boff na ponta, bae! Bem boff uhmmm! — Debby fez gestos com as mãos para tentar explicar a magnitude da beleza do Boy da praia — Bem boff, vocês não estão a imaginar, mais boff que Khensane — completa arrancando uma risada colectiva de todas nós na mesa.

A comparação dela parece não fazer sentido, mas faz todo o sentido do mundo, para nós meras mortais, não existe ninguém mais bonito que Khensane Neith, ele é simplesmente a pessoa mais bonita respirando os ares da building genius e os ares de Maputo. Ele não passa despercebido de nenhum lugar, onde ele vai, ele é o centro das atenções. A mistura de Moçambique e Alemanha, resultou num boff que tão bonito que é, não paga em alguns lugares que vai. Até mesmo Sandra que o odeia, reconhece que o rapaz é bonito.

— Aaah! Mais bonito que Khensane? Tem algum defeito, só pode, é impossível encontrar alguém mais bonito que aquele desgraçado — Sandy comenta a contra gosto, como se fosse morrer ao assumir que o Neith é gato.

— Estou a vir mana, vocês não imaginam a bomba que vem aí — Debby acrescenta fazendo o possível para segurar o riso, como se a coisa fosse muito engraçada — Eu conversei com ele, não tinha mau hálito, nos paqueramos — continua contando, mas ela não vê a hora de chegar a bomba — Saímos juntos, brooow! Eu pensando que encontrei o  amor da minha vida, bae! — ela continua fazendo drama e suspense.

Neste momento nós estamos nervosas e ansiosas querendo saber o que o Boy mais gato que Khensane tinha de tão mal para Debby fugir dele.

— Quando chegamos nos finalmentes, iiiih! Djoooo! Bicho pequeno iiiih! Parecia de Criança Aaaah! Fiquei desmoralizada — Debby completa a última parte com lágrimas nos olhos de tanto rir. Assim que o faz, nós a acompanhamos e nos matamos de rir junto com ela.

A nossa mesa é preenchida por gargalhadas tão altas que suspeito que a qualquer momento seremos expulsas do estabelecimento. Debby está com lágrimas nos olhos, Vanessa segura a barriga que dói de tanto rir e Sandy tenta filmar nós outras rindo. A tarefa está difícil, pois, ela deve equilibrar o celular e a gargalhada.

— Eu sabia que tinha algo de errado, eu falei, que era impossível ser tão perfeito assim — Sandra comenta rindo. O comentário dela aumenta as nossas gargalhadas.

— Ih! Vocês, será que Khensane também é assim? Tanta beleza deve ser para compensar algo né? — Vanessa comenta quando todas nós ficamos mais calmas.

O comentário dela, cessa as risadas na mesa, afinal de contas, nenhuma de nós o viu sem roupas, se ele fosse como o outro, a minha vida estará acaba, não conseguirei olhar para os homens bonitos da mesma forma.

— Uuhm! Impossível, nem um pouco, nem aqui nem na China — Sandra surge para o defender, como se alguma vez o tivesse visto sem roupas.

— Como você sabe, já lhe viu sem roupas? — Debby pergunta. Para falar a verdade também estou curiosa.

Todas nós olhamos atentas para Sandra, querendo saber se ela viu ou não Khensane sem roupas.

— É claro que já lhe vi, nós somos vizinhos esqueceram? Os nossos quartos estão de frente um para o outro, é óbvio que eu já vi o material, e não foi uma ou duas vezes, foram várias vezes — comenta nem um pouco envergonhada.

Nós trocamos olhares cúmplices e arregalados, como se perguntassemos o que aqueles dois têm. Eu tenho vizinhos, mas não costumo os ver várias vezes pelados ou nunca os vi pelados.

— Ah! Meu Deus — Debby fala pausadamente — Você vê Khensane Neith pelado várias vezes e só nos diz hoje? Que amiga egoísta você é nem para tirar fotos — completa nos fazendo rir da reclamação dela.

— Que tal, o material é grande? — Vanessa indaga levantando as sombracelhas num gesto sugestivo.

— Uhm! Bem grande iiiih! Aquilo não é de Deus, eh! Deve ser o quê? Uns 25 centímetros ou mais eeeeeeeeh! Não é normal — explica fazendo todo o drama possível digno da pessoa dela. Nós nos matamos de rir.

— Vocês, eu não vou conseguir olhar Khensane com os mesmos olhos, não esqueçam que ele é amigo do meu namorado, não é bom isso que estamos a fazer — reclamo, mas ao invés de me darem ouvidos, elas se põem a rir.

— Não temos culpa nós se estás a namorar com amigo dele, o que é bonito é para ser visto — Debby retruca e as outras concordam.

Continuamos jogando conversa fora, jogamos boliche, mas como ninguém sabe todas perdemos.

— Bom! Meninas eu não posso ir agora, tenho que esperar por Vasco — murmuro receosa, porque o assunto Vasco é delicado no nosso meio.

— Tudo bem, eu volto de Yango — Sandy concorda sem fazer muito drama.

As meninas saiem e eu fico esperando por meu namorado. Que demora muito e chega acompanhado de sua gangue. Os outros meninos ficam do outro lado e Vasco vem até mim sozinho, a cara dele não está muito boa, parece até que está nervoso com alguma coisa.

— Que roupa essa? — Vasco sussurra em meu ouvido, antes de me cumprimentar ou perguntar como estou.

Ele segura o meu braço com muita força e aperta com muita força, não se importando se está me machucando ou não.

— Ai! Qual é o teu problema? Está me machucando — reclamo e tento me desvencilhar de seu aperto que provavelmente deixará marcas roxas em minha pele.

— Desculpe, não quis ser muito bruto, é que essa roupa é muito chamativa amor, me entenda, todos estão a olhar para ti e eu não quero que pensem que você é uma qualquer, eu te amo e me preocupo contigo — sussurra enquanto solta o meu braço, seu tom não está tão rude como antes e sua feição está mais calma e menos bruta que antes. Mas a merda já está feita, eu não conseguirei olhar para ele da mesma forma, eu só quero sair daqui e ir chorar na minha casa, por ser tão burra.

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