— A partir do momento que Cassandra aceitou meu pedido de casamento, isso me tornou parte da vida dela. Então, sim. Eu tenho a ver com isso. — O homem parece chocado. — E não venha querer se fazer de coitado para cima de mim, seja homem e assuma seus problemas. As pessoas vivem sendo enganadas, Robert. Não é algo exclusivo seu. — Começo a me exaltar mais ainda. — Quer falar de ser enganado? Vamos lá. Descobri que meu filho de três anos não carrega o mesmo sangue que eu, fui enganado por um bom tempo e mesmo assim, não passei a amá-lo menos, o amor apenas intensificou. Outra, minha ex-namorada me traiu sabe-se lá quantas vezes. Você, por acaso, me viu dando chilique por aí? Então, infelizmente, Bob, eu sei o que é ser enganado e se bobear, sei até mais que você. Procure outra desculpa, pois essa não está colando.— Isaac... — Não deixo que o homem fale.— Está vendo minha camisa molhada? Sabe o que é isso? São lágrimas. Lágrimas que aquela garota derramou até dormir em meu peito, sabe p
-Cassandra Hall.Olho pela janela, firmando o trinco para não abrir devido a chuva forte que caí com raiva lá fora. É surpreendente a maneira que chove sempre que Isaac vai vir aqui, da outra vez foi a mesma coisa. A diferença é que agora ele veio antes da chuva chegar, não ficou ensopado e propenso a uma gripe. Em pensar o tanto de coisa que mudou de lá para cá, é chocante.Me viro, encarando Isaac deitado, com os olhos fechados e fingindo dormir, o homem quer fugir do diálogo que virá. Não posso deixar passar batido sua briga com Grandão, menos ainda as coisas que acabou revelando meio a raiva. — Porta aberta. — Acabo rindo quando escuto a voz de Grandão, bem alta e querendo impedir algo. Ele ainda estava aqui quando a chuva forte começou, ou seja, não deu para ir embora. Isaac, após a confusão, foi para o sofá de maneira dramática e parecia realmente cansado quando nós nos aproximamos. Depois da tensão ir embora, sentamos e conversamos, e tudo pareceu se encaixar. Foi bom. Confes
Três dias depois.Estou prestes a secar minha mão em um pano quando escuto alguém tocar a campainha. Olho para um lado e para outro, desisto do pano e seco na roupa mesmo enquanto ando até a porta. Ao abrir, não me surpreendo com quem é, me surpreendo com o que segura.— Para que isso? — Fico alarmada.— Feliz quatro anos de idade. — Acabo rindo quando Grandão diz, estendendo o urso gigante para mim.— Ele é maior que eu.— O que não é muito difícil, certo?— Sem graça. — Bato em seu peito, e logo dou passagem para que entre.Assim que acordei no dia seguinte à confusão, Isaac já tinha saído para uma reunião de emergência. E depois disso, mesmo ele vindo dormir aqui quase todos os dias, ainda está fugindo da conversa sobre Pietro. Estou dando espaço, pois não quero pressioná-lo, mas creio que conversar sobre isso vai deixar ele bem mais leve.Grandão também já tinha ido, mas não demorou muito. Ele voltou logo em seguida com um copão de café e uma caixinha dos melhores doces da cafeter
Ela me olha, mas permanece em silêncio. Reparo em seu semblante, está bem magra, com olheiras profundas e sua aparência não é das melhores. Parece ter envelhecido cinco anos em menos de duas semanas.— Posso entrar? — Pergunta quando vê que não falarei nada. — Serei rápida.— Claro, claro. — Abro passagem para ela. — Pode sentar. — Indico o sofá maior, pois o pequeno está praticamente todo ocupado pelo meu novo amigo de pelúcia.Os meninos vão amar esse urso. Não me casei ainda, e muito menos me tornei mãe oficial deles, mas parece que já me sinto uma mãe, qualquer coisa que ganho ou até quando saio, sempre penso neles primeiro. Que eles iriam adorar, ou que vão adorar quando ver. Apesar de tudo, não acho uma situação incômoda, até gosto. Não é diferente do cuidado e proteção que adquiri por eles quando era babá.— Quer um suco? Água? Chá? Café? — Estou nervosa, isso é nítido.— Não, quero apenas conversar. — Diz se sentando no sofá grande, e mesmo querendo fugir para preparar algo, f
Levo o cachorro pro quarto, deixo a porta fechada e vou até a cozinha. Coloco um pote com água para ele, e levo ao quarto. Volto para a cozinha e pego um copo com água, para dar a Silvia quando conseguir se acalmar por completo.— Sinto muito. — Silvia agora está abraçando com força Grandão, que parece mais aliviado do que minutos atrás. — Não queria mentir. — Fico mais tranquila por ela voltar a falar certamente, mesmo que ainda tenha um pouco de dificuldade pelo som que produz ao puxar o ar. — Quis te poupar do sofrimento que eu carregava.— Calma, está tudo bem agora. — O homem diz afagando suas costas. — Só respira.Me sento no sofá, ainda segurando o copo e esperando que a cena à minha frente se normalize. Mais alguns minutos são necessários para que Silvia consiga se recompor, e beber a água que peguei. Agora, estamos nós três sentados e olhando para a mulher, com medo de ter outra crise. Ela respira fundo, passa a mão na linha abaixo dos olhos e nos encara novamente.— Me perdo
-Quinze dias depois.Tudo está se ajeitando, e estou tão feliz que mal posso expressar em palavras. Grandão ainda não voltou de viagem, então, a conversa que teria com Silvia foi adiada, mas creio que vão se resolver quando ele voltar. Mesmo longe, ele está cumprindo com sua palavra de me presentear durante todos os dias, como se fosse meu aniversário. Isaac está sendo o intermediário dele, e estou adorando o homem tendo que me dar feliz aniversário sempre. No dia em que, supostamente, eu faria oito anos, foi quando Isaac mais me perturbou. Disse que finalmente estava fazendo a idade que condizia com meu jeito de ser. Grandão pediu para que me entregasse um patins, felizmente era o número que eu calçava e não menor. Aparentemente, uma pessoa de oito anos pode calçar trinta e quatro, fiquei chocada com isso. O ruim é que o patins era totalmente rosa com a Barbie estampada, e Isaac fez questão de me levar a uma pista para treinar. Acho que mesmo sendo um dos dias mais felizes que tive,
Tento não me desesperar, isso não me ajudaria em nada, só me meteria em maus lençóis. Preciso ficar calma e arrumar um jeito de sair, pois se isso não acontecer. Tenho certeza que Mattos vai conseguir me dominar e conseguir o que sempre quis, mas, enquanto eu puder, evitarei ao máximo.O cômodo está totalmente vazio, não tem nada além do colchão que antes estava. Mordo os lábios, enquanto tento pensar em um meio de fugir, mas acabo gemendo de dor. Aquele idiota abriu um corte em meu lábio. Toco o local e faço careta, minha vontade é de matá-lo. Como ele pôde fazer isso comigo? Pensei que apesar de tudo, gostava de mim.Tomara que Isaac estranhe minha demora e vá me procurar, só ele é inteligente o bastante para me encontrar. Bom, ele está bem ocupado agora lidando com Genevieve, talvez nem lembre de mim.Ando pelo local, chego próximo a janela e tento abrir, mas está trancada com cadeados. Ela é de alumínio, tem a parte que abre e fecha para cima e para baixo, do mesmo material, nessa
-Isaac Jhonson. Desligo o telefone e olho em direção a porta. Não estou tão preocupado com o que Genevieve quer comigo, estou mais preocupado em saber o motivo que levou Cassandra a ir falar com o ex, não faz sentido nenhum. O que será que ele quer? Não gosto dele, mesmo sem conhecê-lo, vi uma vez quando estava indo para a casa dela e sua expressão fechada me fez odiá-lo sem nem conversar. Todo o meu conflito de pensamentos desaparece no momento em que Genevieve entra em meu escritório segurando um bebê conforto. Ok, isso sim não faz sentido nenhum. — Não tem como esse bebê ser meu. — É a primeira coisa que falo. Como irei explicar para Cassandra que acabou de aparecer um bebê em nossas vidas. — Isaac, precisamos conversar. — Seu tom de voz me assusta. — Tem cinco meses que nos separamos, não tem co… — Paro de falar ao fazer as contas mentalmente. Infelizmente, tem sim. Aponto para a cadeira, para que se sente. Tento olhar o bebê, mas está tudo fechado. Me sento para esperar pel