Felícia Santos
O clima no carro de repente, ficou estranho, o assunto do meu namoro com Vasco, era sempre delicado, as pessoas não me entendem e não entendem o nosso namoro, as pessoas pensam que sou boba e que estou sendo manipulada por Vasco, mas eu não sou boba e muito menos estou sendo manipulada. — Chegamos, acho que Debby e Vanessa já chegaram — informo assim que chegamos ao estacionamento do Baía Mall. Sandy concorda abanando a cabeça de cima a baixo, mesmo que ela não gostasse do meu namoro, ela respeitava o mesmo. — Vadjayas! Demoraram, o que aconteceu? Foram sequestradas? — Debby grita assim que nos vê chegando no local onde combinamos de nos encontrar. Ela estende os braços, ao falar como se quisesse nos abrasar, mas não faz isso. Diferente de mim e Sandy que parecíamos duas patricinhas saídas de um filme americano, Debby e Vanessa estão, vestidas de umas calças jeans azuis, moletons e sapatinhos. — Vadjayas, nós chegamos na hora marcada — Sandra retruca imitando os gestos de Debby. As duas fazem o mesmo gesto em simultâneo, como se estivessem se abraçando na imaginação. Coisa que duas pessoas malucas fariam e claro, minhas amigas são malucas. — Vocês são duas malucas, vamos nos sentar que eu quero colocar a fofoca em dia — Vanessa comenta animada. B**e as palmas como se fosse uma criança. — Você tem razão amiga, vamos nos sentar que eu tenho muitas novidades — Debby comenta se afastando de nós e indo escolher nossa mesa. Nós três a seguimos até a mesa que ela escolheu, a mesa está afastada das outras, num lugar discreto e calmo, deste modo podemos fofocar a vontade, sem ninguém nos perturbar. — Meninas! Tenho uma novidade — Debby conta animada, ela b**e freneticamente a mesa como se não pudesse mais esperar, como se não visse a hora de contar para todos. — Conta logo, desde que chegamos você está com esse suspense todo — comento animada também, eu paro de roer minhas unhas, pois, estou louca para ouvir as coisas que elas têm por me contar, estou louca de vontade de saber como foram as férias das minhas amigas. — Primeiro vamos fazer nossos pedidos, depois eu conto tudo sobre as minhas férias na ponta do ouro — Debby comenta esboçando um sorriso sugestivo, como se tivesse várias coisas calientes por contar. O garçom do bowling marés, traz o cardápio, mesmo sabendo que a maioria das pessoas só vão lá pelas promoções, mas hoje, eu farei um pedido fora da promoção, pois, estou de dieta e estou seguindo a risca a minha dieta. A ideia de fazer uma dieta foi de Vasco, um dia desses ele fez um comentário sobre o meu peso, ele fez como se fosse uma brincadeira, mas o comentário dele realmente me incomodou. — Eu vou querer um hambúrguer duplo, umas batatas fritas e uma coca bem gelada — Sandra faz o pedido dela, nos humilhando com seu corpo de modelo. Mesmo que comesse feito uma condenada, ela não engorda nem um quilo sequer, ela continua com a barriguinha chapada e as pernas de Barbie. Às vezes, eu sinto inveja do corpo dela, porque mesmo não praticando nenhuma actividade física, ela fica melhor que muitas pessoas que praticam. — Ih! Não precisa nos humilhar então! Sabemos que és igual a Barbie, mas esse teu pedido aí uuuuhm! — Vanessa comenta olhando para Sandra como se ela fosse uma mutante com duas cabeças. — É isso mesmo, ih! Amiga isso tudo? Uhmmm! Não pode ser assim — Debby ajudou Vanessa em sua reclamação. Nesse momento a única coisa que Sandy faz é rir das duas que se matam de inveja do corpo dela, ela adora fazer esse tipo de coisa, nos provocar. — Eu sei que sou gostosa — fala virando a cabeça para o lado, deste modo, suas mechas a acompanharam a dando um charme de bad girl — E que vocês três — fala apontando nós três que nesse momento, estamos segurando a risada — Sentem inveja do meu corpo gostoso, o que posso fazer? Acordei gostosa hoje — completa e toma um gole da água que está na nossa mesa. Nesse momento, nós estamos aos prantos de tanto rir da tentativa dela de ser uma bad girl girl, de todas nós do grupo, ela era a menos indicada para fazer esse papel, ele não combina nem um pouco com a personalidade dela. — Ai meu Deus! Às vezes me esqueço que somos amigos há cinco anos, é impossível se acostumar com a vossa arrogância — Debby comenta com a barriga na mão, ela faz o possível para parar de rir mas a tarefa é praticamente impossível, pois nós todas não conseguimos parar de rir como ela. Continuamos rindo feito hienas engasgadas, até que as pessoas nas outras mesas nos observam como se fôssemos loucas que fugiram do hospício. Fazemos todo o possível para parar, até que depois de mais de cinco minutos, conseguimos parar. — Ah! Ah! — Debby aranha a garganta para tentar controlar o riso — Eu vou querer um hambúrguer simples e uma sparleta de Cream soda — Debby faz o pedido dela. O garçom olha para nós quatro como se fôssemos loucas, ele anota o pedido de Debby. — Eu vou querer um hambúrguer simples também e uma fanta de ananás — Vanessa faz o pedido dela. Tudo o que estamos a pedir, faz parte do combo, o combo é basicamente isso, quatro hambúrguer uma dose de batatas fritas e quatro refrescos em lata. — Eu quero uma salada de frutas e um sumo natural de ananás — faço o meu pedido com um pouco de receio do que minhas amigas, vão pensar ao me verem comendo coisas tão naturais. Eu sabia que a delas não seria boa, eu nunca fui uma pessoa que adopta um estilo de vida saudável, então aquilo será até certo ponto estranho para as minhas amigas. Como previ, elas estão com os senhos franzindos e olhando para mim, como se eu tivesse duas cabeças. — Salada de frutas? Desde quando? Virou fitness agora? — Debby indaga olhando para mim com senho franzido. Eu sabia que a reacção delas seria essa, elas não me entendem, nem entendem o meu lado apaixonado. — Claro que não, só decidi moderar nas coisas não saudáveis, nem todos têm a dádiva de ter um corpo igual ao de Sandy — retruco um pouco nervosa, pois, eu sei que não vão engolir a minha desculpa. Do outro lado da mesa, Sandy olha para mim como se soubesse a razão de eu ter feito este pedido, ela me conhece tão bem que às vezes me assusta o facto de eu não conseguir esconder nada dela. — Uhmmm! Decidiu ser mais saudável ou Vasco sugeriu que fizesses uma dieta porque estás “acima” do peso, aos olhos dele — ela fala fazendo aspas ao se referir ao meu peso, como se aquilo fosse um absurdo de se dizer. — Nada disso, eu decidi fazer essa dieta, eu percebi que o meu corpo, não é o mesmo de antes e Vasco só confirmou o que eu já sei — retruquei um pouco magoada. Eu quero voltar ao mesmo assunto de antes, o clima vai voltar a ficar pesado e nós vamos discutir. Eu não quero discutir com elas por causa do meu namoro, isso é um assunto meu. — Ah! Por favor, foi ideia dele fazer isso, pode não ter sido directamente, mas ele é a maior causa disso — Sandy comenta irritada. Ela aperta as mãos, como se estivesse se controlando para não me bater, às vezes o tratamento que ela me dá parece que estou diante da minha mãe.Dylan Neith Meus olhos acompanham cada movimento da garota, de corpo de sereia e olhar inocente. Cada movimento dela parece me chamar, eu estou hipnotizado, não consigo parar de olhar para ela, seus movimentos são como ímans que me atraem até ela. — Shiii! Irmão, pode esquecer, aquela Barbie tem um Ken, ela é muita areia para o seu camião — meu primo Khensane me repreende virando minha cabeça em direção contrária ao que está o mais novo amor da minha vida. — Ela é casada? — questiono debochado, eu sei que ela não é casada, mas o facto de tirar o meu primo do sério já me deixa satisfeito. — Não, mas tem um namorado muito ciumento e se quiser ter todos os dentes completos na boca, sugiro que desista dela — Khensane retruca nem um pouco preocupado. Meu primo é apocalíptico demais, ele adora confusões e no que depender dele, ele fará de tudo para me ajudar a ficar com a garota dos olhos de mel. — Com o namorado dela, eu me entendo depois, por enquanto, eu tenho que conseguir chamar
Felícia Santos— Fefé! Amiga, eu não falo isso porque quero o fim do teu relacionamento — Sandy começa, entrelaça nossos dedos enquanto fala — Muito pelo contrário, eu quero sua felicidade, não importa com quem esteja, mas esse namoro não te faz bem, você está infeliz, isso não é saudável — Sandy volta a falar o que eu não quero ouvir, como se eu não soubesse nada sobre o meu namoro. Todos pensam que sou ingénua e fraca, todos pensam que sou uma boneca manipulável, que não sabe o que acontece na própria vida, mas o que muitos não sabem é que, eu sei o que acontece na minha vida, eu sei qual é o comportamento de Vasco e sei quando ele não está sendo bom. A ideia da dieta foi minha, apesar de ter partido de um comentário dele, mas eu decidi e escolhi fazer essa dieta. — Amiga, eu escolhi fazer essa dieta, não foi Vasco quem me falou para fazer isso, eu só quero ser mais saudável — comento desconectando nossos dedos, dando a entender na hora que não vou mudar de ideia. — Aaaah! Vocês,
Dylan Neith— Felícia Arthur Santos, filha de Artur Santos e Ana Joaquina Campos, dezanove anos de idade, tem um irmão, filha de pais divorciados — leio atentamente as informações que recebi do meu detetive particular. Eu sei o que está parecendo, que eu sou um stalker de merda que está perseguindo essa pobre menina, mas eu garanto que não sou nenhum stalker, só estou tentando conhecer melhor o amor da minha vida. Não é todo o dia que você encontra o amor da sua vida. — Seu pai é um engenheiro muito experiente, atualmente trabalha nas minas de carvão mineral em moatize na província de Tete, esteve preso por cinco anos, por alegada violência doméstica a sua ex-esposa, a mãe de seus dois filhos, atualmente ele perdeu a guarda de seus filhos e só é permitido vê-los uma vez por ano, tem um histórico com álcool, mas atualmente ele tem feito parte dos alcoólicos anónimos e está há cinco anos sem meter uma gota de álcool na boca — continuo lendo as informações que recebi do meu detetive, q
Dentro do meu carro voltando para casa, penso no meu ombro que dói e penso nas palavras de Vasco, será mesmo que as minhas roupas estavam tão vulgares assim aponto de chamar atenção de todos no estabelecimento? Ou era só loucura da cabeça dele. Eu não quero dar razão as minhas amigas, mas também não quero continuar num relacionamento assim, eu não sei como sair desse buraco no qual estou me afundando. — Mãe, já dormiu? — sondo a minha casa, procuro por minha mãe e irmão, mas eles não estão em casa. Pelas horas e por ser um final de semana, eu acho que também foram dar uma volta na casa de uma tia, eu acho óptimo, assim vou poder fazer uma massagem no meu braço e tentar esconder as marcas que estão no mesmo. Saio da sala e vou procurar uma bacia, vou fazer uma massagem com água e sal, isso vai aliviar a dor que estou sentindo, só não sei se a for está no meu braço ou na minha alma. — Ai, merda — gemo angustiada assim que o pano quente entra em contacto com a minha machucada. Contin
Dylan NeithO encontro com os amigos do meu primo, será no bowling marés, um lugar que sempre costumamos passar para comer uma boa pizza, além de é claro termos a disponibilidade de jogar boliche. Em Moçambique, o boliche não é uma actividade praticada com frequência, as pessoas não gostam e nem têm lugares que possibilitam praticar o mesmo. — Khen! Vamos logo eu não gosto de me atrasar nem de deixar ninguém esperando, mesmo que esse alguém seja o ex da minha namorada — falo com meu primo tentando apressa-lo, mas mesmo que a minha cara seja de bravo meu primo não se abala, ele não está preocupado com a minha pressão. — Relaxa, eu marquei o encontro para hoje por volta das quinze horas, o que para um moçambicano, significa dezasseis horas — meu primo retruca relaxado, como se estivesse acostumado em marcar um encontro numa certa hora e a pessoa chegar numa outra hora, ou ele mesmo chegar numa outra hora. — Vocês moçambicanos são estranhos — comento me dando por vencido e descendo a
Eu me enganei mais uma vez, o pedido de desculpas de Vasco não mudou nada no nosso relacionamento, o nosso encontro de minutos atrás terminou mal, mais uma vez, por causa dos ciúmes dele. — Você está louco, se pensa que vou me livrar do meu vestido da Shein — berro assim que ele estaciona o carro em frente da casa dele. A ideia seria de passar a noite na casa dele, mas eu estou me arrependendo amargamente de ter concordo com isso. — Você vai queimar sim, esse vestido, está parecendo uma vagabunda, nem acredito que deixei que os meus amigos te vissem nisso — Vasco berra descendo do carro e tentando se aproximar de mim, enquanto eu fujo dele andando para trás. Ele está surtando, por causa do meu pobre vestido que, comprei com tanto sacrifício e que pensei que ele fosse gostar. O vestido é de uma modelo básico e tipico da Shein, um vestido curto com estampa de cerejas, na cor vermelha e com alcinhas, o vestido destaca as minhas curvas e me dá um ar sexy e delicado, não entendo o po
Dylan NeithHoje o meu primo Khensane, voltará as aulas dele no colégio Building genius, o meu primo já terminou o ensino médio mas por teimosia continua indo as aulas com a desculpa de descobrir a sua verdadeira vocação. Nas escolas moçambicanas, você não tem a opção de escolher a disciplinas que vai estudar, você só pode escolher a secção que em várias escolas está dividida em três áreas. Letras, ciências com biologia e ciências com desenho. No primeiro ano, ele faz ciências com desenho concluiu e este ano ele está concluído a segunda secção escolhida por ele, ciências com biologias. Com a ajuda do meu primo, eu consegui me matricular na escola dele, com alguns conhecimentos básicos de informática que tenho, consegui burlar a rede da direção do colégio Building genius, e consegui me colocar na mesma turma que minha garota que coincidentemente é a turma do meu primo e da garota dele. Meu primo Khensane é um verdadeiro masoquista, ele adora se fazer sofrer, desde os dez anos que ele e
Felícia SantosAbro os olhos aos poucos, faço todo o possível para não chorar assim que o reflexo da minha mãe surge a minha frente. Eu tento reconhecer onde estou mas não consigo pensar em mais nada, só em Vasco me batendo. — Fefé minha filha, você está bem? Ai meu Deus, eu fiquei tão preocupada, eu pensei que fosse te perder meu amor — minha mãe vem até mim com olhos marejados e me abraça. Eu não consigo falar nada, apenas sei chorar por mim e pela minha mãe que está extremamente assustada, o que eu vou falar para ela? Não existe uma mentira que cubra os meus hematomas. Eu não sei se estou chorando pelos hematomas que tenho ou pelo meu coração que está extremamente destruído. — Graça a Deus que a polícia chegou há tempo de salvar vocês, se não fosse o Vasco, eu não sei o que teria acontecido com você — minha mãe sussurra ainda me abraçando. Eu não estou entendendo nada, como assim assalto? Eu me recordo de Vasco me estar sufocando mas depois disso, não me recordo de mais nada,