Dylan Neith
— Felícia Arthur Santos, filha de Artur Santos e Ana Joaquina Campos, dezanove anos de idade, tem um irmão, filha de pais divorciados — leio atentamente as informações que recebi do meu detetive particular. Eu sei o que está parecendo, que eu sou um stalker de merda que está perseguindo essa pobre menina, mas eu garanto que não sou nenhum stalker, só estou tentando conhecer melhor o amor da minha vida. Não é todo o dia que você encontra o amor da sua vida. — Seu pai é um engenheiro muito experiente, atualmente trabalha nas minas de carvão mineral em moatize na província de Tete, esteve preso por cinco anos, por alegada violência doméstica a sua ex-esposa, a mãe de seus dois filhos, atualmente ele perdeu a guarda de seus filhos e só é permitido vê-los uma vez por ano, tem um histórico com álcool, mas atualmente ele tem feito parte dos alcoólicos anónimos e está há cinco anos sem meter uma gota de álcool na boca — continuo lendo as informações que recebi do meu detetive, quanto mais leio mais surpreso fico, a minha garota sofreu demais e precisava de mim — Sua mãe é uma contabilista renomada, processou o próprio pai dos filhos quando ele se atraveu a levantar as mãos contra ela quando estava grávida do segundo filho. Ganhou o caso e ganhou a guarda de seus dois filhos — a mãe da minha garota é foda — Felicia mora no bairro da Matola gare, esquina com a paragem onde param os chapas do zimpeto, ela mora numa casa com sete cómodos. Atualmente namora com um jovem chamado Vasco e o relacionamento está a beira do colapso — ler que o relacionamento deles está a beira do colapso foi a melhor coisa que já ouvi no mundo, eu não terei muito trabalho para separar os dois, visto que o relacionamento já está fadado ao fracasso — Melhores amigas: Sandra, Debby e Vanessa. Atualmente Felícia frequenta o último ano do ensino médio, na escola building genius e no final do mesmo, pretende cursar psicologia na universidade pedagógica de Maputo — termino as informações básicas sobre o meu amor, na página a seguir existem informações mais pessoais, sobre seus gostos e formas de como conquistar a confiança dela. — Gostos dela: Felícia gosta de homens altos, com olhos claros e com caras fofas, de preferência que se pareçam com o actor chinês Dylan Wang — quase rio da descrição feita pelo senhor Aleksei, ele levava muito a sério o trabalho de detetive. Quanto mais leio, mas percebo que o destino está do meu lado, mais percebo que está viagem não foi em vão, foi tudo um plano de alguma divindade bondosa, que sentiu a minha dor ao ter o coração despedaçado e me enviou Fefé para que eu tivesse forças e catasse cada um dos pedaços do meu coração. Eu sei parece loucura, afinal a conheço faz só um dia, mas o que posso dizer, foi amor a primeira vista. — O que está a fazendo? Você está stalkeando a Felícia, mano isso é coisa de loucos — Me sobressalto quando o meu primo surge do nada, e lê o arquivo que está em meu laptop — Pela última vez, desista dela, ela é namorada do meu amigo traidor — completa me arrancando o laptop e lendo o que está escrito no e-mail. — Isso, ele é um traidor, ele traí a minha garota com sua namorada, você precisa se vingar deles — tento convencê-lo a me ajudar no meu plano de separar Felícia de seu namorado. — Mano você só tem um dia aqui, já quer arrumar confusão? Você vai levar porrada, não estás na Rússia — Comenta com humor. Eu conheço meu primo, ele é uma criatura apocalíptica, ele adora confusões e é vingativo, ele vai me ajudar no meu plano eu só preciso esperar ou tentar me fazer coitado. — Mano, eu não sei como te explicar, eu só sei que estou apaixonado por ela, foi amor a primeira vista, eu não consigo tirá-la da cabeça, como se eu tivesse viajado da Rússia até aqui só para me encontrar, como se a minha alma estivesse incompleta e agora com ela, ela estivesse completa com o pedaço que estava faltando — faço meu drama para que ele fique do meu lado e me ajude a conquistar a delícia, ops Felícia. — Aaaah! Pará de drama, você só está tentando me convencer a fazer coisa errada — Khensane se afasta de mim, tentado parecer alguém com alguma moral para se fazer de sensato. — Khen! Me ajuda a ficar com ela que, te ajudo a ficar com sua vizinha — sussurro sugestivamente. Seu semblante muda de debochado a surpreso. Sim, eu investiguei meu primo também, e descobri coisas interessantes, como: Ele gosta da vizinha ao lado, desde os dez anos, tem uma foto dela de baixo do travesseiro e que usa um colar que ganhou de presente no seu aniversário de quinze anos. — Como você descobriu isso — sussurra surpreso e em choque, ele está com um grande O na boca — Esquece, às vezes eu me esqueço que sou primo de um psicopata disfarçado de príncipe angelical — fala se dando por vencido e se sentando do meu lado, como se deixasse claro que ficaria do meu lado na jornada pelo coração da Felícia. — Uhm! Fico feliz por contar com você querido primo, a tua ajuda será de extrema importância, nessa grande missão em busca do amor e redenção — comento debochando da cara do meu primo que mais parece um xiuwawa raivoso. Khensane anda de um lado para o outro dentro do quarto, ele está com uma mão em seu queixo, como se pensasse numa forma de me ajudar e se ajudar, meu primo é inteligente, ele vai pensar em algo genial que não vai demorar a se concretizar. — Muito bem! — Khensane começa juntando as mãos, como se tivesse feito uma grande descoberta — Eu vou ajudar você, mas para que o meu plano dê certo, tu tens que me obedecer, seguir todas as minhas regras e todos os passos que colocar no plano, você entendeu? — Khensane faz suspense e uma cara de mistério. — Ai ai ai, pará de chiliques, só vamos conquistar duas garotas, não vamos dominar o mundo — o corto na hora. Meu primo está levando as coisas sérias demais, não é como se fôssemos participar no próximo filme de missão impossível. — Se não vai levar a sério, melhor desistir, a Felícia não é um brinquedo, ela merece muito mais que um casinho de verão, se você partir o coração dela, eu perderei todas as minhas chances de conquistar a nebulosa da Sandra e isso eu não posso aceitar — Khensane fala sem parar como se conquistar Sandra, fosse um caso de vida ou morte, o que custa chamar ela para sair. — Meu Deus, para quê tanto drama? Por quê não chama ela para sair, é só convidar, ela mora aqui do lado — comento tentando entender a paranóia do meu com essa tal Sandra. — Porque nós somos assim, estamos em constante competição, a nossa relação é assim, de amor e ódio — começou sua explicação mas eu entendo nada — Eu não vou me confessar enquanto não tiver certeza que ela está apaixonada por mim, como estou por ela — completa falando bem baixinho a última parte da frase. — Não entendi e acho que nunca vou entender — comento e me retiro do quarto. Vou tomar um banho, mais tarde sairei com os amigos de Khensane, de início eu não queria, mas o meu primo me convenceu ao falar que Fefé e seu namorado estarão lá. É uma grande oportunidade para ver como o relacionamento deles funciona e uma óptima chance de estudar os meu melhores movimentos para separar ambos. Eu sei que pareço um Joy da série YOU, mas eu garanto que não sou, eu sou apenas determinado.Dentro do meu carro voltando para casa, penso no meu ombro que dói e penso nas palavras de Vasco, será mesmo que as minhas roupas estavam tão vulgares assim aponto de chamar atenção de todos no estabelecimento? Ou era só loucura da cabeça dele. Eu não quero dar razão as minhas amigas, mas também não quero continuar num relacionamento assim, eu não sei como sair desse buraco no qual estou me afundando. — Mãe, já dormiu? — sondo a minha casa, procuro por minha mãe e irmão, mas eles não estão em casa. Pelas horas e por ser um final de semana, eu acho que também foram dar uma volta na casa de uma tia, eu acho óptimo, assim vou poder fazer uma massagem no meu braço e tentar esconder as marcas que estão no mesmo. Saio da sala e vou procurar uma bacia, vou fazer uma massagem com água e sal, isso vai aliviar a dor que estou sentindo, só não sei se a for está no meu braço ou na minha alma. — Ai, merda — gemo angustiada assim que o pano quente entra em contacto com a minha machucada. Contin
Dylan NeithO encontro com os amigos do meu primo, será no bowling marés, um lugar que sempre costumamos passar para comer uma boa pizza, além de é claro termos a disponibilidade de jogar boliche. Em Moçambique, o boliche não é uma actividade praticada com frequência, as pessoas não gostam e nem têm lugares que possibilitam praticar o mesmo. — Khen! Vamos logo eu não gosto de me atrasar nem de deixar ninguém esperando, mesmo que esse alguém seja o ex da minha namorada — falo com meu primo tentando apressa-lo, mas mesmo que a minha cara seja de bravo meu primo não se abala, ele não está preocupado com a minha pressão. — Relaxa, eu marquei o encontro para hoje por volta das quinze horas, o que para um moçambicano, significa dezasseis horas — meu primo retruca relaxado, como se estivesse acostumado em marcar um encontro numa certa hora e a pessoa chegar numa outra hora, ou ele mesmo chegar numa outra hora. — Vocês moçambicanos são estranhos — comento me dando por vencido e descendo a
Eu me enganei mais uma vez, o pedido de desculpas de Vasco não mudou nada no nosso relacionamento, o nosso encontro de minutos atrás terminou mal, mais uma vez, por causa dos ciúmes dele. — Você está louco, se pensa que vou me livrar do meu vestido da Shein — berro assim que ele estaciona o carro em frente da casa dele. A ideia seria de passar a noite na casa dele, mas eu estou me arrependendo amargamente de ter concordo com isso. — Você vai queimar sim, esse vestido, está parecendo uma vagabunda, nem acredito que deixei que os meus amigos te vissem nisso — Vasco berra descendo do carro e tentando se aproximar de mim, enquanto eu fujo dele andando para trás. Ele está surtando, por causa do meu pobre vestido que, comprei com tanto sacrifício e que pensei que ele fosse gostar. O vestido é de uma modelo básico e tipico da Shein, um vestido curto com estampa de cerejas, na cor vermelha e com alcinhas, o vestido destaca as minhas curvas e me dá um ar sexy e delicado, não entendo o po
Dylan NeithHoje o meu primo Khensane, voltará as aulas dele no colégio Building genius, o meu primo já terminou o ensino médio mas por teimosia continua indo as aulas com a desculpa de descobrir a sua verdadeira vocação. Nas escolas moçambicanas, você não tem a opção de escolher a disciplinas que vai estudar, você só pode escolher a secção que em várias escolas está dividida em três áreas. Letras, ciências com biologia e ciências com desenho. No primeiro ano, ele faz ciências com desenho concluiu e este ano ele está concluído a segunda secção escolhida por ele, ciências com biologias. Com a ajuda do meu primo, eu consegui me matricular na escola dele, com alguns conhecimentos básicos de informática que tenho, consegui burlar a rede da direção do colégio Building genius, e consegui me colocar na mesma turma que minha garota que coincidentemente é a turma do meu primo e da garota dele. Meu primo Khensane é um verdadeiro masoquista, ele adora se fazer sofrer, desde os dez anos que ele e
Felícia SantosAbro os olhos aos poucos, faço todo o possível para não chorar assim que o reflexo da minha mãe surge a minha frente. Eu tento reconhecer onde estou mas não consigo pensar em mais nada, só em Vasco me batendo. — Fefé minha filha, você está bem? Ai meu Deus, eu fiquei tão preocupada, eu pensei que fosse te perder meu amor — minha mãe vem até mim com olhos marejados e me abraça. Eu não consigo falar nada, apenas sei chorar por mim e pela minha mãe que está extremamente assustada, o que eu vou falar para ela? Não existe uma mentira que cubra os meus hematomas. Eu não sei se estou chorando pelos hematomas que tenho ou pelo meu coração que está extremamente destruído. — Graça a Deus que a polícia chegou há tempo de salvar vocês, se não fosse o Vasco, eu não sei o que teria acontecido com você — minha mãe sussurra ainda me abraçando. Eu não estou entendendo nada, como assim assalto? Eu me recordo de Vasco me estar sufocando mas depois disso, não me recordo de mais nada,
Dylan Neith— Ai meu Deus! O que você fez imbecil? — Khensane berra comigo assim que Sandra cai no chão da quadra de Basket Ball — Aí meu Deus, você matou ela, Sandy! Sandy! Minha nebulosa, acorda minha bruxa de Namicopo — Khensane continua sussurrando desesperado, mas Sandra não acorda. Eu estou começando a ficar preocupado, não acho que ela vai acordar, ela continua desmaiada mesmo quando a levamos para a enfermaria. — Meu Deus meninos, coloquem ela na maca — a enfermeira instrui assim que chegamos com Sandra nos braços de Khensane. A enfermeira pede que nós saiamos do quarto para que possa cuidar dela. — Primo, me perdoa, eu não quis machucar ela, eu não a vi — eu peço desculpas ao meu primo por ter sido tão descuidado na hora de lançar a bola. Eu estava tão concentrado em fugir do Vanistelroy naquele momento que nem notei a presença de mais alguém na quadra. Eu coloco minha mão no ombro do meu primo para tentar conforta-lo, ele está com as duas mãos na cara, com a cabeça enc
Felícia Santos Tento rir mais uma vez, mas minhas costelas me impedem de aumentar de nível a minha risada para gargalhada. Sandra é a primeira que consegue, se desvencilhar do emaranhado de pessoas pernas. — Amiga! Amiga! Você está bem? minha Riry — Sandy corre até bem perto da minha cama e tatea o meu rosto, ela procura por outros aranhões em mim. Eu continuo deitada sem nenhuma reacção, o que derei a elas? Se nem mesmo eu sei o que está acontecendo. Debby e Vanessa se juntam a Sandra na inspeção em meu rosto, estou me sentindo muito mal por deixar minhas amigas preocupadas. — Uhm! Eu estou melhor graças a Deus, talvez amanhã mesmo volte para casa — retruco com dificuldade, colocando minha mão na garganta para tentar aliviar a dor, mas pelos vistos ficarei a semana inteira sem conseguir falar tranquilamente. — Ai, eu fiquei assustada quase desmaiei de preocupação quando fomos informadas do seu estado de saúde — Sandra fala enquanto olha para mim como uma inspectora, ela está
Dylan Neith Minhas mãos estão trémulas e suadas no volante, eu não consigo ligar o carro, sinto minhas emoções a flor da pele. Minha Felícia foi machucada e eu não pude fazer nada, eu não pude estar lá por ela, como pude deixar isso acontecer? Como não percebi que ela estava em perigo. — Merda! Merda! Merda — berro esmurrando o volante do carro, estou com tanta raiva que nem sei do que sou capaz ao descobrir quem machucou minha rainha. Do meu lado, meu primo Khensane continua estático, esperando para ver minha próxima reacção, ele sabe que não deve me interromper quando estou exteriorizando minhas emoções, ele sabe que é um momento só meu e não deve me interromper. — Você está melhor? Ficar batendo no volante do carro não vai nos levar até o hospital — Khensane comenta assim que percebe que não existem riscos a sua integridade física. Meu primo está com uma expressão mansa e sem muito interesse. Quando ele faz essa expressão, se parece muito com o meu tio Max, parece até