— Chegamos! — Escuto o senhor Charles, olho em direção a porta da cozinha, todos estão ali e tem até um bolo na mão da mãe de Isaac. Meu Deus, o que está acontecendo?— Já fez o pedido? Ou, chegamos tarde demais? — A avó pergunta, esbanjando felicidade.— Ah, não. — Isaac se expressa, parece extremamente constrangido. Estou quase me escondendo atrás dele, para fugir disso e dar um belo beliscão em suas costas. — Um bolo?— Meu bebê vai casar, precisamos comemorar essa vitória. — A mãe dele, ou melhor, minha sogra, fala orgulhosa.— Você não me disse que seria tão animado assim! — Giovanni diz, mantendo uma mão no estômago e com a outra, dando um soco no braço de Isaac. — Melhor do que o esperado. — Se acomoda ao lado de Francesca. — E aí, gatinha. Tudo bem? — Usa seu tom sedutor com a mulher.— Da um tempo, Giovanni. Sou imune a esse charme barato. — A morena retruca, revirando os olhos. Felizmente, a atenção vai para eles, me deixando mais tranquila, só não dura muito tempo.— Nós pr
Resmungo ao sentir meu corpo sendo chacoalhado, isso me faz acordar mais uma vez. A diferença é que agora não estamos mais no avião e sim no carro. Isaac tem uma paixão absurda por me carregar enquanto durmo, mas não vou reclamar, pois me sinto uma princesinha e gosto desse cuidado.— Estamos chegando! — Escuto a voz do homem. Faço careta, mas me remexo no banco para acordar mesmo.— Finalmente, não aguentava mais ficar longe de casa. — Abro os olhos e vejo um sorriso no rosto dele. — Não da sua casa como minha. — Trato de corrigir logo. — Saudades de casa, no sentido aqui da cidade, meu país, lar...— Tudo bem, eu entendi. — Levanta as mãos. — Não disse nada.— Mas pensou. — Me sento normalmente, olhando ao redor e vendo que os meninos ainda estão dormindo. O carro adentra a propriedade de Isaac. — Não irei morar com você, sabe disso, não é? Não agora, pelo menos. Preciso de espaço.— De acordo, capitã. Você ordena, eu obedeço. — Reviro os olhos, mas acho fofo. — Minha casa é sua cas
Silvia não demorou muito a ficar bem, levantar e sair de perto, indo se acalmar em algum banheiro da casa. Os meninos apareceram logo depois, reclamando de cansaço e vontade de dormir. Tive que deixar todo o drama confuso de lado e ajudar eles, Isaac ainda não tinha voltado e só eu estava alí. Não sou mais a babá deles, mas, em breve, faremos parte de uma mesma família, certo? Parece assustador, mas me sinto feliz em pensar isso.A discussão acabou me desestabilizando, mas voltei a mim logo depois. O que Isaac e eu temos é especial, único e sincero, mesmo que seja difícil, faremos valer a pena. Os meninos dormiram novamente, após um bom banho e agora posso descansar.Apago a luz do abajur, saindo do quarto devagar e fechando a porta com delicadeza. A casa parece tão vazia, como se uma escuridão sinistra tivesse se apoderado da áurea boa que antes tinha. Olho para meu antigo quarto, preciso relaxar antes de saber o que vai acontecer daqui pra frente.Passo pela porta do quarto de Isaac
-Uma semana depois.Abro a janela da sala, enquanto escuto o barulho das outras pessoas se movimentando pelo ambiente. Finalmente, pude voltar para casa e organizar, além de limpar todo o espaço. Fiquei uma semana ajudando Isaac com os pequenos, Sílvia agora voltou a cuidar deles.Foi uma semana bem estranha, Sílvia me olhava demais, porém não falava comigo, somente o básico. Grandão sequer olhou para mim nas vezes que foi lá, o que não chegou a mais de cinco. Estou quase chegando a conclusão de que fui a causa da briga, mas não me entra na cabeça o motivo, só me acalma saber que Isaac também está sendo ignorado. Até hoje não descobriu o que Sílvia fez, que levou o marido a pedir o divórcio. Esquisitos. Me senti muito bem quando vim embora, sair daquele clima de opressão vai me fazer bem.Pietro e Andrew estão aceitando muito bem meu relacionamento com o pai, quando disse que não ia ficar lá direto, morando com eles, foi um drama sem fim. Fiquei feliz em aproveitar mais da ótima banhe
— Então, estou perdoado mesmo? Sem ressentimento? Eu tive um ótimo motivo para fazer aquilo tudo. — Downie fala. — Aliás, seu sistema de câmeras é muito fraquinho. Deveria usar um melhor.— Passei a olhar toda essa confusão com outros olhos, sou até grato na verdade. — Me sinto envergonhada quando Isaac me lança um olhar. Droga, eu amo esse homem. — Outra, acho que preciso contratar alguém para trabalhar nessa área tecnológica mesmo, sou um dinossauro em relação a isso. Se estiver interessado.— Costuma oferecer emprego com facilidade assim? — Downie pergunta, incrédulo. Primeiro eu, agora ele.— Vai tentar me roubar de novo?— Olha, nós não iríamos roubar. — Tenta se defender, parece até eu quando respondia. — Aliás, sobre isso que tenho de falar com vocês. — O tom de voz de Downie me faz sentar direito.— Um minuto. — Isaac pede, levantando o dedo e atendendo ao telefone que começou a tocar. — Sim? — Responde a quem fala do outro lado. — O quê? Ele está bem? — Fico preocupada com su
— Sua mãe me mostrou a carta, perguntou se era possível achar o dono pela escrita ou se teria outra forma melhor para descobrir seu paradeiro. — O garoto continua. — Mas, ela também me deu uma folha com alguns depósitos anuais. Todo ano, um dia antes do que você foi abandonada, alguém fazia um depósito na conta do orfanato. Só isso não me ajudaria, poderia descobrir o nome, mas como saber se era ele? Só perguntando, o que era difícil, já que ele mora em outro estado, distante daqui. — Faz uma pausa, só para mexer no tablet. — Pouco antes de sua mãe ir ao hospital, ela me procurou e disse que seu tempo estava acabando, mas que eu deveria prometer encontrar seus pais e de alguma forma, colocar você em contato com eles, pois mesmo que você dissesse estar feliz, ainda tinha um vazio e só poderia se encontrar, quando fechasse esse tópico de sua vida.— Foi tudo armação? A visita para mapear a casa, a câmera falhando e todo o resto? Eu podia ter sido presa, Downie. Tem noção disso? — Estou,
— Eles me odeiam! — Grito, fazendo com que ambos parem e me olhem assustados. — Eles vão se divorciar e estão me culpando, eu não sabia o motivo, mas agora entendi. O pai da Silvia contou pra ela e ela pro Grandão, agora eles sabem e estão me tratando pior do que uma pessoa desprezível. — Volto a chorar, não sei como ainda tenho lágrimas para isso. — Eles acham que eu sabia, estão achando que armei tudo e convivi todo esse tempo sabendo da verdade. Fazendo todos de trouxa. Eles me desprezam e isso está me machucando.— Eu não sabia que ...— Você não sabia. Como poderia? — Questiono. — Estava tão ocupado em me lançar na cova dos leões que mal se importou com os meus sentimentos e o dos outros. Só pensou em você e em como manteria a promessa. — Começo a cutucar o peito dele com meu dedo indicador. — Por que está me contando? Por quê, Downie? Sua consciência pesou? — Estou quase empurrando o garoto sobre a cama, me jogando em cima e apertando seu pescoço magro.— Eu... — Sam fala, chama
-Isaac Jhonson.Coloco Pietro sentado na cama, o menino que está com a boca inchada e cortada, agora não parece o mesmo que chorava incessantemente quando cheguei à escola. Fiquei levemente desesperado quando vi o estado de sua boca, mas ao passar no consultório do pediatra dele, viu que não foi nada grave. Logo estará melhor, isso me confortou.— Só apronta, campeão. Acho que isso foi armação para ganhar um milkshake. — Brinco, afagando seu cabelo.O garoto usa cuidadosamente o canudo, para não sentir dor. Antes eu era contra chocolate na dieta deles, algo que raramente fazia parte. Hoje eu compro besteira para que comam ou bebam. Não sei se essa influência da Cassandra é algo bom ou ruim, sei que não é muito saudável.Meu celular começa a tocar, busco nos bolsos da calça, mas não encontro, achando no bolso do sobretudo. Fico confuso quando o nome da minha futura esposa aparece na tela, as vezes esqueço daquele celular velho que tem. Será que aconteceu algo?— Alô? — Atendo a chamada