Quando os dois ficaram frente a frente, Gustavo perguntou:— Como você veio parar aqui?Edmar sorriu de canto.— Quando você me ligou antes, dizendo que o guarda-costas do Presidente Matos o trouxe de volta e que não precisava que eu fosse buscá-lo, eu já estava a caminho do Solar da Neve. Quando cheguei lá, vi o carro do Presidente Matos saindo, então o segui até aqui.A expressão de Gustavo ficou ainda mais surpresa. Quando ele recebeu a ligação da agente de Fernanda, instintivamente ligou para Edmar, pedindo que ele viesse buscá-lo. Depois, ao ver que o guarda-costas de Marcelo estava presente, e percebendo que Edmar levaria algum tempo para chegar, decidiu deixar o guarda-costas levá-lo. Ele então ligou novamente para Edmar, dizendo que não precisava mais vir.Mas, mesmo assim, Edmar tinha vindo. Gustavo engoliu em seco.— Você ficou aqui o tempo todo?Edmar assentiu.— Quando você chegou, havia outra pessoa para trazê-lo, então não precisava que eu viesse. Mas, em plena noite, por
Isabela se apressou em consolar:— Irmã, não fique brava. Você quase perdeu o bebê quando caiu daquela vez, então agora precisa se manter feliz.Fernanda, com o lábio inferior protuberante, ainda não conseguia se acalmar de imediato.Isabela não disse mais nada, apenas tirou um relatório de exame pré-natal da bolsa.— Irmã, eu estava prestes a jogar isso fora. Quer tirar uma foto com o celular, caso precise na próxima consulta?Fernanda ficou alguns segundos olhando fixamente para o relatório, depois levantou as sobrancelhas e seus olhos brilharam com um toque de malícia.— Eu sei como me vingar da Poliana!Isabela perguntou:— Como?Fernanda esboçou um sorriso.— Chegue mais perto para ouvir....O belo Solar da Neve mergulhava em silêncio sob a chuva de outono.Mas, à uma e meia da madrugada, sons de vômito vindos do banheiro do quarto da Vic a despertaram.A criança abriu os olhos e viu que Poliana não estava ao seu lado.Se levantou e abriu a porta do banheiro, vendo Poliana com um
Assim que as palavras foram ditas, pai e filha ficaram surpresos, e Vic exclamou espantada:— Poli, você está no seu período menstrual e ainda assim está cuidando de mim?Poliana rapidamente balançou a cabeça.— Não, naquela hora ainda não tinha vindo, só começou a me incomodar depois que você dormiu.Ela contou uma mentira. Mas por que mentiu? Talvez porque achasse que Vic era muito sensível e temesse que Vic se sentisse culpada por ela estar doente e ainda assim cuidando dela. Ou talvez, mesmo que Vic não fosse pobre, por não ter mãe desde pequena, Poliana sentia uma profunda compaixão por ela.Vic também se aproximou e segurou a mão dela.— Então, Poli, você precisa descansar. Vou pegar um copo de água quente para você, espere um momento.Depois de passarem a noite juntos, até dividirem a mesma cama e conversarem sobre muitas coisas de meninas, já não havia mais nenhuma sensação de estranheza entre eles. Poliana abraçou Vic carinhosamente e disse a Marcelo:— Tio Marcelo, estou bem,
O contato repentino de momentos atrás havia atiçado os instintos masculinos de Marcelo. Ele estava demorando para se acalmar.Depois de fechar os olhos e respirar fundo por alguns momentos, pegou o celular e continuou a ligar para Gustavo. Poliana se recusava a ir ao hospital, então chamar Gustavo de volta era a melhor opção no momento. Agora, finalmente, o número de Gustavo estava disponível.Neste momento, um carro estava dirigindo sob a chuva que aumentava cada vez mais, sem um destino específico, pela estrada sinuosa. Gustavo estava sentado no banco de trás com os olhos fechados, uma mão apertando o nariz e a outra segurando o celular quando atendeu a ligação:— Tio Marcelo, por que ainda não está dormindo?Sua voz era serena, sem mencionar o fato de ter desligado o telefone de Marcelo antes, o que fez a raiva de Marcelo subir. — Onde você está? — Marcelo começou, sua voz tingida de frieza.Gustavo perguntou:— O que aconteceu?Marcelo estabilizou suas emoções e disse:— A Poli es
Gustavo dirigiu seu carro para longe, espirrando lama nela enquanto partia.Ela, desamparada e em desespero, se agarrou ao retrovisor do carro dele, correndo atrás e gritando:“— Não me deixe aqui, estou com medo! Por favor, me dê uma carona, prometo que nunca mais vou te procurar!”Naquela epóca, ela não conseguia aceitar o rompimento abrupto com Gustavo, mas também não podia brincar com sua própria segurança, ainda tinha uma mãe com uma doença terminal para cuidar.Aquela área era extremamente isolada, cercada por hortas, e ela, sozinha ali, estava aterrorizada.Mas Gustavo, furioso, parecia não se importar com isso. Quando suas mãos perderam a força e soltaram o carro, ele pisou no acelerador e a deixou completamente sozinha.Depois, ela ficou com muito medo, correndo e chorando na chuva por muito tempo.Correu até anoitecer, quando alguns amigos de Gustavo, com quem ele costumava sair, apareceram de carro.Eles não sabiam exatamente o que havia levado ela e Gustavo àquele ponto, ma
Vic ainda não havia voltado, e Marcelo a encontrou na cozinha. Ela estava pegando água quente. Ao ver sua filha tão atenciosa, o humor de Marcelo melhorou bastante, mas ao perceber que Vic havia pegado apenas um copo para Poliana, ele também pegou mais um.— Beba um pouco também.Vic sorriu para o pai, e os dois caminharam juntos em direção ao quarto. Poliana já estava deitada na cama e, ao ver Marcelo e Vic entrarem juntos, se levantou rapidamente. Naquele momento, sua camisola estava um pouco desalinhada, revelando a clavícula direita. A luz do abajur ao lado da cama iluminava exatamente onde ela estava, destacando uma beleza frágil em meio ao seu aspecto ligeiramente abatido. Marcelo parou abruptamente ao ver essa cena. Embora o constrangimento anterior tivesse desaparecido após uma ligação com Gustavo, a proximidade inadvertida com Poliana havia causado um grande impacto nele. Neste momento, uma agitação invadiu seu coração novamente. Era como se, naquela noite, seu coração ti
A dor no abdômen vinha em ondas, fazendo com que ela se encolhesse e ficasse imóvel. Enquanto lutava contra a dor, acabou adormecendo em um sono inquieto.Mas como alguém poderia dormir bem se sentindo tão mal? Na segunda metade da noite, a chuva caiu ainda mais forte. Ela adormeceu com sentimentos de irritação, caindo em um sonho após o outro.As primeiras cenas dos sonhos eram confusas e indistintas. No entanto, a última parte do sonho era clara, como se ela estivesse revivendo o passado.Ela se viu em uma sala de cirurgia. Estava deitada sobre uma mesa de cor azul-escura, ao lado dos remédios e instrumentos que seriam usados. Os suportes prateados ao redor e o cheiro de desinfetante no ar a faziam se sentir gelada.Tremia de medo e dor, seus olhos inchados de tanto chorar. Segurava o celular como se fosse sua única salvação, a tela mostrava que estava em uma chamada. Com a voz entrecortada, ela dizia:“— Gugu, Gugu, neste procedimento é permitido ter alguém junto. Estou com mui
A voz dela ainda estava carregada de um tom de choro.Recém-desperta do sonho, suas emoções estavam presas ao passado.O passado onde dependia do Gustavo e não queria se separar dele.Embora sua razão lhe dissesse que agora não era como nos quatro anos atrás, as experiências do passado ainda eram muito profundas, e ela não conseguia digerir as emoções trazidas do sonho em tão pouco tempo.Por isso, embora falasse com calma, seu coração estava inquieto.E o tom choroso da mulher era comovente. Gustavo se virou para olhá-la, pensando que ela estava chorando.Poliana realmente queria chorar. Seus sentimentos reprimidos e tristes não podiam ser liberados, e isso a sufocava por dentro.Quatro anos atrás, quando começava a chorar, não conseguia parar.O término com Gustavo e a perda do filho foram sentimentos que, para ela, não diferiam da morte repentina de um ente querido.Mas no passado, ela já havia chorado o suficiente e agora conseguia se controlar.Mesmo assim, sua aparência demonstra