Precisei tomar um bom banho quando cheguei ao banheiro. Se eu não tivesse ficado no período mensal uns dias atrás, eu definitivamente acharia que estava. Fui pesquisar para ver se era normal, vi que cada caso é um caso, mas não é preocupante. Algumas sentem dor na hora, outras não. Umas não sangram, outras tem apenas um pequeno sangramento e outras um pouco mais.Na verdade, ainda estou no banheiro, pois estou com vergonha de sair. Devo ter sujado a cama, de uma casa que ao menos é minha e Isaac deve ter visto. Quero cavar um buraco e me esconder. Pude perceber que o sangramento foi um pouco após o ato, enquanto eu dormia, pois não me sujei mais após o banho. Não quero sair, quero morar aqui dentro.— Cassandra? Tudo bem? — Já é a terceira vez que ele me pergunta isso.— Sim. Eu só preciso de um tempo. — E é a terceira vez que respondo a mesma coisa.— Posso entrar?— Não! — Respondo de imediato.— Isso é algum tipo de crise feminina após perder a virgindade? — Parece, genuinamente, c
Isaac ainda não chegou, creio que tenha saído com o avô e já excedeu o tempo. Sinto vontade de acusar ele quando chegar, dizendo que ele não cumpriu a própria ordem. Gosto quando essas coisas acontecem, torna ele mais humano.Estou sentada na sala, ficar de pé ou andando, parece uma leve tortura. Parece que minhas dores ou incômodos vieram após concluir o ato, mesmo que eu não esteja nada arrependida. E até estou pensando como vai ser a próxima, mas acho melhor esperar Isaac se recuperar das unhadas que levou. Não lembrava de ter feito aquilo, estava bem fora de mim mesmo.Não faço ideia de onde todos estão, cheguei na cozinha, não tinha ninguém, mas a mesa estava farta. Comi tanto, tomara que eu não passe mal na hora de voar, precisava repor minhas energias. No momento, estou ficando entediada. Isaac levou o celular, tirou meu entretenimento.Fico de pé, indo olhar as prateleiras e vê se algo me chama a atenção. As fotos de Isaac pequeno me deixam sempre bobinha, a semelhança com And
— Chegamos! — Escuto o senhor Charles, olho em direção a porta da cozinha, todos estão ali e tem até um bolo na mão da mãe de Isaac. Meu Deus, o que está acontecendo?— Já fez o pedido? Ou, chegamos tarde demais? — A avó pergunta, esbanjando felicidade.— Ah, não. — Isaac se expressa, parece extremamente constrangido. Estou quase me escondendo atrás dele, para fugir disso e dar um belo beliscão em suas costas. — Um bolo?— Meu bebê vai casar, precisamos comemorar essa vitória. — A mãe dele, ou melhor, minha sogra, fala orgulhosa.— Você não me disse que seria tão animado assim! — Giovanni diz, mantendo uma mão no estômago e com a outra, dando um soco no braço de Isaac. — Melhor do que o esperado. — Se acomoda ao lado de Francesca. — E aí, gatinha. Tudo bem? — Usa seu tom sedutor com a mulher.— Da um tempo, Giovanni. Sou imune a esse charme barato. — A morena retruca, revirando os olhos. Felizmente, a atenção vai para eles, me deixando mais tranquila, só não dura muito tempo.— Nós pr
Resmungo ao sentir meu corpo sendo chacoalhado, isso me faz acordar mais uma vez. A diferença é que agora não estamos mais no avião e sim no carro. Isaac tem uma paixão absurda por me carregar enquanto durmo, mas não vou reclamar, pois me sinto uma princesinha e gosto desse cuidado.— Estamos chegando! — Escuto a voz do homem. Faço careta, mas me remexo no banco para acordar mesmo.— Finalmente, não aguentava mais ficar longe de casa. — Abro os olhos e vejo um sorriso no rosto dele. — Não da sua casa como minha. — Trato de corrigir logo. — Saudades de casa, no sentido aqui da cidade, meu país, lar...— Tudo bem, eu entendi. — Levanta as mãos. — Não disse nada.— Mas pensou. — Me sento normalmente, olhando ao redor e vendo que os meninos ainda estão dormindo. O carro adentra a propriedade de Isaac. — Não irei morar com você, sabe disso, não é? Não agora, pelo menos. Preciso de espaço.— De acordo, capitã. Você ordena, eu obedeço. — Reviro os olhos, mas acho fofo. — Minha casa é sua cas
Silvia não demorou muito a ficar bem, levantar e sair de perto, indo se acalmar em algum banheiro da casa. Os meninos apareceram logo depois, reclamando de cansaço e vontade de dormir. Tive que deixar todo o drama confuso de lado e ajudar eles, Isaac ainda não tinha voltado e só eu estava alí. Não sou mais a babá deles, mas, em breve, faremos parte de uma mesma família, certo? Parece assustador, mas me sinto feliz em pensar isso.A discussão acabou me desestabilizando, mas voltei a mim logo depois. O que Isaac e eu temos é especial, único e sincero, mesmo que seja difícil, faremos valer a pena. Os meninos dormiram novamente, após um bom banho e agora posso descansar.Apago a luz do abajur, saindo do quarto devagar e fechando a porta com delicadeza. A casa parece tão vazia, como se uma escuridão sinistra tivesse se apoderado da áurea boa que antes tinha. Olho para meu antigo quarto, preciso relaxar antes de saber o que vai acontecer daqui pra frente.Passo pela porta do quarto de Isaac
-Uma semana depois.Abro a janela da sala, enquanto escuto o barulho das outras pessoas se movimentando pelo ambiente. Finalmente, pude voltar para casa e organizar, além de limpar todo o espaço. Fiquei uma semana ajudando Isaac com os pequenos, Sílvia agora voltou a cuidar deles.Foi uma semana bem estranha, Sílvia me olhava demais, porém não falava comigo, somente o básico. Grandão sequer olhou para mim nas vezes que foi lá, o que não chegou a mais de cinco. Estou quase chegando a conclusão de que fui a causa da briga, mas não me entra na cabeça o motivo, só me acalma saber que Isaac também está sendo ignorado. Até hoje não descobriu o que Sílvia fez, que levou o marido a pedir o divórcio. Esquisitos. Me senti muito bem quando vim embora, sair daquele clima de opressão vai me fazer bem.Pietro e Andrew estão aceitando muito bem meu relacionamento com o pai, quando disse que não ia ficar lá direto, morando com eles, foi um drama sem fim. Fiquei feliz em aproveitar mais da ótima banhe
— Então, estou perdoado mesmo? Sem ressentimento? Eu tive um ótimo motivo para fazer aquilo tudo. — Downie fala. — Aliás, seu sistema de câmeras é muito fraquinho. Deveria usar um melhor.— Passei a olhar toda essa confusão com outros olhos, sou até grato na verdade. — Me sinto envergonhada quando Isaac me lança um olhar. Droga, eu amo esse homem. — Outra, acho que preciso contratar alguém para trabalhar nessa área tecnológica mesmo, sou um dinossauro em relação a isso. Se estiver interessado.— Costuma oferecer emprego com facilidade assim? — Downie pergunta, incrédulo. Primeiro eu, agora ele.— Vai tentar me roubar de novo?— Olha, nós não iríamos roubar. — Tenta se defender, parece até eu quando respondia. — Aliás, sobre isso que tenho de falar com vocês. — O tom de voz de Downie me faz sentar direito.— Um minuto. — Isaac pede, levantando o dedo e atendendo ao telefone que começou a tocar. — Sim? — Responde a quem fala do outro lado. — O quê? Ele está bem? — Fico preocupada com su
— Sua mãe me mostrou a carta, perguntou se era possível achar o dono pela escrita ou se teria outra forma melhor para descobrir seu paradeiro. — O garoto continua. — Mas, ela também me deu uma folha com alguns depósitos anuais. Todo ano, um dia antes do que você foi abandonada, alguém fazia um depósito na conta do orfanato. Só isso não me ajudaria, poderia descobrir o nome, mas como saber se era ele? Só perguntando, o que era difícil, já que ele mora em outro estado, distante daqui. — Faz uma pausa, só para mexer no tablet. — Pouco antes de sua mãe ir ao hospital, ela me procurou e disse que seu tempo estava acabando, mas que eu deveria prometer encontrar seus pais e de alguma forma, colocar você em contato com eles, pois mesmo que você dissesse estar feliz, ainda tinha um vazio e só poderia se encontrar, quando fechasse esse tópico de sua vida.— Foi tudo armação? A visita para mapear a casa, a câmera falhando e todo o resto? Eu podia ter sido presa, Downie. Tem noção disso? — Estou,