Silvia não demorou muito a ficar bem, levantar e sair de perto, indo se acalmar em algum banheiro da casa. Os meninos apareceram logo depois, reclamando de cansaço e vontade de dormir. Tive que deixar todo o drama confuso de lado e ajudar eles, Isaac ainda não tinha voltado e só eu estava alí. Não sou mais a babá deles, mas, em breve, faremos parte de uma mesma família, certo? Parece assustador, mas me sinto feliz em pensar isso.A discussão acabou me desestabilizando, mas voltei a mim logo depois. O que Isaac e eu temos é especial, único e sincero, mesmo que seja difícil, faremos valer a pena. Os meninos dormiram novamente, após um bom banho e agora posso descansar.Apago a luz do abajur, saindo do quarto devagar e fechando a porta com delicadeza. A casa parece tão vazia, como se uma escuridão sinistra tivesse se apoderado da áurea boa que antes tinha. Olho para meu antigo quarto, preciso relaxar antes de saber o que vai acontecer daqui pra frente.Passo pela porta do quarto de Isaac
-Uma semana depois.Abro a janela da sala, enquanto escuto o barulho das outras pessoas se movimentando pelo ambiente. Finalmente, pude voltar para casa e organizar, além de limpar todo o espaço. Fiquei uma semana ajudando Isaac com os pequenos, Sílvia agora voltou a cuidar deles.Foi uma semana bem estranha, Sílvia me olhava demais, porém não falava comigo, somente o básico. Grandão sequer olhou para mim nas vezes que foi lá, o que não chegou a mais de cinco. Estou quase chegando a conclusão de que fui a causa da briga, mas não me entra na cabeça o motivo, só me acalma saber que Isaac também está sendo ignorado. Até hoje não descobriu o que Sílvia fez, que levou o marido a pedir o divórcio. Esquisitos. Me senti muito bem quando vim embora, sair daquele clima de opressão vai me fazer bem.Pietro e Andrew estão aceitando muito bem meu relacionamento com o pai, quando disse que não ia ficar lá direto, morando com eles, foi um drama sem fim. Fiquei feliz em aproveitar mais da ótima banhe
— Então, estou perdoado mesmo? Sem ressentimento? Eu tive um ótimo motivo para fazer aquilo tudo. — Downie fala. — Aliás, seu sistema de câmeras é muito fraquinho. Deveria usar um melhor.— Passei a olhar toda essa confusão com outros olhos, sou até grato na verdade. — Me sinto envergonhada quando Isaac me lança um olhar. Droga, eu amo esse homem. — Outra, acho que preciso contratar alguém para trabalhar nessa área tecnológica mesmo, sou um dinossauro em relação a isso. Se estiver interessado.— Costuma oferecer emprego com facilidade assim? — Downie pergunta, incrédulo. Primeiro eu, agora ele.— Vai tentar me roubar de novo?— Olha, nós não iríamos roubar. — Tenta se defender, parece até eu quando respondia. — Aliás, sobre isso que tenho de falar com vocês. — O tom de voz de Downie me faz sentar direito.— Um minuto. — Isaac pede, levantando o dedo e atendendo ao telefone que começou a tocar. — Sim? — Responde a quem fala do outro lado. — O quê? Ele está bem? — Fico preocupada com su
— Sua mãe me mostrou a carta, perguntou se era possível achar o dono pela escrita ou se teria outra forma melhor para descobrir seu paradeiro. — O garoto continua. — Mas, ela também me deu uma folha com alguns depósitos anuais. Todo ano, um dia antes do que você foi abandonada, alguém fazia um depósito na conta do orfanato. Só isso não me ajudaria, poderia descobrir o nome, mas como saber se era ele? Só perguntando, o que era difícil, já que ele mora em outro estado, distante daqui. — Faz uma pausa, só para mexer no tablet. — Pouco antes de sua mãe ir ao hospital, ela me procurou e disse que seu tempo estava acabando, mas que eu deveria prometer encontrar seus pais e de alguma forma, colocar você em contato com eles, pois mesmo que você dissesse estar feliz, ainda tinha um vazio e só poderia se encontrar, quando fechasse esse tópico de sua vida.— Foi tudo armação? A visita para mapear a casa, a câmera falhando e todo o resto? Eu podia ter sido presa, Downie. Tem noção disso? — Estou,
— Eles me odeiam! — Grito, fazendo com que ambos parem e me olhem assustados. — Eles vão se divorciar e estão me culpando, eu não sabia o motivo, mas agora entendi. O pai da Silvia contou pra ela e ela pro Grandão, agora eles sabem e estão me tratando pior do que uma pessoa desprezível. — Volto a chorar, não sei como ainda tenho lágrimas para isso. — Eles acham que eu sabia, estão achando que armei tudo e convivi todo esse tempo sabendo da verdade. Fazendo todos de trouxa. Eles me desprezam e isso está me machucando.— Eu não sabia que ...— Você não sabia. Como poderia? — Questiono. — Estava tão ocupado em me lançar na cova dos leões que mal se importou com os meus sentimentos e o dos outros. Só pensou em você e em como manteria a promessa. — Começo a cutucar o peito dele com meu dedo indicador. — Por que está me contando? Por quê, Downie? Sua consciência pesou? — Estou quase empurrando o garoto sobre a cama, me jogando em cima e apertando seu pescoço magro.— Eu... — Sam fala, chama
-Isaac Jhonson.Coloco Pietro sentado na cama, o menino que está com a boca inchada e cortada, agora não parece o mesmo que chorava incessantemente quando cheguei à escola. Fiquei levemente desesperado quando vi o estado de sua boca, mas ao passar no consultório do pediatra dele, viu que não foi nada grave. Logo estará melhor, isso me confortou.— Só apronta, campeão. Acho que isso foi armação para ganhar um milkshake. — Brinco, afagando seu cabelo.O garoto usa cuidadosamente o canudo, para não sentir dor. Antes eu era contra chocolate na dieta deles, algo que raramente fazia parte. Hoje eu compro besteira para que comam ou bebam. Não sei se essa influência da Cassandra é algo bom ou ruim, sei que não é muito saudável.Meu celular começa a tocar, busco nos bolsos da calça, mas não encontro, achando no bolso do sobretudo. Fico confuso quando o nome da minha futura esposa aparece na tela, as vezes esqueço daquele celular velho que tem. Será que aconteceu algo?— Alô? — Atendo a chamada
A cena que vejo me faz engolir seco, já encontrei a garota em diversas situações pesadas, mas essa deve ser a que mais aparenta sofrimento. Seu corpo está encolhido no chão do canto do quarto, os braços no chão e a cabeça apoiada neles. Seus olhos encontram os meus, eles estão tão vermelhos e passando uma dor indecifrável. Ela não se mexe, apenas eu que avanço em sua direção.— O que aconteceu? — Me ajoelho ao seu lado, tocando delicadamente seu rosto molhado. — Vai acabar ficando doente. — Ela ainda continua quieta, apenas fecha os olhos e derrama mais lágrimas. — Alguém te machucou? — Procuro por algum sinal de machucado, lembrando do policial que tive de bater para ficar longe da garota. — Pelo amor de Deus, Cassandra. Está me assustando! — Começo a ficar em pânico.— Des-culpa! — Sua voz está fraca demais, demonstrando o quanto chorou.— Não, não. Eu só estou preocupado. — Seguro em seu braço, levantando seu corpo do chão e pegando em meus braços, levando até a cama. — Quer me diz
— A partir do momento que Cassandra aceitou meu pedido de casamento, isso me tornou parte da vida dela. Então, sim. Eu tenho a ver com isso. — O homem parece chocado. — E não venha querer se fazer de coitado para cima de mim, seja homem e assuma seus problemas. As pessoas vivem sendo enganadas, Robert. Não é algo exclusivo seu. — Começo a me exaltar mais ainda. — Quer falar de ser enganado? Vamos lá. Descobri que meu filho de três anos não carrega o mesmo sangue que eu, fui enganado por um bom tempo e mesmo assim, não passei a amá-lo menos, o amor apenas intensificou. Outra, minha ex-namorada me traiu sabe-se lá quantas vezes. Você, por acaso, me viu dando chilique por aí? Então, infelizmente, Bob, eu sei o que é ser enganado e se bobear, sei até mais que você. Procure outra desculpa, pois essa não está colando.— Isaac... — Não deixo que o homem fale.— Está vendo minha camisa molhada? Sabe o que é isso? São lágrimas. Lágrimas que aquela garota derramou até dormir em meu peito, sabe p